Argentina perde importância nas exportações do Brasil e tem menor participação desde 1991; entenda


Em recessão, país vizinho respondeu por apenas 3,5% das compras brasileiras entre janeiro e junho deste ano; no início dos anos 2000, Argentina chegava a representar mais de 10% das vendas brasileiras

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

No meio de um duro ajuste promovido pelo presidente Javier Milei, a Argentina perdeu relevância nas exportações brasileiras. No primeiro semestre deste ano, a participação do país vizinho nas vendas do Brasil foi de apenas 3,5%, a mais baixa desde 1991, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pelo Estadão.

No início dos anos 2000, a Argentina chegava a responder por mais de 10% das exportações brasileiras. Mas as sucessivas crises do país e o crescimento da relevância da China - grande importadora de produtos básicos, como minério de ferro e soja - na pauta exportadora brasileira levaram os argentinos a perder espaço.

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Hoje, a Argentina ainda é o terceiro principal destino dos produtos brasileiros, mas fica muito distante da China (30,9%) e dos Estados Unidos (11,5%) e próximo da Holanda (3,3%) e da Espanha (3%).

Em 2024, são dois os grandes fatores que explicam a perda de relevância da Argentina. O primeiro é mais pontual. Tem a ver com o menor embarque de soja brasileira na comparação com o ano passado. Em 2023, os argentinos sofreram com uma quebra de safra e precisaram importar o produto do Brasil.

No primeiro semestre, a exportação de soja do Brasil para Argentina somou apenas US$ 61,6 milhões, um valor bem abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (US$ 1,548 bilhão).

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E o segundo fator, claro, se dá pelas medidas econômicas adotadas pelo governo de Milei. Vencedor da eleição no fim do ano passado, o atual presidente argentino foi eleito com um discurso radical. Prometeu acabar com o Banco Central e dolarizar a economia. No poder, adotou uma série de medidas para tentar controlar a inflação e ajustar as contas públicas. O Produto Interno Bruto (PIB) despencou 5,1% no primeiro trimestre, colocando o país em recessão técnica.

(A queda da exportação para a Argentina) é uma situação que reflete um efeito de uma demanda menor, de uma economia mais fraca”, afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú.

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Um dos sinais dessa fraqueza local fica evidente no desempenho das exportações brasileiras de veículos automotivos de passageiros. Elas recuaram de US$ 858,5 milhões no primeiro semestre de 2023 para US$ 734,1 milhões no mesmo período deste ano. As vendas de partes e acessórios de veículos também estão menores. Diminuíram de US$ 950,7 milhões para US$ 700,1 milhões no período.

No conjunto, no primeiro semestre, as exportações para a Argentina somaram US$ 5,9 bilhões, o que significou uma queda de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No primeiro semestre, exportações para a Argentina recuaram 37,6% Foto: Farid Dumat Kelzi/AP
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“A Argentina não tem divisas”, diz José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “E tem três alternativas. Primeiro, pode tomar um financiamento internacional, mas será preciso pagar juros e é caro. Segundo, pode atrair capital estrangeiro, mas quem vai investir na Argentina? E a terceira alternativa é a mais viável: é o país gerar superávits comerciais, segurando as importações de toda forma.”

Ano ainda positivo

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Apesar da queda das vendas para a Argentina, o cenário ainda é bastante positivo para o comércio internacional brasileiro. Neste ano, as exportações totais do Brasil seguem crescendo. No primeiro semestre, elas somaram US$ 167,61 bilhões, acima do apurado no mesmo período de 2023 (US$ 165,23 bilhões).

“O nosso saldo comercial só deve ser menor este ano, porque estamos importando mais”, afirma Jankiel Santos, economista do banco Santander. “A importação cresce porque tem um estímulo fiscal, e isso traz a atividade e o consumo.”

Entre janeiro e junho de 2024, as importações somaram US$ 125,3 bilhões, acima dos US$ 120,61 bilhões reportados no primeiro semestre de 2023.

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Por ora, bancos e consultorias projetam que o saldo comercial do Brasil deve ser positivo entre US$ 75 bilhões e US$ 85 bilhões para este ano. Se confirmado, será um resultado pior do que o registrado no ano passado, quando chegou ao nível recorde de US$ 98,8 bilhões, mas ainda estará num bom patamar.

