Racha no Copom: veja os argumentos dos diretores que queriam uma queda maior da Selic


Ata do Copom mostra que os nove diretores concordam que taxa de juros deve cair menos, com redução no ritmo de cortes, mas houve divergência em relação à forma de o Banco Central se comunicar com o mercado

Por Alvaro Gribel
Atualização:

A forma de o Banco Central se comunicar foi a principal causa para o racha da reunião do Copom do início de maio, quando a Selic caiu de 10,75% para 10,5%. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por um corte de meio ponto porcentual na Selic, enquanto os cinco diretores herdados do governo Bolsonaro optaram pela redução do ritmo, para 0,25 ponto. Em relação ao cenário para a inflação, contudo, todos os nove diretores entenderam que o quadro ficou mais difícil, o que requer uma política monetária mais contracionista daqui para frente.

A explicação para o racha se encontra no parágrafo 18 da Ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira, 14. Para os quatro diretores indicados por Lula (Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira), haveria um “custo reputacional” para o Banco Central em abandonar o chamado “forward guidance”, ou “orientação futura”, o que levaria a uma perda para as comunicações formais do Banco.

“Como em debates ocorridos em outras reuniões, tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”, diz a Ata.

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Com isso, eles indicam discordar da postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que abandonou o guidance em um evento do mercado financeiro em Nova York. Campos Neto teria uma reunião fechada com investidores, mas pediu para que ela fosse aberta. Ao fazer um discurso mais duro, o mercado entendeu que o corte de 0,5 ponto havia sido abandonado e passou a apostar no corte de 0,25, o que de fato aconteceu.

Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central Foto: Raphael Ribeiro/BC

Para Campos Neto e os outros quatro diretores que votaram pela queda da Selic em 0,25 ponto (Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes), muito mais importante do que não seguir o guidance é o risco de perda de credibilidade no combate à inflação.

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“Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”, diz o parágrafo 17 da Ata.

Preocupação com a inflação

Em relação ao cenário de inflação, todos os nove membros do Banco Central concordam que o cenário para a inflação ficou pior. Nesse ponto, há convergência de visão no Copom. Por isso, eles avaliam que é preciso uma política monetária “mais contracionista, mais cautelosa, e sem indicações sobre os próximos passos”.

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“Todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas”, diz o documento.

Além disso, concluem que é preciso “ancorar” as expectativas, ou seja, levar as projeções de mercado para a meta de 3% nos próximos anos.

“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz a Ata.

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Para os quatro diretores indicados por Lula, mais importante do que o ritmo de cortes é a taxa “terminal da Selic”. Esse grupo entende que os votos de meio ponto na semana passada não significam leniência com a piora dos indicadores.

“Ressaltaram que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação. Robustecendo a análise, notaram que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal e que a redução de 0,50 ponto percentual ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista”, diz o parágrafo 19.

Visão do mercado

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Para o economista Luis Otávio Leal, do G5 Parners, a Ata mostra que a divergência aconteceu mais pela forma do que pelo conteúdo. Com isso, aumenta a chance de a Selic cair menos do que o mercado projetava anteriormente.

“Acho que a mensagem foi dada, de que a divergência foi mais na forma do que no conteúdo, ou seja, foi mais uma discussão sobre a credibilidade do foward guidance do que se a política monetária deve ser mais frouxa ou mais apertada. Nesse ponto não há dúvida, a chance de o BC parar antes do esperado não é desprezível”, afirmou.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, entende que a mudança para 0,25 ponto fazia mais sentido, do que manter o forward guidance. A dúvida, daqui para frente, diz, é se haverá convergência entre os dois grupos em relação à taxa terminal da Selic.

