Americanas: O que o rombo de R$ 20 bilhões pode significar para os investidores e para a empresa


Segundo analistas, os principais prejudicados, no curto prazo, devem ser os acionistas minoritários; ‘inconsistência’ no balanço provocou a renúncia do presidente, Sérgio Rial

Por Talita Nascimento
Atualização:

A Americanas anunciou nesta quarta-feira, 11, que a nova gestão da companhia identificou R$ 20 bilhões em “inconsistências” no balanço da empresa. Segundo os termos usados no comunicado da companhia, é possível entender que o problema está relacionado a dívidas não contabilizadas nas demonstrações financeiras. Na prática, é como se a varejista registrasse apenas a compra de determinados produtos, mas não o financiamento que fez para adquiri-los. Ou seja, a empresa pode estar mais endividada do que o mercado sabia.

No terceiro trimestre de 2022, a Americanas afirmou ter uma posição de caixa de R$ 14 bilhões e uma dívida líquida de R$ 5,3 bilhões. Essa dívida representava 1,7 vez o Ebitda (geração de caixa) da companhia, levando em consideração os últimos 12 meses até aquele período. A dívida bruta da empresa, por sua vez, era reportada em R$ 19,3 bilhões.

“Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da Companhia”, afirmou a empresa na nota que também anunciou a decisão do presidente, Sergio Rial, e do diretor-financeiro, André Covre, de deixarem os cargos. Ambos assumiram suas funções no dia 1.º de janeiro.

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Para o sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, Eugênio Foganholo, o caso gera um abalo sério na confiança em empresas de capital aberto em geral, já que o tamanho das inconsistências está na casa dos bilhões. “Mostra uma fragilidade enorme na governança de empresas de capital aberto. É inacreditável e extraordinário”, diz.

Presidente Sergio Rial deixou o cargo; ele assumiu a função no dia 1.º de janeiro.  Foto: Iara Morselli/Estadão

Os maiores prejudicados no curto prazo devem ser os acionistas minoritários. Hoje, o valor de mercado da companhia é de R$ 10,83 bilhões. Nas últimas semanas, as ações vinham mostrando recuperação acima dos pares, com valorização de 43,37% no último mês e 24,35% apenas em janeiro até hoje.

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Muito dessa alta se relacionava com a expectativa da gestão centrada em rentabilidade de Sergio Rial. No entanto, ele e o novo CFO, Covre, acabaram por descobrir um rombo que pode enterrar de vez a confiança do mercado. “Game over”, disse uma fonte que analisa os papéis da varejista. Segundo ele, a cifra indica um problema antigo e é um golpe forte nas expectativas.

Do ponto de vista da operação, o efeito não deve ser imediato. “O consumidor pode não deixar de comprar R$ 1 na rede por conta disso, no entanto, isso afeta a capacidade da empresa de conseguir crédito, o que pode impactar seu seu capital de giro, a depender da estrutura financeira da empresa”, disse Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Ex-controladores

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No documento, a empresa disse que “acionistas de referência, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, pretendem “continuar suportando a companhia”. Ao decidir juntar os negócios físico e digital (antes sob dois tickers diferentes na Bolsa), a Americanas teve de fazer um rearranjo societário que tirou do controle o famoso trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fundadores da Ambev e sócios do fundo 3G Capital. Depois do rearranjo, com cerca de 29% dos papéis da empresa, eles se tornaram os acionistas de referência, que agora se comprometem a “suportar a empresa”. / COLABOROU MARCIA FURLAN

A Americanas anunciou nesta quarta-feira, 11, que a nova gestão da companhia identificou R$ 20 bilhões em “inconsistências” no balanço da empresa. Segundo os termos usados no comunicado da companhia, é possível entender que o problema está relacionado a dívidas não contabilizadas nas demonstrações financeiras. Na prática, é como se a varejista registrasse apenas a compra de determinados produtos, mas não o financiamento que fez para adquiri-los. Ou seja, a empresa pode estar mais endividada do que o mercado sabia.

No terceiro trimestre de 2022, a Americanas afirmou ter uma posição de caixa de R$ 14 bilhões e uma dívida líquida de R$ 5,3 bilhões. Essa dívida representava 1,7 vez o Ebitda (geração de caixa) da companhia, levando em consideração os últimos 12 meses até aquele período. A dívida bruta da empresa, por sua vez, era reportada em R$ 19,3 bilhões.

“Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da Companhia”, afirmou a empresa na nota que também anunciou a decisão do presidente, Sergio Rial, e do diretor-financeiro, André Covre, de deixarem os cargos. Ambos assumiram suas funções no dia 1.º de janeiro.

Para o sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, Eugênio Foganholo, o caso gera um abalo sério na confiança em empresas de capital aberto em geral, já que o tamanho das inconsistências está na casa dos bilhões. “Mostra uma fragilidade enorme na governança de empresas de capital aberto. É inacreditável e extraordinário”, diz.