“O País mudou de patamar em relação ao superávit comercial”, diz Jankiel. “Projetamos um saldo comercial de US$ 75 bilhões, que será o segundo maior da série histórica do Brasil.”

No meio de um duro ajuste promovido pelo presidente Javier Milei, a Argentina perdeu relevância nas exportações brasileiras. No primeiro semestre deste ano, a participação do país vizinho nas vendas do Brasil foi de apenas 3,5%, a mais baixa desde 1991, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pelo Estadão.

No início dos anos 2000, a Argentina chegava a responder por mais de 10% das exportações brasileiras. Mas as sucessivas crises do país e o crescimento da relevância da China - grande importadora de produtos básicos, como minério de ferro e soja - na pauta exportadora brasileira levaram os argentinos a perder espaço.

Hoje, a Argentina ainda é o terceiro principal destino dos produtos brasileiros, mas fica muito distante da China (30,9%) e dos Estados Unidos (11,5%) e próximo da Holanda (3,3%) e da Espanha (3%).

Em 2024, são dois os grandes fatores que explicam a perda de relevância da Argentina. O primeiro é mais pontual. Tem a ver com o menor embarque de soja brasileira na comparação com o ano passado. Em 2023, os argentinos sofreram com uma quebra de safra e precisaram importar o produto do Brasil.

No primeiro semestre, a exportação de soja do Brasil para Argentina somou apenas US$ 61,6 milhões, um valor bem abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (US$ 1,548 bilhão).

E o segundo fator, claro, se dá pelas medidas econômicas adotadas pelo governo de Milei. Vencedor da eleição no fim do ano passado, o atual presidente argentino foi eleito com um discurso radical. Prometeu acabar com o Banco Central e dolarizar a economia. No poder, adotou uma série de medidas para tentar controlar a inflação e ajustar as contas públicas. O Produto Interno Bruto (PIB) despencou 5,1% no primeiro trimestre, colocando o país em recessão técnica.

(A queda da exportação para a Argentina) é uma situação que reflete um efeito de uma demanda menor, de uma economia mais fraca”, afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú.

Um dos sinais dessa fraqueza local fica evidente no desempenho das exportações brasileiras de veículos automotivos de passageiros. Elas recuaram de US$ 858,5 milhões no primeiro semestre de 2023 para US$ 734,1 milhões no mesmo período deste ano. As vendas de partes e acessórios de veículos também estão menores. Diminuíram de US$ 950,7 milhões para US$ 700,1 milhões no período.

No conjunto, no primeiro semestre, as exportações para a Argentina somaram US$ 5,9 bilhões, o que significou uma queda de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No primeiro semestre, exportações para a Argentina recuaram 37,6% Foto: Farid Dumat Kelzi/AP

“A Argentina não tem divisas”, diz José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “E tem três alternativas. Primeiro, pode tomar um financiamento internacional, mas será preciso pagar juros e é caro. Segundo, pode atrair capital estrangeiro, mas quem vai investir na Argentina? E a terceira alternativa é a mais viável: é o país gerar superávits comerciais, segurando as importações de toda forma.”

Ano ainda positivo

Apesar da queda das vendas para a Argentina, o cenário ainda é bastante positivo para o comércio internacional brasileiro. Neste ano, as exportações totais do Brasil seguem crescendo. No primeiro semestre, elas somaram US$ 167,61 bilhões, acima do apurado no mesmo período de 2023 (US$ 165,23 bilhões).

“O nosso saldo comercial só deve ser menor este ano, porque estamos importando mais”, afirma Jankiel Santos, economista do banco Santander. “A importação cresce porque tem um estímulo fiscal, e isso traz a atividade e o consumo.”

Entre janeiro e junho de 2024, as importações somaram US$ 125,3 bilhões, acima dos US$ 120,61 bilhões reportados no primeiro semestre de 2023.

Por ora, bancos e consultorias projetam que o saldo comercial do Brasil deve ser positivo entre US$ 75 bilhões e US$ 85 bilhões para este ano. Se confirmado, será um resultado pior do que o registrado no ano passado, quando chegou ao nível recorde de US$ 98,8 bilhões, mas ainda estará num bom patamar.

