Ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore e Associados

Opinião|Estados Unidos e Europa


O Brasil deixará de contar com o impulso da economia mundial para crescer

Por Affonso Celso Pastore

Em junho, o FMI voltou a reduzir a projeção de crescimento mundial em 2023, e novos dados dos EUA e da Europa indicam que outras reduções devem ocorrer. Uma das consequências é que o Brasil não poderá contar com o impulso da economia mundial, que em 2022 contribuiu para o crescimento do PIB acima de 2%.

Corte nas projeções de crescimento mundial afeta os mercados Foto: Spencer Platt/AFP

Em Jackson Hole, Jerome Powell reafirmou que o Fed continuará elevando a taxa de juros, mantendo-a em território restritivo até que a inflação seja dominada. A significativa desobstrução das cadeias de suprimento revelada pelo indicador do NYFED joga por terra a tese de que a inflação atual seria de custos. E, no entanto, esta é a hipótese surpreendentemente defendida por Stiglitz, um ganhador do Prêmio Nobel, e publicada com destaque na última quinta-feira, sob a alegação de que, ao inibir os investimentos necessários para normalizar a produção e domar uma inflação supostamente de custos, a taxa de juros mais alta elevaria a inflação.

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A queda do PIB dos EUA por dois trimestres foi em grande parte explicada pela desova de estoques, que apenas ocorre em tal intensidade diante de uma demanda aquecida, e o comportamento do mercado de trabalho confirma o aquecimento. Continuam sendo abertas perto de duas vagas por desempregado, com os salários em elevação, e o aumento de juros somado ao maior risco mundial continuará atraindo capitais e fortalecendo o dólar.

Na Europa, o problema é bem mais grave. Lá ocorre a maior seca em décadas, que deverá reduzir a produção agrícola, acentuando a queda da oferta de alimentos provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Assim, há o risco de que a combinação de um dólar forte com a redução da demanda devido ao baixo crescimento da China não leve à projetada queda sensível de preços de commodities.

Porém, o problema mais grave é o controle, exercido por Putin, sobre o suprimento de gás como uma arma para enfraquecer a economia europeia. A substituição do gás russo por gás líquido importado da África requer uma infraestrutura que ainda não está pronta, e sem gás a economia europeia se enfraquece, a começar pela Alemanha, que é seu carro-chefe.

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Nada disso livra o BCE de elevar a taxa de juros, com o problema se agravando devido às elevadas dívidas públicas de países, como a Itália. Infelizmente, devido à pressão exercida por grupos de interesses que há décadas dominam a cena política, a Itália jogou fora a valiosa contribuição de Mario Draghi para se modernizar e voltar a crescer.

Em junho, o FMI voltou a reduzir a projeção de crescimento mundial em 2023, e novos dados dos EUA e da Europa indicam que outras reduções devem ocorrer. Uma das consequências é que o Brasil não poderá contar com o impulso da economia mundial, que em 2022 contribuiu para o crescimento do PIB acima de 2%.

Corte nas projeções de crescimento mundial afeta os mercados Foto: Spencer Platt/AFP

Em Jackson Hole, Jerome Powell reafirmou que o Fed continuará elevando a taxa de juros, mantendo-a em território restritivo até que a inflação seja dominada. A significativa desobstrução das cadeias de suprimento revelada pelo indicador do NYFED joga por terra a tese de que a inflação atual seria de custos. E, no entanto, esta é a hipótese surpreendentemente defendida por Stiglitz, um ganhador do Prêmio Nobel, e publicada com destaque na última quinta-feira, sob a alegação de que, ao inibir os investimentos necessários para normalizar a produção e domar uma inflação supostamente de custos, a taxa de juros mais alta elevaria a inflação.

A queda do PIB dos EUA por dois trimestres foi em grande parte explicada pela desova de estoques, que apenas ocorre em tal intensidade diante de uma demanda aquecida, e o comportamento do mercado de trabalho confirma o aquecimento. Continuam sendo abertas perto de duas vagas por desempregado, com os salários em elevação, e o aumento de juros somado ao maior risco mundial continuará atraindo capitais e fortalecendo o dólar.

Na Europa, o problema é bem mais grave. Lá ocorre a maior seca em décadas, que deverá reduzir a produção agrícola, acentuando a queda da oferta de alimentos provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Assim, há o risco de que a combinação de um dólar forte com a redução da demanda devido ao baixo crescimento da China não leve à projetada queda sensível de preços de commodities.

Porém, o problema mais grave é o controle, exercido por Putin, sobre o suprimento de gás como uma arma para enfraquecer a economia europeia. A substituição do gás russo por gás líquido importado da África requer uma infraestrutura que ainda não está pronta, e sem gás a economia europeia se enfraquece, a começar pela Alemanha, que é seu carro-chefe.

Nada disso livra o BCE de elevar a taxa de juros, com o problema se agravando devido às elevadas dívidas públicas de países, como a Itália. Infelizmente, devido à pressão exercida por grupos de interesses que há décadas dominam a cena política, a Itália jogou fora a valiosa contribuição de Mario Draghi para se modernizar e voltar a crescer.

