Como a tragédia no Rio Grande do Sul pode impactar a inflação e colocar mais pressão no BC


Alta no preço do arroz começa a aparecer no atacado e, junto com outros alimentos e bens industriais, pode virar o fiel da balança da inflação nos próximos meses; enchentes turbinam fatores de riscos que já existiam

Por Márcia De Chiara
Atualização:

O desdobramento da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre preços de alimentos e a desvalorização do câmbio, que ganhou força recentemente, colocaram mais pressão no cenário para a inflação brasileira deste ano e do próximo. Apesar de a inflação atual ainda estar controlada e desacelerando –o IPCA-15, em 12 meses até maio acumula alta de 3,7%, ante 3,8% em abril –, os riscos inflacionários aumentaram.

É bem verdade que as perspectivas para a inflação já vinham se deteriorando por causa de vários fatores combinados. Entre eles estavam a incerteza do cumprimento da meta fiscal do País, os preços do serviços pressionados em razão do aquecimento do mercado de trabalho, a manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos por mais tempo e a inflação mundial em alta.

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Mas o que desandou o cenário mais recentemente foi a tragédia no Sul, concordam os economistas ouvidos pelo Estadão.

Dados do Boletim Focus do Banco Central mostram que, após a tragédia no Sul, entre os dias 3 e 24 de maio, as projeções de mercado para a inflação deste ano e o próximo subiram. Para 2024, foi de 3,72% para 3,86% e para 2025, de 3,64% para 3,75%.

Nesse mesmo intervalo, a projeção de inflação dos preços livres para 2024, grupo no qual estão inseridos os alimentos, subiu de 3,62% para 3,81%. Para 2025, a expectativa para esse grupo, que estava em 3,54% no início de maio, bateu 3,70% no final do mês.

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Trabalhadores limpam fábrica afetada pelas enchentes em Encantado, no Rio Grande do Sul  Foto: Nelson Almeida/AFP

“Praticamente a revisão para cima das expectativas de inflação ao longo de maio, especialmente para a projeção de 2024, foi por conta dos preços livres, e isso é um indício de que a mudança ocorreu por causa dos alimentos e da tragédia no Sul”, afirma o economista da LCA Consultores, Fabio Romão.

A consultoria, por exemplo, aumentou em 0,5 ponto porcentual, a projeção de alta de preços do grupo alimentação e bebidas no IPCA para este ano, de 4,3% para 4,8%, depois das enchentes do Sul.

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A mudança já leva em conta movimento de preços registrados no atacado, pois no varejo esses efeitos dos problemas no Sul ainda não foram captados.

O preço do arroz em casca, por exemplo, subiu 2,74% no IGP-M de maio, depois de ter caído 2,71% em abril, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional do cereal.

Segundo Romão, a crise do Rio Grande do Sul e os desdobramentos sobre os alimentos e o câmbio mais desvalorizado do que se esperava “azedaram” o cenário e deixaram o Banco Central mais vigilante. Câmbio desvalorizado deixa não apenas alimentos mais caros, mas também afeta os preços dos bens industriais.

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Na quarta-feira, 29, o dólar subiu mais de 1% em apenas um dia e fechou cotado a R$ 5,20, o maior valor desde 18 de abril (R$ 5,25).

O economista pondera que esses novos fatores de pressão “não são para arrancar os cabelos”. No entanto, observa que eles põem pressão adicional na inflação num cenário no qual havia outros riscos no radar.

“O fiel da balança, o que colocou maior volatilidade nas expectativas de inflação para o ano, foi a tragédia do Sul”, afirma André Braz, coordenador dos Índices de Preços da FGV e economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).

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Nas suas contas, ele acredita que, no pior cenário, a alimentação no domicílio possa avançar 7% dentro do IPCA este ano, depois do evento do Sul. Num quadro mais benigno, ele projeta alta de cerca de 4%.