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“Mudou o cenário, mudou o guidance, foi mais coerente reduzir para 0,25 ponto. A mudança foi muito significativa da meta fiscal. A questão daqui para a frente é em relação à meta terminal. A turma do 0,25 deve ter uma taxa talvez maior do que a turma do meio ponto. Ainda não devemos ver essa divergência da próxima reunião, mas isso pode acontecer no segundo semestre. Provavelmente na reunião de setembro, às vésperas da escolha para o próximo presidente do Banco Central”, disse Vale.

A forma de o Banco Central se comunicar foi a principal causa para o racha da reunião do Copom do início de maio, quando a Selic caiu de 10,75% para 10,5%. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por um corte de meio ponto porcentual na Selic, enquanto os cinco diretores herdados do governo Bolsonaro optaram pela redução do ritmo, para 0,25 ponto. Em relação ao cenário para a inflação, contudo, todos os nove diretores entenderam que o quadro ficou mais difícil, o que requer uma política monetária mais contracionista daqui para frente.

A explicação para o racha se encontra no parágrafo 18 da Ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira, 14. Para os quatro diretores indicados por Lula (Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira), haveria um “custo reputacional” para o Banco Central em abandonar o chamado “forward guidance”, ou “orientação futura”, o que levaria a uma perda para as comunicações formais do Banco.

“Como em debates ocorridos em outras reuniões, tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”, diz a Ata.

Com isso, eles indicam discordar da postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que abandonou o guidance em um evento do mercado financeiro em Nova York. Campos Neto teria uma reunião fechada com investidores, mas pediu para que ela fosse aberta. Ao fazer um discurso mais duro, o mercado entendeu que o corte de 0,5 ponto havia sido abandonado e passou a apostar no corte de 0,25, o que de fato aconteceu.

Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central Foto: Raphael Ribeiro/BC

Para Campos Neto e os outros quatro diretores que votaram pela queda da Selic em 0,25 ponto (Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes), muito mais importante do que não seguir o guidance é o risco de perda de credibilidade no combate à inflação.

“Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”, diz o parágrafo 17 da Ata.

Preocupação com a inflação

Em relação ao cenário de inflação, todos os nove membros do Banco Central concordam que o cenário para a inflação ficou pior. Nesse ponto, há convergência de visão no Copom. Por isso, eles avaliam que é preciso uma política monetária “mais contracionista, mais cautelosa, e sem indicações sobre os próximos passos”.

“Todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas”, diz o documento.

Além disso, concluem que é preciso “ancorar” as expectativas, ou seja, levar as projeções de mercado para a meta de 3% nos próximos anos.

“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz a Ata.

Para os quatro diretores indicados por Lula, mais importante do que o ritmo de cortes é a taxa “terminal da Selic”. Esse grupo entende que os votos de meio ponto na semana passada não significam leniência com a piora dos indicadores.

“Ressaltaram que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação. Robustecendo a análise, notaram que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal e que a redução de 0,50 ponto percentual ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista”, diz o parágrafo 19.

Visão do mercado

Para o economista Luis Otávio Leal, do G5 Parners, a Ata mostra que a divergência aconteceu mais pela forma do que pelo conteúdo. Com isso, aumenta a chance de a Selic cair menos do que o mercado projetava anteriormente.

“Acho que a mensagem foi dada, de que a divergência foi mais na forma do que no conteúdo, ou seja, foi mais uma discussão sobre a credibilidade do foward guidance do que se a política monetária deve ser mais frouxa ou mais apertada. Nesse ponto não há dúvida, a chance de o BC parar antes do esperado não é desprezível”, afirmou.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, entende que a mudança para 0,25 ponto fazia mais sentido, do que manter o forward guidance. A dúvida, daqui para frente, diz, é se haverá convergência entre os dois grupos em relação à taxa terminal da Selic.

“Mudou o cenário, mudou o guidance, foi mais coerente reduzir para 0,25 ponto. A mudança foi muito significativa da meta fiscal. A questão daqui para a frente é em relação à meta terminal. A turma do 0,25 deve ter uma taxa talvez maior do que a turma do meio ponto. Ainda não devemos ver essa divergência da próxima reunião, mas isso pode acontecer no segundo semestre. Provavelmente na reunião de setembro, às vésperas da escolha para o próximo presidente do Banco Central”, disse Vale.

