Opinião|Fake news do Pix mostra que ficou mais caro para o País debater e aprovar mudanças na economia


Ambiente político polarizado, e sob forte influência das redes sociais, vai dificultar o debate e o andamento de propostas cruciais para o reequilíbrio das contas públicas

Por Alvaro Gribel
Atualização:

O governo revogou a resolução da Receita Federal que envolvia o Pix, mas a onda de fake news sobre o tema que chegou às ruas do País deixa um alerta importante sobre o que vem pela frente no debate econômico brasileiro: aprovar reformas e medidas impopulares – como as que serão necessárias para reequilibrar as contas públicas – será muito mais custoso em um ambiente político polarizado e sob forte influência das redes sociais.

O crescimento vertiginoso das notícias falsas sobre economia tem as digitais do bolsonarismo, que domina como ninguém a tecnologia de disseminar inverdades nas redes; mas certamente essa expertise será adotada pelos petistas quando chegar o momento da alternância de poder que sempre ocorre nas democracias.

Fake news do Pix mostra que ambiente político polarizado, e sob forte influência das redes sociais, vai dificultar o debate e o andamento de propostas cruciais para o reequilíbrio das contas públicas. Foto: Marcio/Adobe Stock
continua após a publicidade

Um estudo elaborado pelo analista do Banco Central Breno Lima Moreira, mestre em Comunicação pela UnB e doutorando pela Universidad Complutense de Madri, mostra que as fake news sobre temas econômicos saltaram de 1,1% do total em 2019, para 9,9% em 2023.

“Verificamos que o espaço ocupado pelo tema Economia entre os relatos de desinformação se manteve estável e em patamar muito baixo nos primeiros três anos da amostra: 1,1% em 2019; 0,9% em 2020; e 0,7% em 2021 (porcentual em relação ao total de relatos apurados por uma agência de checagem). Em 2022, houve um aumento para 3,6% e, em 2023, houve aumento significativo para 9,9%”, diz o estudo.

O grande salto coincide com a ida do bolsonarismo para a oposição e teve a inflação como principal alvo de desinformação, segundo esse levantamento. Os dados coincidem com a notícia dada pelo Estadão de que os vídeos de opositores com fake news sobre o Pix, entre eles da bancada do PL, repercutiu 20 vezes mais do que as explicações dadas por parlamentares petistas.

continua após a publicidade

A verdade é que o Pix não pode ser tributado, porque a própria resolução do Banco Central que regulamentou o meio de transferência, em 2020, o proíbe.

“É vedada a cobrança de tarifas, por parte da instituição detentora da conta de depósitos ou da conta de pagamento pré-paga, no âmbito do Pix”, diz o artigo 3º do texto.

continua após a publicidade

Durante a tramitação do pacote de cortes de gastos, em dezembro, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também foi alvo de fake news, com a repercussão disseminada de que o governo queria acabar com o programa, quando na verdade o objetivo era conter a indústria de concessões pela via judicial. O resultado é que a proposta foi esvaziada no Congresso e depois ainda teve trecho vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No curto prazo, a vida do ministro Fernando Haddad ficará mais difícil para conseguir convencer Lula a cortar gastos. No longo, perderemos todos com a precarização do debate na economia e a vitória da desinformação nas redes sobre a comunicação e o jornalismo tradicionais.

O governo revogou a resolução da Receita Federal que envolvia o Pix, mas a onda de fake news sobre o tema que chegou às ruas do País deixa um alerta importante sobre o que vem pela frente no debate econômico brasileiro: aprovar reformas e medidas impopulares – como as que serão necessárias para reequilibrar as contas públicas – será muito mais custoso em um ambiente político polarizado e sob forte influência das redes sociais.

O crescimento vertiginoso das notícias falsas sobre economia tem as digitais do bolsonarismo, que domina como ninguém a tecnologia de disseminar inverdades nas redes; mas certamente essa expertise será adotada pelos petistas quando chegar o momento da alternância de poder que sempre ocorre nas democracias.

Fake news do Pix mostra que ambiente político polarizado, e sob forte influência das redes sociais, vai dificultar o debate e o andamento de propostas cruciais para o reequilíbrio das contas públicas. Foto: Marcio/Adobe Stock

Um estudo elaborado pelo analista do Banco Central Breno Lima Moreira, mestre em Comunicação pela UnB e doutorando pela Universidad Complutense de Madri, mostra que as fake news sobre temas econômicos saltaram de 1,1% do total em 2019, para 9,9% em 2023.

