Opinião|Sem cortar gastos, PT disputará eleições de 2026 com desemprego em alta e PIB em baixa


Faria Lima entende que partido tem miopia política e está em negação, sem compreender os riscos para a economia, caso o pacote de cortes de gastos não consiga restabelecer a confiança

Por Alvaro Gribel
Atualização:

A cúpula petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem estar em negação sobre os riscos de não entregar um pacote fiscal que restabeleça a confiança na economia. O que está em jogo neste momento, para o partido e o governo, é criar um cenário em que as eleições presidenciais de 2026 sejam disputadas sob o pior contexto econômico possível, com desemprego e juros em alta e um crescimento do PIB mais baixo do que o do início do mandato.

Na Faria Lima, investidores, gestores e economistas-chefes de bancos continuam incrédulos com a miopia política de ministros do governo. Nos últimos dias, os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Previdência, Carlos Lupi, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, esboçaram uma reação forte contra as medidas em estudo pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

Lula participa de diversas reuniões com ministros sobre o pacote de corte de gastos. Demora no anúncio das medidas preocupa mercado. Foto: Wilton Junior/Estadão
continua após a publicidade

Se por um lado mexer em pautas como abono, seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC) significa tocar em temas sensíveis para a esquerda, por outro, é certeza no mercado financeiro de que será muito pior para o governo tentar empurrar o problema com a barriga e lidar com as consequências de um PIB fraco em ano eleitoral.

A falta de urgência do governo com o pacote contrasta com o aumento dos juros reais cobrados nos títulos do governo. Um investidor explicou que, em situações normais, quando o Banco Central sobe os juros, as taxas longas negociadas pelo mercado caem, facilitando o planejamento das empresas e o investimento de longo prazo.

continua após a publicidade

Agora, isso não está acontecendo. O BC elevou a Selic e os juros longos também subiram, provocando o que os economistas chamam de “deslocamento da curva” para cima. Ou seja, o BC fez a sua parte, mas a descrença de que conseguirá levar a inflação para a meta, diante de um quadro fiscal desfavorável, fez com que o efeito nos contratos de longo prazo fosse praticamente nulo.

O problema não está na política monetária. A transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo já está praticamente superada, e a prova disso, segundo se comenta na Faria Lima, é que as projeções para a taxa Selic no Boletim Focus estão em alta. Se houvesse receio de que o BC fosse leniente sob nova direção, as projeções estariam paradas ou em queda, porque ninguém apostaria em aumento dos juros.

Nesta sexta, o banco Itaú soltou relatório dizendo que é preciso cortes estruturais de R$ 35 bilhões, mais um pente-fino bem feito na casa de R$ 20 bilhões. Isso seria capaz de reverter a crise de confiança e levar o governo até o fim do mandato sem risco de romper as regras do arcabouço fiscal.

continua após a publicidade

Se o governo frustrar esse número, ou se tentar emplacar medidas inócuas, como biometria, revisão de cadastros, e coisas do tipo, a reação no mercado será imediata, com efeitos sobre a economia real, por meio do aumento do dólar, da inflação e dos juros.

Grandes empresas, clientes de grandes bancos, já começam a relatar paralisia em planos de investimentos, diante da incerteza fiscal e do aumento da taxa Selic. O relato entre gestores é que o movimento é atípico, depois de dois anos de crescimento forte, com demanda aquecida.

O aumento dos juros agora, mantido em patamar elevado pelo Banco Central, vai desacelerar o PIB e resultar em aumento da taxa de desemprego. Como o mercado de trabalho demora para reagir aos ciclos econômicos, a conta é de que isso vai começar a aparecer justamente em ano eleitoral.

continua após a publicidade

No Ministério da Fazenda, Haddad ainda não se deu por vencido. A interlocutores, tem dito que é preciso esperar “o fim da história”, para saber quem vai levar a disputa política interna. Ele não vê as declarações como traição de ministros, nem entende que o presidente Lula os tenha jogado contra as medidas da Fazenda. Por ser político, sabe como a disputa funciona.

Se estiver certo, o pacote será consistente e fará a economia respirar novamente. Se estiver errado, será preciso apertar os cintos, porque haverá fortes turbulências à frente.

A cúpula petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem estar em negação sobre os riscos de não entregar um pacote fiscal que restabeleça a confiança na economia. O que está em jogo neste momento, para o partido e o governo, é criar um cenário em que as eleições presidenciais de 2026 sejam disputadas sob o pior contexto econômico possível, com desemprego e juros em alta e um crescimento do PIB mais baixo do que o do início do mandato.

