Ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore e Associados

Opinião|Qual será a reação do governo quando o crescimento econômico se reduzir em 2024?


A confiança de que espaço fiscal maior gera crescimento pode elevar ainda mais os gastos

Por Affonso Celso Pastore

Entramos em 2024 no primeiro ano de vigência do arcabouço fiscal, que busca equilíbrio entre o crescimento da dívida pública e o espaço fiscal. Para acelerar o crescimento econômico e obter apoio no Congresso, Lula quer espaço fiscal maior, definido como a flexibilidade para escolher quanto gastar.

Ao fixar o crescimento dos gastos em termos reais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o atendeu em parte, mas, reconhecendo que temos um problema com o tamanho da dívida, o fez estabelecendo metas de resultado primário que deverão ser atendidas com base em novas receitas que, contudo, são insuficientes.

Atualmente, a dinâmica da dívida é bem melhor do que na transição de FHC para Lula, em 2002, quando 30% da dívida bruta era atrelada ao câmbio, o que expunha o Brasil ao risco de uma parada brusca no influxo de dólares. Ao fim do primeiro semestre de 2002, em plena campanha eleitoral, o real estava cotado abaixo de R$ 2,5/US$, e a dívida bruta chegava a 54% do PIB, e seis meses depois, já com Lula eleito e diante do risco de um “calote”, o real chegou a R$ 4,00/US$, com a dívida bruta atingindo 66% do PIB.

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Ano de 2024 poderá ter um verdadeiro teste que revelará se o arcabouço é ou não aquele de que o País precisa Foto: Andre Dusek/Estadão

Embora a dinâmica da dívida não mais dependa do câmbio real, o que impede que em poucos meses ocorra um salto de 12 pontos porcentuais da relação dívida/PIB, há o risco de aumento de magnitude semelhante entre 2023 e 2026. Embora o mercado financeiro não interrompa o influxo de capitais, o real não se deprecie e a dívida não dê um salto, seu crescimento continua insustentável. Quer devido ao “efeito riqueza” provocado pela alta da dívida pública, quer devido ao efeito multiplicador dos gastos públicos, o aumento da demanda agregada decorrente da política fiscal expansionista e eleva a taxa neutra de juros.

Embora o preço dos ativos tenha reação mais suave, os prêmios de risco crescem, e a consequência é a taxa real de juros de equilíbrio mais alta, o que reduz o crescimento que o governo quer elevar através da expansão do espaço fiscal.

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Qual será a reação do governo quando o crescimento econômico se reduzir em 2024? A sua confiança de que um espaço fiscal maior gere crescimento pode levá-lo a elevar ainda mais os gastos, com reflexos acentuados sobre a taxa neutra de juros e sobre os prêmios de risco.

Como o crescimento depende da taxa real de juros, é inevitável que, além de elevar a pressão para que o BC dê sua colaboração baixando um pouco mais os juros, force um aumento maior dos gastos. Este é o verdadeiro teste que revelará se o arcabouço é ou não aquele de que o País precisa.

Entramos em 2024 no primeiro ano de vigência do arcabouço fiscal, que busca equilíbrio entre o crescimento da dívida pública e o espaço fiscal. Para acelerar o crescimento econômico e obter apoio no Congresso, Lula quer espaço fiscal maior, definido como a flexibilidade para escolher quanto gastar.

Ao fixar o crescimento dos gastos em termos reais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o atendeu em parte, mas, reconhecendo que temos um problema com o tamanho da dívida, o fez estabelecendo metas de resultado primário que deverão ser atendidas com base em novas receitas que, contudo, são insuficientes.

Atualmente, a dinâmica da dívida é bem melhor do que na transição de FHC para Lula, em 2002, quando 30% da dívida bruta era atrelada ao câmbio, o que expunha o Brasil ao risco de uma parada brusca no influxo de dólares. Ao fim do primeiro semestre de 2002, em plena campanha eleitoral, o real estava cotado abaixo de R$ 2,5/US$, e a dívida bruta chegava a 54% do PIB, e seis meses depois, já com Lula eleito e diante do risco de um “calote”, o real chegou a R$ 4,00/US$, com a dívida bruta atingindo 66% do PIB.

