Bancos dos EUA culpam investidores de Wall Street por turbulências e pedem regulação mais forte


Especulações aumentaram volatilidade no mercado e amplificaram as tensões bancárias; associação de banqueiros pede investigação de casos de manipulação e maneiras de coibi-los

Por André Marinho

Na busca pelos culpados da tormenta que se abateu sobre bancos regionais nos Estados Unidos, o setor parece ter encontrado em Wall Street um dos suspeitos para o movimento que acelerou a derrocada de pelos menos três instituições. Desde a eclosão das turbulências, as vendas a descoberto (short selling) se disseminaram entre os papéis dos credores médios, em um movimento que exacerbou a volatilidade no mercado e, para alguns especialistas, amplificou as tensões bancárias.

A prática consiste em uma “aposta” de que o preço do ativo cairá. Para tentar se capitalizar com a queda, o investidor vende uma ação alugada e, se a expectativa se concretizar, lucra com a diferença entre a cotação original e a marcação mais baixa registrada no momento da devolução.

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Só na semana passada, em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão nesse tipo de estratégia contra bancos regionais, segundo levantamento da Ortex, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. First Horizon e Western Alliance, dois dos protagonistas das instabilidades recentes, geraram os maiores lucros, em uma lista que conta também com o PacWest Bancorporation, conforme as estimativas.

Em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão por meio de estratégia contra bancos regionais Foto: Chang W. Lee/The New York Times

A proliferação dessas operações representa um sinal de que a confiança em relação ao futuro de determinada empresa é vulnerável. Assim, a tendência pode abrir um ciclo de deterioração que se retroalimenta e impõe perdas acentuadas, em alguns casos descoladas dos fundamentos da companhia em questão.

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“Isso pode gerar dentro do mercado um efeito dominó”, explica o chefe de gestão de investimentos da Warren, Igor Cavaca. “O investidor do varejo vê um banco cair e começa a vender todos os outros, que às vezes não têm nada a ver com isso”, acrescenta.

Indícios de comportamento abusivo

Para a Associação de Banqueiros Americanos (ABA, na sigla em inglês), foi essa dinâmica que precipitou o ocaso de bancos médios nos últimos meses. Em carta endereçada à Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana), a instituição afirma que muitos de seus membros têm sido alvo de posições vendidas que não refletiriam as condições gerais da indústria, em um comportamento considerado “abusivo”.

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O grupo pede que a SEC investigue possíveis casos de manipulação e avalie maneiras de coibi-los. “Essas medidas incluem, no mínimo, uma mensagem clara e ações de fiscalização apropriadas contra a manipulação de mercado e outras práticas abusivas de venda a descoberto”, argumenta, na nota.

A firma de advocacia Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, especialista em direito societário, vai além e defende a proibição temporária da prática. O argumento é que os bancos seriam alvos de um “ataque coordenado a descoberto”, que colocaria em risco até o desempenho da economia americana. Uma suspensão do exercício por 15 pregões forneceria tempo para que a situação fosse investigada, acrescentou o escritório, conforme a Reuters.

A SEC, no entanto, já garantiu que, atualmente, não estuda adotar restrições e que está focada em apurar eventuais abusos. A Casa Branca disse que monitora as oscilações e evita descartar opções, mas também ainda não vê necessidade em vetar a venda a descoberto. Na quarta-feira, 10, a Reuters mostrou que o Departamento de Justiça (DoJ) investiga a situação.

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Neste contexto, operadores especulam que reguladores podem repetir a intervenção implementada durante a crise financeira de 2008, quando baniram o short selling de ações do setor financeiro, na esteira do colapso do Lehman Brothers. Na Europa, a medida foi instaurada em vários países no contexto da crise do euro, em 2011.

Nos últimos dias, as especulações imprimiram intensa volatilidade aos papéis dos bancos regionais, sobretudo PacWest e Western Alliance. Em redes sociais, vários operadores de varejo relatam intenção de promover um “short squeeze” nessas companhias, isto é, intensificar a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de traders que fizeram venda a descoberto. Foi esse movimento que, no início de 2021, provocou instabilidade na ação da GameStop.

