O muro da USP fez aniversário. Um ano. Se alguma obra em São Paulo, entre as dezenas de barbaridades de todos os tipos, merece o título de monumento ao absurdo é o muro da USP.
Ainda que construído com participação, apoio e consentimento da melhor universidade da América Latina, o muro da USP é um monumento ao erro, à vaidade, ao amadorismo, à politicagem malfeita e à demagogia.
A USP não se preocupou ao menos em saber porque o muro de concreto havia sido erguido para separar a raia de remo da Marginal do Pinheiros. Se tivesse pesquisado em seus arquivos descobriria que uma das razões foi o elevado número de acidentes causados pelos motoristas que se distraíam olhando para dentro do Campus.
Se fosse só isso estava fácil, mas a realidade é muito pior. Ninguém fez um estudo para saber se os vidros aguentariam a vibração natural da Marginal. Eles não quebram porque são alvejados a bala, eles quebram porque a vibração das pistas estoura as placas.
Para completar, ninguém foi verificar o impacto do muro de vidro na vida dos animais que habitam a imensa fazenda do Butantã. O resultado é a morte de dezenas de aves ao baterem nas armações transparentes.
E para quem quer mais, a obra, na data do que deveria ser o primeiro aniversário da vitória de mais uma ação inutilmente demagógica, está parada. Dezenas de placas de vidro estão estragando, amontoadas ao lado do muro velho. Armações metálicas estão apodrecendo, sem manutenção debaixo do tempo. O canteiro de obras não existe mais e o muro, o antes festejado muro, tem vários vidros quebrados que não são substituídos.
Se alguma obra serve de monumento ao que não deve ser feito, é o muro de vidro da USP. Mais errada do que ele só a ciclo-calçada inventada pela universidade, que acompanha a raia de remo, em frente do muro.