“Verificamos que o espaço ocupado pelo tema Economia entre os relatos de desinformação se manteve estável e em patamar muito baixo nos primeiros três anos da amostra: 1,1% em 2019; 0,9% em 2020; e 0,7% em 2021 (porcentual em relação ao total de relatos apurados por uma agência de checagem). Em 2022, houve um aumento para 3,6% e, em 2023, houve aumento significativo para 9,9%”, diz o estudo.

O grande salto coincide com a ida do bolsonarismo para a oposição e teve a inflação como principal alvo de desinformação, segundo esse levantamento. Os dados coincidem com a notícia dada pelo Estadão de que os vídeos de opositores com fake news sobre o Pix, entre eles da bancada do PL, repercutiu 20 vezes mais do que as explicações dadas por parlamentares petistas.

A verdade é que o Pix não pode ser tributado, porque a própria resolução do Banco Central que regulamentou o meio de transferência, em 2020, o proíbe.

“É vedada a cobrança de tarifas, por parte da instituição detentora da conta de depósitos ou da conta de pagamento pré-paga, no âmbito do Pix”, diz o artigo 3º do texto.

Durante a tramitação do pacote de cortes de gastos, em dezembro, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também foi alvo de fake news, com a repercussão disseminada de que o governo queria acabar com o programa, quando na verdade o objetivo era conter a indústria de concessões pela via judicial. O resultado é que a proposta foi esvaziada no Congresso e depois ainda teve trecho vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No curto prazo, a vida do ministro Fernando Haddad ficará mais difícil para conseguir convencer Lula a cortar gastos. No longo, perderemos todos com a precarização do debate na economia e a vitória da desinformação nas redes sobre a comunicação e o jornalismo tradicionais.

O governo revogou a resolução da Receita Federal que envolvia o Pix, mas a onda de fake news sobre o tema que chegou às ruas do País deixa um alerta importante sobre o que vem pela frente no debate econômico brasileiro: aprovar reformas e medidas impopulares – como as que serão necessárias para reequilibrar as contas públicas – será muito mais custoso em um ambiente político polarizado e sob forte influência das redes sociais.

O crescimento vertiginoso das notícias falsas sobre economia tem as digitais do bolsonarismo, que domina como ninguém a tecnologia de disseminar inverdades nas redes; mas certamente essa expertise será adotada pelos petistas quando chegar o momento da alternância de poder que sempre ocorre nas democracias.

Fake news do Pix mostra que ambiente político polarizado, e sob forte influência das redes sociais, vai dificultar o debate e o andamento de propostas cruciais para o reequilíbrio das contas públicas. Foto: Marcio/Adobe Stock

Um estudo elaborado pelo analista do Banco Central Breno Lima Moreira, mestre em Comunicação pela UnB e doutorando pela Universidad Complutense de Madri, mostra que as fake news sobre temas econômicos saltaram de 1,1% do total em 2019, para 9,9% em 2023.

“Verificamos que o espaço ocupado pelo tema Economia entre os relatos de desinformação se manteve estável e em patamar muito baixo nos primeiros três anos da amostra: 1,1% em 2019; 0,9% em 2020; e 0,7% em 2021 (porcentual em relação ao total de relatos apurados por uma agência de checagem). Em 2022, houve um aumento para 3,6% e, em 2023, houve aumento significativo para 9,9%”, diz o estudo.

O grande salto coincide com a ida do bolsonarismo para a oposição e teve a inflação como principal alvo de desinformação, segundo esse levantamento. Os dados coincidem com a notícia dada pelo Estadão de que os vídeos de opositores com fake news sobre o Pix, entre eles da bancada do PL, repercutiu 20 vezes mais do que as explicações dadas por parlamentares petistas.

A verdade é que o Pix não pode ser tributado, porque a própria resolução do Banco Central que regulamentou o meio de transferência, em 2020, o proíbe.

“É vedada a cobrança de tarifas, por parte da instituição detentora da conta de depósitos ou da conta de pagamento pré-paga, no âmbito do Pix”, diz o artigo 3º do texto.

Durante a tramitação do pacote de cortes de gastos, em dezembro, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também foi alvo de fake news, com a repercussão disseminada de que o governo queria acabar com o programa, quando na verdade o objetivo era conter a indústria de concessões pela via judicial. O resultado é que a proposta foi esvaziada no Congresso e depois ainda teve trecho vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No curto prazo, a vida do ministro Fernando Haddad ficará mais difícil para conseguir convencer Lula a cortar gastos. No longo, perderemos todos com a precarização do debate na economia e a vitória da desinformação nas redes sobre a comunicação e o jornalismo tradicionais.

Tudo Sobre
Opinião por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.