Americanas: funcionários vivem entre a incerteza e a negação da realidade: ‘Papo de internet’


Por enquanto, não houve mudanças na rotina dos vendedores; centrais sindicais pedem que a Justiça bloqueie R$ 1,53 bilhão da conta pessoal dos acionistas de referência para cobrir ações trabalhistas em curso

Por Márcia De Chiara
Atualização:

Um misto de desconfiança e de negação da realidade predomina entre os funcionários das lojas físicas da Americanas, empresa que entrou em recuperação judicial há menos de duas semanas por causa de um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço.

Com cerca de 1.800 lojas físicas espalhadas pelo território nacional e também forte presença no comércio online, a companhia tem cerca 45 mil funcionários e é um dos maiores empregadores do País.

Na última sexta-feira, 27, a reportagem visitou várias lojas da varejista na cidade de São Paulo e conversou com funcionários, sob a condição de anonimato. Eles disseram que a empresa está pagando em dia e que nada mudou na rotina de trabalho.

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Em processo de recuperação judicial, crise na companhia começa a chegar às lojas e deixa trabalhadores preocupados.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Mas o que se percebe é que o clima entre os trabalhadores é dúbio: oscila entre o receio de vir a perder o emprego e a “certeza” de que a crise na empresa não existe. “É papo de internet”, como disse um dos entrevistados.

Uma vendedora, com menos de um ano de empresa e salário de R$ 1.400, disse que nunca passou pela sua cabeça que a Americanas pudesse entrar em crise. Animada com a companhia, ela está sendo treinada para subir de cargo, virar supervisora, e ganhar mais.

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Ao mesmo tempo que não acredita que a Americanas venha a fechar loja e demitir, “porque até agora para nós não mudou nada”, segundo ela, a vendedora começou a mandar currículo para os concorrentes. Desde que o problema veio à tona, enviou três currículos em busca de vaga em outras empresas.

Outra vendedora mais antiga, com um ano e meio de casa, de outra unidade da rede, já enviou dez currículos, desde que a varejista entrou em recuperação judicial. “Se me chamarem (para outra vaga de trabalho) eu saio”, disse ela, alegando que não pode correr o risco de ficar sem emprego e dinheiro para pagar a faculdade.

Apesar de ter sido rápida na busca de outra alternativa de trabalho, ela demonstrou dúvida se a crise da empresa é verdadeira. “A chefia falou que é boato e que já está tudo resolvido”, contou.

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Já outro funcionário de outra unidade da Americanas, que está há cinco meses na empresa na função de auxiliar de loja, ganhando R$ 1.600, está confiante. “Não mandei currículo, não estou preocupado”, disse. Segundo o funcionário, a Americanas está pagando em dia o que o faz acreditar que a varejista não vai falir. Inclusive, disse ele, a empresa soltou um comunicado falando sobre isso.

Comunicado fala em reestruturação

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Em comunicado enviado às lojas logo após a companhia ter entrado com pedido de recuperação judicial, no dia 19 de janeiro, a direção responde algumas perguntas fundamentais. Diz que a Americanas não vai falir e que “a recuperação judicial é justamente uma forma de empresas viáveis economicamente seguirem com suas operações, com seu caixa preservado e negociando com seus credores”.

O comunicado esclarece também que “a lei prevê que os salários sejam pagos normalmente durante o período em que a empresa estiver em recuperação judicial”.

Funcionários da varejista vivem se dividem entre preocupação e até negação sobre crise financeira da empresa. Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Na questão se haverá demissões, o comunicado esclarece que neste momento a companhia está focada na manutenção das operações. Em seguida, acrescenta que “um plano de estratégico de otimização dos recursos está em andamento para que decisões que garantam a sustentabilidade da companhia tenham efeitos em curto prazo.” No entanto, pondera que “em processos como esse, é comum que haja reestruturação”.

É exatamente esse o ponto crucial para as lideranças sindicais. Na análise do presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o que está escrito nas entrelinhas é que poderá haver demissões. “A empresa não responde claramente a pergunta se vão ocorrer demissões, mas quem tem experiência sabe que o que está dito na última frase, que cita a reestruturação, é isso.”

