Ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore e Associados

Opinião|Reduzir déficit é fundamental para que políticas fiscal e monetária sigam no mesmo caminho


O ajuste que tem os melhores resultados para a redução do déficit se dá, predominantemente, pelo controle dos gastos

Por Affonso Celso Pastore
Atualização:

Ninguém duvida que a política monetária esteja em território fortemente restritivo. Afinal, no fim de 2021 a taxa de juros reais ex-ante de um ano superou 6% ao ano, e desde então veio crescendo até estabilizar-se em torno de 8% ao ano. Apesar disso, devido aos subsídios que reduziram os preços administrados, fechamos 2022 com uma inflação de 5,8%, mas com a inflação dos “preços livres” chegando a 9,4%.

Por que em 2022 a inflação dos preços livres foi tão alta? A razão está no aquecimento da economia, que fica claro observando o crescimento de 3% do PIB em 2022, e a redução da taxa de desemprego para perto de 8%, próxima do pleno emprego. Deduzida a contribuição dos subsídios aos combustíveis, a inflação manteve-se elevada em virtude dos elevados estímulos fiscais que expandiram a demanda, e caso o ministro da Fazenda não consiga reduzir o déficit orçamentário, de R$ 230 bilhões, em 2023, tal expansão continuará.

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Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão Foto: Dida Sampaio/Estadão

A redução do déficit não é necessária só para minimizar o inevitável retorno ao crescimento da dívida pública em 2023. Ela é fundamental para evitar que a política fiscal continue operando na direção contrária à da política monetária. Do ponto de vista da dívida, tanto faz reduzir o déficit primário via aumento de impostos ou redução de gastos, mas no que diz respeito à inflação, a diferença é enorme. Se a opção for o corte de gastos, a política fiscal acentuará a potência da política monetária, mas se o fizer eliminando as desonerações para elevar a receita, provocará um aumento instantâneo da inflação.

Este não seria um problema caso as expectativas de inflação estivessem ancoradas. Como a política monetária já é restritiva, bastaria manter a taxa de juros onde está para que os efeitos secundários do “novo choque” se dissipassem. Mas a pesquisa Focus mostra que a inflação esperada ao final de 2023 se situa acima do limite superior do intervalo contendo a meta, e continua crescendo. Se diante deste novo choque o BC alongar ainda mais o período para a convergência da inflação para a meta, afrouxará seu compromisso com ela, caindo a credibilidade que determina sua capacidade de manter as expectativas ancoradas.

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Dessa forma, estará em pleno desenvolvimento um “jogo não cooperativo” entre as autoridades fiscal e monetária, cujo resultando é o aumento da inflação. Cabe aos responsáveis pelas políticas monetária e fiscal convencerem o presidente da República a apoiá-los na execução do ajuste que tem os melhores resultados, com a redução do déficit ocorrendo, predominantemente, através do controle dos gastos.

Ninguém duvida que a política monetária esteja em território fortemente restritivo. Afinal, no fim de 2021 a taxa de juros reais ex-ante de um ano superou 6% ao ano, e desde então veio crescendo até estabilizar-se em torno de 8% ao ano. Apesar disso, devido aos subsídios que reduziram os preços administrados, fechamos 2022 com uma inflação de 5,8%, mas com a inflação dos “preços livres” chegando a 9,4%.

Por que em 2022 a inflação dos preços livres foi tão alta? A razão está no aquecimento da economia, que fica claro observando o crescimento de 3% do PIB em 2022, e a redução da taxa de desemprego para perto de 8%, próxima do pleno emprego. Deduzida a contribuição dos subsídios aos combustíveis, a inflação manteve-se elevada em virtude dos elevados estímulos fiscais que expandiram a demanda, e caso o ministro da Fazenda não consiga reduzir o déficit orçamentário, de R$ 230 bilhões, em 2023, tal expansão continuará.

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão Foto: Dida Sampaio/Estadão

A redução do déficit não é necessária só para minimizar o inevitável retorno ao crescimento da dívida pública em 2023. Ela é fundamental para evitar que a política fiscal continue operando na direção contrária à da política monetária. Do ponto de vista da dívida, tanto faz reduzir o déficit primário via aumento de impostos ou redução de gastos, mas no que diz respeito à inflação, a diferença é enorme. Se a opção for o corte de gastos, a política fiscal acentuará a potência da política monetária, mas se o fizer eliminando as desonerações para elevar a receita, provocará um aumento instantâneo da inflação.

