Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Opinião|O complexo de vira-lata na busca por energia renovável


As políticas públicas no Brasil precisam ser realizadas apontando para uma transição energética tupiniquim

Por Adriano Pires

No último domingo (5), o Estadão publicou uma longa matéria que chamou a atenção. A Prefeitura de São Paulo anunciou a compra de ônibus elétricos em substituição ao diesel, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). À primeira vista, a notícia é muito boa e deveria merecer muitos elogios, dado que o objetivo seria melhorar o ar que o cidadão da cidade de São Paulo respira. Mas por que a notícia chamou a atenção? Pelo fato de o Brasil ter soluções nacionais que protegem o meio ambiente e que poderiam gerar mais empregos no País em vez de beneficiar a China. Aliás, sob o mesmo argumento de preocupação com a emissão de gás carbônico (CO2), geramos mais empregos na China do que no Brasil com a geração distribuída solar, dado que os painéis vêm quase na sua totalidade da China. O mesmo ocorre na geração eólica, em que o aço das pás é chinês, e não o aço verde produzido no Brasil.

O Brasil é, sem dúvidas, o país com maior diversidade de fontes primárias de energia, principalmente, de energias limpas e renováveis. Na matriz elétrica, 87% são fontes renováveis, e na matriz de transporte, 47%. Diante disso, o grande desafio é usar de forma correta, olhando para os atributos de cada fonte, no momento de decidir a escolha de combustíveis.

Quando a Prefeitura da cidade de São Paulo decide pela compra de ônibus elétricos, esquece que existem outras opções mais baratas com tecnologia e equipamentos nacionais. Temos o gás natural que poderia ser misturado ao biometano (gás verde) como substituto ao diesel. Esse combustível, além de reduzir as emissões, tem tecnologia nacional. O nosso potencial de produção nos permite falar que temos um pré-sal caipira e uma grande oferta de gás natural localizada no pré-sal e na Amazônia. Além do mais, ao contrário dos ônibus elétricos, não precisaríamos fazer investimentos, que não são pequenos, em infraestrutura de abastecimento. No caso da cidade de São Paulo, a principal distribuidora de gás do Brasil, a Comgás, possui rede e infraestrutura adequada para abastecer os ônibus.

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Dentro da diversidade energética que o País possui, a Prefeitura da cidade de São Paulo poderia ainda optar como combustível para os ônibus o etanol e o biodiesel, que geram muitos empregos com tecnologia 100% nacional. O Brasil é referência mundial na produção de biocombustíveis.

Quase a totalidade dos painéis solares usados no Brasil são produzidos na China  Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Enfim, o investimento em ônibus elétricos está sendo feito com a explicação correta de melhoria das emissões. Porém, a escolha do combustível para atingir essa meta me parece errada. As políticas públicas no Brasil precisam ser realizadas apontando para uma transição energética tupiniquim, descolando-se de políticas feitas em outros países, como o processo de eletrificação das frotas. Temos de ter coragem de abandonar o complexo de vira-lata, que ao longo de anos vem impedindo que o Brasil aproveite em benefício de toda a sociedade as nossas vantagens comparativas.

No último domingo (5), o Estadão publicou uma longa matéria que chamou a atenção. A Prefeitura de São Paulo anunciou a compra de ônibus elétricos em substituição ao diesel, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). À primeira vista, a notícia é muito boa e deveria merecer muitos elogios, dado que o objetivo seria melhorar o ar que o cidadão da cidade de São Paulo respira. Mas por que a notícia chamou a atenção? Pelo fato de o Brasil ter soluções nacionais que protegem o meio ambiente e que poderiam gerar mais empregos no País em vez de beneficiar a China. Aliás, sob o mesmo argumento de preocupação com a emissão de gás carbônico (CO2), geramos mais empregos na China do que no Brasil com a geração distribuída solar, dado que os painéis vêm quase na sua totalidade da China. O mesmo ocorre na geração eólica, em que o aço das pás é chinês, e não o aço verde produzido no Brasil.

O Brasil é, sem dúvidas, o país com maior diversidade de fontes primárias de energia, principalmente, de energias limpas e renováveis. Na matriz elétrica, 87% são fontes renováveis, e na matriz de transporte, 47%. Diante disso, o grande desafio é usar de forma correta, olhando para os atributos de cada fonte, no momento de decidir a escolha de combustíveis.