Centrais sindicais pedem bloqueio de R$ 1,53 bilhão dos acionistas

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Na última quarta-feira, 25, seis centrais sindicais e duas confederações de trabalhadores ajuizaram uma ação civil pública na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, pedindo que a Justiça bloqueie R$ 1,53 bilhão da conta pessoal dos acionistas de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles —, para garantir que as 17 mil ações trabalhistas em curso contra a varejista sejam pagas.

O pedido de liminar é assinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), FS (Força Sindical), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), e CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio).

De acordo com Patah, dirigente de uma das centrais signatárias do pedido, a ação civil pública é para garantir os processos em curso. “Mas a intenção é conseguir sensibilizar o juiz para que os acionistas injetem os recursos necessários para cobrir a recuperação judicial”, afirmou o sindicalista.

Procurada, a Americanas informou, por meio de sua assessoria, que “ainda não foi notificada formalmente da ação e que se manifestará a seu respeito nos autos do processo, dentro dos prazos legais fixados”.

Um misto de desconfiança e de negação da realidade predomina entre os funcionários das lojas físicas da Americanas, empresa que entrou em recuperação judicial há menos de duas semanas por causa de um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço.

Com cerca de 1.800 lojas físicas espalhadas pelo território nacional e também forte presença no comércio online, a companhia tem cerca 45 mil funcionários e é um dos maiores empregadores do País.

Na última sexta-feira, 27, a reportagem visitou várias lojas da varejista na cidade de São Paulo e conversou com funcionários, sob a condição de anonimato. Eles disseram que a empresa está pagando em dia e que nada mudou na rotina de trabalho.

Em processo de recuperação judicial, crise na companhia começa a chegar às lojas e deixa trabalhadores preocupados.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Mas o que se percebe é que o clima entre os trabalhadores é dúbio: oscila entre o receio de vir a perder o emprego e a “certeza” de que a crise na empresa não existe. “É papo de internet”, como disse um dos entrevistados.

Uma vendedora, com menos de um ano de empresa e salário de R$ 1.400, disse que nunca passou pela sua cabeça que a Americanas pudesse entrar em crise. Animada com a companhia, ela está sendo treinada para subir de cargo, virar supervisora, e ganhar mais.

Ao mesmo tempo que não acredita que a Americanas venha a fechar loja e demitir, “porque até agora para nós não mudou nada”, segundo ela, a vendedora começou a mandar currículo para os concorrentes. Desde que o problema veio à tona, enviou três currículos em busca de vaga em outras empresas.

Outra vendedora mais antiga, com um ano e meio de casa, de outra unidade da rede, já enviou dez currículos, desde que a varejista entrou em recuperação judicial. “Se me chamarem (para outra vaga de trabalho) eu saio”, disse ela, alegando que não pode correr o risco de ficar sem emprego e dinheiro para pagar a faculdade.

Apesar de ter sido rápida na busca de outra alternativa de trabalho, ela demonstrou dúvida se a crise da empresa é verdadeira. “A chefia falou que é boato e que já está tudo resolvido”, contou.

Já outro funcionário de outra unidade da Americanas, que está há cinco meses na empresa na função de auxiliar de loja, ganhando R$ 1.600, está confiante. “Não mandei currículo, não estou preocupado”, disse. Segundo o funcionário, a Americanas está pagando em dia o que o faz acreditar que a varejista não vai falir. Inclusive, disse ele, a empresa soltou um comunicado falando sobre isso.

Comunicado fala em reestruturação

Em comunicado enviado às lojas logo após a companhia ter entrado com pedido de recuperação judicial, no dia 19 de janeiro, a direção responde algumas perguntas fundamentais. Diz que a Americanas não vai falir e que “a recuperação judicial é justamente uma forma de empresas viáveis economicamente seguirem com suas operações, com seu caixa preservado e negociando com seus credores”.

