BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentou a pressão para que qualquer diretor do Banco Central que deseja presidir a autarquia a partir de 2025 vote por um corte de juros nesta quarta-feira, 19. A avaliação é do ex-diretor do BC e consultor da A.C. Pastore & Associados Alexandre Schwartsman, que vê um aumento marginal na chance de uma nova decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Vejo a unanimidade como cenário mais provável, mas certamente aumentou o custo de quem quer que esteja tentando se posicionar para ser o próximo presidente votar com o Roberto Campos Neto [atual chefe do BC]”, diz Schwartsman. “Acho que fica mais delicada a situação de um cara como o [diretor de Política Monetária, Gabriel] Galípolo, que imagino que esteja se encaminhando para votar com o consenso.”
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Em entrevista à rádio CBN concedida nesta terça-feira, 18, Lula afirmou que o próximo presidente do BC seria uma pessoa que “não se submeta à pressão do mercado”. A última pesquisa Projeções Broadcast mostra que a maioria dos economistas do mercado financeiro espera manutenção da taxa Selic em 10,5% na quarta, 18. A expectativa também é de que todos os membros do Copom votem por manter os juros iguais.
Lula também afirmou que o próximo presidente do BC tem de ter compromisso com o desenvolvimento do País e com o controle da inflação, e tem de levar em conta uma “meta de crescimento”. A autoridade monetária brasileira trabalha apenas com o cumprimento da meta de inflação, que é hoje de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
“Quando ele fala da questão de um presidente do BC que não tem de se preocupar só com a inflação, mas com crescimento, está dando a dica”, afirma Schwartsman.
Campos Neto
Lula também criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi na semana passada a um jantar organizado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para disputar o Palácio do Planalto em 2026. Lula disse que o governador “está achando maravilhosa” a taxa Selic de 10,5% e tem mais influência sobre Campos Neto do que ele próprio.
“Acho que ele [Campos Neto] vacilou um pouco ao ir para o jantar. Não precisava. Eu, como ex-diretor, sempre olho a instituição com carinho. [Isso] expôs o BC, expôs os diretores”, diz Schwartsman.