André Braz, coordenador de índices de preços da FGV IBRE, espera revés nos preços dos alimentos por conta da tragédia no Sul Foto: Bianca Gens/ FGV

De acordo com Braz, o IPCA deste ano pode ficar em torno de 3,9% a 4% ou avançar para perto de 4,5%. O centro da meta de inflação para este ano é 3%, e o teto é 4,5%.

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Impacto no atacado

Apesar de os efeitos das enchentes do Sul não terem chegado aos preços do varejo, ele observa que, no atacado, o índice de preços de alimentos, mesmo negativo em maio, está menos negativo do que em abril. “Com certeza, a conta do Sul vai chegar: não tem como uma tragédia dessa magnitude não causar um revés inflacionário.”

Além dos alimentos, como arroz, soja, leite, suínos e aves, o Estado do Rio Grande do Sul tem peso importante na fabricação de industrializados, como calçados, têxteis, metais sanitários, móveis e na fabricação de veículos. E os preços desses produtos, provavelmente, vão refletir esse choque na oferta.

Marcela Kawauti, economista da gestora de recursos Lifetime Asset, observa que a inflação atual está controlada, abaixo da meta e desacelerando, mas ressalta que as perspectivas mostram que provavelmente o IPCA deste ano vai ficar muito perto do teto da meta (4,5%).

“Tem tanta incerteza, que o Banco Central precisa pisar em ovos daqui para frente”, afirma Marcela. A expectativa da economista é de que o BC corte em 0,25 ponto porcentual os juros básicos na próxima reunião do Copom ou até pare de reduzir a taxa Selic, “mesmo com a inflação ‘controlada’ entre muitas aspas”, diz.

Na opinião de Adriano Valladão, economista do Santander Brasil, o cenário da inflação corrente é benigno. Mas ele ressalta que os riscos aumentaram, especialmente depois da tragédia no Sul. “Esperamos um rebote na alimentação no domicílio como consequência das enchentes.” A expectativa é de que esses reflexos venham à tona nos preços dos alimentos ao consumidor em junho.

O economista acrescenta que há fatores adicionais de risco para os preços dos produtos agropecuários a partir do segundo semestre. É que nessa época do ano deve entrar em vigor o regime climático La Niña, marcado por seca no Sul e chuvas no Norte do País.

Mesmo com os preços dos alimentos potencializando os riscos inflacionários, Marcela lembra que a escalada das cotações dos serviços, impulsionada pela demanda aquecida e o cenário positivo do mercado de trabalho, é um foco de preocupação inflacionária mais visível no momento.

Como os preços na economia brasileira são muito indexados, o repasse de alta de custos, especialmente de mão de obra, para os preços dos serviços é observado imediatamente, explica a economista.

Apesar de preocupante, economistas concordam que a perspectiva da inflação de serviços é de desaceleração para este ano e o próximo em razão da perda de força da massa salarial. Enquanto isso, os preços dos alimentos podem virar novamente os vilões da inflação.

O desdobramento da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre preços de alimentos e a desvalorização do câmbio, que ganhou força recentemente, colocaram mais pressão no cenário para a inflação brasileira deste ano e do próximo. Apesar de a inflação atual ainda estar controlada e desacelerando –o IPCA-15, em 12 meses até maio acumula alta de 3,7%, ante 3,8% em abril –, os riscos inflacionários aumentaram.

É bem verdade que as perspectivas para a inflação já vinham se deteriorando por causa de vários fatores combinados. Entre eles estavam a incerteza do cumprimento da meta fiscal do País, os preços do serviços pressionados em razão do aquecimento do mercado de trabalho, a manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos por mais tempo e a inflação mundial em alta.

Mas o que desandou o cenário mais recentemente foi a tragédia no Sul, concordam os economistas ouvidos pelo Estadão.

Dados do Boletim Focus do Banco Central mostram que, após a tragédia no Sul, entre os dias 3 e 24 de maio, as projeções de mercado para a inflação deste ano e o próximo subiram. Para 2024, foi de 3,72% para 3,86% e para 2025, de 3,64% para 3,75%.

