Previdência. Embora não seja fácil aprovar nova reforma previdenciária é lamentável a superficialidade dos argumentos que preveem o estouro das contas do regime geral da Previdência. Para início de conversa, que estouro é esse em que não são apresentados os números acompanhados das premissas e memória de cálculo como determina a LRF? Há que se discutir com profundidade a questão previdenciária. É a maior política social do País. É fato que suas despesas irão crescer, mas as premissas de projeção devem contemplar a precária gestão de receitas e despesas do INSS, onde cerca de 30% da receita é sonegada e a despesa é desviada devido ao fraco controle sobre as mesmas. A assistência social rural, considerada uma das principais causas do déficit, não pode ser classificada como previdenciária uma vez que não é contributiva e deve ser prevista receita compatível com sua despesa, majoritariamente composta por salários mínimos aos beneficiários. Deve-se considerar, também, que aumento de salário mínimo não aumenta só despesa, mas receita previdenciária, além de maior atividade econômica. Enfim, na medida em que for avançando a discussão técnica e política sobre uma nova reforma não apenas as centrais sindicais de trabalhadores como entidades da sociedade civil e da academia vão exigir debate mais qualificado do que o que vem sendo colocado. Foco fiscal. Se o desafio é o equilíbrio fiscal, não pode ficar escondido o principal causador deste desequilíbrio que são os juros responsáveis em 2015 por 82% (!) do déficit fiscal. Chega de proteger o sistema financeiro liderado pelos grandes bancos. Há que os pôr no centro do debate, juntamente com os danos causados pelo Banco Central. *MESTRE EM FINANÇAS PÚBLICAS PELA FGV E CONSULTOR. ESCREVE QUINZENALMENTE