“O País mudou de patamar em relação ao superávit comercial”, diz Jankiel. “Projetamos um saldo comercial de US$ 75 bilhões, que será o segundo maior da série histórica do Brasil.”

No meio de um duro ajuste promovido pelo presidente Javier Milei, a Argentina perdeu relevância nas exportações brasileiras. No primeiro semestre deste ano, a participação do país vizinho nas vendas do Brasil foi de apenas 3,5%, a mais baixa desde 1991, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pelo Estadão.

No início dos anos 2000, a Argentina chegava a responder por mais de 10% das exportações brasileiras. Mas as sucessivas crises do país e o crescimento da relevância da China - grande importadora de produtos básicos, como minério de ferro e soja - na pauta exportadora brasileira levaram os argentinos a perder espaço.

Hoje, a Argentina ainda é o terceiro principal destino dos produtos brasileiros, mas fica muito distante da China (30,9%) e dos Estados Unidos (11,5%) e próximo da Holanda (3,3%) e da Espanha (3%).

Em 2024, são dois os grandes fatores que explicam a perda de relevância da Argentina. O primeiro é mais pontual. Tem a ver com o menor embarque de soja brasileira na comparação com o ano passado. Em 2023, os argentinos sofreram com uma quebra de safra e precisaram importar o produto do Brasil.

No primeiro semestre, a exportação de soja do Brasil para Argentina somou apenas US$ 61,6 milhões, um valor bem abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (US$ 1,548 bilhão).

E o segundo fator, claro, se dá pelas medidas econômicas adotadas pelo governo de Milei. Vencedor da eleição no fim do ano passado, o atual presidente argentino foi eleito com um discurso radical. Prometeu acabar com o Banco Central e dolarizar a economia. No poder, adotou uma série de medidas para tentar controlar a inflação e ajustar as contas públicas. O Produto Interno Bruto (PIB) despencou 5,1% no primeiro trimestre, colocando o país em recessão técnica.

(A queda da exportação para a Argentina) é uma situação que reflete um efeito de uma demanda menor, de uma economia mais fraca”, afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú.

Um dos sinais dessa fraqueza local fica evidente no desempenho das exportações brasileiras de veículos automotivos de passageiros. Elas recuaram de US$ 858,5 milhões no primeiro semestre de 2023 para US$ 734,1 milhões no mesmo período deste ano. As vendas de partes e acessórios de veículos também estão menores. Diminuíram de US$ 950,7 milhões para US$ 700,1 milhões no período.

No conjunto, no primeiro semestre, as exportações para a Argentina somaram US$ 5,9 bilhões, o que significou uma queda de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No primeiro semestre, exportações para a Argentina recuaram 37,6% Foto: Farid Dumat Kelzi/AP

“A Argentina não tem divisas”, diz José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “E tem três alternativas. Primeiro, pode tomar um financiamento internacional, mas será preciso pagar juros e é caro. Segundo, pode atrair capital estrangeiro, mas quem vai investir na Argentina? E a terceira alternativa é a mais viável: é o país gerar superávits comerciais, segurando as importações de toda forma.”

Ano ainda positivo

Apesar da queda das vendas para a Argentina, o cenário ainda é bastante positivo para o comércio internacional brasileiro. Neste ano, as exportações totais do Brasil seguem crescendo. No primeiro semestre, elas somaram US$ 167,61 bilhões, acima do apurado no mesmo período de 2023 (US$ 165,23 bilhões).

“O nosso saldo comercial só deve ser menor este ano, porque estamos importando mais”, afirma Jankiel Santos, economista do banco Santander. “A importação cresce porque tem um estímulo fiscal, e isso traz a atividade e o consumo.”

Entre janeiro e junho de 2024, as importações somaram US$ 125,3 bilhões, acima dos US$ 120,61 bilhões reportados no primeiro semestre de 2023.

Por ora, bancos e consultorias projetam que o saldo comercial do Brasil deve ser positivo entre US$ 75 bilhões e US$ 85 bilhões para este ano. Se confirmado, será um resultado pior do que o registrado no ano passado, quando chegou ao nível recorde de US$ 98,8 bilhões, mas ainda estará num bom patamar.