Nesse mesmo intervalo, a projeção de inflação dos preços livres para 2024, grupo no qual estão inseridos os alimentos, subiu de 3,62% para 3,81%. Para 2025, a expectativa para esse grupo, que estava em 3,54% no início de maio, bateu 3,70% no final do mês.

Trabalhadores limpam fábrica afetada pelas enchentes em Encantado, no Rio Grande do Sul  Foto: Nelson Almeida/AFP

“Praticamente a revisão para cima das expectativas de inflação ao longo de maio, especialmente para a projeção de 2024, foi por conta dos preços livres, e isso é um indício de que a mudança ocorreu por causa dos alimentos e da tragédia no Sul”, afirma o economista da LCA Consultores, Fabio Romão.

A consultoria, por exemplo, aumentou em 0,5 ponto porcentual, a projeção de alta de preços do grupo alimentação e bebidas no IPCA para este ano, de 4,3% para 4,8%, depois das enchentes do Sul.

A mudança já leva em conta movimento de preços registrados no atacado, pois no varejo esses efeitos dos problemas no Sul ainda não foram captados.

O preço do arroz em casca, por exemplo, subiu 2,74% no IGP-M de maio, depois de ter caído 2,71% em abril, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional do cereal.

Segundo Romão, a crise do Rio Grande do Sul e os desdobramentos sobre os alimentos e o câmbio mais desvalorizado do que se esperava “azedaram” o cenário e deixaram o Banco Central mais vigilante. Câmbio desvalorizado deixa não apenas alimentos mais caros, mas também afeta os preços dos bens industriais.

Na quarta-feira, 29, o dólar subiu mais de 1% em apenas um dia e fechou cotado a R$ 5,20, o maior valor desde 18 de abril (R$ 5,25).

O economista pondera que esses novos fatores de pressão “não são para arrancar os cabelos”. No entanto, observa que eles põem pressão adicional na inflação num cenário no qual havia outros riscos no radar.

“O fiel da balança, o que colocou maior volatilidade nas expectativas de inflação para o ano, foi a tragédia do Sul”, afirma André Braz, coordenador dos Índices de Preços da FGV e economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).

Nas suas contas, ele acredita que, no pior cenário, a alimentação no domicílio possa avançar 7% dentro do IPCA este ano, depois do evento do Sul. Num quadro mais benigno, ele projeta alta de cerca de 4%.

André Braz, coordenador de índices de preços da FGV IBRE, espera revés nos preços dos alimentos por conta da tragédia no Sul Foto: Bianca Gens/ FGV

De acordo com Braz, o IPCA deste ano pode ficar em torno de 3,9% a 4% ou avançar para perto de 4,5%. O centro da meta de inflação para este ano é 3%, e o teto é 4,5%.

Impacto no atacado

Apesar de os efeitos das enchentes do Sul não terem chegado aos preços do varejo, ele observa que, no atacado, o índice de preços de alimentos, mesmo negativo em maio, está menos negativo do que em abril. “Com certeza, a conta do Sul vai chegar: não tem como uma tragédia dessa magnitude não causar um revés inflacionário.”

Além dos alimentos, como arroz, soja, leite, suínos e aves, o Estado do Rio Grande do Sul tem peso importante na fabricação de industrializados, como calçados, têxteis, metais sanitários, móveis e na fabricação de veículos. E os preços desses produtos, provavelmente, vão refletir esse choque na oferta.

Marcela Kawauti, economista da gestora de recursos Lifetime Asset, observa que a inflação atual está controlada, abaixo da meta e desacelerando, mas ressalta que as perspectivas mostram que provavelmente o IPCA deste ano vai ficar muito perto do teto da meta (4,5%).

“Tem tanta incerteza, que o Banco Central precisa pisar em ovos daqui para frente”, afirma Marcela. A expectativa da economista é de que o BC corte em 0,25 ponto porcentual os juros básicos na próxima reunião do Copom ou até pare de reduzir a taxa Selic, “mesmo com a inflação ‘controlada’ entre muitas aspas”, diz.

