De acordo com a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), em 2021 o setor de seguros pagou mais de R$ 7 bilhões em indenizações de seguro rural.
Em 2022 este montante subiu para mais de R$ 10 bilhões e a tendência é seguir subindo, ano a ano, em função de os eventos climáticos mudarem de patamar e se tornarem cada vez mais recorrentes e devastadores.
Vale lembrar que em 2022 a região Norte do País foi assolada por uma cheia que bateu recordes históricos e que no ano passado a seca foi seu contraponto, também com recordes históricos e imagens impressionantes, como o Rio Negro com grande parte do leito seco e à mostra.
Da mesma forma, o sul do Brasil, em movimento contrário, em 2022 enfrentou uma das secas mais fortes já registradas e no ano passado foi submetido a chuvas e tempestades que atingiram, indistintamente, áreas urbanas e rurais, com uma violência muito acima da média, causando danos devastadores a propriedades e bens de todas as naturezas.
Com relação ao seguro rural, apenas 10% dos proprietários rurais têm a proteção do seguro para garantir seu negócio. Quer dizer, se as indenizações em 2022 atingiram R$ 10 bilhões, significa que outros R$ 90 bilhões ficaram na conta dos agricultores, diminuindo o faturamento da atividade e comprometendo a capacidade de investimento de milhares de fazendeiros e sitiantes, a maior parte pequenos produtores que sentirão de forma mais dramática a falta do seguro.
Não há o que fazer. As mudanças climáticas são a consequência de décadas de descaso com o meio ambiente e esta conta, agora, vai demorar bastante para ser zerada. Mesmo que todas as ações já definidas como essenciais para reverter o quadro fossem imediatamente implementadas, os resultados começariam a aparecer apenas depois de 20 anos e não teriam efeito imediato. Para piorar o quadro, não há consenso entre os países sobre as providências a serem tomadas, nem o tempo necessário para isso. Então, as medidas serão adotadas paulatinamente, enquanto o planeta segue na direção de um novo mapa climático, com eventos catastróficos se sucedendo de forma cada vez mais violenta e com mais frequência.
A casa de US$ 200 bilhões em prejuízos já foi ultrapassada faz tempo. Ainda não temos a quantificação total das perdas suportadas por todos os países em 2023, mas seu resultado deve deixar essa cifra para trás com folga. Isso pode ser visto na decisão das seguradoras de não aceitarem mais fazer seguros contra riscos climáticos na Flórida, ou contra incêndios florestais em parte da Califórnia.
O Brasil está no verão, a estação em que os eventos climáticos causam mais prejuízos porque é quando o Sul e o Sudeste são atingidos por eles. Já estamos vendo os estragos se sucederem e cobrarem seu preço.
Imediatamente há pouco que possa ser feito, mas ações para minimizar as perdas, começando pela criação de novos seguros obrigatórios com foco nelas, conforme sugerido pelo mercado segurador, precisam ser implementadas o mais rapidamente possível. Sem elas a conta ficará insuportável.