Análise|Divisão no Banco Central ganha interpretação política e aumenta a incerteza na economia


Cinco diretores indicados ou com mandatos renovados por Bolsonaro votaram pela redução do ritmo de cortes da Selic, enquanto quatro indicados por Lula optaram pela manutenção da queda em meio ponto

Por Alvaro Gribel
Atualização:

BRASÍLIA - A decisão do Banco Central na noite desta quarta-feira, 8, de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50%, aumentará a volatilidade na economia. Não pela redução do ritmo de cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, mas pela forte divisão entre os nove diretores do banco.

De um lado, cinco indicados ou com mandatos renovados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (*) votaram pelo corte da Selic em 0,25 ponto, em uma decisão mais dura, enquanto os quatro diretores apontados por Lula desejaram a manutenção da queda de meio ponto, mas foram vencidos. Ainda que não tenha sido a intenção do Copom, a divisão será vista com esse viés político.

Como os indicados por Lula tiveram uma visão mais benevolente com a inflação, ou “dovish”, para usar uma expressão usada pelo mercado financeiro, a tendência é de que as expectativas de inflação aumentem, o que tornará mais difícil o trabalho do próprio Banco Central em controlar os preços.

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Em outras palavras, isso irá aumentar a incerteza na política monetária, que vinha funcionando como uma espécie de âncora diante do descontrole que ainda é visto no campo fiscal.

No comunicado que acompanhou a decisão desta quarta, Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A grande surpresa entre os votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula, que estava ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando ele indicou a redução do ritmo de cortes em evento em Nova York, em meados de abril.

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O mercado entendeu que ele corroborou essa mudança de posição, já que não se manifestou de forma contrária. Nesta quarta-feira, no entanto, ele votou pela redução de 0,5 ponto ao lado dos diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião. Em tese, isso significa que poderá até parar de cortar a Selic, em caso de piora do cenário. A redução do ritmo de cortes foi justificada pela piora internacional, com a tendência de juros altos por mais tempo, principalmente nos Estados Unidos. Internamente, a avaliação é de que o mercado de trabalho está mais aquecido e a inflação de serviços permanece “resiliente”.

A política fiscal ganhou uma menção ligeiramente diferente dos comunicados anteriores. Ainda que o governo tenha reduzido as metas de superávit primário para os próximos anos, a mudança de linguagem ocorreu apenas para dizer que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.

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Ainda que ambos os lados do Copom tenham justificativas técnicas para os seus votos, a divisão com esse viés político é o que de pior poderia acontecer com a política de juros do País.

(*) Otávio Ribeiro Damaso foi indicado pela ex-presidente Dilma, em 2015, mas ganhou novo mandato em abril de 2021, quando a lei de independência do Banco Central foi sancionada. O mesmo aconteceu Carolina de Assis Barros, indicada por Temer em 2018.

BRASÍLIA - A decisão do Banco Central na noite desta quarta-feira, 8, de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50%, aumentará a volatilidade na economia. Não pela redução do ritmo de cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, mas pela forte divisão entre os nove diretores do banco.

De um lado, cinco indicados ou com mandatos renovados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (*) votaram pelo corte da Selic em 0,25 ponto, em uma decisão mais dura, enquanto os quatro diretores apontados por Lula desejaram a manutenção da queda de meio ponto, mas foram vencidos. Ainda que não tenha sido a intenção do Copom, a divisão será vista com esse viés político.

Como os indicados por Lula tiveram uma visão mais benevolente com a inflação, ou “dovish”, para usar uma expressão usada pelo mercado financeiro, a tendência é de que as expectativas de inflação aumentem, o que tornará mais difícil o trabalho do próprio Banco Central em controlar os preços.

Em outras palavras, isso irá aumentar a incerteza na política monetária, que vinha funcionando como uma espécie de âncora diante do descontrole que ainda é visto no campo fiscal.

No comunicado que acompanhou a decisão desta quarta, Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A grande surpresa entre os votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula, que estava ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando ele indicou a redução do ritmo de cortes em evento em Nova York, em meados de abril.