Quando a Prefeitura da cidade de São Paulo decide pela compra de ônibus elétricos, esquece que existem outras opções mais baratas com tecnologia e equipamentos nacionais. Temos o gás natural que poderia ser misturado ao biometano (gás verde) como substituto ao diesel. Esse combustível, além de reduzir as emissões, tem tecnologia nacional. O nosso potencial de produção nos permite falar que temos um pré-sal caipira e uma grande oferta de gás natural localizada no pré-sal e na Amazônia. Além do mais, ao contrário dos ônibus elétricos, não precisaríamos fazer investimentos, que não são pequenos, em infraestrutura de abastecimento. No caso da cidade de São Paulo, a principal distribuidora de gás do Brasil, a Comgás, possui rede e infraestrutura adequada para abastecer os ônibus.

Dentro da diversidade energética que o País possui, a Prefeitura da cidade de São Paulo poderia ainda optar como combustível para os ônibus o etanol e o biodiesel, que geram muitos empregos com tecnologia 100% nacional. O Brasil é referência mundial na produção de biocombustíveis.

Quase a totalidade dos painéis solares usados no Brasil são produzidos na China  Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Enfim, o investimento em ônibus elétricos está sendo feito com a explicação correta de melhoria das emissões. Porém, a escolha do combustível para atingir essa meta me parece errada. As políticas públicas no Brasil precisam ser realizadas apontando para uma transição energética tupiniquim, descolando-se de políticas feitas em outros países, como o processo de eletrificação das frotas. Temos de ter coragem de abandonar o complexo de vira-lata, que ao longo de anos vem impedindo que o Brasil aproveite em benefício de toda a sociedade as nossas vantagens comparativas.

No último domingo (5), o Estadão publicou uma longa matéria que chamou a atenção. A Prefeitura de São Paulo anunciou a compra de ônibus elétricos em substituição ao diesel, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). À primeira vista, a notícia é muito boa e deveria merecer muitos elogios, dado que o objetivo seria melhorar o ar que o cidadão da cidade de São Paulo respira. Mas por que a notícia chamou a atenção? Pelo fato de o Brasil ter soluções nacionais que protegem o meio ambiente e que poderiam gerar mais empregos no País em vez de beneficiar a China. Aliás, sob o mesmo argumento de preocupação com a emissão de gás carbônico (CO2), geramos mais empregos na China do que no Brasil com a geração distribuída solar, dado que os painéis vêm quase na sua totalidade da China. O mesmo ocorre na geração eólica, em que o aço das pás é chinês, e não o aço verde produzido no Brasil.

O Brasil é, sem dúvidas, o país com maior diversidade de fontes primárias de energia, principalmente, de energias limpas e renováveis. Na matriz elétrica, 87% são fontes renováveis, e na matriz de transporte, 47%. Diante disso, o grande desafio é usar de forma correta, olhando para os atributos de cada fonte, no momento de decidir a escolha de combustíveis.

Quando a Prefeitura da cidade de São Paulo decide pela compra de ônibus elétricos, esquece que existem outras opções mais baratas com tecnologia e equipamentos nacionais. Temos o gás natural que poderia ser misturado ao biometano (gás verde) como substituto ao diesel. Esse combustível, além de reduzir as emissões, tem tecnologia nacional. O nosso potencial de produção nos permite falar que temos um pré-sal caipira e uma grande oferta de gás natural localizada no pré-sal e na Amazônia. Além do mais, ao contrário dos ônibus elétricos, não precisaríamos fazer investimentos, que não são pequenos, em infraestrutura de abastecimento. No caso da cidade de São Paulo, a principal distribuidora de gás do Brasil, a Comgás, possui rede e infraestrutura adequada para abastecer os ônibus.

Dentro da diversidade energética que o País possui, a Prefeitura da cidade de São Paulo poderia ainda optar como combustível para os ônibus o etanol e o biodiesel, que geram muitos empregos com tecnologia 100% nacional. O Brasil é referência mundial na produção de biocombustíveis.

Quase a totalidade dos painéis solares usados no Brasil são produzidos na China  Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Enfim, o investimento em ônibus elétricos está sendo feito com a explicação correta de melhoria das emissões. Porém, a escolha do combustível para atingir essa meta me parece errada. As políticas públicas no Brasil precisam ser realizadas apontando para uma transição energética tupiniquim, descolando-se de políticas feitas em outros países, como o processo de eletrificação das frotas. Temos de ter coragem de abandonar o complexo de vira-lata, que ao longo de anos vem impedindo que o Brasil aproveite em benefício de toda a sociedade as nossas vantagens comparativas.

Opinião por Adriano Pires

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