O caso é mais um indício de que os bancos nos EUA podem estar sendo alvo de comportamentos, em algumas circunstâncias, irracionais. O Pacific West Bank, com sede em Oregon, teve que divulgar um comunicado em que esclarece não ser o PacWest, após ter observado fortes quedas nas bolsas, em meio à confusão de investidores em relação ao nome.

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O episódio reflete um cenário de instabilidade geral que, para banqueiros, é alimentado pela disseminação de atividades especulativas. No entanto, antes de identificar uma operação ilegal, os reguladores precisam primeiro encontrar evidências robustas de que o investidor suspeito executou ordens anormais para os próprios padrões, conforme explica o professor de derivativos Alexandre Cabral, da Saint Paul Escola de Negócios.

Um volume de vendas a descoberto muito acima da média, por exemplo, pode ser enquadrado. “Não acho que deveriam proibir (essas operações), mas sim melhorar o sistema de vigilância”, afirma.

Na mesma linha, Igor Cavaca, da Warren, entende que movimentações com derivativos ajudam até a corrigir algumas distorções do mercado. “O principal problema da venda a descoberto não é o fato de ela existir, mas de ser mal utilizada”, avalia. “O problema é a externalidade negativa de, em determinados momentos, intensificar movimentos negativos na economia”, conclui.

Na busca pelos culpados da tormenta que se abateu sobre bancos regionais nos Estados Unidos, o setor parece ter encontrado em Wall Street um dos suspeitos para o movimento que acelerou a derrocada de pelos menos três instituições. Desde a eclosão das turbulências, as vendas a descoberto (short selling) se disseminaram entre os papéis dos credores médios, em um movimento que exacerbou a volatilidade no mercado e, para alguns especialistas, amplificou as tensões bancárias.

A prática consiste em uma “aposta” de que o preço do ativo cairá. Para tentar se capitalizar com a queda, o investidor vende uma ação alugada e, se a expectativa se concretizar, lucra com a diferença entre a cotação original e a marcação mais baixa registrada no momento da devolução.

Só na semana passada, em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão nesse tipo de estratégia contra bancos regionais, segundo levantamento da Ortex, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. First Horizon e Western Alliance, dois dos protagonistas das instabilidades recentes, geraram os maiores lucros, em uma lista que conta também com o PacWest Bancorporation, conforme as estimativas.

Em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão por meio de estratégia contra bancos regionais Foto: Chang W. Lee/The New York Times

A proliferação dessas operações representa um sinal de que a confiança em relação ao futuro de determinada empresa é vulnerável. Assim, a tendência pode abrir um ciclo de deterioração que se retroalimenta e impõe perdas acentuadas, em alguns casos descoladas dos fundamentos da companhia em questão.

“Isso pode gerar dentro do mercado um efeito dominó”, explica o chefe de gestão de investimentos da Warren, Igor Cavaca. “O investidor do varejo vê um banco cair e começa a vender todos os outros, que às vezes não têm nada a ver com isso”, acrescenta.

Indícios de comportamento abusivo

Para a Associação de Banqueiros Americanos (ABA, na sigla em inglês), foi essa dinâmica que precipitou o ocaso de bancos médios nos últimos meses. Em carta endereçada à Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana), a instituição afirma que muitos de seus membros têm sido alvo de posições vendidas que não refletiriam as condições gerais da indústria, em um comportamento considerado “abusivo”.

O grupo pede que a SEC investigue possíveis casos de manipulação e avalie maneiras de coibi-los. “Essas medidas incluem, no mínimo, uma mensagem clara e ações de fiscalização apropriadas contra a manipulação de mercado e outras práticas abusivas de venda a descoberto”, argumenta, na nota.

A firma de advocacia Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, especialista em direito societário, vai além e defende a proibição temporária da prática. O argumento é que os bancos seriam alvos de um “ataque coordenado a descoberto”, que colocaria em risco até o desempenho da economia americana. Uma suspensão do exercício por 15 pregões forneceria tempo para que a situação fosse investigada, acrescentou o escritório, conforme a Reuters.

