BC já vê impacto da alta dos juros na concessão de crédito


Dados do Banco Central já mostram redução no ritmo de concessão de financiamentos e um aumento moderado da inadimplência

Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

BRASÍLIA - Em uma indicação de que a estratégia de manutenção da taxa Selic por um tempo prolongado estaria no caminho correto para levar a inflação para o “redor da meta”, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou, na ata da sua reunião de outubro divulgada nesta terça-feira, 1.º, os impactos “já perceptíveis” do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica. O Comitê ainda considerou que o ritmo de crescimento da economia perdeu força e deve continuar nessa direção nos próximos meses, com menor efeito do estímulo fiscal já concedido e maior impacto do ciclo “intenso e tempestivo” da Selic.

No encontro de setembro, ao manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o Copom decretou o fim do mais longo ciclo de alta de juros da sua história e o mais forte desde 1999, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais. Na semana passada, o comitê optou pela estabilidade da taxa pela segunda vez consecutiva e voltou a dizer que se manterá “vigilante” para avaliar se a estratégia de manutenção do juro básico por um período “suficientemente prolongado” será capaz de garantir a convergência da inflação. No mercado, a expectativa é de que o primeiro corte da taxa ocorra em junho de 2023.

“O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica”, disse o Copom na ata. Segundo o BC, se observa um impacto na composição das concessões de crédito para as famílias e no aumento moderado da inadimplência, “em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração”.

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Os dados do próprio Banco Central mostram que o ritmo de concessões de novos empréstimos caiu bastante no crédito livre. O crescimento de novas operações ainda é de 25,2% nos últimos 12 meses até setembro, mas avançou apenas 0,9% no terceiro trimestre deste ano - período no qual a Selic atingiu seu patamar atual. Nas divulgações mensais, o órgão tem ainda destacado o crescimento de linhas emergenciais, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, modalidades com taxas de juros de três dígitos.

Sede do Banco Central; Copom destacou, na ata da sua reunião de outubro, impactos 'já perceptíveis' do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica.  Foto: André Dusek/Estadão

Os impactos na inadimplência são ainda mais perceptíveis. Em fevereiro do ano passado, antes do início do ciclo de alta nos juros, a inadimplência total no crédito livre estava em 2,9%, saltando para 4,0% em setembro de 2022, no maior nível desde maio de 2020. Nessa comparação, a inadimplência das famílias aumentou ainda mais, de 4,1% para 5,7%. Esse é o maior índice de atrasos superiores a 90 dias desde agosto de 2017.

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Mesmo com a moderação nas concessões, o Banco Central segue apostando em novo crescimento significativo do estoque do crédito livre em 2023, com alta total de 9,6% e avanços de 10,0% e 9,0% para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. As projeções foram divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Nível de atividade

Em relação à atividade econômica no geral, o BC citou uma nova redução na estimativa de hiato do produto frente à sua última atualização, mas ponderou que prevê aumento da ociosidade ao longo dos próximos anos, em função do forte aumento de juros já empreendido. “O impacto da política monetária e suas defasagens aponta para uma redução do ritmo da atividade econômica, que tende a se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC, na ata.

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A autoridade monetária ainda admitiu que a reabertura econômica do setor de serviços e que os estímulos fiscais ainda impulsionam o consumo. Mas espera que esses incentivos percam força, embora destaque a incerteza sobre o aumento de gastos permanentes a partir do próximo ano. Eleito presidente no último domingo, 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu na campanha a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, além de um adicional por criança, e o retorno da valorização real do salário mínimo - medidas que incentivam o consumo.

Como o BC voltou a indicar na ata, é preciso ver a evolução da inflação de serviços, mais sensível ao ciclo econômico e à política monetária, para avaliar se o freio na atividade está fazendo efeito e quando o Copom deve iniciar o ciclo de corte de juros. Por ora, o BC avalia que as projeções de inflação seguem “compatíveis com a estratégia de atingir o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, apesar da alta recente para 2023 e 2024. Para o ano que vem, a projeção é de 4,8%, marginalmente acima do teto da meta de 4,75%, e, para 2024, de 2,9%, aquém do alvo central de 3,0%.