O mercado entendeu que ele corroborou essa mudança de posição, já que não se manifestou de forma contrária. Nesta quarta-feira, no entanto, ele votou pela redução de 0,5 ponto ao lado dos diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião. Em tese, isso significa que poderá até parar de cortar a Selic, em caso de piora do cenário. A redução do ritmo de cortes foi justificada pela piora internacional, com a tendência de juros altos por mais tempo, principalmente nos Estados Unidos. Internamente, a avaliação é de que o mercado de trabalho está mais aquecido e a inflação de serviços permanece “resiliente”.

A política fiscal ganhou uma menção ligeiramente diferente dos comunicados anteriores. Ainda que o governo tenha reduzido as metas de superávit primário para os próximos anos, a mudança de linguagem ocorreu apenas para dizer que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.

Ainda que ambos os lados do Copom tenham justificativas técnicas para os seus votos, a divisão com esse viés político é o que de pior poderia acontecer com a política de juros do País.

(*) Otávio Ribeiro Damaso foi indicado pela ex-presidente Dilma, em 2015, mas ganhou novo mandato em abril de 2021, quando a lei de independência do Banco Central foi sancionada. O mesmo aconteceu Carolina de Assis Barros, indicada por Temer em 2018.

BRASÍLIA - A decisão do Banco Central na noite desta quarta-feira, 8, de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50%, aumentará a volatilidade na economia. Não pela redução do ritmo de cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, mas pela forte divisão entre os nove diretores do banco.

De um lado, cinco indicados ou com mandatos renovados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (*) votaram pelo corte da Selic em 0,25 ponto, em uma decisão mais dura, enquanto os quatro diretores apontados por Lula desejaram a manutenção da queda de meio ponto, mas foram vencidos. Ainda que não tenha sido a intenção do Copom, a divisão será vista com esse viés político.

Como os indicados por Lula tiveram uma visão mais benevolente com a inflação, ou “dovish”, para usar uma expressão usada pelo mercado financeiro, a tendência é de que as expectativas de inflação aumentem, o que tornará mais difícil o trabalho do próprio Banco Central em controlar os preços.

Em outras palavras, isso irá aumentar a incerteza na política monetária, que vinha funcionando como uma espécie de âncora diante do descontrole que ainda é visto no campo fiscal.

No comunicado que acompanhou a decisão desta quarta, Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A grande surpresa entre os votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula, que estava ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando ele indicou a redução do ritmo de cortes em evento em Nova York, em meados de abril.

O mercado entendeu que ele corroborou essa mudança de posição, já que não se manifestou de forma contrária. Nesta quarta-feira, no entanto, ele votou pela redução de 0,5 ponto ao lado dos diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião. Em tese, isso significa que poderá até parar de cortar a Selic, em caso de piora do cenário. A redução do ritmo de cortes foi justificada pela piora internacional, com a tendência de juros altos por mais tempo, principalmente nos Estados Unidos. Internamente, a avaliação é de que o mercado de trabalho está mais aquecido e a inflação de serviços permanece “resiliente”.

A política fiscal ganhou uma menção ligeiramente diferente dos comunicados anteriores. Ainda que o governo tenha reduzido as metas de superávit primário para os próximos anos, a mudança de linguagem ocorreu apenas para dizer que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.

Ainda que ambos os lados do Copom tenham justificativas técnicas para os seus votos, a divisão com esse viés político é o que de pior poderia acontecer com a política de juros do País.

(*) Otávio Ribeiro Damaso foi indicado pela ex-presidente Dilma, em 2015, mas ganhou novo mandato em abril de 2021, quando a lei de independência do Banco Central foi sancionada. O mesmo aconteceu Carolina de Assis Barros, indicada por Temer em 2018.

BRASÍLIA - A decisão do Banco Central na noite desta quarta-feira, 8, de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50%, aumentará a volatilidade na economia. Não pela redução do ritmo de cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, mas pela forte divisão entre os nove diretores do banco.

De um lado, cinco indicados ou com mandatos renovados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (*) votaram pelo corte da Selic em 0,25 ponto, em uma decisão mais dura, enquanto os quatro diretores apontados por Lula desejaram a manutenção da queda de meio ponto, mas foram vencidos. Ainda que não tenha sido a intenção do Copom, a divisão será vista com esse viés político.

Como os indicados por Lula tiveram uma visão mais benevolente com a inflação, ou “dovish”, para usar uma expressão usada pelo mercado financeiro, a tendência é de que as expectativas de inflação aumentem, o que tornará mais difícil o trabalho do próprio Banco Central em controlar os preços.