O comunicado esclarece também que “a lei prevê que os salários sejam pagos normalmente durante o período em que a empresa estiver em recuperação judicial”.

Funcionários da varejista vivem se dividem entre preocupação e até negação sobre crise financeira da empresa. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na questão se haverá demissões, o comunicado esclarece que neste momento a companhia está focada na manutenção das operações. Em seguida, acrescenta que “um plano de estratégico de otimização dos recursos está em andamento para que decisões que garantam a sustentabilidade da companhia tenham efeitos em curto prazo.” No entanto, pondera que “em processos como esse, é comum que haja reestruturação”.

É exatamente esse o ponto crucial para as lideranças sindicais. Na análise do presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o que está escrito nas entrelinhas é que poderá haver demissões. “A empresa não responde claramente a pergunta se vão ocorrer demissões, mas quem tem experiência sabe que o que está dito na última frase, que cita a reestruturação, é isso.”

Centrais sindicais pedem bloqueio de R$ 1,53 bilhão dos acionistas

Na última quarta-feira, 25, seis centrais sindicais e duas confederações de trabalhadores ajuizaram uma ação civil pública na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, pedindo que a Justiça bloqueie R$ 1,53 bilhão da conta pessoal dos acionistas de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles —, para garantir que as 17 mil ações trabalhistas em curso contra a varejista sejam pagas.

O pedido de liminar é assinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), FS (Força Sindical), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), e CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio).

De acordo com Patah, dirigente de uma das centrais signatárias do pedido, a ação civil pública é para garantir os processos em curso. “Mas a intenção é conseguir sensibilizar o juiz para que os acionistas injetem os recursos necessários para cobrir a recuperação judicial”, afirmou o sindicalista.

Procurada, a Americanas informou, por meio de sua assessoria, que “ainda não foi notificada formalmente da ação e que se manifestará a seu respeito nos autos do processo, dentro dos prazos legais fixados”.

Um misto de desconfiança e de negação da realidade predomina entre os funcionários das lojas físicas da Americanas, empresa que entrou em recuperação judicial há menos de duas semanas por causa de um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço.

Com cerca de 1.800 lojas físicas espalhadas pelo território nacional e também forte presença no comércio online, a companhia tem cerca 45 mil funcionários e é um dos maiores empregadores do País.

Na última sexta-feira, 27, a reportagem visitou várias lojas da varejista na cidade de São Paulo e conversou com funcionários, sob a condição de anonimato. Eles disseram que a empresa está pagando em dia e que nada mudou na rotina de trabalho.

Em processo de recuperação judicial, crise na companhia começa a chegar às lojas e deixa trabalhadores preocupados.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Mas o que se percebe é que o clima entre os trabalhadores é dúbio: oscila entre o receio de vir a perder o emprego e a “certeza” de que a crise na empresa não existe. “É papo de internet”, como disse um dos entrevistados.

Uma vendedora, com menos de um ano de empresa e salário de R$ 1.400, disse que nunca passou pela sua cabeça que a Americanas pudesse entrar em crise. Animada com a companhia, ela está sendo treinada para subir de cargo, virar supervisora, e ganhar mais.

Ao mesmo tempo que não acredita que a Americanas venha a fechar loja e demitir, “porque até agora para nós não mudou nada”, segundo ela, a vendedora começou a mandar currículo para os concorrentes. Desde que o problema veio à tona, enviou três currículos em busca de vaga em outras empresas.

Outra vendedora mais antiga, com um ano e meio de casa, de outra unidade da rede, já enviou dez currículos, desde que a varejista entrou em recuperação judicial. “Se me chamarem (para outra vaga de trabalho) eu saio”, disse ela, alegando que não pode correr o risco de ficar sem emprego e dinheiro para pagar a faculdade.

Apesar de ter sido rápida na busca de outra alternativa de trabalho, ela demonstrou dúvida se a crise da empresa é verdadeira. “A chefia falou que é boato e que já está tudo resolvido”, contou.

