BRASÍLIA - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula, em uma estimativa preliminar, que as perdas na safra de grãos 2023/24 no Rio Grande do Sul devem alcançar aproximadamente 1 milhão de toneladas em virtude das enchentes que atingem o Estado desde 29 de abril.
“Se não houvesse a catástrofe no Rio Grande do Sul, a safra 2023/24 do País seria 1 milhão de toneladas maior, estimada hoje em 295,45 milhões de toneladas. O oitavo levantamento da Conab considera possíveis perdas do Estado que ainda estão sendo mensuradas”, disse o diretor executivo de Política Agrícola e Informações da companhia, Sílvio Porto, durante webinar para apresentação do levantamento de safra da estatal. “As perdas no RS serão melhor apuradas quando houver condições de levantamento a campo”, acrescentou, lembrando que na temporada passada o Estado havia sido prejudicado pela falta de chuva.
Na avaliação da Conab, neste momento, há impacto maior das enchentes para a safra gaúcha de soja que arroz, já que 35% das lavouras de soja do Estado ainda não haviam sido colhidas, ante 17% das lavouras de arroz no campo no momento das enchentes. “A colheita de soja estava mais atrasada e com volume maior de área a ser colhida. Há impacto maior das enchentes na soja que no arroz, apesar da concentração do Estado no abastecimento nacional de arroz. Da área não colhida, há parte em áreas que não foram alagadas e afetadas pelas enchentes”, disse Porto. “É uma estimativa conservadora. No próximo levantamento, em junho, podemos trazer dados mais acurados relativos ao impacto das perdas nas lavouras do Rio Grande do Sul.”
Na soja, a Conab prevê perdas de 700 mil toneladas na produção do Rio Grande do Sul na safra atual. “Sem as perdas do RS, a safra de soja do Brasil seria de 148,44 milhões de toneladas. Hoje foi estimada em 147,685 milhões de toneladas, considerando que 65% da safra gaúcha havia sido colhida até o início das enchentes”, explicou Porto.
Já no arroz, a Conab estima perdas de 230 mil toneladas na produção gaúcha, considerando o cereal que ainda não foi colhido. “Sem perdas do RS, a safra de arroz do Brasil seria de 10,7 milhões de toneladas, estimada hoje em 10,5 milhões de toneladas. Podemos ter ajustes na produção estimada do Centro-Oeste de áreas novas com produção mais expressiva”, afirmou, destacando que 99% do arroz do País já deveria ter sido colhido - índice que é hoje de 84%.
Também presente no webinar, o diretor presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que o levantamento divulgado nesta terça-feira, 14, pela estatal foi um dos mais desafiadores em virtude da tragédia climática no Rio Grande do Sul. “É um Estado muito importante na produção nacional. Nossa equipe teve muita dificuldade de deslocamento e de comunicação com órgãos parceiros para coletar números”, ressaltou.
Porto salientou que há presença “bastante expressiva” de armazéns nos municípios gaúchos afetados pelas enchentes. “Parte desses armazéns foi afetada por inundações que vão prejudicar o produto colhido. Ainda estamos levantando essas perdas. É mais provável haver maior volume estocado de soja que de arroz”, esclareceu Porto. Segundo o diretor, na área central do Estado, uma das mais atingidas pelas enchentes, a capacidade estática para armazenagem é de 1 milhão de toneladas de grãos.