Ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore e Associados

Opinião|Reformas ocorridas nos últimos anos vem levando ao crescimento do PIB potencial


Sempre existirão os que negam alta da demanda agregada acima do aumento do PIB potencial

Por Affonso Celso Pastore

Se tivesse sido dado o devido peso aos dados sobre o mercado de trabalho, à queda contínua da taxa de desemprego e ao aumento da população empregada, o crescimento de 0,9% do PIB no segundo trimestre de 2023 não teria sido uma surpresa. Talvez o engano venha do excesso de confiança na potência da política monetária, que há mais de um ano está em território restritivo, e do esquecimento de que desde o início da pandemia a política fiscal tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos tem sido fortemente expansionista, provocando a ampliação da demanda agregada devido ao efeito multiplicador dos gastos públicos.

Além de seu efeito direto sobre a demanda agregada, a política fiscal expansionista eleva a taxa neutra de juros, que é a taxa real de juros, livre de riscos, que iguala a demanda agregada ao PIB potencial. Como a demanda agregada é a soma da demanda do setor privado (o consumo das famílias, mais os investimentos do setor privado e mais a contribuição do setor externo) e da demanda do governo, ao expandir a demanda agregada o aumento dos gastos públicos eleva a taxa neutra de juros, o que reduz a potência da política monetária.

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PIB deverá ficar acima de 3% neste ano Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Temos diante de nós um bolo que será repartido entre o governo e o setor privado, mas o governo quer aumentar sua fatia a uma taxa maior do que a de crescimento do bolo. O resultado óbvio é a redução da fatia do setor privado e, como o crescimento das transferências de renda sustenta o aumento do consumo, a fatia que encolherá é a do investimento em capital fixo, a mais sensível à taxa real de juros. Mas isso somente ocorrerá caso o Banco Central cumpra seu mandato, mantendo a taxa de juros suficientemente alta para reduzir a componente da demanda agregada mais sensível aos juros reais, que são os investimentos. Se não o fizer, o resultado será mais inflação.

Nas próximas semanas, assistiremos a uma enxurrada de novas projeções de crescimento do PIB em 2023 que, ao final, deverá se fixar acima de 3%. Ainda assim, existirão os que negam que há uma expansão da demanda agregada acima do crescimento do PIB potencial, e que a atual surpresa nada mais é do que a consequência de reformas ocorridas nos últimos anos, cuja maturação vem levando ao crescimento do PIB potencial. Como a nossa sociedade tem o péssimo costume de aceitar hipóteses que aparentam ser plausíveis, mesmo que não sejam suportadas por medidas empíricas bem fundamentadas, o mais provável é que tal narrativa traga algum conforto aos mais desavisados. Mas não conseguirá mudar o curso dos acontecimentos!

Se tivesse sido dado o devido peso aos dados sobre o mercado de trabalho, à queda contínua da taxa de desemprego e ao aumento da população empregada, o crescimento de 0,9% do PIB no segundo trimestre de 2023 não teria sido uma surpresa. Talvez o engano venha do excesso de confiança na potência da política monetária, que há mais de um ano está em território restritivo, e do esquecimento de que desde o início da pandemia a política fiscal tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos tem sido fortemente expansionista, provocando a ampliação da demanda agregada devido ao efeito multiplicador dos gastos públicos.

Além de seu efeito direto sobre a demanda agregada, a política fiscal expansionista eleva a taxa neutra de juros, que é a taxa real de juros, livre de riscos, que iguala a demanda agregada ao PIB potencial. Como a demanda agregada é a soma da demanda do setor privado (o consumo das famílias, mais os investimentos do setor privado e mais a contribuição do setor externo) e da demanda do governo, ao expandir a demanda agregada o aumento dos gastos públicos eleva a taxa neutra de juros, o que reduz a potência da política monetária.

