A criação de uma união bancária para ajudar a resolver a crise da dívida da zona do euro pode levar a uma divisão na União Europeia (UE), alertaram autoridades europeias no Parlamento Europeu durante debate que expôs a amplitude das tensões dentro do bloco. Bruxelas propôs, no começo deste mês, que o Banco Central Europeu (BCE) assuma a supervisão de todos os bancos do bloco monetário, como o primeiro passo em direção à criação de uma união bancária sob a qual todos os países da zona do euro irão, eventualmente, apoiar seus credores. No entanto, o plano provocou preocupações entre os dez países da UE que não usam o euro de que eles serão indiretamente afetados pelos novos poderes de supervisão do BCE e que ficarão numa desvantagem competitiva se eles unirem-se ao esquema ou não. Legalmente, o Parlamento Europeu não terá voz em definir boa parte da legislação para a união bancária. Mas terá poderes para alterar outras importantes regulações financeiras e poderá exercer influência para mudar ou até mesmo atrasar o novo regime. "Qual é o ponto de ter um mecanismo único de supervisão (para a zona do euro) quando você não tem o Reino Unido com seus 60 por cento de mercado financeiro envolvido?", afirmou o legislador alemão Werner Langen em debate nesta quarta-feira. "Em vez de um mecanismo único de supervisão, nós temos uma divisão da Europa, uma divisão muito explosiva." A visão de Langen foi ecoada pelo debate do influente comitê de assuntos econômicos e monetários do Parlamento, onde membros de vários países da Europa expressaram visões conflitantes sobre a forma de uma união bancária. "O que nós não queremos fazer aqui é dividir a UE no meio", afirmou o membro alemão do Parlamento Wolf Klinz. "O que nós não queremos ver é os britânicos se colocando num limite de convocar um referendo e dizendo ... isso é o bastante para nós."