Aneel indica que cortará tarifa cobrada pela Cemig e ações caem 14%


Para analistas financeiros, notícia traz 'incertezas' sobre intervencionismo no setor; papéis de outras empresas também caíram na bolsa

Por SÃO PAULO

As mudanças feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no processo de revisão tarifária da estatal mineira Cemig azedaram o humor do setor elétrico - ressabiado desde a renovação das concessões no fim de 2012. As ações da companhia despencaram 13,8% e puxaram as das demais elétricas, que fecharam o dia em queda. O Índice de Energia Elétrica (IEE) caiu 3,46%.O movimento foi desencadeado pela notícia de que a agência reguladora havia reduzido em 24% a base de remuneração da Cemig usada no terceiro ciclo de revisão tarifária - um processo que ajusta as tarifas cobradas pela distribuidora de quatro em quatro anos. Imediatamente, os analistas fizeram as contas da redução no lucro da empresa."Ouvimos da companhia que a revisão deve provocar um impacto negativo de 5% no Ebitda (geração de caixa)", disseram os analistas do Bank of America/Merrill Lynch. Nos cálculos dos especialistas do BTG Pactual, o corte levaria a uma perda de R$ 2,4 bilhões no valor da empresa. A Cemig tentou apaziguar a situação e afirmou que os números propostos originalmente pela Aneel não estavam ajustados. Mas reconheceu que a agência adotou procedimentos diferentes em relação ao segundo ciclo de revisão tarifária. De qualquer forma, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, disse que vai apresentar uma argumentação com o objetivo de melhorar os valores finais. No mercado, a notícia foi interpretada como mais um susto que o governo dá ao setor. Desde o fim do ano passado, com a polêmica renovação das concessões de energia elétrica, uma série de pequenas medidas vem sendo anunciada em doses homeopáticas, com efeitos questionados por algumas empresas e analistas financeiros. São decisões que envolvem cifras bilionárias. Uma delas é a transferência da conta das termoelétricas movidas a óleo combustível e diesel para os geradores. Em outra situação, a Aneel cancelou um procedimento no mercado livre de energia, autorizado pela própria agência, porque a Eletrobrás alegava prejuízo. Embora a decisão envolvendo a Cemig seja técnica, especialistas reclamam de ingerência política na agência e temem mudanças futuras. "O setor está estressado. Está todo mundo em alerta", disse um executivo da área de comercialização de energia. "Agora, esperamos que a decisão traga incertezas com potenciais novidades negativas para o setor", afirmaram os analistas do Credit Suisse Vinicius Canheu e Adélia Souza. A Light, por exemplo, tem revisão tarifária em novembro. A Eletropaulo já passou por situação semelhante.O mercado também chamou a atenção para o fato de a contribuição apresentada pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), na audiência pública de 5 de março, ter números semelhantes aos propostos pela Aneel. "Esse processo público é uma conquista do setor. Nós (e outros agentes) apresentamos sugestões e a Aneel pode ter levado as propostas em conta em sua decisão", disse o presidente da associação, Paulo Pedrosa.Em Brasília, o diretor da Aneel, Julião Coelho, evitou comentar a confusão. Disse que assunto não chegou "ao âmbito da diretoria" e que não é relator do caso. /RENÉE PEREIRA, WELLINGTON BAHNEMANN, ANNE WARTH E DENISE MADUEÑO