A forma de o Banco Central se comunicar foi a principal causa para o racha da reunião do Copom do início de maio, quando a Selic caiu de 10,75% para 10,5%. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por um corte de meio ponto porcentual na Selic, enquanto os cinco diretores herdados do governo Bolsonaro optaram pela redução do ritmo, para 0,25 ponto. Em relação ao cenário para a inflação, contudo, todos os nove diretores entenderam que o quadro ficou mais difícil, o que requer uma política monetária mais contracionista daqui para frente.

A explicação para o racha se encontra no parágrafo 18 da Ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira, 14. Para os quatro diretores indicados por Lula (Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira), haveria um “custo reputacional” para o Banco Central em abandonar o chamado “forward guidance”, ou “orientação futura”, o que levaria a uma perda para as comunicações formais do Banco.

“Como em debates ocorridos em outras reuniões, tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”, diz a Ata.

Com isso, eles indicam discordar da postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que abandonou o guidance em um evento do mercado financeiro em Nova York. Campos Neto teria uma reunião fechada com investidores, mas pediu para que ela fosse aberta. Ao fazer um discurso mais duro, o mercado entendeu que o corte de 0,5 ponto havia sido abandonado e passou a apostar no corte de 0,25, o que de fato aconteceu.

Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central Foto: Raphael Ribeiro/BC

Para Campos Neto e os outros quatro diretores que votaram pela queda da Selic em 0,25 ponto (Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes), muito mais importante do que não seguir o guidance é o risco de perda de credibilidade no combate à inflação.

“Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”, diz o parágrafo 17 da Ata.

Preocupação com a inflação

Em relação ao cenário de inflação, todos os nove membros do Banco Central concordam que o cenário para a inflação ficou pior. Nesse ponto, há convergência de visão no Copom. Por isso, eles avaliam que é preciso uma política monetária “mais contracionista, mais cautelosa, e sem indicações sobre os próximos passos”.

“Todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas”, diz o documento.

Além disso, concluem que é preciso “ancorar” as expectativas, ou seja, levar as projeções de mercado para a meta de 3% nos próximos anos.

“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz a Ata.

Para os quatro diretores indicados por Lula, mais importante do que o ritmo de cortes é a taxa “terminal da Selic”. Esse grupo entende que os votos de meio ponto na semana passada não significam leniência com a piora dos indicadores.

“Ressaltaram que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação. Robustecendo a análise, notaram que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal e que a redução de 0,50 ponto percentual ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista”, diz o parágrafo 19.

Visão do mercado

Para o economista Luis Otávio Leal, do G5 Parners, a Ata mostra que a divergência aconteceu mais pela forma do que pelo conteúdo. Com isso, aumenta a chance de a Selic cair menos do que o mercado projetava anteriormente.

“Acho que a mensagem foi dada, de que a divergência foi mais na forma do que no conteúdo, ou seja, foi mais uma discussão sobre a credibilidade do foward guidance do que se a política monetária deve ser mais frouxa ou mais apertada. Nesse ponto não há dúvida, a chance de o BC parar antes do esperado não é desprezível”, afirmou.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, entende que a mudança para 0,25 ponto fazia mais sentido, do que manter o forward guidance. A dúvida, daqui para frente, diz, é se haverá convergência entre os dois grupos em relação à taxa terminal da Selic.

“Mudou o cenário, mudou o guidance, foi mais coerente reduzir para 0,25 ponto. A mudança foi muito significativa da meta fiscal. A questão daqui para a frente é em relação à meta terminal. A turma do 0,25 deve ter uma taxa talvez maior do que a turma do meio ponto. Ainda não devemos ver essa divergência da próxima reunião, mas isso pode acontecer no segundo semestre. Provavelmente na reunião de setembro, às vésperas da escolha para o próximo presidente do Banco Central”, disse Vale.