A SEC, no entanto, já garantiu que, atualmente, não estuda adotar restrições e que está focada em apurar eventuais abusos. A Casa Branca disse que monitora as oscilações e evita descartar opções, mas também ainda não vê necessidade em vetar a venda a descoberto. Na quarta-feira, 10, a Reuters mostrou que o Departamento de Justiça (DoJ) investiga a situação.

Neste contexto, operadores especulam que reguladores podem repetir a intervenção implementada durante a crise financeira de 2008, quando baniram o short selling de ações do setor financeiro, na esteira do colapso do Lehman Brothers. Na Europa, a medida foi instaurada em vários países no contexto da crise do euro, em 2011.

Nos últimos dias, as especulações imprimiram intensa volatilidade aos papéis dos bancos regionais, sobretudo PacWest e Western Alliance. Em redes sociais, vários operadores de varejo relatam intenção de promover um “short squeeze” nessas companhias, isto é, intensificar a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de traders que fizeram venda a descoberto. Foi esse movimento que, no início de 2021, provocou instabilidade na ação da GameStop.

O caso é mais um indício de que os bancos nos EUA podem estar sendo alvo de comportamentos, em algumas circunstâncias, irracionais. O Pacific West Bank, com sede em Oregon, teve que divulgar um comunicado em que esclarece não ser o PacWest, após ter observado fortes quedas nas bolsas, em meio à confusão de investidores em relação ao nome.

O episódio reflete um cenário de instabilidade geral que, para banqueiros, é alimentado pela disseminação de atividades especulativas. No entanto, antes de identificar uma operação ilegal, os reguladores precisam primeiro encontrar evidências robustas de que o investidor suspeito executou ordens anormais para os próprios padrões, conforme explica o professor de derivativos Alexandre Cabral, da Saint Paul Escola de Negócios.

Um volume de vendas a descoberto muito acima da média, por exemplo, pode ser enquadrado. “Não acho que deveriam proibir (essas operações), mas sim melhorar o sistema de vigilância”, afirma.

Na mesma linha, Igor Cavaca, da Warren, entende que movimentações com derivativos ajudam até a corrigir algumas distorções do mercado. “O principal problema da venda a descoberto não é o fato de ela existir, mas de ser mal utilizada”, avalia. “O problema é a externalidade negativa de, em determinados momentos, intensificar movimentos negativos na economia”, conclui.

Na busca pelos culpados da tormenta que se abateu sobre bancos regionais nos Estados Unidos, o setor parece ter encontrado em Wall Street um dos suspeitos para o movimento que acelerou a derrocada de pelos menos três instituições. Desde a eclosão das turbulências, as vendas a descoberto (short selling) se disseminaram entre os papéis dos credores médios, em um movimento que exacerbou a volatilidade no mercado e, para alguns especialistas, amplificou as tensões bancárias.

A prática consiste em uma “aposta” de que o preço do ativo cairá. Para tentar se capitalizar com a queda, o investidor vende uma ação alugada e, se a expectativa se concretizar, lucra com a diferença entre a cotação original e a marcação mais baixa registrada no momento da devolução.

Só na semana passada, em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão nesse tipo de estratégia contra bancos regionais, segundo levantamento da Ortex, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. First Horizon e Western Alliance, dois dos protagonistas das instabilidades recentes, geraram os maiores lucros, em uma lista que conta também com o PacWest Bancorporation, conforme as estimativas.

Em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão por meio de estratégia contra bancos regionais Foto: Chang W. Lee/The New York Times

A proliferação dessas operações representa um sinal de que a confiança em relação ao futuro de determinada empresa é vulnerável. Assim, a tendência pode abrir um ciclo de deterioração que se retroalimenta e impõe perdas acentuadas, em alguns casos descoladas dos fundamentos da companhia em questão.

“Isso pode gerar dentro do mercado um efeito dominó”, explica o chefe de gestão de investimentos da Warren, Igor Cavaca. “O investidor do varejo vê um banco cair e começa a vender todos os outros, que às vezes não têm nada a ver com isso”, acrescenta.