BRASÍLIA - Em uma indicação de que a estratégia de manutenção da taxa Selic por um tempo prolongado estaria no caminho correto para levar a inflação para o “redor da meta”, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou, na ata da sua reunião de outubro divulgada nesta terça-feira, 1.º, os impactos “já perceptíveis” do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica. O Comitê ainda considerou que o ritmo de crescimento da economia perdeu força e deve continuar nessa direção nos próximos meses, com menor efeito do estímulo fiscal já concedido e maior impacto do ciclo “intenso e tempestivo” da Selic.

No encontro de setembro, ao manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o Copom decretou o fim do mais longo ciclo de alta de juros da sua história e o mais forte desde 1999, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais. Na semana passada, o comitê optou pela estabilidade da taxa pela segunda vez consecutiva e voltou a dizer que se manterá “vigilante” para avaliar se a estratégia de manutenção do juro básico por um período “suficientemente prolongado” será capaz de garantir a convergência da inflação. No mercado, a expectativa é de que o primeiro corte da taxa ocorra em junho de 2023.

“O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica”, disse o Copom na ata. Segundo o BC, se observa um impacto na composição das concessões de crédito para as famílias e no aumento moderado da inadimplência, “em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração”.

Os dados do próprio Banco Central mostram que o ritmo de concessões de novos empréstimos caiu bastante no crédito livre. O crescimento de novas operações ainda é de 25,2% nos últimos 12 meses até setembro, mas avançou apenas 0,9% no terceiro trimestre deste ano - período no qual a Selic atingiu seu patamar atual. Nas divulgações mensais, o órgão tem ainda destacado o crescimento de linhas emergenciais, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, modalidades com taxas de juros de três dígitos.

Sede do Banco Central; Copom destacou, na ata da sua reunião de outubro, impactos 'já perceptíveis' do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica.  Foto: André Dusek/Estadão

Os impactos na inadimplência são ainda mais perceptíveis. Em fevereiro do ano passado, antes do início do ciclo de alta nos juros, a inadimplência total no crédito livre estava em 2,9%, saltando para 4,0% em setembro de 2022, no maior nível desde maio de 2020. Nessa comparação, a inadimplência das famílias aumentou ainda mais, de 4,1% para 5,7%. Esse é o maior índice de atrasos superiores a 90 dias desde agosto de 2017.

Mesmo com a moderação nas concessões, o Banco Central segue apostando em novo crescimento significativo do estoque do crédito livre em 2023, com alta total de 9,6% e avanços de 10,0% e 9,0% para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. As projeções foram divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Nível de atividade

Em relação à atividade econômica no geral, o BC citou uma nova redução na estimativa de hiato do produto frente à sua última atualização, mas ponderou que prevê aumento da ociosidade ao longo dos próximos anos, em função do forte aumento de juros já empreendido. “O impacto da política monetária e suas defasagens aponta para uma redução do ritmo da atividade econômica, que tende a se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC, na ata.

A autoridade monetária ainda admitiu que a reabertura econômica do setor de serviços e que os estímulos fiscais ainda impulsionam o consumo. Mas espera que esses incentivos percam força, embora destaque a incerteza sobre o aumento de gastos permanentes a partir do próximo ano. Eleito presidente no último domingo, 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu na campanha a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, além de um adicional por criança, e o retorno da valorização real do salário mínimo - medidas que incentivam o consumo.

Como o BC voltou a indicar na ata, é preciso ver a evolução da inflação de serviços, mais sensível ao ciclo econômico e à política monetária, para avaliar se o freio na atividade está fazendo efeito e quando o Copom deve iniciar o ciclo de corte de juros. Por ora, o BC avalia que as projeções de inflação seguem “compatíveis com a estratégia de atingir o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, apesar da alta recente para 2023 e 2024. Para o ano que vem, a projeção é de 4,8%, marginalmente acima do teto da meta de 4,75%, e, para 2024, de 2,9%, aquém do alvo central de 3,0%.

