O Bradesco informou nesta sexta-feira, 13, que suspendeu a oferta de crédito consignado do INSS via correspondentes bancários. A instituição destacou, no entanto, que a contratação do produto continua disponível nos canais digitais e presenciais (app Bradesco, internet banking, máquinas de autoatendimento e agências Bradesco).
Também o Itaú Unibanco e o Santander Brasil informaram ao Estadão/Broadcast que não estão oferecendo consignado para aposentados e pensionistas do INSS via correspondentes bancários.
O Itaú Unibanco afirmou que “suspendeu temporariamente a oferta do crédito consignado INSS por meio de correspondentes bancários em razão do atual teto de juros das operações e do aumento dos custos de captação de recursos, que, nos patamares atuais, não asseguram a viabilidade econômica das operações por meio desse canal”. O banco afirmou também que “o produto continua disponível para clientes que recebem o benefício no Itaú com a contratação realizada na rede de agências ou diretamente no aplicativo do banco”.
O Itaú informou que adotou a medida em 29 de novembro. Já o Santander não informou quando a oferta foi interrompida.
No caso do Bradesco, a decisão ocorre um dia depois de o Banco do Brasil suspender a oferta de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS via correspondentes bancários. Na ocasião, a Coluna do Broadcast apurou, com pessoas ligadas ao tema, que a suspensão se dá pela inviabilidade da modalidade via correspondentes com o novo nível da taxa Selic.
Na quarta-feira, 11, o Banco Central elevou em 1 ponto porcentual à taxa básica de juro da economia, para 12,25%, e previu novas altas de mesmo nível nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). “A suspensão afeta somente os correspondentes bancários. A linha segue disponível nos demais canais”, afirmou o banco em nota.
O consignado do INSS tem teto de juros de 1,68% ao mês (22,13% ao ano), determinado pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), ligado ao Ministério da Previdência. Desde o começo do ano passado, o teto foi reduzido em oito ocasiões, com o CNPS argumentando que a queda da Selic permitia cobrar juros mais baixos.
A mais recente queda do teto, em maio, ocorreu quando a Selic estava em 10,50% ao ano e em ciclo de queda. Em março do ano passado, quando o CNPS baixou de uma vez de 2,14% para 1,70% os juros, todos os bancos suspenderam a oferta em todos os canais, inclusive o Banco do Brasil e a Caixa.
Na Caixa, também controlada pelo governo, a distribuição de canais não deve mudar. De acordo com pessoas a par do planejamento, a concessão de consignado INSS pelo banco via correspondentes é residual, e a Caixa usa tanto a rede de agências e o online quanto as lotéricas. Com isso, tem despesa de comissionamento menor.
Por que bancos adotaram a medida
A Coluna do Broadcast apurou que uma nova reunião do CNPS deve ser feita na primeira quinzena de janeiro. Operadores do setor afirmam que é insustentável manter o teto no patamar atual, o que deve pressionar pela discussão do tema.
Os bancos argumentam que o cálculo do CNPS não se sustenta. De acordo com as instituições, os custos de captação da linha subiram mesmo com a queda da Selic porque estão atrelados aos juros futuros de 48 meses, que tiveram alta no período com as preocupações sobre as contas públicas brasileiras.
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Essa pressão teria ficado maior com as altas da Selic neste ano. Um executivo do banco público, ouvido reservadamente, afirmou que a sinalização do BC de que elevará os juros em mais 2 pontos porcentuais nas próximas reuniões do Copom pode inviabilizar inclusive a oferta nos canais próprios do BB, em que o custo é mais baixo porque não há pagamento de comissão. /Com Matheus Piovesana