Análises sobre o cenário macroeconômico

Opinião|Sobe ou não sobe? Há uma divisão interessante no debate sobre os rumos da taxa de juros


As manifestações de Lula nos 20 meses de seu atual governo sugerem intolerância a juros mais altos; Galípolo, indicado para comandar o BC, se conforma a este perfil

Por Alexandre Schwartsman

O debate sobre os rumos da taxa de juros nos próximos meses segue intenso no mercado financeiro. Há uma divisão interessante: a maioria dos economistas não acredita que o BC irá elevar a taxa Selic; por outro lado, os operadores, que põem dinheiro na mesa, apostam numa elevação da ordem de 1,50 ponto porcentual. Mais curioso ainda, a despeito de conclusões distintas, ambos os grupos parecem concordar que a alta é necessária.

A causa próxima é o comportamento da inflação. Dados mais recentes mostram que seus componentes mais duradouros voltaram a se acelerar nos últimos meses. As expectativas do setor privado (não só do mercado financeiro!) apontam para o IPCA cerca de 1 ponto porcentual acima da meta para 2024 e 2025, bem como as projeções do próprio BC, embora neste caso a diferença seja bem menor.

Por sua vez, a piora da inflação, tanto corrente como futura, pode ser atribuída à economia já bastante aquecida, conforme os sinais mais recentes. A escassez de mão de obra leva ao aumento de salário além do crescimento da produtividade, gerando custos mais altos, repassados aos preços, processo facilitado pela expansão forte do consumo. De maneira similar, há também indicações de esgotamento da capacidade ociosa na indústria, fenômeno que, num ambiente de dólar mais caro, favorece preços mais altos.

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Operadores parecem acreditar que o BC vá continuar respeitando as regras do regime de metas para a inflação Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Indo mais um passo atrás na cadeia de eventos, boa parte, senão a maior, do vigor do consumo se origina do aumento do gasto federal, assunto da coluna passada. Uma política de gastos mais moderada teria evitado as pressões inflacionárias e, portanto, os riscos de elevação de juros, mas os avisos foram (e serão, como de hábito) ignorados. É sempre mais fácil botar a culpa no BC e continuar a gastança.

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Se há, contudo, convergência quanto à origem do problema, por que haveria divergência quanto às consequências?

Porque, eu diria, operadores parecem acreditar que o BC vá se comportar como tem se comportado no período mais recente, isto é, respeitando as regras do regime de metas para a inflação, que requerem juros mais altos quando a inflação se acelera.

Já economistas, eu incluso, aparentam maior ceticismo quanto a este respeito, ainda mais dada a indicação de Galípolo para o comando do BC. As manifestações de Lula nos 20 meses de seu atual governo sugerem intolerância a juros mais altos e o indicado se conforma a este perfil.

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Se estivermos certos, as pressões sobre o dólar que se seguiram à indicação de Galípolo serão apenas o aperitivo da refeição principal.

O debate sobre os rumos da taxa de juros nos próximos meses segue intenso no mercado financeiro. Há uma divisão interessante: a maioria dos economistas não acredita que o BC irá elevar a taxa Selic; por outro lado, os operadores, que põem dinheiro na mesa, apostam numa elevação da ordem de 1,50 ponto porcentual. Mais curioso ainda, a despeito de conclusões distintas, ambos os grupos parecem concordar que a alta é necessária.

A causa próxima é o comportamento da inflação. Dados mais recentes mostram que seus componentes mais duradouros voltaram a se acelerar nos últimos meses. As expectativas do setor privado (não só do mercado financeiro!) apontam para o IPCA cerca de 1 ponto porcentual acima da meta para 2024 e 2025, bem como as projeções do próprio BC, embora neste caso a diferença seja bem menor.

Por sua vez, a piora da inflação, tanto corrente como futura, pode ser atribuída à economia já bastante aquecida, conforme os sinais mais recentes. A escassez de mão de obra leva ao aumento de salário além do crescimento da produtividade, gerando custos mais altos, repassados aos preços, processo facilitado pela expansão forte do consumo. De maneira similar, há também indicações de esgotamento da capacidade ociosa na indústria, fenômeno que, num ambiente de dólar mais caro, favorece preços mais altos.

