O governo marcou para o próximo dia 25 o anúncio das primeiras medidas de estímulo à indústria, e só se ouve falar da volta de uma política de incentivo ao carro popular movido a combustível fóssil.
A missão é reduzir o preço do carro popular – hoje na faixa de R$ 90 mil, segundo reclamou o próprio presidente Lula – para um valor mais próximo de R$ 60 mil.
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Tem cheiro da volta da política do “Fusca do Itamar”. Para quem não se lembra, o modelo deixou de ser fabricado em 1986, foi ressuscitado em 1993 pelo então presidente Itamar Franco e acabou saindo de linha apenas três anos após o seu retorno – como mostrou reportagem do Estadão da semana passada, relembrando esse episódio histórico e anedótico da política nacional.
Vice-presidente da República e acumulando o cargo de ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin não pode aceitar comprar essa pauta do atraso ambiental e econômico.
Com um pé no Palácio do Planalto na função de vice, substituindo Lula na Presidência durante as várias viagens internacionais, e outro no ministério, Alckmin ainda está devendo na entrega.
No dia da sua posse à frente do ministério, prometeu a modernização do setor por meio de um amplo processo para fortalecer a cadeia industrial brasileira e ampliar as exportações do País. “A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável”, disse ele na ocasião.
Mas o seu ministério é hoje o mais fechado da Esplanada. É de lá que já deveriam ter saído sinais de fumaça da nova política de reindustrialização do País, que foi uma das principais promessas da agenda econômica de Lula na campanha eleitoral.
As negociações em curso para a renovação da frota com a indústria automobilística estão na contramão dos compromissos ambientais assumidos pelo presidente Lula na campanha. O setor quer o subsídio em linha de financiamento e redução do IPI.
Uma coisa é ter renovação da frota para descarbonização e outra é lançar carro popular movido a combustível fóssil. A nova política industrial não pode ser reduzida e confundida com uma medida de renovação da frota de carros de combustível fóssil, que estão sendo abandonados nos países avançados.
Em fevereiro, o Parlamento Europeu aprovou formalmente uma lei que proíbe a venda de veículos novos a gasolina e diesel na União Europeia a partir de 2035, para acelerar a mudança para veículos elétricos.
O que se espera de Alckmin é que entregue uma política de reindustrialização e transição energética do Brasil moderna e não do atraso. Alô, alô, ministra Marina Silva! A senhora está sendo ouvida? Cadê a tal da transversalidade das políticas públicas?