BRASÍLIA - Em uma indicação de que a estratégia de manutenção da taxa Selic por um tempo prolongado estaria no caminho correto para levar a inflação para o “redor da meta”, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou, na ata da sua reunião de outubro divulgada nesta terça-feira, 1.º, os impactos “já perceptíveis” do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica. O Comitê ainda considerou que o ritmo de crescimento da economia perdeu força e deve continuar nessa direção nos próximos meses, com menor efeito do estímulo fiscal já concedido e maior impacto do ciclo “intenso e tempestivo” da Selic.

No encontro de setembro, ao manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o Copom decretou o fim do mais longo ciclo de alta de juros da sua história e o mais forte desde 1999, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais. Na semana passada, o comitê optou pela estabilidade da taxa pela segunda vez consecutiva e voltou a dizer que se manterá “vigilante” para avaliar se a estratégia de manutenção do juro básico por um período “suficientemente prolongado” será capaz de garantir a convergência da inflação. No mercado, a expectativa é de que o primeiro corte da taxa ocorra em junho de 2023.

“O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica”, disse o Copom na ata. Segundo o BC, se observa um impacto na composição das concessões de crédito para as famílias e no aumento moderado da inadimplência, “em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração”.

Os dados do próprio Banco Central mostram que o ritmo de concessões de novos empréstimos caiu bastante no crédito livre. O crescimento de novas operações ainda é de 25,2% nos últimos 12 meses até setembro, mas avançou apenas 0,9% no terceiro trimestre deste ano - período no qual a Selic atingiu seu patamar atual. Nas divulgações mensais, o órgão tem ainda destacado o crescimento de linhas emergenciais, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, modalidades com taxas de juros de três dígitos.

Sede do Banco Central; Copom destacou, na ata da sua reunião de outubro, impactos 'já perceptíveis' do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica.  Foto: André Dusek/Estadão

Os impactos na inadimplência são ainda mais perceptíveis. Em fevereiro do ano passado, antes do início do ciclo de alta nos juros, a inadimplência total no crédito livre estava em 2,9%, saltando para 4,0% em setembro de 2022, no maior nível desde maio de 2020. Nessa comparação, a inadimplência das famílias aumentou ainda mais, de 4,1% para 5,7%. Esse é o maior índice de atrasos superiores a 90 dias desde agosto de 2017.

Mesmo com a moderação nas concessões, o Banco Central segue apostando em novo crescimento significativo do estoque do crédito livre em 2023, com alta total de 9,6% e avanços de 10,0% e 9,0% para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. As projeções foram divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Nível de atividade

Em relação à atividade econômica no geral, o BC citou uma nova redução na estimativa de hiato do produto frente à sua última atualização, mas ponderou que prevê aumento da ociosidade ao longo dos próximos anos, em função do forte aumento de juros já empreendido. “O impacto da política monetária e suas defasagens aponta para uma redução do ritmo da atividade econômica, que tende a se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC, na ata.

A autoridade monetária ainda admitiu que a reabertura econômica do setor de serviços e que os estímulos fiscais ainda impulsionam o consumo. Mas espera que esses incentivos percam força, embora destaque a incerteza sobre o aumento de gastos permanentes a partir do próximo ano. Eleito presidente no último domingo, 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu na campanha a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, além de um adicional por criança, e o retorno da valorização real do salário mínimo - medidas que incentivam o consumo.

Como o BC voltou a indicar na ata, é preciso ver a evolução da inflação de serviços, mais sensível ao ciclo econômico e à política monetária, para avaliar se o freio na atividade está fazendo efeito e quando o Copom deve iniciar o ciclo de corte de juros. Por ora, o BC avalia que as projeções de inflação seguem “compatíveis com a estratégia de atingir o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, apesar da alta recente para 2023 e 2024. Para o ano que vem, a projeção é de 4,8%, marginalmente acima do teto da meta de 4,75%, e, para 2024, de 2,9%, aquém do alvo central de 3,0%.