“O País mudou de patamar em relação ao superávit comercial”, diz Jankiel. “Projetamos um saldo comercial de US$ 75 bilhões, que será o segundo maior da série histórica do Brasil.”

No meio de um duro ajuste promovido pelo presidente Javier Milei, a Argentina perdeu relevância nas exportações brasileiras. No primeiro semestre deste ano, a participação do país vizinho nas vendas do Brasil foi de apenas 3,5%, a mais baixa desde 1991, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pelo Estadão.

No início dos anos 2000, a Argentina chegava a responder por mais de 10% das exportações brasileiras. Mas as sucessivas crises do país e o crescimento da relevância da China - grande importadora de produtos básicos, como minério de ferro e soja - na pauta exportadora brasileira levaram os argentinos a perder espaço.

Hoje, a Argentina ainda é o terceiro principal destino dos produtos brasileiros, mas fica muito distante da China (30,9%) e dos Estados Unidos (11,5%) e próximo da Holanda (3,3%) e da Espanha (3%).

Em 2024, são dois os grandes fatores que explicam a perda de relevância da Argentina. O primeiro é mais pontual. Tem a ver com o menor embarque de soja brasileira na comparação com o ano passado. Em 2023, os argentinos sofreram com uma quebra de safra e precisaram importar o produto do Brasil.

No primeiro semestre, a exportação de soja do Brasil para Argentina somou apenas US$ 61,6 milhões, um valor bem abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (US$ 1,548 bilhão).

E o segundo fator, claro, se dá pelas medidas econômicas adotadas pelo governo de Milei. Vencedor da eleição no fim do ano passado, o atual presidente argentino foi eleito com um discurso radical. Prometeu acabar com o Banco Central e dolarizar a economia. No poder, adotou uma série de medidas para tentar controlar a inflação e ajustar as contas públicas. O Produto Interno Bruto (PIB) despencou 5,1% no primeiro trimestre, colocando o país em recessão técnica.

(A queda da exportação para a Argentina) é uma situação que reflete um efeito de uma demanda menor, de uma economia mais fraca”, afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú.

Um dos sinais dessa fraqueza local fica evidente no desempenho das exportações brasileiras de veículos automotivos de passageiros. Elas recuaram de US$ 858,5 milhões no primeiro semestre de 2023 para US$ 734,1 milhões no mesmo período deste ano. As vendas de partes e acessórios de veículos também estão menores. Diminuíram de US$ 950,7 milhões para US$ 700,1 milhões no período.

No conjunto, no primeiro semestre, as exportações para a Argentina somaram US$ 5,9 bilhões, o que significou uma queda de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No primeiro semestre, exportações para a Argentina recuaram 37,6% Foto: Farid Dumat Kelzi/AP

“A Argentina não tem divisas”, diz José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “E tem três alternativas. Primeiro, pode tomar um financiamento internacional, mas será preciso pagar juros e é caro. Segundo, pode atrair capital estrangeiro, mas quem vai investir na Argentina? E a terceira alternativa é a mais viável: é o país gerar superávits comerciais, segurando as importações de toda forma.”

Ano ainda positivo

Apesar da queda das vendas para a Argentina, o cenário ainda é bastante positivo para o comércio internacional brasileiro. Neste ano, as exportações totais do Brasil seguem crescendo. No primeiro semestre, elas somaram US$ 167,61 bilhões, acima do apurado no mesmo período de 2023 (US$ 165,23 bilhões).

“O nosso saldo comercial só deve ser menor este ano, porque estamos importando mais”, afirma Jankiel Santos, economista do banco Santander. “A importação cresce porque tem um estímulo fiscal, e isso traz a atividade e o consumo.”

Entre janeiro e junho de 2024, as importações somaram US$ 125,3 bilhões, acima dos US$ 120,61 bilhões reportados no primeiro semestre de 2023.

Por ora, bancos e consultorias projetam que o saldo comercial do Brasil deve ser positivo entre US$ 75 bilhões e US$ 85 bilhões para este ano. Se confirmado, será um resultado pior do que o registrado no ano passado, quando chegou ao nível recorde de US$ 98,8 bilhões, mas ainda estará num bom patamar.

“O País mudou de patamar em relação ao superávit comercial”, diz Jankiel. “Projetamos um saldo comercial de US$ 75 bilhões, que será o segundo maior da série histórica do Brasil.”

