BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, atribuiu a recente alta da inflação de alimentos à especulação do mercado financeiro. “Se temos a perspectiva de uma safra boa, se não temos perspectiva de falta de nenhum produto da cesta básica brasileira, o que está acontecendo é especulação do mercado financeiro. O dólar a R$ 6 gera inflação de alimentos e é nitidamente especulação do mercado financeiro”, disse o ministro em entrevista à GloboNews.
A moeda americana renovou o seu recorde histórico de fechamento nesta segunda-feira, 2, ao encerrar as negociações do dia com alta de 1,11%, cotada a R$ 6,0680, depois de oscilar entre máxima a R$ 6,0919 e mínima a R$ 59959. Esta é a segunda vez seguida em que a divisa finaliza a sessão em um nível acima de R$ 6.
O ministro justificou que a safra de grãos 2024/25, que está em desenvolvimento, e será colhida a partir de meados de fevereiro, deve ser “muito boa”.
“Com previsão de recordes na produção de soja, milho e arroz e estabilidade no feijão. Em carnes, estamos superando o ciclo de baixa mas com estabilidade na produção”, acrescentou.
Fávaro pediu um voto de confiança do mercado financeiro à equipe econômica do governo. “Gostaria muito que o mercado financeiro desse um voto de confiança à equipe econômica, ao ministro Haddad, à ministra Simone, às políticas públicas do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento. É mais do que dito o compromisso do presidente Lula com a responsabilidade fiscal e econômica brasileira”, afirmou.
Expectativa sobre acordo Mercosul/UE
O ministro comentou ainda que vê “expectativa favorável” para a formalização do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) e se disse otimista com a conclusão do pacto de livre comércio entre os blocos.
“Está madura. Houve empenho pessoal do presidente Lula aparando as arestas, discutindo pessoalmente cota com cada país, atuando nas divergências dentro do Mercosul e será o tema principal de sua ida à cúpula do Mercosul. A recondução da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, pelo Parlamento Europeu foi uma boa sinalização”, avaliou o ministro.
Questionado sobre a pressão contrária da França ao acordo, o ministro pontuou que a decisão sobre a formalização é da Comissão Europeia.
“O espernear francês é legítimo em proteção aos seus agricultores, mas o acordo prevê estabilidade dos países com relação ao comércio e vai poder fortalecer oportunidades de venda de produtos franceses no Brasil”, afirmou.
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Para o ministro, a crise recente entre o Carrefour e a indústria brasileira de carnes não afeta as tratativas finais do acordo, por ter envolvido empresa privada e não os governos diplomaticamente.
“Neste momento não há porque ter dúvida quanto à formalização do acordo por conta desse incidente especificamente”, explicou refutando riscos de os produtos agropecuários brasileiros “invadirem” o mercado francês já que há estabelecimento de cotas para cada produto.