Na Faria Lima, investidores, gestores e economistas-chefes de bancos continuam incrédulos com a miopia política de ministros do governo. Nos últimos dias, os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Previdência, Carlos Lupi, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, esboçaram uma reação forte contra as medidas em estudo pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

Lula participa de diversas reuniões com ministros sobre o pacote de corte de gastos. Demora no anúncio das medidas preocupa mercado. Foto: Wilton Junior/Estadão

Se por um lado mexer em pautas como abono, seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC) significa tocar em temas sensíveis para a esquerda, por outro, é certeza no mercado financeiro de que será muito pior para o governo tentar empurrar o problema com a barriga e lidar com as consequências de um PIB fraco em ano eleitoral.

A falta de urgência do governo com o pacote contrasta com o aumento dos juros reais cobrados nos títulos do governo. Um investidor explicou que, em situações normais, quando o Banco Central sobe os juros, as taxas longas negociadas pelo mercado caem, facilitando o planejamento das empresas e o investimento de longo prazo.

Agora, isso não está acontecendo. O BC elevou a Selic e os juros longos também subiram, provocando o que os economistas chamam de “deslocamento da curva” para cima. Ou seja, o BC fez a sua parte, mas a descrença de que conseguirá levar a inflação para a meta, diante de um quadro fiscal desfavorável, fez com que o efeito nos contratos de longo prazo fosse praticamente nulo.

O problema não está na política monetária. A transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo já está praticamente superada, e a prova disso, segundo se comenta na Faria Lima, é que as projeções para a taxa Selic no Boletim Focus estão em alta. Se houvesse receio de que o BC fosse leniente sob nova direção, as projeções estariam paradas ou em queda, porque ninguém apostaria em aumento dos juros.

Nesta sexta, o banco Itaú soltou relatório dizendo que é preciso cortes estruturais de R$ 35 bilhões, mais um pente-fino bem feito na casa de R$ 20 bilhões. Isso seria capaz de reverter a crise de confiança e levar o governo até o fim do mandato sem risco de romper as regras do arcabouço fiscal.

Se o governo frustrar esse número, ou se tentar emplacar medidas inócuas, como biometria, revisão de cadastros, e coisas do tipo, a reação no mercado será imediata, com efeitos sobre a economia real, por meio do aumento do dólar, da inflação e dos juros.

Grandes empresas, clientes de grandes bancos, já começam a relatar paralisia em planos de investimentos, diante da incerteza fiscal e do aumento da taxa Selic. O relato entre gestores é que o movimento é atípico, depois de dois anos de crescimento forte, com demanda aquecida.

O aumento dos juros agora, mantido em patamar elevado pelo Banco Central, vai desacelerar o PIB e resultar em aumento da taxa de desemprego. Como o mercado de trabalho demora para reagir aos ciclos econômicos, a conta é de que isso vai começar a aparecer justamente em ano eleitoral.

No Ministério da Fazenda, Haddad ainda não se deu por vencido. A interlocutores, tem dito que é preciso esperar “o fim da história”, para saber quem vai levar a disputa política interna. Ele não vê as declarações como traição de ministros, nem entende que o presidente Lula os tenha jogado contra as medidas da Fazenda. Por ser político, sabe como a disputa funciona.

Se estiver certo, o pacote será consistente e fará a economia respirar novamente. Se estiver errado, será preciso apertar os cintos, porque haverá fortes turbulências à frente.

A cúpula petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem estar em negação sobre os riscos de não entregar um pacote fiscal que restabeleça a confiança na economia. O que está em jogo neste momento, para o partido e o governo, é criar um cenário em que as eleições presidenciais de 2026 sejam disputadas sob o pior contexto econômico possível, com desemprego e juros em alta e um crescimento do PIB mais baixo do que o do início do mandato.

Na Faria Lima, investidores, gestores e economistas-chefes de bancos continuam incrédulos com a miopia política de ministros do governo. Nos últimos dias, os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Previdência, Carlos Lupi, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, esboçaram uma reação forte contra as medidas em estudo pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

Lula participa de diversas reuniões com ministros sobre o pacote de corte de gastos. Demora no anúncio das medidas preocupa mercado. Foto: Wilton Junior/Estadão

Se por um lado mexer em pautas como abono, seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC) significa tocar em temas sensíveis para a esquerda, por outro, é certeza no mercado financeiro de que será muito pior para o governo tentar empurrar o problema com a barriga e lidar com as consequências de um PIB fraco em ano eleitoral.

A falta de urgência do governo com o pacote contrasta com o aumento dos juros reais cobrados nos títulos do governo. Um investidor explicou que, em situações normais, quando o Banco Central sobe os juros, as taxas longas negociadas pelo mercado caem, facilitando o planejamento das empresas e o investimento de longo prazo.

Agora, isso não está acontecendo. O BC elevou a Selic e os juros longos também subiram, provocando o que os economistas chamam de “deslocamento da curva” para cima. Ou seja, o BC fez a sua parte, mas a descrença de que conseguirá levar a inflação para a meta, diante de um quadro fiscal desfavorável, fez com que o efeito nos contratos de longo prazo fosse praticamente nulo.