Este não seria um problema caso as expectativas de inflação estivessem ancoradas. Como a política monetária já é restritiva, bastaria manter a taxa de juros onde está para que os efeitos secundários do “novo choque” se dissipassem. Mas a pesquisa Focus mostra que a inflação esperada ao final de 2023 se situa acima do limite superior do intervalo contendo a meta, e continua crescendo. Se diante deste novo choque o BC alongar ainda mais o período para a convergência da inflação para a meta, afrouxará seu compromisso com ela, caindo a credibilidade que determina sua capacidade de manter as expectativas ancoradas.

Dessa forma, estará em pleno desenvolvimento um “jogo não cooperativo” entre as autoridades fiscal e monetária, cujo resultando é o aumento da inflação. Cabe aos responsáveis pelas políticas monetária e fiscal convencerem o presidente da República a apoiá-los na execução do ajuste que tem os melhores resultados, com a redução do déficit ocorrendo, predominantemente, através do controle dos gastos.

Ninguém duvida que a política monetária esteja em território fortemente restritivo. Afinal, no fim de 2021 a taxa de juros reais ex-ante de um ano superou 6% ao ano, e desde então veio crescendo até estabilizar-se em torno de 8% ao ano. Apesar disso, devido aos subsídios que reduziram os preços administrados, fechamos 2022 com uma inflação de 5,8%, mas com a inflação dos “preços livres” chegando a 9,4%.

Por que em 2022 a inflação dos preços livres foi tão alta? A razão está no aquecimento da economia, que fica claro observando o crescimento de 3% do PIB em 2022, e a redução da taxa de desemprego para perto de 8%, próxima do pleno emprego. Deduzida a contribuição dos subsídios aos combustíveis, a inflação manteve-se elevada em virtude dos elevados estímulos fiscais que expandiram a demanda, e caso o ministro da Fazenda não consiga reduzir o déficit orçamentário, de R$ 230 bilhões, em 2023, tal expansão continuará.

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão Foto: Dida Sampaio/Estadão

A redução do déficit não é necessária só para minimizar o inevitável retorno ao crescimento da dívida pública em 2023. Ela é fundamental para evitar que a política fiscal continue operando na direção contrária à da política monetária. Do ponto de vista da dívida, tanto faz reduzir o déficit primário via aumento de impostos ou redução de gastos, mas no que diz respeito à inflação, a diferença é enorme. Se a opção for o corte de gastos, a política fiscal acentuará a potência da política monetária, mas se o fizer eliminando as desonerações para elevar a receita, provocará um aumento instantâneo da inflação.

Este não seria um problema caso as expectativas de inflação estivessem ancoradas. Como a política monetária já é restritiva, bastaria manter a taxa de juros onde está para que os efeitos secundários do “novo choque” se dissipassem. Mas a pesquisa Focus mostra que a inflação esperada ao final de 2023 se situa acima do limite superior do intervalo contendo a meta, e continua crescendo. Se diante deste novo choque o BC alongar ainda mais o período para a convergência da inflação para a meta, afrouxará seu compromisso com ela, caindo a credibilidade que determina sua capacidade de manter as expectativas ancoradas.

Dessa forma, estará em pleno desenvolvimento um “jogo não cooperativo” entre as autoridades fiscal e monetária, cujo resultando é o aumento da inflação. Cabe aos responsáveis pelas políticas monetária e fiscal convencerem o presidente da República a apoiá-los na execução do ajuste que tem os melhores resultados, com a redução do déficit ocorrendo, predominantemente, através do controle dos gastos.

Ninguém duvida que a política monetária esteja em território fortemente restritivo. Afinal, no fim de 2021 a taxa de juros reais ex-ante de um ano superou 6% ao ano, e desde então veio crescendo até estabilizar-se em torno de 8% ao ano. Apesar disso, devido aos subsídios que reduziram os preços administrados, fechamos 2022 com uma inflação de 5,8%, mas com a inflação dos “preços livres” chegando a 9,4%.

Por que em 2022 a inflação dos preços livres foi tão alta? A razão está no aquecimento da economia, que fica claro observando o crescimento de 3% do PIB em 2022, e a redução da taxa de desemprego para perto de 8%, próxima do pleno emprego. Deduzida a contribuição dos subsídios aos combustíveis, a inflação manteve-se elevada em virtude dos elevados estímulos fiscais que expandiram a demanda, e caso o ministro da Fazenda não consiga reduzir o déficit orçamentário, de R$ 230 bilhões, em 2023, tal expansão continuará.

