André Lara Resende: taxa de juros de 13,75% está errada


Para economista, nível atual da Selic acaba desaquecendo a economia sem atingir os objetivos definidos para o Banco Central

Por Jorge Barbosa
Atualização:

O economista André Lara Resende afirmou que a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano é um erro, pois desaquece a economia sem combater efetivamente a inflação. “A economia brasileira precisa ser desaquecida neste nível? Com a taxa de juros real mais cara do mundo hoje? Claramente não”, afirmou Resende, em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, exibida na madrugada desta segunda-feira, 13.

“O fato é que tivemos uma quebra no varejo, no caso da Americanas e outras áreas deste setor enfrentam problemas, o que fez os bancos retraírem drasticamente o crédito. Quando temos uma contração como essa no crédito, se agrava o processo de desaquecimento da economia e embica numa recessão que pode ser muito séria”, disse o economista.

Lara Resende, que participou da equipe de transição do governo Lula na área econômica, afirmou ainda que o Banco Central tem como objetivos controlar a inflação, promover a estabilidade do sistema financeiro e garantir o mais próximo possível do pleno emprego. “Obviamente que essa taxa de juros de 13,75%, 8% real, é incompatível com esses objetivos. Ela está errada.”

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Gastos públicos

O economista contestou a ideia de que um eventual cenário de aumento dos gastos públicos possa provocar uma onda inflacionária no País. “Estamos saindo de 1,3% de superávit primário no ano passado. Agora, este ano, o autorizado pela PEC (da Transição) é um gasto de mais 2%. A arrecadação vai surpreender positivamente. Se gastarmos o valor integral da PEC, ainda que a arrecadação ficasse onde estava, no mesmo nível, teríamos equilíbrio primário. O Orçamento, a previsão é que você possa ter um déficit primário de 1%. Isso é grave? Claro que não”, afirmou.

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Lara Resende disse também que o fenômeno da inflação em todo o mundo foi provocado pela desorganização das cadeias produtivas, e que não houve relação com o aumento de gastos por parte dos governos. “A oferta se contraiu e houve uma reação inflacionária. Em cima dessa pressão veio a guerra da Ucrânia, que subiu o preço de energia e alimentos por causa, inclusive, dos fertilizantes. Então esta foi a inflação.”

O economista comentou ainda que “se a taxa de juros alta combatesse a inflação, nós não precisaríamos ter feito o Plano Real” - do qual foi um dos formuladores. “Quando eu assumi a diretoria do BC (nos anos 1980), nós tínhamos a maior taxa básica de juros da história e não havia sinal de que a inflação ia retroceder”, disse.

O economista André Lara Resende criticou a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano  Foto: Iara Morselli/Estadao
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Reforma tributária

Lara Resende também demonstrou pessimismo com a possibilidade de aprovação da reforma tributária. “Eu não acho que seja uma boa ideia votar a reforma tributária. Todo mundo é a favor dessa reforma, a ideia dessa simplificação, a criação do Imposto sobre o Valor Agregado, isso é em princípio uma ideia muito boa. Só que ela provoca, como todo tema tributário, muitas reações, então há resistências por todos os lados. Não é à toa que ela nunca foi aprovada”, disse o economista, que recentemente assumiu um cargo na Comissão de Estudos Estratégicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ele disse ainda que considera “muito difícil” a aprovação da reforma de maneira integral. “Você vai repartir essa proposta e a discussão dela vai tomar tempo.”

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O economista também relativizou a importância da mudança no sistema tributário. “Não acho que a reforma tributária possa ser posta como o principal objetivo do País. O principal objetivo que precisamos definir é a recuperação do desenvolvimento. O Brasil deveria crescer, pelo menos, 5% até 7% nos próximos anos, como cresceram todas as economias asiáticas”, disse Lara Resende, que ressaltou a importância a importância da reforma, apesar das críticas que fez.

O economista André Lara Resende afirmou que a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano é um erro, pois desaquece a economia sem combater efetivamente a inflação. “A economia brasileira precisa ser desaquecida neste nível? Com a taxa de juros real mais cara do mundo hoje? Claramente não”, afirmou Resende, em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, exibida na madrugada desta segunda-feira, 13.

“O fato é que tivemos uma quebra no varejo, no caso da Americanas e outras áreas deste setor enfrentam problemas, o que fez os bancos retraírem drasticamente o crédito. Quando temos uma contração como essa no crédito, se agrava o processo de desaquecimento da economia e embica numa recessão que pode ser muito séria”, disse o economista.

Lara Resende, que participou da equipe de transição do governo Lula na área econômica, afirmou ainda que o Banco Central tem como objetivos controlar a inflação, promover a estabilidade do sistema financeiro e garantir o mais próximo possível do pleno emprego. “Obviamente que essa taxa de juros de 13,75%, 8% real, é incompatível com esses objetivos. Ela está errada.”

Gastos públicos

O economista contestou a ideia de que um eventual cenário de aumento dos gastos públicos possa provocar uma onda inflacionária no País. “Estamos saindo de 1,3% de superávit primário no ano passado. Agora, este ano, o autorizado pela PEC (da Transição) é um gasto de mais 2%. A arrecadação vai surpreender positivamente. Se gastarmos o valor integral da PEC, ainda que a arrecadação ficasse onde estava, no mesmo nível, teríamos equilíbrio primário. O Orçamento, a previsão é que você possa ter um déficit primário de 1%. Isso é grave? Claro que não”, afirmou.