BRASÍLIA - Em uma indicação de que a estratégia de manutenção da taxa Selic por um tempo prolongado estaria no caminho correto para levar a inflação para o “redor da meta”, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou, na ata da sua reunião de outubro divulgada nesta terça-feira, 1.º, os impactos “já perceptíveis” do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica. O Comitê ainda considerou que o ritmo de crescimento da economia perdeu força e deve continuar nessa direção nos próximos meses, com menor efeito do estímulo fiscal já concedido e maior impacto do ciclo “intenso e tempestivo” da Selic.

No encontro de setembro, ao manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o Copom decretou o fim do mais longo ciclo de alta de juros da sua história e o mais forte desde 1999, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais. Na semana passada, o comitê optou pela estabilidade da taxa pela segunda vez consecutiva e voltou a dizer que se manterá “vigilante” para avaliar se a estratégia de manutenção do juro básico por um período “suficientemente prolongado” será capaz de garantir a convergência da inflação. No mercado, a expectativa é de que o primeiro corte da taxa ocorra em junho de 2023.

“O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica”, disse o Copom na ata. Segundo o BC, se observa um impacto na composição das concessões de crédito para as famílias e no aumento moderado da inadimplência, “em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração”.

Os dados do próprio Banco Central mostram que o ritmo de concessões de novos empréstimos caiu bastante no crédito livre. O crescimento de novas operações ainda é de 25,2% nos últimos 12 meses até setembro, mas avançou apenas 0,9% no terceiro trimestre deste ano - período no qual a Selic atingiu seu patamar atual. Nas divulgações mensais, o órgão tem ainda destacado o crescimento de linhas emergenciais, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, modalidades com taxas de juros de três dígitos.

Sede do Banco Central; Copom destacou, na ata da sua reunião de outubro, impactos 'já perceptíveis' do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica.  Foto: André Dusek/Estadão

Os impactos na inadimplência são ainda mais perceptíveis. Em fevereiro do ano passado, antes do início do ciclo de alta nos juros, a inadimplência total no crédito livre estava em 2,9%, saltando para 4,0% em setembro de 2022, no maior nível desde maio de 2020. Nessa comparação, a inadimplência das famílias aumentou ainda mais, de 4,1% para 5,7%. Esse é o maior índice de atrasos superiores a 90 dias desde agosto de 2017.

Mesmo com a moderação nas concessões, o Banco Central segue apostando em novo crescimento significativo do estoque do crédito livre em 2023, com alta total de 9,6% e avanços de 10,0% e 9,0% para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. As projeções foram divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Nível de atividade

Em relação à atividade econômica no geral, o BC citou uma nova redução na estimativa de hiato do produto frente à sua última atualização, mas ponderou que prevê aumento da ociosidade ao longo dos próximos anos, em função do forte aumento de juros já empreendido. “O impacto da política monetária e suas defasagens aponta para uma redução do ritmo da atividade econômica, que tende a se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC, na ata.

A autoridade monetária ainda admitiu que a reabertura econômica do setor de serviços e que os estímulos fiscais ainda impulsionam o consumo. Mas espera que esses incentivos percam força, embora destaque a incerteza sobre o aumento de gastos permanentes a partir do próximo ano. Eleito presidente no último domingo, 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu na campanha a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, além de um adicional por criança, e o retorno da valorização real do salário mínimo - medidas que incentivam o consumo.

Como o BC voltou a indicar na ata, é preciso ver a evolução da inflação de serviços, mais sensível ao ciclo econômico e à política monetária, para avaliar se o freio na atividade está fazendo efeito e quando o Copom deve iniciar o ciclo de corte de juros. Por ora, o BC avalia que as projeções de inflação seguem “compatíveis com a estratégia de atingir o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, apesar da alta recente para 2023 e 2024. Para o ano que vem, a projeção é de 4,8%, marginalmente acima do teto da meta de 4,75%, e, para 2024, de 2,9%, aquém do alvo central de 3,0%.