Já outro funcionário de outra unidade da Americanas, que está há cinco meses na empresa na função de auxiliar de loja, ganhando R$ 1.600, está confiante. “Não mandei currículo, não estou preocupado”, disse. Segundo o funcionário, a Americanas está pagando em dia o que o faz acreditar que a varejista não vai falir. Inclusive, disse ele, a empresa soltou um comunicado falando sobre isso.

Comunicado fala em reestruturação

Em comunicado enviado às lojas logo após a companhia ter entrado com pedido de recuperação judicial, no dia 19 de janeiro, a direção responde algumas perguntas fundamentais. Diz que a Americanas não vai falir e que “a recuperação judicial é justamente uma forma de empresas viáveis economicamente seguirem com suas operações, com seu caixa preservado e negociando com seus credores”.

O comunicado esclarece também que “a lei prevê que os salários sejam pagos normalmente durante o período em que a empresa estiver em recuperação judicial”.

Funcionários da varejista vivem se dividem entre preocupação e até negação sobre crise financeira da empresa. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na questão se haverá demissões, o comunicado esclarece que neste momento a companhia está focada na manutenção das operações. Em seguida, acrescenta que “um plano de estratégico de otimização dos recursos está em andamento para que decisões que garantam a sustentabilidade da companhia tenham efeitos em curto prazo.” No entanto, pondera que “em processos como esse, é comum que haja reestruturação”.

É exatamente esse o ponto crucial para as lideranças sindicais. Na análise do presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o que está escrito nas entrelinhas é que poderá haver demissões. “A empresa não responde claramente a pergunta se vão ocorrer demissões, mas quem tem experiência sabe que o que está dito na última frase, que cita a reestruturação, é isso.”

Centrais sindicais pedem bloqueio de R$ 1,53 bilhão dos acionistas

Na última quarta-feira, 25, seis centrais sindicais e duas confederações de trabalhadores ajuizaram uma ação civil pública na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, pedindo que a Justiça bloqueie R$ 1,53 bilhão da conta pessoal dos acionistas de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles —, para garantir que as 17 mil ações trabalhistas em curso contra a varejista sejam pagas.

O pedido de liminar é assinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), FS (Força Sindical), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), e CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio).

De acordo com Patah, dirigente de uma das centrais signatárias do pedido, a ação civil pública é para garantir os processos em curso. “Mas a intenção é conseguir sensibilizar o juiz para que os acionistas injetem os recursos necessários para cobrir a recuperação judicial”, afirmou o sindicalista.

Procurada, a Americanas informou, por meio de sua assessoria, que “ainda não foi notificada formalmente da ação e que se manifestará a seu respeito nos autos do processo, dentro dos prazos legais fixados”.

Um misto de desconfiança e de negação da realidade predomina entre os funcionários das lojas físicas da Americanas, empresa que entrou em recuperação judicial há menos de duas semanas por causa de um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço.

Com cerca de 1.800 lojas físicas espalhadas pelo território nacional e também forte presença no comércio online, a companhia tem cerca 45 mil funcionários e é um dos maiores empregadores do País.

Na última sexta-feira, 27, a reportagem visitou várias lojas da varejista na cidade de São Paulo e conversou com funcionários, sob a condição de anonimato. Eles disseram que a empresa está pagando em dia e que nada mudou na rotina de trabalho.

Em processo de recuperação judicial, crise na companhia começa a chegar às lojas e deixa trabalhadores preocupados.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Mas o que se percebe é que o clima entre os trabalhadores é dúbio: oscila entre o receio de vir a perder o emprego e a “certeza” de que a crise na empresa não existe. “É papo de internet”, como disse um dos entrevistados.

Uma vendedora, com menos de um ano de empresa e salário de R$ 1.400, disse que nunca passou pela sua cabeça que a Americanas pudesse entrar em crise. Animada com a companhia, ela está sendo treinada para subir de cargo, virar supervisora, e ganhar mais.