Indícios de comportamento abusivo

Para a Associação de Banqueiros Americanos (ABA, na sigla em inglês), foi essa dinâmica que precipitou o ocaso de bancos médios nos últimos meses. Em carta endereçada à Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana), a instituição afirma que muitos de seus membros têm sido alvo de posições vendidas que não refletiriam as condições gerais da indústria, em um comportamento considerado “abusivo”.

O grupo pede que a SEC investigue possíveis casos de manipulação e avalie maneiras de coibi-los. “Essas medidas incluem, no mínimo, uma mensagem clara e ações de fiscalização apropriadas contra a manipulação de mercado e outras práticas abusivas de venda a descoberto”, argumenta, na nota.

A firma de advocacia Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, especialista em direito societário, vai além e defende a proibição temporária da prática. O argumento é que os bancos seriam alvos de um “ataque coordenado a descoberto”, que colocaria em risco até o desempenho da economia americana. Uma suspensão do exercício por 15 pregões forneceria tempo para que a situação fosse investigada, acrescentou o escritório, conforme a Reuters.

A SEC, no entanto, já garantiu que, atualmente, não estuda adotar restrições e que está focada em apurar eventuais abusos. A Casa Branca disse que monitora as oscilações e evita descartar opções, mas também ainda não vê necessidade em vetar a venda a descoberto. Na quarta-feira, 10, a Reuters mostrou que o Departamento de Justiça (DoJ) investiga a situação.

Neste contexto, operadores especulam que reguladores podem repetir a intervenção implementada durante a crise financeira de 2008, quando baniram o short selling de ações do setor financeiro, na esteira do colapso do Lehman Brothers. Na Europa, a medida foi instaurada em vários países no contexto da crise do euro, em 2011.

Nos últimos dias, as especulações imprimiram intensa volatilidade aos papéis dos bancos regionais, sobretudo PacWest e Western Alliance. Em redes sociais, vários operadores de varejo relatam intenção de promover um “short squeeze” nessas companhias, isto é, intensificar a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de traders que fizeram venda a descoberto. Foi esse movimento que, no início de 2021, provocou instabilidade na ação da GameStop.

O caso é mais um indício de que os bancos nos EUA podem estar sendo alvo de comportamentos, em algumas circunstâncias, irracionais. O Pacific West Bank, com sede em Oregon, teve que divulgar um comunicado em que esclarece não ser o PacWest, após ter observado fortes quedas nas bolsas, em meio à confusão de investidores em relação ao nome.

O episódio reflete um cenário de instabilidade geral que, para banqueiros, é alimentado pela disseminação de atividades especulativas. No entanto, antes de identificar uma operação ilegal, os reguladores precisam primeiro encontrar evidências robustas de que o investidor suspeito executou ordens anormais para os próprios padrões, conforme explica o professor de derivativos Alexandre Cabral, da Saint Paul Escola de Negócios.

Um volume de vendas a descoberto muito acima da média, por exemplo, pode ser enquadrado. “Não acho que deveriam proibir (essas operações), mas sim melhorar o sistema de vigilância”, afirma.

Na mesma linha, Igor Cavaca, da Warren, entende que movimentações com derivativos ajudam até a corrigir algumas distorções do mercado. “O principal problema da venda a descoberto não é o fato de ela existir, mas de ser mal utilizada”, avalia. “O problema é a externalidade negativa de, em determinados momentos, intensificar movimentos negativos na economia”, conclui.

Na busca pelos culpados da tormenta que se abateu sobre bancos regionais nos Estados Unidos, o setor parece ter encontrado em Wall Street um dos suspeitos para o movimento que acelerou a derrocada de pelos menos três instituições. Desde a eclosão das turbulências, as vendas a descoberto (short selling) se disseminaram entre os papéis dos credores médios, em um movimento que exacerbou a volatilidade no mercado e, para alguns especialistas, amplificou as tensões bancárias.

A prática consiste em uma “aposta” de que o preço do ativo cairá. Para tentar se capitalizar com a queda, o investidor vende uma ação alugada e, se a expectativa se concretizar, lucra com a diferença entre a cotação original e a marcação mais baixa registrada no momento da devolução.

