Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Opinião|Brasil deve dar atenção à segurança de fornecimento energético


Manter o foco na transição energética, como na Europa, pode nos custar caro

Por Adriano Pires

Desde 2021 paira pelo mundo uma crise de energia. O açodamento em realizar a transição para a energia limpa causou um desequilíbrio entre oferta e demanda com a retomada econômica pós-restrições da pandemia. A maior presença das fontes renováveis, sem o devido planejamento, deixou a matriz elétrica global vulnerável. No Hemisfério Norte, um inverno mais frio e prolongado, entre 2020 e 2021, reduziu os estoques de gás natural, o preço disparou e a energia vinda das eólicas ficou abaixo do esperado. Com a opção energética pelas fontes renováveis intermitentes e pelo fornecimento do gás da Rússia, o cenário de crise energética estava formado.

Chegamos a 2022, guerra entre Rússia e Ucrânia, verão na Europa com altas temperaturas. O cenário de crise, que se formou em 2021, se realizou em 2022. Os preços da eletricidade na França e na Alemanha estão 1.000% acima do valor médio negociado nos últimos dois anos. Com isso, a tarifa nesses dois países foi para algo em torno de 440 euros por megawatt-hora (MWh). E os contratos franceses futuros da energia de pico, para dezembro, estão em 2.186 euros por MWh.

Brasil deve dar atenção à segurança de fornecimento energético  Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 29/8/2018
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Apesar do patamar astronômico dos preços, ainda existe uma grande probabilidade de racionamento de energia no próximo inverno. O descomissionamento de nucleares, em particular na Alemanha, e de térmicas a carvão exigirá o acionamento de usinas a gás, que estão ameaçadas pelas sanções russas. Com isso, a retomada da geração nuclear e a carvão volta para a pauta. Os preços do carvão na Europa estão em alta, e a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa parece que ficou meio esquecida. Como os principais rios europeus estão em seus mais baixos níveis de água dos últimos 50 anos, o custo para transporte do carvão aumentou cerca de 400%.

No Brasil, a crise energética foi em 2021, quando o País enfrentou uma seca histórica e precisou acionar as térmicas a gás e mesmo a óleo para assegurar o fornecimento. Em 2021/2022, medidas adotadas pelo governo e a volta da boa hidrologia afastaram o risco de racionamento, mas o planejamento do setor precisa ficar atento. Nos últimos anos, o País tem flertado com o racionamento por causa de um regime de chuvas ruins e da entrada na matriz de fontes de energia intermitentes. Assim como a Europa, estamos dando atenção demasiada à transição energética e renunciando à segurança de fornecimento. E isso pode nos custar caro, como está ocorrendo na Europa.

No curto prazo, a melhor solução é a realização dos leilões para contratação de reserva de capacidade, como ocorreu em dezembro de 2021 e vai acontecer em setembro deste ano. Precisamos de térmicas a gás flexíveis e inflexíveis para trazer confiabilidade para o enfrentamento de qualquer situação de escassez hídrica. O Brasil não pode ser a Europa amanhã.

Desde 2021 paira pelo mundo uma crise de energia. O açodamento em realizar a transição para a energia limpa causou um desequilíbrio entre oferta e demanda com a retomada econômica pós-restrições da pandemia. A maior presença das fontes renováveis, sem o devido planejamento, deixou a matriz elétrica global vulnerável. No Hemisfério Norte, um inverno mais frio e prolongado, entre 2020 e 2021, reduziu os estoques de gás natural, o preço disparou e a energia vinda das eólicas ficou abaixo do esperado. Com a opção energética pelas fontes renováveis intermitentes e pelo fornecimento do gás da Rússia, o cenário de crise energética estava formado.

Chegamos a 2022, guerra entre Rússia e Ucrânia, verão na Europa com altas temperaturas. O cenário de crise, que se formou em 2021, se realizou em 2022. Os preços da eletricidade na França e na Alemanha estão 1.000% acima do valor médio negociado nos últimos dois anos. Com isso, a tarifa nesses dois países foi para algo em torno de 440 euros por megawatt-hora (MWh). E os contratos franceses futuros da energia de pico, para dezembro, estão em 2.186 euros por MWh.