PIB deverá ficar acima de 3% neste ano Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Temos diante de nós um bolo que será repartido entre o governo e o setor privado, mas o governo quer aumentar sua fatia a uma taxa maior do que a de crescimento do bolo. O resultado óbvio é a redução da fatia do setor privado e, como o crescimento das transferências de renda sustenta o aumento do consumo, a fatia que encolherá é a do investimento em capital fixo, a mais sensível à taxa real de juros. Mas isso somente ocorrerá caso o Banco Central cumpra seu mandato, mantendo a taxa de juros suficientemente alta para reduzir a componente da demanda agregada mais sensível aos juros reais, que são os investimentos. Se não o fizer, o resultado será mais inflação.

Nas próximas semanas, assistiremos a uma enxurrada de novas projeções de crescimento do PIB em 2023 que, ao final, deverá se fixar acima de 3%. Ainda assim, existirão os que negam que há uma expansão da demanda agregada acima do crescimento do PIB potencial, e que a atual surpresa nada mais é do que a consequência de reformas ocorridas nos últimos anos, cuja maturação vem levando ao crescimento do PIB potencial. Como a nossa sociedade tem o péssimo costume de aceitar hipóteses que aparentam ser plausíveis, mesmo que não sejam suportadas por medidas empíricas bem fundamentadas, o mais provável é que tal narrativa traga algum conforto aos mais desavisados. Mas não conseguirá mudar o curso dos acontecimentos!

Se tivesse sido dado o devido peso aos dados sobre o mercado de trabalho, à queda contínua da taxa de desemprego e ao aumento da população empregada, o crescimento de 0,9% do PIB no segundo trimestre de 2023 não teria sido uma surpresa. Talvez o engano venha do excesso de confiança na potência da política monetária, que há mais de um ano está em território restritivo, e do esquecimento de que desde o início da pandemia a política fiscal tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos tem sido fortemente expansionista, provocando a ampliação da demanda agregada devido ao efeito multiplicador dos gastos públicos.

Além de seu efeito direto sobre a demanda agregada, a política fiscal expansionista eleva a taxa neutra de juros, que é a taxa real de juros, livre de riscos, que iguala a demanda agregada ao PIB potencial. Como a demanda agregada é a soma da demanda do setor privado (o consumo das famílias, mais os investimentos do setor privado e mais a contribuição do setor externo) e da demanda do governo, ao expandir a demanda agregada o aumento dos gastos públicos eleva a taxa neutra de juros, o que reduz a potência da política monetária.

PIB deverá ficar acima de 3% neste ano Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Temos diante de nós um bolo que será repartido entre o governo e o setor privado, mas o governo quer aumentar sua fatia a uma taxa maior do que a de crescimento do bolo. O resultado óbvio é a redução da fatia do setor privado e, como o crescimento das transferências de renda sustenta o aumento do consumo, a fatia que encolherá é a do investimento em capital fixo, a mais sensível à taxa real de juros. Mas isso somente ocorrerá caso o Banco Central cumpra seu mandato, mantendo a taxa de juros suficientemente alta para reduzir a componente da demanda agregada mais sensível aos juros reais, que são os investimentos. Se não o fizer, o resultado será mais inflação.

Nas próximas semanas, assistiremos a uma enxurrada de novas projeções de crescimento do PIB em 2023 que, ao final, deverá se fixar acima de 3%. Ainda assim, existirão os que negam que há uma expansão da demanda agregada acima do crescimento do PIB potencial, e que a atual surpresa nada mais é do que a consequência de reformas ocorridas nos últimos anos, cuja maturação vem levando ao crescimento do PIB potencial. Como a nossa sociedade tem o péssimo costume de aceitar hipóteses que aparentam ser plausíveis, mesmo que não sejam suportadas por medidas empíricas bem fundamentadas, o mais provável é que tal narrativa traga algum conforto aos mais desavisados. Mas não conseguirá mudar o curso dos acontecimentos!

Opinião por Affonso Celso Pastore

Ex-presidente do Banco Central e sócio da A.C. Pastore e Associados

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