Banco Central aperta o passo, sobe Selic a 12,25% ao ano e prevê duas novas altas de 1 ponto


Na última reunião com Campos Neto na presidência, Copom antecipa ajustes na mesma magnitude nas duas próximas reuniões – o que levaria a Selic a patamar superior à máxima observada no governo Bolsonaro

Por Cícero Cotrim e Fernanda Trisotto
Atualização:

BRASÍLIA – Na última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pisou no acelerador nesta quarta-feira, 11, e aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual, de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão foi unânime.

O resultado, o último com Roberto Campos Neto na presidência do BC, veio acima das expectativas do mercado. As medianas do relatório Focus e da mais recente pesquisa Projeções Broadcast indicavam alta de 0,75 ponto porcentual.

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O colegiado já sinalizou novos aumentos de 1 ponto nas duas próximas reuniões – o que levaria a Selic a um patamar superior à máxima observada no governo Jair Bolsonaro, quando a taxa bateu 13,75% ao ano.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, diz o comunicado.

BC aumenta o ritmo da alta da Selic na última reunião do ano Foto: Dida Sampaio/Estadão
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O Copom afirmou que a evolução do cenário econômico demanda uma política monetária “ainda mais contracionista.” O colegiado destacou a desancoragem adicional das expectativas de inflação, alta das suas projeções e atividade mais forte.

Impacto do pacote fiscal

O Copom afirma que tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal têm impactado a política monetária e os ativos financeiros.

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“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, diz o comunicado.

Desde a última reunião, quando a taxa Selic subiu de 10,75% para 11,25% ao ano, todas as variáveis usadas pelo BC para conduzir os juros pioraram.

A disparada do dólar para o patamar de R$ 6 após a frustração do mercado com o pacote de corte de gastos do governo Lula é o principal retrato da deterioração do cenário. A desancoragem das expectativas se aprofundou. A projeção do mercado para a inflação no segundo trimestre de 2026, o horizonte que é levado em conta na política monetária, saltou de 3,86% para 4,16%, ante os 3,60% esperados pelo BC.

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O Copom afirmou que o cenário prospectivo de inflação se tornou “menos incerto e mais adverso”, devido à materialização de riscos.

Os riscos se mantiveram iguais aos citados na última reunião, de novembro. Como vetores de alta, o comitê mencionou: desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, maior resiliência da inflação de serviços e uma “conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário”, por exemplo, por meio de um câmbio “persistentemente” mais depreciado.

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Os riscos para baixo citados foram uma eventual desaceleração global mais acentuada do que o previsto e impactos mais fortes do aperto monetário mundial sobre a inflação.

Despedida de Campos Neto

Esta reunião foi a última de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central. Indicado por Jair Bolsonaro, o atual presidente da autoridade monetária foi alvo de críticas de integrantes do governo pelo patamar da Selic. Escolhido pelo presidente Lula para comandar o BC, Gabriel Galípolo assume a presidência do banco em janeiro de 2025 e terá mandato até o final de 2028.

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Como mostrou o Estadão, Galípolo corre o risco de ter de elevar a Selic para um patamar superior ao que foi praticado no auge do mandato de Campos Neto, no qual a Selic chegou a 13,75%. Com a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, a leitura dos economistas é de que o cenário ficou bem mais delicado desde o encontro do Copom de novembro. Agora, na avaliação deles, o País terá de passar por um processo ainda mais duro e longo de alta da taxa básica de juros.

Cenário externo

A avaliação do Copom é de que o cenário externo segue desafiador e exigindo cautela por parte dos países emergentes, com destaque para a incerteza em relação aos próximos passos do Fed, o banco central dos Estados Unidos.

“O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”, diz o texto.

Na avaliação da autoridade monetária, os bancos centrais das principais economias continuam determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, considerando o ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, alerta o comunicado.

O Banco Central aumentou a sua projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária, de 3,6% para 4,0%. A estimativa indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus - com alta da Selic a 13,75% no fim do ciclo - não seria suficiente para fazer o IPCA convergir ao centro da meta, de 3%.

Juros reais

A elevação de 1 ponto na taxa Selic fez o Brasil subir à segunda colocação no ranking de maiores juros reais elaborado pelo site MoneYou, com 9,48%. O País fica atrás apenas da Turquia (13,33%) e à frente de Rússia (8,91%), Colômbia (6,46%) e México (5,75%).

O juro real médio das 40 economias pesquisadas é de 1,63%. O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a economia – é de 4,75%.