A forma de o Banco Central se comunicar foi a principal causa para o racha da reunião do Copom do início de maio, quando a Selic caiu de 10,75% para 10,5%. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por um corte de meio ponto porcentual na Selic, enquanto os cinco diretores herdados do governo Bolsonaro optaram pela redução do ritmo, para 0,25 ponto. Em relação ao cenário para a inflação, contudo, todos os nove diretores entenderam que o quadro ficou mais difícil, o que requer uma política monetária mais contracionista daqui para frente.

A explicação para o racha se encontra no parágrafo 18 da Ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira, 14. Para os quatro diretores indicados por Lula (Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira), haveria um “custo reputacional” para o Banco Central em abandonar o chamado “forward guidance”, ou “orientação futura”, o que levaria a uma perda para as comunicações formais do Banco.

“Como em debates ocorridos em outras reuniões, tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”, diz a Ata.

Com isso, eles indicam discordar da postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que abandonou o guidance em um evento do mercado financeiro em Nova York. Campos Neto teria uma reunião fechada com investidores, mas pediu para que ela fosse aberta. Ao fazer um discurso mais duro, o mercado entendeu que o corte de 0,5 ponto havia sido abandonado e passou a apostar no corte de 0,25, o que de fato aconteceu.

Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central Foto: Raphael Ribeiro/BC

Para Campos Neto e os outros quatro diretores que votaram pela queda da Selic em 0,25 ponto (Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes), muito mais importante do que não seguir o guidance é o risco de perda de credibilidade no combate à inflação.

“Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”, diz o parágrafo 17 da Ata.

Preocupação com a inflação

Em relação ao cenário de inflação, todos os nove membros do Banco Central concordam que o cenário para a inflação ficou pior. Nesse ponto, há convergência de visão no Copom. Por isso, eles avaliam que é preciso uma política monetária “mais contracionista, mais cautelosa, e sem indicações sobre os próximos passos”.

“Todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas”, diz o documento.

Além disso, concluem que é preciso “ancorar” as expectativas, ou seja, levar as projeções de mercado para a meta de 3% nos próximos anos.

“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz a Ata.

Para os quatro diretores indicados por Lula, mais importante do que o ritmo de cortes é a taxa “terminal da Selic”. Esse grupo entende que os votos de meio ponto na semana passada não significam leniência com a piora dos indicadores.

“Ressaltaram que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação. Robustecendo a análise, notaram que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal e que a redução de 0,50 ponto percentual ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista”, diz o parágrafo 19.

Visão do mercado

Para o economista Luis Otávio Leal, do G5 Parners, a Ata mostra que a divergência aconteceu mais pela forma do que pelo conteúdo. Com isso, aumenta a chance de a Selic cair menos do que o mercado projetava anteriormente.

“Acho que a mensagem foi dada, de que a divergência foi mais na forma do que no conteúdo, ou seja, foi mais uma discussão sobre a credibilidade do foward guidance do que se a política monetária deve ser mais frouxa ou mais apertada. Nesse ponto não há dúvida, a chance de o BC parar antes do esperado não é desprezível”, afirmou.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, entende que a mudança para 0,25 ponto fazia mais sentido, do que manter o forward guidance. A dúvida, daqui para frente, diz, é se haverá convergência entre os dois grupos em relação à taxa terminal da Selic.

“Mudou o cenário, mudou o guidance, foi mais coerente reduzir para 0,25 ponto. A mudança foi muito significativa da meta fiscal. A questão daqui para a frente é em relação à meta terminal. A turma do 0,25 deve ter uma taxa talvez maior do que a turma do meio ponto. Ainda não devemos ver essa divergência da próxima reunião, mas isso pode acontecer no segundo semestre. Provavelmente na reunião de setembro, às vésperas da escolha para o próximo presidente do Banco Central”, disse Vale.