Ao mesmo tempo que não acredita que a Americanas venha a fechar loja e demitir, “porque até agora para nós não mudou nada”, segundo ela, a vendedora começou a mandar currículo para os concorrentes. Desde que o problema veio à tona, enviou três currículos em busca de vaga em outras empresas.

Outra vendedora mais antiga, com um ano e meio de casa, de outra unidade da rede, já enviou dez currículos, desde que a varejista entrou em recuperação judicial. “Se me chamarem (para outra vaga de trabalho) eu saio”, disse ela, alegando que não pode correr o risco de ficar sem emprego e dinheiro para pagar a faculdade.

Apesar de ter sido rápida na busca de outra alternativa de trabalho, ela demonstrou dúvida se a crise da empresa é verdadeira. “A chefia falou que é boato e que já está tudo resolvido”, contou.

Já outro funcionário de outra unidade da Americanas, que está há cinco meses na empresa na função de auxiliar de loja, ganhando R$ 1.600, está confiante. “Não mandei currículo, não estou preocupado”, disse. Segundo o funcionário, a Americanas está pagando em dia o que o faz acreditar que a varejista não vai falir. Inclusive, disse ele, a empresa soltou um comunicado falando sobre isso.

Comunicado fala em reestruturação

Em comunicado enviado às lojas logo após a companhia ter entrado com pedido de recuperação judicial, no dia 19 de janeiro, a direção responde algumas perguntas fundamentais. Diz que a Americanas não vai falir e que “a recuperação judicial é justamente uma forma de empresas viáveis economicamente seguirem com suas operações, com seu caixa preservado e negociando com seus credores”.

O comunicado esclarece também que “a lei prevê que os salários sejam pagos normalmente durante o período em que a empresa estiver em recuperação judicial”.

Funcionários da varejista vivem se dividem entre preocupação e até negação sobre crise financeira da empresa. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na questão se haverá demissões, o comunicado esclarece que neste momento a companhia está focada na manutenção das operações. Em seguida, acrescenta que “um plano de estratégico de otimização dos recursos está em andamento para que decisões que garantam a sustentabilidade da companhia tenham efeitos em curto prazo.” No entanto, pondera que “em processos como esse, é comum que haja reestruturação”.

É exatamente esse o ponto crucial para as lideranças sindicais. Na análise do presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o que está escrito nas entrelinhas é que poderá haver demissões. “A empresa não responde claramente a pergunta se vão ocorrer demissões, mas quem tem experiência sabe que o que está dito na última frase, que cita a reestruturação, é isso.”

Centrais sindicais pedem bloqueio de R$ 1,53 bilhão dos acionistas

Na última quarta-feira, 25, seis centrais sindicais e duas confederações de trabalhadores ajuizaram uma ação civil pública na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, pedindo que a Justiça bloqueie R$ 1,53 bilhão da conta pessoal dos acionistas de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles —, para garantir que as 17 mil ações trabalhistas em curso contra a varejista sejam pagas.

O pedido de liminar é assinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), FS (Força Sindical), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), e CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio).

De acordo com Patah, dirigente de uma das centrais signatárias do pedido, a ação civil pública é para garantir os processos em curso. “Mas a intenção é conseguir sensibilizar o juiz para que os acionistas injetem os recursos necessários para cobrir a recuperação judicial”, afirmou o sindicalista.

Procurada, a Americanas informou, por meio de sua assessoria, que “ainda não foi notificada formalmente da ação e que se manifestará a seu respeito nos autos do processo, dentro dos prazos legais fixados”.

Um misto de desconfiança e de negação da realidade predomina entre os funcionários das lojas físicas da Americanas, empresa que entrou em recuperação judicial há menos de duas semanas por causa de um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço.

Com cerca de 1.800 lojas físicas espalhadas pelo território nacional e também forte presença no comércio online, a companhia tem cerca 45 mil funcionários e é um dos maiores empregadores do País.

Na última sexta-feira, 27, a reportagem visitou várias lojas da varejista na cidade de São Paulo e conversou com funcionários, sob a condição de anonimato. Eles disseram que a empresa está pagando em dia e que nada mudou na rotina de trabalho.