Em outras palavras, isso irá aumentar a incerteza na política monetária, que vinha funcionando como uma espécie de âncora diante do descontrole que ainda é visto no campo fiscal.

No comunicado que acompanhou a decisão desta quarta, Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A grande surpresa entre os votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula, que estava ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando ele indicou a redução do ritmo de cortes em evento em Nova York, em meados de abril.

O mercado entendeu que ele corroborou essa mudança de posição, já que não se manifestou de forma contrária. Nesta quarta-feira, no entanto, ele votou pela redução de 0,5 ponto ao lado dos diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião. Em tese, isso significa que poderá até parar de cortar a Selic, em caso de piora do cenário. A redução do ritmo de cortes foi justificada pela piora internacional, com a tendência de juros altos por mais tempo, principalmente nos Estados Unidos. Internamente, a avaliação é de que o mercado de trabalho está mais aquecido e a inflação de serviços permanece “resiliente”.

A política fiscal ganhou uma menção ligeiramente diferente dos comunicados anteriores. Ainda que o governo tenha reduzido as metas de superávit primário para os próximos anos, a mudança de linguagem ocorreu apenas para dizer que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.

Ainda que ambos os lados do Copom tenham justificativas técnicas para os seus votos, a divisão com esse viés político é o que de pior poderia acontecer com a política de juros do País.

(*) Otávio Ribeiro Damaso foi indicado pela ex-presidente Dilma, em 2015, mas ganhou novo mandato em abril de 2021, quando a lei de independência do Banco Central foi sancionada. O mesmo aconteceu Carolina de Assis Barros, indicada por Temer em 2018.

BRASÍLIA - A decisão do Banco Central na noite desta quarta-feira, 8, de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50%, aumentará a volatilidade na economia. Não pela redução do ritmo de cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, mas pela forte divisão entre os nove diretores do banco.

De um lado, cinco indicados ou com mandatos renovados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (*) votaram pelo corte da Selic em 0,25 ponto, em uma decisão mais dura, enquanto os quatro diretores apontados por Lula desejaram a manutenção da queda de meio ponto, mas foram vencidos. Ainda que não tenha sido a intenção do Copom, a divisão será vista com esse viés político.

Como os indicados por Lula tiveram uma visão mais benevolente com a inflação, ou “dovish”, para usar uma expressão usada pelo mercado financeiro, a tendência é de que as expectativas de inflação aumentem, o que tornará mais difícil o trabalho do próprio Banco Central em controlar os preços.

Em outras palavras, isso irá aumentar a incerteza na política monetária, que vinha funcionando como uma espécie de âncora diante do descontrole que ainda é visto no campo fiscal.

No comunicado que acompanhou a decisão desta quarta, Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A grande surpresa entre os votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula, que estava ao lado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando ele indicou a redução do ritmo de cortes em evento em Nova York, em meados de abril.

O mercado entendeu que ele corroborou essa mudança de posição, já que não se manifestou de forma contrária. Nesta quarta-feira, no entanto, ele votou pela redução de 0,5 ponto ao lado dos diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou um tom mais duro, e retirou a indicação do que irá fazer na próxima reunião. Em tese, isso significa que poderá até parar de cortar a Selic, em caso de piora do cenário. A redução do ritmo de cortes foi justificada pela piora internacional, com a tendência de juros altos por mais tempo, principalmente nos Estados Unidos. Internamente, a avaliação é de que o mercado de trabalho está mais aquecido e a inflação de serviços permanece “resiliente”.

A política fiscal ganhou uma menção ligeiramente diferente dos comunicados anteriores. Ainda que o governo tenha reduzido as metas de superávit primário para os próximos anos, a mudança de linguagem ocorreu apenas para dizer que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.

Ainda que ambos os lados do Copom tenham justificativas técnicas para os seus votos, a divisão com esse viés político é o que de pior poderia acontecer com a política de juros do País.

(*) Otávio Ribeiro Damaso foi indicado pela ex-presidente Dilma, em 2015, mas ganhou novo mandato em abril de 2021, quando a lei de independência do Banco Central foi sancionada. O mesmo aconteceu Carolina de Assis Barros, indicada por Temer em 2018.

Análise por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

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