A forma de o Banco Central se comunicar foi a principal causa para o racha da reunião do Copom do início de maio, quando a Selic caiu de 10,75% para 10,5%. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por um corte de meio ponto porcentual na Selic, enquanto os cinco diretores herdados do governo Bolsonaro optaram pela redução do ritmo, para 0,25 ponto. Em relação ao cenário para a inflação, contudo, todos os nove diretores entenderam que o quadro ficou mais difícil, o que requer uma política monetária mais contracionista daqui para frente.

A explicação para o racha se encontra no parágrafo 18 da Ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira, 14. Para os quatro diretores indicados por Lula (Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira), haveria um “custo reputacional” para o Banco Central em abandonar o chamado “forward guidance”, ou “orientação futura”, o que levaria a uma perda para as comunicações formais do Banco.

“Como em debates ocorridos em outras reuniões, tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”, diz a Ata.

Com isso, eles indicam discordar da postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que abandonou o guidance em um evento do mercado financeiro em Nova York. Campos Neto teria uma reunião fechada com investidores, mas pediu para que ela fosse aberta. Ao fazer um discurso mais duro, o mercado entendeu que o corte de 0,5 ponto havia sido abandonado e passou a apostar no corte de 0,25, o que de fato aconteceu.

Os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central Foto: Raphael Ribeiro/BC

Para Campos Neto e os outros quatro diretores que votaram pela queda da Selic em 0,25 ponto (Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes), muito mais importante do que não seguir o guidance é o risco de perda de credibilidade no combate à inflação.

“Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”, diz o parágrafo 17 da Ata.

Preocupação com a inflação

Em relação ao cenário de inflação, todos os nove membros do Banco Central concordam que o cenário para a inflação ficou pior. Nesse ponto, há convergência de visão no Copom. Por isso, eles avaliam que é preciso uma política monetária “mais contracionista, mais cautelosa, e sem indicações sobre os próximos passos”.

“Todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas”, diz o documento.

Além disso, concluem que é preciso “ancorar” as expectativas, ou seja, levar as projeções de mercado para a meta de 3% nos próximos anos.

“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz a Ata.

Para os quatro diretores indicados por Lula, mais importante do que o ritmo de cortes é a taxa “terminal da Selic”. Esse grupo entende que os votos de meio ponto na semana passada não significam leniência com a piora dos indicadores.

“Ressaltaram que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação. Robustecendo a análise, notaram que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal e que a redução de 0,50 ponto percentual ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista”, diz o parágrafo 19.

Visão do mercado

Para o economista Luis Otávio Leal, do G5 Parners, a Ata mostra que a divergência aconteceu mais pela forma do que pelo conteúdo. Com isso, aumenta a chance de a Selic cair menos do que o mercado projetava anteriormente.

“Acho que a mensagem foi dada, de que a divergência foi mais na forma do que no conteúdo, ou seja, foi mais uma discussão sobre a credibilidade do foward guidance do que se a política monetária deve ser mais frouxa ou mais apertada. Nesse ponto não há dúvida, a chance de o BC parar antes do esperado não é desprezível”, afirmou.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, entende que a mudança para 0,25 ponto fazia mais sentido, do que manter o forward guidance. A dúvida, daqui para frente, diz, é se haverá convergência entre os dois grupos em relação à taxa terminal da Selic.

“Mudou o cenário, mudou o guidance, foi mais coerente reduzir para 0,25 ponto. A mudança foi muito significativa da meta fiscal. A questão daqui para a frente é em relação à meta terminal. A turma do 0,25 deve ter uma taxa talvez maior do que a turma do meio ponto. Ainda não devemos ver essa divergência da próxima reunião, mas isso pode acontecer no segundo semestre. Provavelmente na reunião de setembro, às vésperas da escolha para o próximo presidente do Banco Central”, disse Vale.

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