No meio de um duro ajuste promovido pelo presidente Javier Milei, a Argentina perdeu relevância nas exportações brasileiras. No primeiro semestre deste ano, a participação do país vizinho nas vendas do Brasil foi de apenas 3,5%, a mais baixa desde 1991, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pelo Estadão.

No início dos anos 2000, a Argentina chegava a responder por mais de 10% das exportações brasileiras. Mas as sucessivas crises do país e o crescimento da relevância da China - grande importadora de produtos básicos, como minério de ferro e soja - na pauta exportadora brasileira levaram os argentinos a perder espaço.

Hoje, a Argentina ainda é o terceiro principal destino dos produtos brasileiros, mas fica muito distante da China (30,9%) e dos Estados Unidos (11,5%) e próximo da Holanda (3,3%) e da Espanha (3%).

Em 2024, são dois os grandes fatores que explicam a perda de relevância da Argentina. O primeiro é mais pontual. Tem a ver com o menor embarque de soja brasileira na comparação com o ano passado. Em 2023, os argentinos sofreram com uma quebra de safra e precisaram importar o produto do Brasil.

No primeiro semestre, a exportação de soja do Brasil para Argentina somou apenas US$ 61,6 milhões, um valor bem abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (US$ 1,548 bilhão).

E o segundo fator, claro, se dá pelas medidas econômicas adotadas pelo governo de Milei. Vencedor da eleição no fim do ano passado, o atual presidente argentino foi eleito com um discurso radical. Prometeu acabar com o Banco Central e dolarizar a economia. No poder, adotou uma série de medidas para tentar controlar a inflação e ajustar as contas públicas. O Produto Interno Bruto (PIB) despencou 5,1% no primeiro trimestre, colocando o país em recessão técnica.

(A queda da exportação para a Argentina) é uma situação que reflete um efeito de uma demanda menor, de uma economia mais fraca”, afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú.

Um dos sinais dessa fraqueza local fica evidente no desempenho das exportações brasileiras de veículos automotivos de passageiros. Elas recuaram de US$ 858,5 milhões no primeiro semestre de 2023 para US$ 734,1 milhões no mesmo período deste ano. As vendas de partes e acessórios de veículos também estão menores. Diminuíram de US$ 950,7 milhões para US$ 700,1 milhões no período.

No conjunto, no primeiro semestre, as exportações para a Argentina somaram US$ 5,9 bilhões, o que significou uma queda de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No primeiro semestre, exportações para a Argentina recuaram 37,6% Foto: Farid Dumat Kelzi/AP

“A Argentina não tem divisas”, diz José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “E tem três alternativas. Primeiro, pode tomar um financiamento internacional, mas será preciso pagar juros e é caro. Segundo, pode atrair capital estrangeiro, mas quem vai investir na Argentina? E a terceira alternativa é a mais viável: é o país gerar superávits comerciais, segurando as importações de toda forma.”

Ano ainda positivo

Apesar da queda das vendas para a Argentina, o cenário ainda é bastante positivo para o comércio internacional brasileiro. Neste ano, as exportações totais do Brasil seguem crescendo. No primeiro semestre, elas somaram US$ 167,61 bilhões, acima do apurado no mesmo período de 2023 (US$ 165,23 bilhões).

“O nosso saldo comercial só deve ser menor este ano, porque estamos importando mais”, afirma Jankiel Santos, economista do banco Santander. “A importação cresce porque tem um estímulo fiscal, e isso traz a atividade e o consumo.”

Entre janeiro e junho de 2024, as importações somaram US$ 125,3 bilhões, acima dos US$ 120,61 bilhões reportados no primeiro semestre de 2023.

Por ora, bancos e consultorias projetam que o saldo comercial do Brasil deve ser positivo entre US$ 75 bilhões e US$ 85 bilhões para este ano. Se confirmado, será um resultado pior do que o registrado no ano passado, quando chegou ao nível recorde de US$ 98,8 bilhões, mas ainda estará num bom patamar.

“O País mudou de patamar em relação ao superávit comercial”, diz Jankiel. “Projetamos um saldo comercial de US$ 75 bilhões, que será o segundo maior da série histórica do Brasil.”

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