O ponto alto nesta semana será a divulgação de dados nos Estados Unidos --especialmente sobre postos de trabalho-- com investidores procurando por pistas sobre a profundidade dos efeitos do mercado de crédito imobiliário de alto risco na economia e se cortes nas taxas básicas de juros norte-americanas são necessários. O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou na sexta-feira os próximos passos para ajudar proprietários de casas com hipotecas de alto risco a manterem suas moradias, mas acrescentou que não é trabalho do governo federal socorrer especuladores. Por sua vez, o chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, disse que o banco central estava pronto para injetar liquidez e promover o bom funcionamento do mercado conforme o necessário, mas também enfatizou não ser função da entidade proteger concessores de empréstimos e investidores das consequências de suas decisões. Após semanas de turbulências nos mercados financeiros, investidores diminuíram ou anularam expectativas por altas nas taxas de juros em outros lugares do mundo. Bancos centrais na zona do euro, Grã-Bretanha, Austrália e Canadá --todos com reuniões na próxima semana-- devem deixar as taxas básicas de juros no mesmo patamar. O foco estará em possíveis sinais de que o aumento das taxas pode ser retomado no futuro, e também em quaisquer comentários dos membros do comitê de política monetária sobre a crise no mercado de crédito. Um número cada vez maior de instituições financeiras em todo o mundo tem sido exposto a problemas no setor de hipotecas de alto risco, o chamado subprime, composto por tomadores de empréstimos com fraco histórico de crédito. Há sinais de que estes problemas estão começando a afetar a confiança empresarial e do consumidor nos EUA e em outros países. Os dados dos setores manufatureiro e de serviços apurados pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) e o relatório de postos de trabalho serão observados em busca de sinais de que a economia como um todo está sofrendo. "Os postos de trabalho para mim representam o evento mais significativo que temos em termos de política de curto prazo do Fed", disse Kamal Sharma, estrategista de câmbio do Bank of America. "Há pressões indo para os mercados de trabalho destes problemas com o subprime (de alto risco). Se isso for destacado no número de folhas de pagamento, então a preocupação será de que a economia dos EUA sofreu impacto, e, consequentemente, prejudicaria o dólar". A previsão do mercado é de que 105 mil empregos foram criados em agosto, uma alta frente aos 92 mil de julho. Uma forte leitura se mostraria um enigma para o Fed, que pode estar relutante em cortar as taxas de juros enquanto o crescimento está forte. Os índices manufatureiros e de serviços do ISM devem ter tido leve queda em agosto, mas devem ficar firmes no território acima dos 50 pontos, que indica crescimento. Para o Banco Central Europeu (BCE), que se reúne na quinta-feira, as opiniões mudaram de expectativa unânime de aumento na taxa de juros da zona do euro em setembro para apenas um em quatro economistas prevendo essa medida, com o restante estimando a manutenção em 4 por cento ao ano. Dados da zona do euro que serão divulgados na próxima semana, incluindo a revisão do Produto Interno Bruto do segundo trimestre e vendas de varejo em julho, devem mostrar sólido crescimento econômico, potencialmente aumentando os argumentos para uma alta nos juros futuramente. A volatilidade do mercado pode ser exagerada no começo da semana, com fraco volume de negociações devido a um feriado nos EUA e no Canadá na segunda-feira. (Reportagem adicional de Emelia Sithole-Matarise)