Em processo de recuperação judicial, crise na companhia começa a chegar às lojas e deixa trabalhadores preocupados.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Mas o que se percebe é que o clima entre os trabalhadores é dúbio: oscila entre o receio de vir a perder o emprego e a “certeza” de que a crise na empresa não existe. “É papo de internet”, como disse um dos entrevistados.

Uma vendedora, com menos de um ano de empresa e salário de R$ 1.400, disse que nunca passou pela sua cabeça que a Americanas pudesse entrar em crise. Animada com a companhia, ela está sendo treinada para subir de cargo, virar supervisora, e ganhar mais.

Ao mesmo tempo que não acredita que a Americanas venha a fechar loja e demitir, “porque até agora para nós não mudou nada”, segundo ela, a vendedora começou a mandar currículo para os concorrentes. Desde que o problema veio à tona, enviou três currículos em busca de vaga em outras empresas.

Outra vendedora mais antiga, com um ano e meio de casa, de outra unidade da rede, já enviou dez currículos, desde que a varejista entrou em recuperação judicial. “Se me chamarem (para outra vaga de trabalho) eu saio”, disse ela, alegando que não pode correr o risco de ficar sem emprego e dinheiro para pagar a faculdade.

Apesar de ter sido rápida na busca de outra alternativa de trabalho, ela demonstrou dúvida se a crise da empresa é verdadeira. “A chefia falou que é boato e que já está tudo resolvido”, contou.

Já outro funcionário de outra unidade da Americanas, que está há cinco meses na empresa na função de auxiliar de loja, ganhando R$ 1.600, está confiante. “Não mandei currículo, não estou preocupado”, disse. Segundo o funcionário, a Americanas está pagando em dia o que o faz acreditar que a varejista não vai falir. Inclusive, disse ele, a empresa soltou um comunicado falando sobre isso.

Comunicado fala em reestruturação

Em comunicado enviado às lojas logo após a companhia ter entrado com pedido de recuperação judicial, no dia 19 de janeiro, a direção responde algumas perguntas fundamentais. Diz que a Americanas não vai falir e que “a recuperação judicial é justamente uma forma de empresas viáveis economicamente seguirem com suas operações, com seu caixa preservado e negociando com seus credores”.

O comunicado esclarece também que “a lei prevê que os salários sejam pagos normalmente durante o período em que a empresa estiver em recuperação judicial”.

Funcionários da varejista vivem se dividem entre preocupação e até negação sobre crise financeira da empresa. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na questão se haverá demissões, o comunicado esclarece que neste momento a companhia está focada na manutenção das operações. Em seguida, acrescenta que “um plano de estratégico de otimização dos recursos está em andamento para que decisões que garantam a sustentabilidade da companhia tenham efeitos em curto prazo.” No entanto, pondera que “em processos como esse, é comum que haja reestruturação”.

É exatamente esse o ponto crucial para as lideranças sindicais. Na análise do presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o que está escrito nas entrelinhas é que poderá haver demissões. “A empresa não responde claramente a pergunta se vão ocorrer demissões, mas quem tem experiência sabe que o que está dito na última frase, que cita a reestruturação, é isso.”

Centrais sindicais pedem bloqueio de R$ 1,53 bilhão dos acionistas

Na última quarta-feira, 25, seis centrais sindicais e duas confederações de trabalhadores ajuizaram uma ação civil pública na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, pedindo que a Justiça bloqueie R$ 1,53 bilhão da conta pessoal dos acionistas de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles —, para garantir que as 17 mil ações trabalhistas em curso contra a varejista sejam pagas.

O pedido de liminar é assinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), FS (Força Sindical), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), e CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio).

De acordo com Patah, dirigente de uma das centrais signatárias do pedido, a ação civil pública é para garantir os processos em curso. “Mas a intenção é conseguir sensibilizar o juiz para que os acionistas injetem os recursos necessários para cobrir a recuperação judicial”, afirmou o sindicalista.

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