Ano de 2024 poderá ter um verdadeiro teste que revelará se o arcabouço é ou não aquele de que o País precisa Foto: Andre Dusek/Estadão

Embora a dinâmica da dívida não mais dependa do câmbio real, o que impede que em poucos meses ocorra um salto de 12 pontos porcentuais da relação dívida/PIB, há o risco de aumento de magnitude semelhante entre 2023 e 2026. Embora o mercado financeiro não interrompa o influxo de capitais, o real não se deprecie e a dívida não dê um salto, seu crescimento continua insustentável. Quer devido ao “efeito riqueza” provocado pela alta da dívida pública, quer devido ao efeito multiplicador dos gastos públicos, o aumento da demanda agregada decorrente da política fiscal expansionista e eleva a taxa neutra de juros.

Embora o preço dos ativos tenha reação mais suave, os prêmios de risco crescem, e a consequência é a taxa real de juros de equilíbrio mais alta, o que reduz o crescimento que o governo quer elevar através da expansão do espaço fiscal.

Qual será a reação do governo quando o crescimento econômico se reduzir em 2024? A sua confiança de que um espaço fiscal maior gere crescimento pode levá-lo a elevar ainda mais os gastos, com reflexos acentuados sobre a taxa neutra de juros e sobre os prêmios de risco.

Como o crescimento depende da taxa real de juros, é inevitável que, além de elevar a pressão para que o BC dê sua colaboração baixando um pouco mais os juros, force um aumento maior dos gastos. Este é o verdadeiro teste que revelará se o arcabouço é ou não aquele de que o País precisa.

Entramos em 2024 no primeiro ano de vigência do arcabouço fiscal, que busca equilíbrio entre o crescimento da dívida pública e o espaço fiscal. Para acelerar o crescimento econômico e obter apoio no Congresso, Lula quer espaço fiscal maior, definido como a flexibilidade para escolher quanto gastar.

Ao fixar o crescimento dos gastos em termos reais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o atendeu em parte, mas, reconhecendo que temos um problema com o tamanho da dívida, o fez estabelecendo metas de resultado primário que deverão ser atendidas com base em novas receitas que, contudo, são insuficientes.

Atualmente, a dinâmica da dívida é bem melhor do que na transição de FHC para Lula, em 2002, quando 30% da dívida bruta era atrelada ao câmbio, o que expunha o Brasil ao risco de uma parada brusca no influxo de dólares. Ao fim do primeiro semestre de 2002, em plena campanha eleitoral, o real estava cotado abaixo de R$ 2,5/US$, e a dívida bruta chegava a 54% do PIB, e seis meses depois, já com Lula eleito e diante do risco de um “calote”, o real chegou a R$ 4,00/US$, com a dívida bruta atingindo 66% do PIB.

Ano de 2024 poderá ter um verdadeiro teste que revelará se o arcabouço é ou não aquele de que o País precisa Foto: Andre Dusek/Estadão

Embora a dinâmica da dívida não mais dependa do câmbio real, o que impede que em poucos meses ocorra um salto de 12 pontos porcentuais da relação dívida/PIB, há o risco de aumento de magnitude semelhante entre 2023 e 2026. Embora o mercado financeiro não interrompa o influxo de capitais, o real não se deprecie e a dívida não dê um salto, seu crescimento continua insustentável. Quer devido ao “efeito riqueza” provocado pela alta da dívida pública, quer devido ao efeito multiplicador dos gastos públicos, o aumento da demanda agregada decorrente da política fiscal expansionista e eleva a taxa neutra de juros.

Embora o preço dos ativos tenha reação mais suave, os prêmios de risco crescem, e a consequência é a taxa real de juros de equilíbrio mais alta, o que reduz o crescimento que o governo quer elevar através da expansão do espaço fiscal.

Qual será a reação do governo quando o crescimento econômico se reduzir em 2024? A sua confiança de que um espaço fiscal maior gere crescimento pode levá-lo a elevar ainda mais os gastos, com reflexos acentuados sobre a taxa neutra de juros e sobre os prêmios de risco.

Como o crescimento depende da taxa real de juros, é inevitável que, além de elevar a pressão para que o BC dê sua colaboração baixando um pouco mais os juros, force um aumento maior dos gastos. Este é o verdadeiro teste que revelará se o arcabouço é ou não aquele de que o País precisa.

Opinião por Affonso Celso Pastore

Ex-presidente do Banco Central e sócio da A.C. Pastore e Associados

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