Projeções de inflação

O Banco Central aumentou a sua projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária, de 3,6% para 4,0%. A estimativa indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus – com alta da Selic a 13,75% no fim do ciclo – não seria suficiente para fazer o IPCA convergir ao centro da meta, de 3%.

“O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude, elevando a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”

As variáveis observadas pelo Copom se deterioraram entre novembro e a decisão de hoje. A taxa de câmbio usada nas projeções do comitê aumentou de R$ 5,75 para R$ 5,95. As expectativas de inflação do mercado subiram para 2024 (4,59% para 4,84%) e 2025 (4,03% para 4,59%) e 2026 (3,61% para 4,0%).

As projeções de inflação do Copom aumentaram para todo o horizonte de projeções. A estimativa para a inflação de 2024 saltou de 4,6% para 4,9%, acima do teto da meta este ano, de 4,5%. A projeção para 2025 subiu de 3,9% para 4,5%, afastando-se do centro do alvo, de 3%.

Todas as estimativas levam em conta a evolução da taxa de câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC) e o preço do petróleo seguindo a curva futura por aproximadamente seis meses, passando a aumentar 2% ao ano posteriormente. Também consideram a trajetória de Selic embutida no Focus, que pressupõe alta dos juros a 13,75% no fim do ciclo de aperto, em meados de 2025.

Também nesse cenário de referência, o Copom ajustou as suas projeções para a inflação de preços livres em 2024 (4,5% para 5,0%), 2025 (3,8% para 4,5%) e o segundo trimestre de 2026 (3,4% para 3,8%). A projeção para os preços administrados passou de 4,9% para 4,6% este ano, 4,2% para 4,5% no próximo e 4,3% para 4,6% no horizonte relevante.

BRASÍLIA – Na última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pisou no acelerador nesta quarta-feira, 11, e aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual, de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão foi unânime.

O resultado, o último com Roberto Campos Neto na presidência do BC, veio acima das expectativas do mercado. As medianas do relatório Focus e da mais recente pesquisa Projeções Broadcast indicavam alta de 0,75 ponto porcentual.

O colegiado já sinalizou novos aumentos de 1 ponto nas duas próximas reuniões – o que levaria a Selic a um patamar superior à máxima observada no governo Jair Bolsonaro, quando a taxa bateu 13,75% ao ano.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, diz o comunicado.

BC aumenta o ritmo da alta da Selic na última reunião do ano Foto: Dida Sampaio/Estadão

O Copom afirmou que a evolução do cenário econômico demanda uma política monetária “ainda mais contracionista.” O colegiado destacou a desancoragem adicional das expectativas de inflação, alta das suas projeções e atividade mais forte.

Impacto do pacote fiscal

O Copom afirma que tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal têm impactado a política monetária e os ativos financeiros.

“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, diz o comunicado.

Desde a última reunião, quando a taxa Selic subiu de 10,75% para 11,25% ao ano, todas as variáveis usadas pelo BC para conduzir os juros pioraram.

A disparada do dólar para o patamar de R$ 6 após a frustração do mercado com o pacote de corte de gastos do governo Lula é o principal retrato da deterioração do cenário. A desancoragem das expectativas se aprofundou. A projeção do mercado para a inflação no segundo trimestre de 2026, o horizonte que é levado em conta na política monetária, saltou de 3,86% para 4,16%, ante os 3,60% esperados pelo BC.

O Copom afirmou que o cenário prospectivo de inflação se tornou “menos incerto e mais adverso”, devido à materialização de riscos.

Os riscos se mantiveram iguais aos citados na última reunião, de novembro. Como vetores de alta, o comitê mencionou: desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, maior resiliência da inflação de serviços e uma “conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário”, por exemplo, por meio de um câmbio “persistentemente” mais depreciado.

Os riscos para baixo citados foram uma eventual desaceleração global mais acentuada do que o previsto e impactos mais fortes do aperto monetário mundial sobre a inflação.

Despedida de Campos Neto

Esta reunião foi a última de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central. Indicado por Jair Bolsonaro, o atual presidente da autoridade monetária foi alvo de críticas de integrantes do governo pelo patamar da Selic. Escolhido pelo presidente Lula para comandar o BC, Gabriel Galípolo assume a presidência do banco em janeiro de 2025 e terá mandato até o final de 2028.