Presidente Sergio Rial deixou o cargo; ele assumiu a função no dia 1.º de janeiro.  Foto: Iara Morselli/Estadão

Os maiores prejudicados no curto prazo devem ser os acionistas minoritários. Hoje, o valor de mercado da companhia é de R$ 10,83 bilhões. Nas últimas semanas, as ações vinham mostrando recuperação acima dos pares, com valorização de 43,37% no último mês e 24,35% apenas em janeiro até hoje.

Muito dessa alta se relacionava com a expectativa da gestão centrada em rentabilidade de Sergio Rial. No entanto, ele e o novo CFO, Covre, acabaram por descobrir um rombo que pode enterrar de vez a confiança do mercado. “Game over”, disse uma fonte que analisa os papéis da varejista. Segundo ele, a cifra indica um problema antigo e é um golpe forte nas expectativas.

Do ponto de vista da operação, o efeito não deve ser imediato. “O consumidor pode não deixar de comprar R$ 1 na rede por conta disso, no entanto, isso afeta a capacidade da empresa de conseguir crédito, o que pode impactar seu seu capital de giro, a depender da estrutura financeira da empresa”, disse Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Ex-controladores

No documento, a empresa disse que “acionistas de referência, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, pretendem “continuar suportando a companhia”. Ao decidir juntar os negócios físico e digital (antes sob dois tickers diferentes na Bolsa), a Americanas teve de fazer um rearranjo societário que tirou do controle o famoso trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fundadores da Ambev e sócios do fundo 3G Capital. Depois do rearranjo, com cerca de 29% dos papéis da empresa, eles se tornaram os acionistas de referência, que agora se comprometem a “suportar a empresa”. / COLABOROU MARCIA FURLAN

A Americanas anunciou nesta quarta-feira, 11, que a nova gestão da companhia identificou R$ 20 bilhões em “inconsistências” no balanço da empresa. Segundo os termos usados no comunicado da companhia, é possível entender que o problema está relacionado a dívidas não contabilizadas nas demonstrações financeiras. Na prática, é como se a varejista registrasse apenas a compra de determinados produtos, mas não o financiamento que fez para adquiri-los. Ou seja, a empresa pode estar mais endividada do que o mercado sabia.

No terceiro trimestre de 2022, a Americanas afirmou ter uma posição de caixa de R$ 14 bilhões e uma dívida líquida de R$ 5,3 bilhões. Essa dívida representava 1,7 vez o Ebitda (geração de caixa) da companhia, levando em consideração os últimos 12 meses até aquele período. A dívida bruta da empresa, por sua vez, era reportada em R$ 19,3 bilhões.

“Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da Companhia”, afirmou a empresa na nota que também anunciou a decisão do presidente, Sergio Rial, e do diretor-financeiro, André Covre, de deixarem os cargos. Ambos assumiram suas funções no dia 1.º de janeiro.

Para o sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, Eugênio Foganholo, o caso gera um abalo sério na confiança em empresas de capital aberto em geral, já que o tamanho das inconsistências está na casa dos bilhões. “Mostra uma fragilidade enorme na governança de empresas de capital aberto. É inacreditável e extraordinário”, diz.

Presidente Sergio Rial deixou o cargo; ele assumiu a função no dia 1.º de janeiro.  Foto: Iara Morselli/Estadão

Os maiores prejudicados no curto prazo devem ser os acionistas minoritários. Hoje, o valor de mercado da companhia é de R$ 10,83 bilhões. Nas últimas semanas, as ações vinham mostrando recuperação acima dos pares, com valorização de 43,37% no último mês e 24,35% apenas em janeiro até hoje.

Muito dessa alta se relacionava com a expectativa da gestão centrada em rentabilidade de Sergio Rial. No entanto, ele e o novo CFO, Covre, acabaram por descobrir um rombo que pode enterrar de vez a confiança do mercado. “Game over”, disse uma fonte que analisa os papéis da varejista. Segundo ele, a cifra indica um problema antigo e é um golpe forte nas expectativas.

Do ponto de vista da operação, o efeito não deve ser imediato. “O consumidor pode não deixar de comprar R$ 1 na rede por conta disso, no entanto, isso afeta a capacidade da empresa de conseguir crédito, o que pode impactar seu seu capital de giro, a depender da estrutura financeira da empresa”, disse Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Ex-controladores

No documento, a empresa disse que “acionistas de referência, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, pretendem “continuar suportando a companhia”. Ao decidir juntar os negócios físico e digital (antes sob dois tickers diferentes na Bolsa), a Americanas teve de fazer um rearranjo societário que tirou do controle o famoso trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fundadores da Ambev e sócios do fundo 3G Capital. Depois do rearranjo, com cerca de 29% dos papéis da empresa, eles se tornaram os acionistas de referência, que agora se comprometem a “suportar a empresa”. / COLABOROU MARCIA FURLAN

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