O Prêmio Nobel de Economia de 2020 foi atribuído, nesta segunda-feira, 12, aos norte-americanos Paul Milgrom, de 72 anos, e Robert Wilson, 83, dois especialistas em leilões cujos trabalhos inovadores foram utilizados, em particular, para atribuições de frequências de telecomunicações.
"O Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel é concedido a eles por melhorar a teoria dos leilões e inventar novos formatos de leilões beneficiando vendedores, compradores e contribuintes em todo o mundo", disse o júri da Academia de Ciências da Suécia, responsável por conceder anualmente o Prêmio Nobel.
Esta foi a 52.ª premiação na categoria, que já laureou mais de 80 pessoas desde 1969. Conheça todos os vencedores aqui.
Professores de Stanford
A dupla, que era uma das favoritas neste ano, é mais conhecida por estar por trás do conceito de venda de licenças de frequência de telecomunicações nos Estados Unidos.
Os dois economistas, ambos professores de Stanford, também trabalharam nos mecanismos de alocação de slots de pouso em aeroportos.
Conheça todos os vencedores do Prêmio Nobel de Economia
Leilões
"Leilões são extremamente importantes. Esses novos formatos atendem à sociedade em todo o mundo", ressaltou Peter Fredriksson, membro do júri, na coletiva de imprensa após o anúncio.
Robert Wilson mostrou, entre outras coisas, que participantes racionais em um leilão tendem a dar lances menores, por medo de pagar demais.
Questionado na coletiva de imprensa logo após o anúncio do prêmio, ele comemorou a ótima notícia e confidenciou que nunca havia participado de um leilão.
"Eu mesmo nunca participei de um leilão. (...) Minha esposa me lembrou que temos botas de esqui compradas no eBay, acho que foi em leilão", declarou.
Paul Milgrom formulou uma teoria mais geral dos leilões, que mostra, entre outras coisas, que um leilão gera preços mais altos quando os compradores obtêm informações sobre os lances planejados por outros licitantes.
Perfil conhecido
Em 2019, o Prêmio foi atribuído a um trio de pesquisadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história do prêmio.
Economia tem sido, até agora, o Nobel onde o perfil do futuro vencedor é o mais fácil de adivinhar: homem com mais de 55 anos de nacionalidade americana, como este ano.
Nos últimos 20 anos, três quartos deles se enquadram nessa descrição. A média de idade dos vencedores também é superior a 65 anos, a maior entre os seis prêmios.
Embora seja o prêmio de maior prestígio para um pesquisador em economia, o prêmio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel em seu testamento de fundação: Medicina, Física, Química, Paz e Literatura. Foi instituído em 1968, pelo Banco Central da Suécia, e concedido pela primeira vez em 1969.
Temporada 2020
O Prêmio de Economia encerra uma temporada do Nobel marcada na última sexta-feira 9, pelo Prêmio da Paz ao Programa Mundial de Alimentos, órgão da ONU para o combate à fome.
Na Quinta-feira 8, a poeta americana Louise Glück venceu Literatura. Além da americana Andrea Ghez, co-vencedora de Física na terça-feira 6, duas mulheres entraram para a História do Nobel pela descoberta da "tesoura genética": a francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer Doudna se tornaram a primeira dupla 100% feminina a ganhar um Nobel científico, em Química.
Com quatro mulheres vencedoras, a safra 2020 é mais feminina do que o normal, mesmo que não iguale o recorde de cinco em 2009.
Os vencedores, que repartem quase um milhão de euros por cada disciplina, vão receber o prêmio este ano no seu país de residência, devido à pandemia de coronavírus.
Paul Milgrom e Robert Wilson, por exemplo, vão receber 10 milhões de coroas (cerca de R$ 6,3 milhões), uma medalha de ouro e um diploma. / COM AFP
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