As mudanças feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no processo de revisão tarifária da estatal mineira Cemig azedaram o humor do setor elétrico - ressabiado desde a renovação das concessões no fim de 2012. As ações da companhia despencaram 13,8% e puxaram as das demais elétricas, que fecharam o dia em queda. O Índice de Energia Elétrica (IEE) caiu 3,46%.O movimento foi desencadeado pela notícia de que a agência reguladora havia reduzido em 24% a base de remuneração da Cemig usada no terceiro ciclo de revisão tarifária - um processo que ajusta as tarifas cobradas pela distribuidora de quatro em quatro anos. Imediatamente, os analistas fizeram as contas da redução no lucro da empresa."Ouvimos da companhia que a revisão deve provocar um impacto negativo de 5% no Ebitda (geração de caixa)", disseram os analistas do Bank of America/Merrill Lynch. Nos cálculos dos especialistas do BTG Pactual, o corte levaria a uma perda de R$ 2,4 bilhões no valor da empresa. A Cemig tentou apaziguar a situação e afirmou que os números propostos originalmente pela Aneel não estavam ajustados. Mas reconheceu que a agência adotou procedimentos diferentes em relação ao segundo ciclo de revisão tarifária. De qualquer forma, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, disse que vai apresentar uma argumentação com o objetivo de melhorar os valores finais. No mercado, a notícia foi interpretada como mais um susto que o governo dá ao setor. Desde o fim do ano passado, com a polêmica renovação das concessões de energia elétrica, uma série de pequenas medidas vem sendo anunciada em doses homeopáticas, com efeitos questionados por algumas empresas e analistas financeiros. São decisões que envolvem cifras bilionárias. Uma delas é a transferência da conta das termoelétricas movidas a óleo combustível e diesel para os geradores. Em outra situação, a Aneel cancelou um procedimento no mercado livre de energia, autorizado pela própria agência, porque a Eletrobrás alegava prejuízo. Embora a decisão envolvendo a Cemig seja técnica, especialistas reclamam de ingerência política na agência e temem mudanças futuras. "O setor está estressado. Está todo mundo em alerta", disse um executivo da área de comercialização de energia. "Agora, esperamos que a decisão traga incertezas com potenciais novidades negativas para o setor", afirmaram os analistas do Credit Suisse Vinicius Canheu e Adélia Souza. A Light, por exemplo, tem revisão tarifária em novembro. A Eletropaulo já passou por situação semelhante.O mercado também chamou a atenção para o fato de a contribuição apresentada pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), na audiência pública de 5 de março, ter números semelhantes aos propostos pela Aneel. "Esse processo público é uma conquista do setor. Nós (e outros agentes) apresentamos sugestões e a Aneel pode ter levado as propostas em conta em sua decisão", disse o presidente da associação, Paulo Pedrosa.Em Brasília, o diretor da Aneel, Julião Coelho, evitou comentar a confusão. Disse que assunto não chegou "ao âmbito da diretoria" e que não é relator do caso. /RENÉE PEREIRA, WELLINGTON BAHNEMANN, ANNE WARTH E DENISE MADUEÑO

As mudanças feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no processo de revisão tarifária da estatal mineira Cemig azedaram o humor do setor elétrico - ressabiado desde a renovação das concessões no fim de 2012. As ações da companhia despencaram 13,8% e puxaram as das demais elétricas, que fecharam o dia em queda. O Índice de Energia Elétrica (IEE) caiu 3,46%.O movimento foi desencadeado pela notícia de que a agência reguladora havia reduzido em 24% a base de remuneração da Cemig usada no terceiro ciclo de revisão tarifária - um processo que ajusta as tarifas cobradas pela distribuidora de quatro em quatro anos. Imediatamente, os analistas fizeram as contas da redução no lucro da empresa."Ouvimos da companhia que a revisão deve provocar um impacto negativo de 5% no Ebitda (geração de caixa)", disseram os analistas do Bank of America/Merrill Lynch. Nos cálculos dos especialistas do BTG Pactual, o corte levaria a uma perda de R$ 2,4 bilhões no valor da empresa. A Cemig tentou apaziguar a situação e afirmou que os números propostos originalmente pela Aneel não estavam ajustados. Mas reconheceu que a agência adotou procedimentos diferentes em relação ao segundo ciclo de revisão tarifária. De qualquer forma, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, disse que vai apresentar uma argumentação com o objetivo de melhorar os valores finais. No mercado, a notícia foi interpretada como mais um susto que o governo dá ao setor. Desde o fim do ano passado, com a polêmica renovação das concessões de energia elétrica, uma série de pequenas medidas vem sendo anunciada em doses homeopáticas, com efeitos questionados por algumas empresas e analistas financeiros. São decisões que envolvem cifras bilionárias. Uma delas é a transferência da conta das termoelétricas movidas a óleo combustível e diesel para os geradores. Em outra situação, a Aneel cancelou um procedimento no mercado livre de energia, autorizado pela própria agência, porque a Eletrobrás alegava prejuízo. Embora a decisão envolvendo a Cemig seja técnica, especialistas reclamam de ingerência política na agência e temem mudanças futuras. "O setor está estressado. Está todo mundo em alerta", disse um executivo da área de comercialização de energia. "Agora, esperamos que a decisão traga incertezas com potenciais novidades negativas para o setor", afirmaram os analistas do Credit Suisse Vinicius Canheu e Adélia Souza. A Light, por exemplo, tem revisão tarifária em novembro. A Eletropaulo já passou por situação semelhante.O mercado também chamou a atenção para o fato de a contribuição apresentada pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), na audiência pública de 5 de março, ter números semelhantes aos propostos pela Aneel. "Esse processo público é uma conquista do setor. Nós (e outros agentes) apresentamos sugestões e a Aneel pode ter levado as propostas em conta em sua decisão", disse o presidente da associação, Paulo Pedrosa.Em Brasília, o diretor da Aneel, Julião Coelho, evitou comentar a confusão. Disse que assunto não chegou "ao âmbito da diretoria" e que não é relator do caso. /RENÉE PEREIRA, WELLINGTON BAHNEMANN, ANNE WARTH E DENISE MADUEÑO

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