BRASÍLIA – O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro segue surpreendendo: depois de uma alta de 1% no primeiro trimestre, um novo aumento, ainda maior, de 1,4%, no segundo. Com esses dados, o mercado financeiro imediatamente começou a revisar para cima as projeções do ano, que agora se aproximam de 3%.
O grande problema desses dados, e que motiva a preocupação dos economistas sobre a sustentabilidade desse crescimento, é que a taxa de poupança do País está em queda contínua desde 2022.
Depois de atingir 20% do PIB no segundo trimestre de 2021, ela caiu para 18,2% no mesmo período de 2022, com novos recuos, para 16,8%, em 2023, e 16% este ano (dado divulgado na segunda-feira, 2, pelo IBGE).
Coincidentemente, nesses anos o setor público consolidado teve superávit primário de 3,24% e de 3,33%, respectivamente. Ou seja, o governo gastou menos, e a poupança do País ficou mais alta.
Em 2023, vieram os efeitos da PEC da Transição, com mais despesas públicas, e mesmo agora, em 2024, o consumo do governo segue alta, com alta de 2,9% no primeiro semestre. Já pelo lado das famílias, os gastos subiram 4,6% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado.
Com a queda da taxa de poupança, o País não consegue recursos para financiar os investimentos, que são o principal motor para o crescimento sustentável da economia.
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A taxa de investimento, apesar de ter tido um leve aumento no segundo trimestre, com alta de 16,4%, em 2023, para 16,8%, este ano, permanece em nível extremamente baixo. O gráfico mostra, por exemplo, que o melhor momento da série foram os anos de 2003 e 2008, quando o índice chegou a 20,3% do PIB.
Ainda que se some a esse indicador o déficit em conta-corrente (1,56% do PIB em 12 meses até julho), que nada mais é do que o uso de poupança externa pela nossa economia, o patamar continua baixo.
Sem poupança, não há investimentos. E sem investimentos, o mais provável é que o crescimento acabe perdendo força mais à frente.