Como mostrou o Estadão, Galípolo corre o risco de ter de elevar a Selic para um patamar superior ao que foi praticado no auge do mandato de Campos Neto, no qual a Selic chegou a 13,75%. Com a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, a leitura dos economistas é de que o cenário ficou bem mais delicado desde o encontro do Copom de novembro. Agora, na avaliação deles, o País terá de passar por um processo ainda mais duro e longo de alta da taxa básica de juros.

Cenário externo

A avaliação do Copom é de que o cenário externo segue desafiador e exigindo cautela por parte dos países emergentes, com destaque para a incerteza em relação aos próximos passos do Fed, o banco central dos Estados Unidos.

“O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”, diz o texto.

Na avaliação da autoridade monetária, os bancos centrais das principais economias continuam determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, considerando o ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, alerta o comunicado.

O Banco Central aumentou a sua projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária, de 3,6% para 4,0%. A estimativa indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus - com alta da Selic a 13,75% no fim do ciclo - não seria suficiente para fazer o IPCA convergir ao centro da meta, de 3%.

Juros reais

A elevação de 1 ponto na taxa Selic fez o Brasil subir à segunda colocação no ranking de maiores juros reais elaborado pelo site MoneYou, com 9,48%. O País fica atrás apenas da Turquia (13,33%) e à frente de Rússia (8,91%), Colômbia (6,46%) e México (5,75%).

O juro real médio das 40 economias pesquisadas é de 1,63%. O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a economia – é de 4,75%.

Projeções de inflação

O Banco Central aumentou a sua projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária, de 3,6% para 4,0%. A estimativa indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus – com alta da Selic a 13,75% no fim do ciclo – não seria suficiente para fazer o IPCA convergir ao centro da meta, de 3%.

“O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude, elevando a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”

As variáveis observadas pelo Copom se deterioraram entre novembro e a decisão de hoje. A taxa de câmbio usada nas projeções do comitê aumentou de R$ 5,75 para R$ 5,95. As expectativas de inflação do mercado subiram para 2024 (4,59% para 4,84%) e 2025 (4,03% para 4,59%) e 2026 (3,61% para 4,0%).

As projeções de inflação do Copom aumentaram para todo o horizonte de projeções. A estimativa para a inflação de 2024 saltou de 4,6% para 4,9%, acima do teto da meta este ano, de 4,5%. A projeção para 2025 subiu de 3,9% para 4,5%, afastando-se do centro do alvo, de 3%.

Todas as estimativas levam em conta a evolução da taxa de câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC) e o preço do petróleo seguindo a curva futura por aproximadamente seis meses, passando a aumentar 2% ao ano posteriormente. Também consideram a trajetória de Selic embutida no Focus, que pressupõe alta dos juros a 13,75% no fim do ciclo de aperto, em meados de 2025.

Também nesse cenário de referência, o Copom ajustou as suas projeções para a inflação de preços livres em 2024 (4,5% para 5,0%), 2025 (3,8% para 4,5%) e o segundo trimestre de 2026 (3,4% para 3,8%). A projeção para os preços administrados passou de 4,9% para 4,6% este ano, 4,2% para 4,5% no próximo e 4,3% para 4,6% no horizonte relevante.

BRASÍLIA – Na última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pisou no acelerador nesta quarta-feira, 11, e aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual, de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão foi unânime.

O resultado, o último com Roberto Campos Neto na presidência do BC, veio acima das expectativas do mercado. As medianas do relatório Focus e da mais recente pesquisa Projeções Broadcast indicavam alta de 0,75 ponto porcentual.

O colegiado já sinalizou novos aumentos de 1 ponto nas duas próximas reuniões – o que levaria a Selic a um patamar superior à máxima observada no governo Jair Bolsonaro, quando a taxa bateu 13,75% ao ano.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, diz o comunicado.

BC aumenta o ritmo da alta da Selic na última reunião do ano Foto: Dida Sampaio/Estadão

O Copom afirmou que a evolução do cenário econômico demanda uma política monetária “ainda mais contracionista.” O colegiado destacou a desancoragem adicional das expectativas de inflação, alta das suas projeções e atividade mais forte.

Impacto do pacote fiscal

O Copom afirma que tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal têm impactado a política monetária e os ativos financeiros.

“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, diz o comunicado.

Desde a última reunião, quando a taxa Selic subiu de 10,75% para 11,25% ao ano, todas as variáveis usadas pelo BC para conduzir os juros pioraram.