Operadores parecem acreditar que o BC vá continuar respeitando as regras do regime de metas para a inflação Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Indo mais um passo atrás na cadeia de eventos, boa parte, senão a maior, do vigor do consumo se origina do aumento do gasto federal, assunto da coluna passada. Uma política de gastos mais moderada teria evitado as pressões inflacionárias e, portanto, os riscos de elevação de juros, mas os avisos foram (e serão, como de hábito) ignorados. É sempre mais fácil botar a culpa no BC e continuar a gastança.

Se há, contudo, convergência quanto à origem do problema, por que haveria divergência quanto às consequências?

Porque, eu diria, operadores parecem acreditar que o BC vá se comportar como tem se comportado no período mais recente, isto é, respeitando as regras do regime de metas para a inflação, que requerem juros mais altos quando a inflação se acelera.

Já economistas, eu incluso, aparentam maior ceticismo quanto a este respeito, ainda mais dada a indicação de Galípolo para o comando do BC. As manifestações de Lula nos 20 meses de seu atual governo sugerem intolerância a juros mais altos e o indicado se conforma a este perfil.

Se estivermos certos, as pressões sobre o dólar que se seguiram à indicação de Galípolo serão apenas o aperitivo da refeição principal.

O debate sobre os rumos da taxa de juros nos próximos meses segue intenso no mercado financeiro. Há uma divisão interessante: a maioria dos economistas não acredita que o BC irá elevar a taxa Selic; por outro lado, os operadores, que põem dinheiro na mesa, apostam numa elevação da ordem de 1,50 ponto porcentual. Mais curioso ainda, a despeito de conclusões distintas, ambos os grupos parecem concordar que a alta é necessária.

A causa próxima é o comportamento da inflação. Dados mais recentes mostram que seus componentes mais duradouros voltaram a se acelerar nos últimos meses. As expectativas do setor privado (não só do mercado financeiro!) apontam para o IPCA cerca de 1 ponto porcentual acima da meta para 2024 e 2025, bem como as projeções do próprio BC, embora neste caso a diferença seja bem menor.

Por sua vez, a piora da inflação, tanto corrente como futura, pode ser atribuída à economia já bastante aquecida, conforme os sinais mais recentes. A escassez de mão de obra leva ao aumento de salário além do crescimento da produtividade, gerando custos mais altos, repassados aos preços, processo facilitado pela expansão forte do consumo. De maneira similar, há também indicações de esgotamento da capacidade ociosa na indústria, fenômeno que, num ambiente de dólar mais caro, favorece preços mais altos.

Operadores parecem acreditar que o BC vá continuar respeitando as regras do regime de metas para a inflação Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Indo mais um passo atrás na cadeia de eventos, boa parte, senão a maior, do vigor do consumo se origina do aumento do gasto federal, assunto da coluna passada. Uma política de gastos mais moderada teria evitado as pressões inflacionárias e, portanto, os riscos de elevação de juros, mas os avisos foram (e serão, como de hábito) ignorados. É sempre mais fácil botar a culpa no BC e continuar a gastança.

Se há, contudo, convergência quanto à origem do problema, por que haveria divergência quanto às consequências?

Porque, eu diria, operadores parecem acreditar que o BC vá se comportar como tem se comportado no período mais recente, isto é, respeitando as regras do regime de metas para a inflação, que requerem juros mais altos quando a inflação se acelera.

Já economistas, eu incluso, aparentam maior ceticismo quanto a este respeito, ainda mais dada a indicação de Galípolo para o comando do BC. As manifestações de Lula nos 20 meses de seu atual governo sugerem intolerância a juros mais altos e o indicado se conforma a este perfil.

Se estivermos certos, as pressões sobre o dólar que se seguiram à indicação de Galípolo serão apenas o aperitivo da refeição principal.

Opinião por Alexandre Schwartsman

Economista e consultor da A.C. Pastore

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