Na opinião de Adriano Valladão, economista do Santander Brasil, o cenário da inflação corrente é benigno. Mas ele ressalta que os riscos aumentaram, especialmente depois da tragédia no Sul. “Esperamos um rebote na alimentação no domicílio como consequência das enchentes.” A expectativa é de que esses reflexos venham à tona nos preços dos alimentos ao consumidor em junho.

O economista acrescenta que há fatores adicionais de risco para os preços dos produtos agropecuários a partir do segundo semestre. É que nessa época do ano deve entrar em vigor o regime climático La Niña, marcado por seca no Sul e chuvas no Norte do País.

Mesmo com os preços dos alimentos potencializando os riscos inflacionários, Marcela lembra que a escalada das cotações dos serviços, impulsionada pela demanda aquecida e o cenário positivo do mercado de trabalho, é um foco de preocupação inflacionária mais visível no momento.

Como os preços na economia brasileira são muito indexados, o repasse de alta de custos, especialmente de mão de obra, para os preços dos serviços é observado imediatamente, explica a economista.

Apesar de preocupante, economistas concordam que a perspectiva da inflação de serviços é de desaceleração para este ano e o próximo em razão da perda de força da massa salarial. Enquanto isso, os preços dos alimentos podem virar novamente os vilões da inflação.

O desdobramento da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre preços de alimentos e a desvalorização do câmbio, que ganhou força recentemente, colocaram mais pressão no cenário para a inflação brasileira deste ano e do próximo. Apesar de a inflação atual ainda estar controlada e desacelerando –o IPCA-15, em 12 meses até maio acumula alta de 3,7%, ante 3,8% em abril –, os riscos inflacionários aumentaram.

É bem verdade que as perspectivas para a inflação já vinham se deteriorando por causa de vários fatores combinados. Entre eles estavam a incerteza do cumprimento da meta fiscal do País, os preços do serviços pressionados em razão do aquecimento do mercado de trabalho, a manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos por mais tempo e a inflação mundial em alta.

Mas o que desandou o cenário mais recentemente foi a tragédia no Sul, concordam os economistas ouvidos pelo Estadão.

Dados do Boletim Focus do Banco Central mostram que, após a tragédia no Sul, entre os dias 3 e 24 de maio, as projeções de mercado para a inflação deste ano e o próximo subiram. Para 2024, foi de 3,72% para 3,86% e para 2025, de 3,64% para 3,75%.

Nesse mesmo intervalo, a projeção de inflação dos preços livres para 2024, grupo no qual estão inseridos os alimentos, subiu de 3,62% para 3,81%. Para 2025, a expectativa para esse grupo, que estava em 3,54% no início de maio, bateu 3,70% no final do mês.

Trabalhadores limpam fábrica afetada pelas enchentes em Encantado, no Rio Grande do Sul  Foto: Nelson Almeida/AFP

“Praticamente a revisão para cima das expectativas de inflação ao longo de maio, especialmente para a projeção de 2024, foi por conta dos preços livres, e isso é um indício de que a mudança ocorreu por causa dos alimentos e da tragédia no Sul”, afirma o economista da LCA Consultores, Fabio Romão.

A consultoria, por exemplo, aumentou em 0,5 ponto porcentual, a projeção de alta de preços do grupo alimentação e bebidas no IPCA para este ano, de 4,3% para 4,8%, depois das enchentes do Sul.

A mudança já leva em conta movimento de preços registrados no atacado, pois no varejo esses efeitos dos problemas no Sul ainda não foram captados.

O preço do arroz em casca, por exemplo, subiu 2,74% no IGP-M de maio, depois de ter caído 2,71% em abril, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional do cereal.