A disparada do dólar para o patamar de R$ 6 após a frustração do mercado com o pacote de corte de gastos do governo Lula é o principal retrato da deterioração do cenário. A desancoragem das expectativas se aprofundou. A projeção do mercado para a inflação no segundo trimestre de 2026, o horizonte que é levado em conta na política monetária, saltou de 3,86% para 4,16%, ante os 3,60% esperados pelo BC.

O Copom afirmou que o cenário prospectivo de inflação se tornou “menos incerto e mais adverso”, devido à materialização de riscos.

Os riscos se mantiveram iguais aos citados na última reunião, de novembro. Como vetores de alta, o comitê mencionou: desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, maior resiliência da inflação de serviços e uma “conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário”, por exemplo, por meio de um câmbio “persistentemente” mais depreciado.

Os riscos para baixo citados foram uma eventual desaceleração global mais acentuada do que o previsto e impactos mais fortes do aperto monetário mundial sobre a inflação.

Despedida de Campos Neto

Esta reunião foi a última de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central. Indicado por Jair Bolsonaro, o atual presidente da autoridade monetária foi alvo de críticas de integrantes do governo pelo patamar da Selic. Escolhido pelo presidente Lula para comandar o BC, Gabriel Galípolo assume a presidência do banco em janeiro de 2025 e terá mandato até o final de 2028.

Como mostrou o Estadão, Galípolo corre o risco de ter de elevar a Selic para um patamar superior ao que foi praticado no auge do mandato de Campos Neto, no qual a Selic chegou a 13,75%. Com a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, a leitura dos economistas é de que o cenário ficou bem mais delicado desde o encontro do Copom de novembro. Agora, na avaliação deles, o País terá de passar por um processo ainda mais duro e longo de alta da taxa básica de juros.

Cenário externo

A avaliação do Copom é de que o cenário externo segue desafiador e exigindo cautela por parte dos países emergentes, com destaque para a incerteza em relação aos próximos passos do Fed, o banco central dos Estados Unidos.

“O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”, diz o texto.

Na avaliação da autoridade monetária, os bancos centrais das principais economias continuam determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, considerando o ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, alerta o comunicado.

O Banco Central aumentou a sua projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária, de 3,6% para 4,0%. A estimativa indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus - com alta da Selic a 13,75% no fim do ciclo - não seria suficiente para fazer o IPCA convergir ao centro da meta, de 3%.

Juros reais

A elevação de 1 ponto na taxa Selic fez o Brasil subir à segunda colocação no ranking de maiores juros reais elaborado pelo site MoneYou, com 9,48%. O País fica atrás apenas da Turquia (13,33%) e à frente de Rússia (8,91%), Colômbia (6,46%) e México (5,75%).

O juro real médio das 40 economias pesquisadas é de 1,63%. O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a economia – é de 4,75%.

Projeções de inflação

O Banco Central aumentou a sua projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres no segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária, de 3,6% para 4,0%. A estimativa indica que a trajetória de juros embutida no relatório Focus – com alta da Selic a 13,75% no fim do ciclo – não seria suficiente para fazer o IPCA convergir ao centro da meta, de 3%.

“O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude, elevando a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”

As variáveis observadas pelo Copom se deterioraram entre novembro e a decisão de hoje. A taxa de câmbio usada nas projeções do comitê aumentou de R$ 5,75 para R$ 5,95. As expectativas de inflação do mercado subiram para 2024 (4,59% para 4,84%) e 2025 (4,03% para 4,59%) e 2026 (3,61% para 4,0%).

As projeções de inflação do Copom aumentaram para todo o horizonte de projeções. A estimativa para a inflação de 2024 saltou de 4,6% para 4,9%, acima do teto da meta este ano, de 4,5%. A projeção para 2025 subiu de 3,9% para 4,5%, afastando-se do centro do alvo, de 3%.

Todas as estimativas levam em conta a evolução da taxa de câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC) e o preço do petróleo seguindo a curva futura por aproximadamente seis meses, passando a aumentar 2% ao ano posteriormente. Também consideram a trajetória de Selic embutida no Focus, que pressupõe alta dos juros a 13,75% no fim do ciclo de aperto, em meados de 2025.

Também nesse cenário de referência, o Copom ajustou as suas projeções para a inflação de preços livres em 2024 (4,5% para 5,0%), 2025 (3,8% para 4,5%) e o segundo trimestre de 2026 (3,4% para 3,8%). A projeção para os preços administrados passou de 4,9% para 4,6% este ano, 4,2% para 4,5% no próximo e 4,3% para 4,6% no horizonte relevante.

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