O problema não está na política monetária. A transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo já está praticamente superada, e a prova disso, segundo se comenta na Faria Lima, é que as projeções para a taxa Selic no Boletim Focus estão em alta. Se houvesse receio de que o BC fosse leniente sob nova direção, as projeções estariam paradas ou em queda, porque ninguém apostaria em aumento dos juros.

Nesta sexta, o banco Itaú soltou relatório dizendo que é preciso cortes estruturais de R$ 35 bilhões, mais um pente-fino bem feito na casa de R$ 20 bilhões. Isso seria capaz de reverter a crise de confiança e levar o governo até o fim do mandato sem risco de romper as regras do arcabouço fiscal.

Se o governo frustrar esse número, ou se tentar emplacar medidas inócuas, como biometria, revisão de cadastros, e coisas do tipo, a reação no mercado será imediata, com efeitos sobre a economia real, por meio do aumento do dólar, da inflação e dos juros.

Grandes empresas, clientes de grandes bancos, já começam a relatar paralisia em planos de investimentos, diante da incerteza fiscal e do aumento da taxa Selic. O relato entre gestores é que o movimento é atípico, depois de dois anos de crescimento forte, com demanda aquecida.

O aumento dos juros agora, mantido em patamar elevado pelo Banco Central, vai desacelerar o PIB e resultar em aumento da taxa de desemprego. Como o mercado de trabalho demora para reagir aos ciclos econômicos, a conta é de que isso vai começar a aparecer justamente em ano eleitoral.

No Ministério da Fazenda, Haddad ainda não se deu por vencido. A interlocutores, tem dito que é preciso esperar “o fim da história”, para saber quem vai levar a disputa política interna. Ele não vê as declarações como traição de ministros, nem entende que o presidente Lula os tenha jogado contra as medidas da Fazenda. Por ser político, sabe como a disputa funciona.

Se estiver certo, o pacote será consistente e fará a economia respirar novamente. Se estiver errado, será preciso apertar os cintos, porque haverá fortes turbulências à frente.

A cúpula petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem estar em negação sobre os riscos de não entregar um pacote fiscal que restabeleça a confiança na economia. O que está em jogo neste momento, para o partido e o governo, é criar um cenário em que as eleições presidenciais de 2026 sejam disputadas sob o pior contexto econômico possível, com desemprego e juros em alta e um crescimento do PIB mais baixo do que o do início do mandato.

Na Faria Lima, investidores, gestores e economistas-chefes de bancos continuam incrédulos com a miopia política de ministros do governo. Nos últimos dias, os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Previdência, Carlos Lupi, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, esboçaram uma reação forte contra as medidas em estudo pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

Lula participa de diversas reuniões com ministros sobre o pacote de corte de gastos. Demora no anúncio das medidas preocupa mercado. Foto: Wilton Junior/Estadão

Se por um lado mexer em pautas como abono, seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC) significa tocar em temas sensíveis para a esquerda, por outro, é certeza no mercado financeiro de que será muito pior para o governo tentar empurrar o problema com a barriga e lidar com as consequências de um PIB fraco em ano eleitoral.

A falta de urgência do governo com o pacote contrasta com o aumento dos juros reais cobrados nos títulos do governo. Um investidor explicou que, em situações normais, quando o Banco Central sobe os juros, as taxas longas negociadas pelo mercado caem, facilitando o planejamento das empresas e o investimento de longo prazo.

Agora, isso não está acontecendo. O BC elevou a Selic e os juros longos também subiram, provocando o que os economistas chamam de “deslocamento da curva” para cima. Ou seja, o BC fez a sua parte, mas a descrença de que conseguirá levar a inflação para a meta, diante de um quadro fiscal desfavorável, fez com que o efeito nos contratos de longo prazo fosse praticamente nulo.

O problema não está na política monetária. A transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo já está praticamente superada, e a prova disso, segundo se comenta na Faria Lima, é que as projeções para a taxa Selic no Boletim Focus estão em alta. Se houvesse receio de que o BC fosse leniente sob nova direção, as projeções estariam paradas ou em queda, porque ninguém apostaria em aumento dos juros.

Nesta sexta, o banco Itaú soltou relatório dizendo que é preciso cortes estruturais de R$ 35 bilhões, mais um pente-fino bem feito na casa de R$ 20 bilhões. Isso seria capaz de reverter a crise de confiança e levar o governo até o fim do mandato sem risco de romper as regras do arcabouço fiscal.

Se o governo frustrar esse número, ou se tentar emplacar medidas inócuas, como biometria, revisão de cadastros, e coisas do tipo, a reação no mercado será imediata, com efeitos sobre a economia real, por meio do aumento do dólar, da inflação e dos juros.

