Dois termômetros da atividade industrial da China mostraram nesta segunda-feira aceleração do crescimento e aumento das pressões inflacionárias, indicando que os formuladores da política econômica podem ter espaço para medidas adicionais de aperto. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial subiu para 54,7 em outubro, de 53,8 em setembro, de acordo com a Federação de Logística e Compra da China (CFLP, na sigla em inglês). Já o PMI medido pelo banco HSBC avançou para 54,8, de 52,9, uma das maiores altas desde que o banco iniciou a divulgação do dado, em 2004, segundo informou a instituição. Uma leitura acima de 50 indica expansão da atividade industrial; abaixo desse nível o indicador sinaliza contração.
"Acho que a economia em geral está claramente se tornando superaquecida", disse o economista Yu Song, do Goldman Sachs. O recente aumento da taxa de juros pelo Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês, banco central) "é um sinal útil para o mercado, mas não é suficiente", acrescentou. O economista Lu Ting, do Bank of America-Merrill Lynch, disse que as fortes leituras do PMI podem dar mais espaço para que os formuladores da política econômica deixem o yuan se valorizar e também aumentam a possibilidade de novas elevações na taxa de juros até o fim deste ano.
Ambos os indicadores mostraram intensificação das pressões inflacionárias. O subíndice de preços dos insumos do PMI oficial subiu de 65,3 em setembro para 69,9 em outubro. O HSBC não apresenta o detalhamento de seus subíndices, mas o banco disse que os índices de preços dos insumos e da produção subiram para seus níveis mais altos desde julho de 2008. "A alta acentuada no subíndice de preços dos insumos indica que as pressões de custo das companhias estão aumentando", disse o analista da CFLP Zhang Liqun, num comunicado. "Devemos monitorar de perto o desenvolvimento futuro da economia. Não é apropriado ser excessivamente otimista."
O PBOC elevou as taxas básicas de empréstimos e de depósitos no mês passado, alegando a necessidade de conter as expectativas inflacionárias. Em setembro, o índice de preços ao consumidor teve alta de 3,6% sobre o mesmo mês do ano anterior, ultrapassando a meta do governo para 2010, que é de 3%. Os economistas dizem esperar que a inflação se desacelere à medida que diminua o impacto climático do verão sobre os preços dos alimentos, mas os preços altos dos gêneros alimentícios já duram mais do que muitos esperavam.
Ambos os índices mostraram também sinais de que a demanda doméstica está se fortalecendo, com a atividade total se acelerando, ainda que as encomendas de exportação tenham diminuído. No PMI da CFLP, as novas encomendas de exportação caíram ligeiramente, de 52,8 em setembro para 52,6 em outubro. Mas os índices de produção, novos pedidos e quantidade de compras subiram. Já o HSBC informou que a taxa de expansão das exportações "foi muito modesta, e muito mais lenta que a taxa global de crescimento dos novos negócios". As informações são da Dow Jones.