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão Foto: Dida Sampaio/Estadão

A redução do déficit não é necessária só para minimizar o inevitável retorno ao crescimento da dívida pública em 2023. Ela é fundamental para evitar que a política fiscal continue operando na direção contrária à da política monetária. Do ponto de vista da dívida, tanto faz reduzir o déficit primário via aumento de impostos ou redução de gastos, mas no que diz respeito à inflação, a diferença é enorme. Se a opção for o corte de gastos, a política fiscal acentuará a potência da política monetária, mas se o fizer eliminando as desonerações para elevar a receita, provocará um aumento instantâneo da inflação.

Este não seria um problema caso as expectativas de inflação estivessem ancoradas. Como a política monetária já é restritiva, bastaria manter a taxa de juros onde está para que os efeitos secundários do “novo choque” se dissipassem. Mas a pesquisa Focus mostra que a inflação esperada ao final de 2023 se situa acima do limite superior do intervalo contendo a meta, e continua crescendo. Se diante deste novo choque o BC alongar ainda mais o período para a convergência da inflação para a meta, afrouxará seu compromisso com ela, caindo a credibilidade que determina sua capacidade de manter as expectativas ancoradas.

Dessa forma, estará em pleno desenvolvimento um “jogo não cooperativo” entre as autoridades fiscal e monetária, cujo resultando é o aumento da inflação. Cabe aos responsáveis pelas políticas monetária e fiscal convencerem o presidente da República a apoiá-los na execução do ajuste que tem os melhores resultados, com a redução do déficit ocorrendo, predominantemente, através do controle dos gastos.

Ninguém duvida que a política monetária esteja em território fortemente restritivo. Afinal, no fim de 2021 a taxa de juros reais ex-ante de um ano superou 6% ao ano, e desde então veio crescendo até estabilizar-se em torno de 8% ao ano. Apesar disso, devido aos subsídios que reduziram os preços administrados, fechamos 2022 com uma inflação de 5,8%, mas com a inflação dos “preços livres” chegando a 9,4%.

Por que em 2022 a inflação dos preços livres foi tão alta? A razão está no aquecimento da economia, que fica claro observando o crescimento de 3% do PIB em 2022, e a redução da taxa de desemprego para perto de 8%, próxima do pleno emprego. Deduzida a contribuição dos subsídios aos combustíveis, a inflação manteve-se elevada em virtude dos elevados estímulos fiscais que expandiram a demanda, e caso o ministro da Fazenda não consiga reduzir o déficit orçamentário, de R$ 230 bilhões, em 2023, tal expansão continuará.

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão Foto: Dida Sampaio/Estadão

A redução do déficit não é necessária só para minimizar o inevitável retorno ao crescimento da dívida pública em 2023. Ela é fundamental para evitar que a política fiscal continue operando na direção contrária à da política monetária. Do ponto de vista da dívida, tanto faz reduzir o déficit primário via aumento de impostos ou redução de gastos, mas no que diz respeito à inflação, a diferença é enorme. Se a opção for o corte de gastos, a política fiscal acentuará a potência da política monetária, mas se o fizer eliminando as desonerações para elevar a receita, provocará um aumento instantâneo da inflação.

Este não seria um problema caso as expectativas de inflação estivessem ancoradas. Como a política monetária já é restritiva, bastaria manter a taxa de juros onde está para que os efeitos secundários do “novo choque” se dissipassem. Mas a pesquisa Focus mostra que a inflação esperada ao final de 2023 se situa acima do limite superior do intervalo contendo a meta, e continua crescendo. Se diante deste novo choque o BC alongar ainda mais o período para a convergência da inflação para a meta, afrouxará seu compromisso com ela, caindo a credibilidade que determina sua capacidade de manter as expectativas ancoradas.

Dessa forma, estará em pleno desenvolvimento um “jogo não cooperativo” entre as autoridades fiscal e monetária, cujo resultando é o aumento da inflação. Cabe aos responsáveis pelas políticas monetária e fiscal convencerem o presidente da República a apoiá-los na execução do ajuste que tem os melhores resultados, com a redução do déficit ocorrendo, predominantemente, através do controle dos gastos.

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