Grandes empresas, clientes de grandes bancos, já começam a relatar paralisia em planos de investimentos, diante da incerteza fiscal e do aumento da taxa Selic. O relato entre gestores é que o movimento é atípico, depois de dois anos de crescimento forte, com demanda aquecida.

O aumento dos juros agora, mantido em patamar elevado pelo Banco Central, vai desacelerar o PIB e resultar em aumento da taxa de desemprego. Como o mercado de trabalho demora para reagir aos ciclos econômicos, a conta é de que isso vai começar a aparecer justamente em ano eleitoral.

No Ministério da Fazenda, Haddad ainda não se deu por vencido. A interlocutores, tem dito que é preciso esperar “o fim da história”, para saber quem vai levar a disputa política interna. Ele não vê as declarações como traição de ministros, nem entende que o presidente Lula os tenha jogado contra as medidas da Fazenda. Por ser político, sabe como a disputa funciona.

Se estiver certo, o pacote será consistente e fará a economia respirar novamente. Se estiver errado, será preciso apertar os cintos, porque haverá fortes turbulências à frente.

A cúpula petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecem estar em negação sobre os riscos de não entregar um pacote fiscal que restabeleça a confiança na economia. O que está em jogo neste momento, para o partido e o governo, é criar um cenário em que as eleições presidenciais de 2026 sejam disputadas sob o pior contexto econômico possível, com desemprego e juros em alta e um crescimento do PIB mais baixo do que o do início do mandato.

Na Faria Lima, investidores, gestores e economistas-chefes de bancos continuam incrédulos com a miopia política de ministros do governo. Nos últimos dias, os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Previdência, Carlos Lupi, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, esboçaram uma reação forte contra as medidas em estudo pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

Lula participa de diversas reuniões com ministros sobre o pacote de corte de gastos. Demora no anúncio das medidas preocupa mercado. Foto: Wilton Junior/Estadão

Se por um lado mexer em pautas como abono, seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC) significa tocar em temas sensíveis para a esquerda, por outro, é certeza no mercado financeiro de que será muito pior para o governo tentar empurrar o problema com a barriga e lidar com as consequências de um PIB fraco em ano eleitoral.

A falta de urgência do governo com o pacote contrasta com o aumento dos juros reais cobrados nos títulos do governo. Um investidor explicou que, em situações normais, quando o Banco Central sobe os juros, as taxas longas negociadas pelo mercado caem, facilitando o planejamento das empresas e o investimento de longo prazo.

Agora, isso não está acontecendo. O BC elevou a Selic e os juros longos também subiram, provocando o que os economistas chamam de “deslocamento da curva” para cima. Ou seja, o BC fez a sua parte, mas a descrença de que conseguirá levar a inflação para a meta, diante de um quadro fiscal desfavorável, fez com que o efeito nos contratos de longo prazo fosse praticamente nulo.

O problema não está na política monetária. A transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo já está praticamente superada, e a prova disso, segundo se comenta na Faria Lima, é que as projeções para a taxa Selic no Boletim Focus estão em alta. Se houvesse receio de que o BC fosse leniente sob nova direção, as projeções estariam paradas ou em queda, porque ninguém apostaria em aumento dos juros.

Nesta sexta, o banco Itaú soltou relatório dizendo que é preciso cortes estruturais de R$ 35 bilhões, mais um pente-fino bem feito na casa de R$ 20 bilhões. Isso seria capaz de reverter a crise de confiança e levar o governo até o fim do mandato sem risco de romper as regras do arcabouço fiscal.

Se o governo frustrar esse número, ou se tentar emplacar medidas inócuas, como biometria, revisão de cadastros, e coisas do tipo, a reação no mercado será imediata, com efeitos sobre a economia real, por meio do aumento do dólar, da inflação e dos juros.

Grandes empresas, clientes de grandes bancos, já começam a relatar paralisia em planos de investimentos, diante da incerteza fiscal e do aumento da taxa Selic. O relato entre gestores é que o movimento é atípico, depois de dois anos de crescimento forte, com demanda aquecida.

O aumento dos juros agora, mantido em patamar elevado pelo Banco Central, vai desacelerar o PIB e resultar em aumento da taxa de desemprego. Como o mercado de trabalho demora para reagir aos ciclos econômicos, a conta é de que isso vai começar a aparecer justamente em ano eleitoral.

No Ministério da Fazenda, Haddad ainda não se deu por vencido. A interlocutores, tem dito que é preciso esperar “o fim da história”, para saber quem vai levar a disputa política interna. Ele não vê as declarações como traição de ministros, nem entende que o presidente Lula os tenha jogado contra as medidas da Fazenda. Por ser político, sabe como a disputa funciona.

Se estiver certo, o pacote será consistente e fará a economia respirar novamente. Se estiver errado, será preciso apertar os cintos, porque haverá fortes turbulências à frente.

Opinião por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.