Em junho, o FMI voltou a reduzir a projeção de crescimento mundial em 2023, e novos dados dos EUA e da Europa indicam que outras reduções devem ocorrer. Uma das consequências é que o Brasil não poderá contar com o impulso da economia mundial, que em 2022 contribuiu para o crescimento do PIB acima de 2%.

Corte nas projeções de crescimento mundial afeta os mercados Foto: Spencer Platt/AFP

Em Jackson Hole, Jerome Powell reafirmou que o Fed continuará elevando a taxa de juros, mantendo-a em território restritivo até que a inflação seja dominada. A significativa desobstrução das cadeias de suprimento revelada pelo indicador do NYFED joga por terra a tese de que a inflação atual seria de custos. E, no entanto, esta é a hipótese surpreendentemente defendida por Stiglitz, um ganhador do Prêmio Nobel, e publicada com destaque na última quinta-feira, sob a alegação de que, ao inibir os investimentos necessários para normalizar a produção e domar uma inflação supostamente de custos, a taxa de juros mais alta elevaria a inflação.

A queda do PIB dos EUA por dois trimestres foi em grande parte explicada pela desova de estoques, que apenas ocorre em tal intensidade diante de uma demanda aquecida, e o comportamento do mercado de trabalho confirma o aquecimento. Continuam sendo abertas perto de duas vagas por desempregado, com os salários em elevação, e o aumento de juros somado ao maior risco mundial continuará atraindo capitais e fortalecendo o dólar.

Na Europa, o problema é bem mais grave. Lá ocorre a maior seca em décadas, que deverá reduzir a produção agrícola, acentuando a queda da oferta de alimentos provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Assim, há o risco de que a combinação de um dólar forte com a redução da demanda devido ao baixo crescimento da China não leve à projetada queda sensível de preços de commodities.

Porém, o problema mais grave é o controle, exercido por Putin, sobre o suprimento de gás como uma arma para enfraquecer a economia europeia. A substituição do gás russo por gás líquido importado da África requer uma infraestrutura que ainda não está pronta, e sem gás a economia europeia se enfraquece, a começar pela Alemanha, que é seu carro-chefe.

Nada disso livra o BCE de elevar a taxa de juros, com o problema se agravando devido às elevadas dívidas públicas de países, como a Itália. Infelizmente, devido à pressão exercida por grupos de interesses que há décadas dominam a cena política, a Itália jogou fora a valiosa contribuição de Mario Draghi para se modernizar e voltar a crescer.

Em junho, o FMI voltou a reduzir a projeção de crescimento mundial em 2023, e novos dados dos EUA e da Europa indicam que outras reduções devem ocorrer. Uma das consequências é que o Brasil não poderá contar com o impulso da economia mundial, que em 2022 contribuiu para o crescimento do PIB acima de 2%.

Corte nas projeções de crescimento mundial afeta os mercados Foto: Spencer Platt/AFP

Em Jackson Hole, Jerome Powell reafirmou que o Fed continuará elevando a taxa de juros, mantendo-a em território restritivo até que a inflação seja dominada. A significativa desobstrução das cadeias de suprimento revelada pelo indicador do NYFED joga por terra a tese de que a inflação atual seria de custos. E, no entanto, esta é a hipótese surpreendentemente defendida por Stiglitz, um ganhador do Prêmio Nobel, e publicada com destaque na última quinta-feira, sob a alegação de que, ao inibir os investimentos necessários para normalizar a produção e domar uma inflação supostamente de custos, a taxa de juros mais alta elevaria a inflação.

A queda do PIB dos EUA por dois trimestres foi em grande parte explicada pela desova de estoques, que apenas ocorre em tal intensidade diante de uma demanda aquecida, e o comportamento do mercado de trabalho confirma o aquecimento. Continuam sendo abertas perto de duas vagas por desempregado, com os salários em elevação, e o aumento de juros somado ao maior risco mundial continuará atraindo capitais e fortalecendo o dólar.

Na Europa, o problema é bem mais grave. Lá ocorre a maior seca em décadas, que deverá reduzir a produção agrícola, acentuando a queda da oferta de alimentos provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Assim, há o risco de que a combinação de um dólar forte com a redução da demanda devido ao baixo crescimento da China não leve à projetada queda sensível de preços de commodities.

Porém, o problema mais grave é o controle, exercido por Putin, sobre o suprimento de gás como uma arma para enfraquecer a economia europeia. A substituição do gás russo por gás líquido importado da África requer uma infraestrutura que ainda não está pronta, e sem gás a economia europeia se enfraquece, a começar pela Alemanha, que é seu carro-chefe.

Nada disso livra o BCE de elevar a taxa de juros, com o problema se agravando devido às elevadas dívidas públicas de países, como a Itália. Infelizmente, devido à pressão exercida por grupos de interesses que há décadas dominam a cena política, a Itália jogou fora a valiosa contribuição de Mario Draghi para se modernizar e voltar a crescer.

Opinião por Affonso Celso Pastore

Ex-presidente do Banco Central e sócio da A.C. Pastore e Associados

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