Lara Resende disse também que o fenômeno da inflação em todo o mundo foi provocado pela desorganização das cadeias produtivas, e que não houve relação com o aumento de gastos por parte dos governos. “A oferta se contraiu e houve uma reação inflacionária. Em cima dessa pressão veio a guerra da Ucrânia, que subiu o preço de energia e alimentos por causa, inclusive, dos fertilizantes. Então esta foi a inflação.”

O economista comentou ainda que “se a taxa de juros alta combatesse a inflação, nós não precisaríamos ter feito o Plano Real” - do qual foi um dos formuladores. “Quando eu assumi a diretoria do BC (nos anos 1980), nós tínhamos a maior taxa básica de juros da história e não havia sinal de que a inflação ia retroceder”, disse.

O economista André Lara Resende criticou a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano  Foto: Iara Morselli/Estadao

Reforma tributária

Lara Resende também demonstrou pessimismo com a possibilidade de aprovação da reforma tributária. “Eu não acho que seja uma boa ideia votar a reforma tributária. Todo mundo é a favor dessa reforma, a ideia dessa simplificação, a criação do Imposto sobre o Valor Agregado, isso é em princípio uma ideia muito boa. Só que ela provoca, como todo tema tributário, muitas reações, então há resistências por todos os lados. Não é à toa que ela nunca foi aprovada”, disse o economista, que recentemente assumiu um cargo na Comissão de Estudos Estratégicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ele disse ainda que considera “muito difícil” a aprovação da reforma de maneira integral. “Você vai repartir essa proposta e a discussão dela vai tomar tempo.”

O economista também relativizou a importância da mudança no sistema tributário. “Não acho que a reforma tributária possa ser posta como o principal objetivo do País. O principal objetivo que precisamos definir é a recuperação do desenvolvimento. O Brasil deveria crescer, pelo menos, 5% até 7% nos próximos anos, como cresceram todas as economias asiáticas”, disse Lara Resende, que ressaltou a importância a importância da reforma, apesar das críticas que fez.

O economista André Lara Resende afirmou que a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano é um erro, pois desaquece a economia sem combater efetivamente a inflação. “A economia brasileira precisa ser desaquecida neste nível? Com a taxa de juros real mais cara do mundo hoje? Claramente não”, afirmou Resende, em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, exibida na madrugada desta segunda-feira, 13.

“O fato é que tivemos uma quebra no varejo, no caso da Americanas e outras áreas deste setor enfrentam problemas, o que fez os bancos retraírem drasticamente o crédito. Quando temos uma contração como essa no crédito, se agrava o processo de desaquecimento da economia e embica numa recessão que pode ser muito séria”, disse o economista.

Lara Resende, que participou da equipe de transição do governo Lula na área econômica, afirmou ainda que o Banco Central tem como objetivos controlar a inflação, promover a estabilidade do sistema financeiro e garantir o mais próximo possível do pleno emprego. “Obviamente que essa taxa de juros de 13,75%, 8% real, é incompatível com esses objetivos. Ela está errada.”

Gastos públicos

O economista contestou a ideia de que um eventual cenário de aumento dos gastos públicos possa provocar uma onda inflacionária no País. “Estamos saindo de 1,3% de superávit primário no ano passado. Agora, este ano, o autorizado pela PEC (da Transição) é um gasto de mais 2%. A arrecadação vai surpreender positivamente. Se gastarmos o valor integral da PEC, ainda que a arrecadação ficasse onde estava, no mesmo nível, teríamos equilíbrio primário. O Orçamento, a previsão é que você possa ter um déficit primário de 1%. Isso é grave? Claro que não”, afirmou.

Lara Resende disse também que o fenômeno da inflação em todo o mundo foi provocado pela desorganização das cadeias produtivas, e que não houve relação com o aumento de gastos por parte dos governos. “A oferta se contraiu e houve uma reação inflacionária. Em cima dessa pressão veio a guerra da Ucrânia, que subiu o preço de energia e alimentos por causa, inclusive, dos fertilizantes. Então esta foi a inflação.”

O economista comentou ainda que “se a taxa de juros alta combatesse a inflação, nós não precisaríamos ter feito o Plano Real” - do qual foi um dos formuladores. “Quando eu assumi a diretoria do BC (nos anos 1980), nós tínhamos a maior taxa básica de juros da história e não havia sinal de que a inflação ia retroceder”, disse.

O economista André Lara Resende criticou a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano  Foto: Iara Morselli/Estadao

Reforma tributária

Lara Resende também demonstrou pessimismo com a possibilidade de aprovação da reforma tributária. “Eu não acho que seja uma boa ideia votar a reforma tributária. Todo mundo é a favor dessa reforma, a ideia dessa simplificação, a criação do Imposto sobre o Valor Agregado, isso é em princípio uma ideia muito boa. Só que ela provoca, como todo tema tributário, muitas reações, então há resistências por todos os lados. Não é à toa que ela nunca foi aprovada”, disse o economista, que recentemente assumiu um cargo na Comissão de Estudos Estratégicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ele disse ainda que considera “muito difícil” a aprovação da reforma de maneira integral. “Você vai repartir essa proposta e a discussão dela vai tomar tempo.”

O economista também relativizou a importância da mudança no sistema tributário. “Não acho que a reforma tributária possa ser posta como o principal objetivo do País. O principal objetivo que precisamos definir é a recuperação do desenvolvimento. O Brasil deveria crescer, pelo menos, 5% até 7% nos próximos anos, como cresceram todas as economias asiáticas”, disse Lara Resende, que ressaltou a importância a importância da reforma, apesar das críticas que fez.

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