BRASÍLIA - Em uma indicação de que a estratégia de manutenção da taxa Selic por um tempo prolongado estaria no caminho correto para levar a inflação para o “redor da meta”, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou, na ata da sua reunião de outubro divulgada nesta terça-feira, 1.º, os impactos “já perceptíveis” do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica. O Comitê ainda considerou que o ritmo de crescimento da economia perdeu força e deve continuar nessa direção nos próximos meses, com menor efeito do estímulo fiscal já concedido e maior impacto do ciclo “intenso e tempestivo” da Selic.

No encontro de setembro, ao manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o Copom decretou o fim do mais longo ciclo de alta de juros da sua história e o mais forte desde 1999, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais. Na semana passada, o comitê optou pela estabilidade da taxa pela segunda vez consecutiva e voltou a dizer que se manterá “vigilante” para avaliar se a estratégia de manutenção do juro básico por um período “suficientemente prolongado” será capaz de garantir a convergência da inflação. No mercado, a expectativa é de que o primeiro corte da taxa ocorra em junho de 2023.

“O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica”, disse o Copom na ata. Segundo o BC, se observa um impacto na composição das concessões de crédito para as famílias e no aumento moderado da inadimplência, “em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração”.

Os dados do próprio Banco Central mostram que o ritmo de concessões de novos empréstimos caiu bastante no crédito livre. O crescimento de novas operações ainda é de 25,2% nos últimos 12 meses até setembro, mas avançou apenas 0,9% no terceiro trimestre deste ano - período no qual a Selic atingiu seu patamar atual. Nas divulgações mensais, o órgão tem ainda destacado o crescimento de linhas emergenciais, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, modalidades com taxas de juros de três dígitos.

Sede do Banco Central; Copom destacou, na ata da sua reunião de outubro, impactos 'já perceptíveis' do maior ciclo de alta de juros da sua história no crédito e na atividade econômica.  Foto: André Dusek/Estadão

Os impactos na inadimplência são ainda mais perceptíveis. Em fevereiro do ano passado, antes do início do ciclo de alta nos juros, a inadimplência total no crédito livre estava em 2,9%, saltando para 4,0% em setembro de 2022, no maior nível desde maio de 2020. Nessa comparação, a inadimplência das famílias aumentou ainda mais, de 4,1% para 5,7%. Esse é o maior índice de atrasos superiores a 90 dias desde agosto de 2017.

Mesmo com a moderação nas concessões, o Banco Central segue apostando em novo crescimento significativo do estoque do crédito livre em 2023, com alta total de 9,6% e avanços de 10,0% e 9,0% para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. As projeções foram divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Nível de atividade

Em relação à atividade econômica no geral, o BC citou uma nova redução na estimativa de hiato do produto frente à sua última atualização, mas ponderou que prevê aumento da ociosidade ao longo dos próximos anos, em função do forte aumento de juros já empreendido. “O impacto da política monetária e suas defasagens aponta para uma redução do ritmo da atividade econômica, que tende a se acentuar nos próximos trimestres”, disse o BC, na ata.

A autoridade monetária ainda admitiu que a reabertura econômica do setor de serviços e que os estímulos fiscais ainda impulsionam o consumo. Mas espera que esses incentivos percam força, embora destaque a incerteza sobre o aumento de gastos permanentes a partir do próximo ano. Eleito presidente no último domingo, 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu na campanha a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, além de um adicional por criança, e o retorno da valorização real do salário mínimo - medidas que incentivam o consumo.

Como o BC voltou a indicar na ata, é preciso ver a evolução da inflação de serviços, mais sensível ao ciclo econômico e à política monetária, para avaliar se o freio na atividade está fazendo efeito e quando o Copom deve iniciar o ciclo de corte de juros. Por ora, o BC avalia que as projeções de inflação seguem “compatíveis com a estratégia de atingir o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, apesar da alta recente para 2023 e 2024. Para o ano que vem, a projeção é de 4,8%, marginalmente acima do teto da meta de 4,75%, e, para 2024, de 2,9%, aquém do alvo central de 3,0%.

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