Segundo Romão, a crise do Rio Grande do Sul e os desdobramentos sobre os alimentos e o câmbio mais desvalorizado do que se esperava “azedaram” o cenário e deixaram o Banco Central mais vigilante. Câmbio desvalorizado deixa não apenas alimentos mais caros, mas também afeta os preços dos bens industriais.

Na quarta-feira, 29, o dólar subiu mais de 1% em apenas um dia e fechou cotado a R$ 5,20, o maior valor desde 18 de abril (R$ 5,25).

O economista pondera que esses novos fatores de pressão “não são para arrancar os cabelos”. No entanto, observa que eles põem pressão adicional na inflação num cenário no qual havia outros riscos no radar.

“O fiel da balança, o que colocou maior volatilidade nas expectativas de inflação para o ano, foi a tragédia do Sul”, afirma André Braz, coordenador dos Índices de Preços da FGV e economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).

Nas suas contas, ele acredita que, no pior cenário, a alimentação no domicílio possa avançar 7% dentro do IPCA este ano, depois do evento do Sul. Num quadro mais benigno, ele projeta alta de cerca de 4%.

André Braz, coordenador de índices de preços da FGV IBRE, espera revés nos preços dos alimentos por conta da tragédia no Sul Foto: Bianca Gens/ FGV

De acordo com Braz, o IPCA deste ano pode ficar em torno de 3,9% a 4% ou avançar para perto de 4,5%. O centro da meta de inflação para este ano é 3%, e o teto é 4,5%.

Impacto no atacado

Apesar de os efeitos das enchentes do Sul não terem chegado aos preços do varejo, ele observa que, no atacado, o índice de preços de alimentos, mesmo negativo em maio, está menos negativo do que em abril. “Com certeza, a conta do Sul vai chegar: não tem como uma tragédia dessa magnitude não causar um revés inflacionário.”

Além dos alimentos, como arroz, soja, leite, suínos e aves, o Estado do Rio Grande do Sul tem peso importante na fabricação de industrializados, como calçados, têxteis, metais sanitários, móveis e na fabricação de veículos. E os preços desses produtos, provavelmente, vão refletir esse choque na oferta.

Marcela Kawauti, economista da gestora de recursos Lifetime Asset, observa que a inflação atual está controlada, abaixo da meta e desacelerando, mas ressalta que as perspectivas mostram que provavelmente o IPCA deste ano vai ficar muito perto do teto da meta (4,5%).

“Tem tanta incerteza, que o Banco Central precisa pisar em ovos daqui para frente”, afirma Marcela. A expectativa da economista é de que o BC corte em 0,25 ponto porcentual os juros básicos na próxima reunião do Copom ou até pare de reduzir a taxa Selic, “mesmo com a inflação ‘controlada’ entre muitas aspas”, diz.

Na opinião de Adriano Valladão, economista do Santander Brasil, o cenário da inflação corrente é benigno. Mas ele ressalta que os riscos aumentaram, especialmente depois da tragédia no Sul. “Esperamos um rebote na alimentação no domicílio como consequência das enchentes.” A expectativa é de que esses reflexos venham à tona nos preços dos alimentos ao consumidor em junho.

O economista acrescenta que há fatores adicionais de risco para os preços dos produtos agropecuários a partir do segundo semestre. É que nessa época do ano deve entrar em vigor o regime climático La Niña, marcado por seca no Sul e chuvas no Norte do País.

Mesmo com os preços dos alimentos potencializando os riscos inflacionários, Marcela lembra que a escalada das cotações dos serviços, impulsionada pela demanda aquecida e o cenário positivo do mercado de trabalho, é um foco de preocupação inflacionária mais visível no momento.

Como os preços na economia brasileira são muito indexados, o repasse de alta de custos, especialmente de mão de obra, para os preços dos serviços é observado imediatamente, explica a economista.

Apesar de preocupante, economistas concordam que a perspectiva da inflação de serviços é de desaceleração para este ano e o próximo em razão da perda de força da massa salarial. Enquanto isso, os preços dos alimentos podem virar novamente os vilões da inflação.

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