Brasil deve dar atenção à segurança de fornecimento energético  Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 29/8/2018

Apesar do patamar astronômico dos preços, ainda existe uma grande probabilidade de racionamento de energia no próximo inverno. O descomissionamento de nucleares, em particular na Alemanha, e de térmicas a carvão exigirá o acionamento de usinas a gás, que estão ameaçadas pelas sanções russas. Com isso, a retomada da geração nuclear e a carvão volta para a pauta. Os preços do carvão na Europa estão em alta, e a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa parece que ficou meio esquecida. Como os principais rios europeus estão em seus mais baixos níveis de água dos últimos 50 anos, o custo para transporte do carvão aumentou cerca de 400%.

No Brasil, a crise energética foi em 2021, quando o País enfrentou uma seca histórica e precisou acionar as térmicas a gás e mesmo a óleo para assegurar o fornecimento. Em 2021/2022, medidas adotadas pelo governo e a volta da boa hidrologia afastaram o risco de racionamento, mas o planejamento do setor precisa ficar atento. Nos últimos anos, o País tem flertado com o racionamento por causa de um regime de chuvas ruins e da entrada na matriz de fontes de energia intermitentes. Assim como a Europa, estamos dando atenção demasiada à transição energética e renunciando à segurança de fornecimento. E isso pode nos custar caro, como está ocorrendo na Europa.

No curto prazo, a melhor solução é a realização dos leilões para contratação de reserva de capacidade, como ocorreu em dezembro de 2021 e vai acontecer em setembro deste ano. Precisamos de térmicas a gás flexíveis e inflexíveis para trazer confiabilidade para o enfrentamento de qualquer situação de escassez hídrica. O Brasil não pode ser a Europa amanhã.

Desde 2021 paira pelo mundo uma crise de energia. O açodamento em realizar a transição para a energia limpa causou um desequilíbrio entre oferta e demanda com a retomada econômica pós-restrições da pandemia. A maior presença das fontes renováveis, sem o devido planejamento, deixou a matriz elétrica global vulnerável. No Hemisfério Norte, um inverno mais frio e prolongado, entre 2020 e 2021, reduziu os estoques de gás natural, o preço disparou e a energia vinda das eólicas ficou abaixo do esperado. Com a opção energética pelas fontes renováveis intermitentes e pelo fornecimento do gás da Rússia, o cenário de crise energética estava formado.

Chegamos a 2022, guerra entre Rússia e Ucrânia, verão na Europa com altas temperaturas. O cenário de crise, que se formou em 2021, se realizou em 2022. Os preços da eletricidade na França e na Alemanha estão 1.000% acima do valor médio negociado nos últimos dois anos. Com isso, a tarifa nesses dois países foi para algo em torno de 440 euros por megawatt-hora (MWh). E os contratos franceses futuros da energia de pico, para dezembro, estão em 2.186 euros por MWh.

Brasil deve dar atenção à segurança de fornecimento energético  Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 29/8/2018

Apesar do patamar astronômico dos preços, ainda existe uma grande probabilidade de racionamento de energia no próximo inverno. O descomissionamento de nucleares, em particular na Alemanha, e de térmicas a carvão exigirá o acionamento de usinas a gás, que estão ameaçadas pelas sanções russas. Com isso, a retomada da geração nuclear e a carvão volta para a pauta. Os preços do carvão na Europa estão em alta, e a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa parece que ficou meio esquecida. Como os principais rios europeus estão em seus mais baixos níveis de água dos últimos 50 anos, o custo para transporte do carvão aumentou cerca de 400%.

No Brasil, a crise energética foi em 2021, quando o País enfrentou uma seca histórica e precisou acionar as térmicas a gás e mesmo a óleo para assegurar o fornecimento. Em 2021/2022, medidas adotadas pelo governo e a volta da boa hidrologia afastaram o risco de racionamento, mas o planejamento do setor precisa ficar atento. Nos últimos anos, o País tem flertado com o racionamento por causa de um regime de chuvas ruins e da entrada na matriz de fontes de energia intermitentes. Assim como a Europa, estamos dando atenção demasiada à transição energética e renunciando à segurança de fornecimento. E isso pode nos custar caro, como está ocorrendo na Europa.

No curto prazo, a melhor solução é a realização dos leilões para contratação de reserva de capacidade, como ocorreu em dezembro de 2021 e vai acontecer em setembro deste ano. Precisamos de térmicas a gás flexíveis e inflexíveis para trazer confiabilidade para o enfrentamento de qualquer situação de escassez hídrica. O Brasil não pode ser a Europa amanhã.

Opinião por Adriano Pires

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