Só na semana passada, em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão nesse tipo de estratégia contra bancos regionais, segundo levantamento da Ortex, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. First Horizon e Western Alliance, dois dos protagonistas das instabilidades recentes, geraram os maiores lucros, em uma lista que conta também com o PacWest Bancorporation, conforme as estimativas.

Em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão por meio de estratégia contra bancos regionais Foto: Chang W. Lee/The New York Times

A proliferação dessas operações representa um sinal de que a confiança em relação ao futuro de determinada empresa é vulnerável. Assim, a tendência pode abrir um ciclo de deterioração que se retroalimenta e impõe perdas acentuadas, em alguns casos descoladas dos fundamentos da companhia em questão.

“Isso pode gerar dentro do mercado um efeito dominó”, explica o chefe de gestão de investimentos da Warren, Igor Cavaca. “O investidor do varejo vê um banco cair e começa a vender todos os outros, que às vezes não têm nada a ver com isso”, acrescenta.

Indícios de comportamento abusivo

Para a Associação de Banqueiros Americanos (ABA, na sigla em inglês), foi essa dinâmica que precipitou o ocaso de bancos médios nos últimos meses. Em carta endereçada à Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana), a instituição afirma que muitos de seus membros têm sido alvo de posições vendidas que não refletiriam as condições gerais da indústria, em um comportamento considerado “abusivo”.

O grupo pede que a SEC investigue possíveis casos de manipulação e avalie maneiras de coibi-los. “Essas medidas incluem, no mínimo, uma mensagem clara e ações de fiscalização apropriadas contra a manipulação de mercado e outras práticas abusivas de venda a descoberto”, argumenta, na nota.

A firma de advocacia Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, especialista em direito societário, vai além e defende a proibição temporária da prática. O argumento é que os bancos seriam alvos de um “ataque coordenado a descoberto”, que colocaria em risco até o desempenho da economia americana. Uma suspensão do exercício por 15 pregões forneceria tempo para que a situação fosse investigada, acrescentou o escritório, conforme a Reuters.

A SEC, no entanto, já garantiu que, atualmente, não estuda adotar restrições e que está focada em apurar eventuais abusos. A Casa Branca disse que monitora as oscilações e evita descartar opções, mas também ainda não vê necessidade em vetar a venda a descoberto. Na quarta-feira, 10, a Reuters mostrou que o Departamento de Justiça (DoJ) investiga a situação.

Neste contexto, operadores especulam que reguladores podem repetir a intervenção implementada durante a crise financeira de 2008, quando baniram o short selling de ações do setor financeiro, na esteira do colapso do Lehman Brothers. Na Europa, a medida foi instaurada em vários países no contexto da crise do euro, em 2011.

Nos últimos dias, as especulações imprimiram intensa volatilidade aos papéis dos bancos regionais, sobretudo PacWest e Western Alliance. Em redes sociais, vários operadores de varejo relatam intenção de promover um “short squeeze” nessas companhias, isto é, intensificar a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de traders que fizeram venda a descoberto. Foi esse movimento que, no início de 2021, provocou instabilidade na ação da GameStop.

O caso é mais um indício de que os bancos nos EUA podem estar sendo alvo de comportamentos, em algumas circunstâncias, irracionais. O Pacific West Bank, com sede em Oregon, teve que divulgar um comunicado em que esclarece não ser o PacWest, após ter observado fortes quedas nas bolsas, em meio à confusão de investidores em relação ao nome.

O episódio reflete um cenário de instabilidade geral que, para banqueiros, é alimentado pela disseminação de atividades especulativas. No entanto, antes de identificar uma operação ilegal, os reguladores precisam primeiro encontrar evidências robustas de que o investidor suspeito executou ordens anormais para os próprios padrões, conforme explica o professor de derivativos Alexandre Cabral, da Saint Paul Escola de Negócios.

Um volume de vendas a descoberto muito acima da média, por exemplo, pode ser enquadrado. “Não acho que deveriam proibir (essas operações), mas sim melhorar o sistema de vigilância”, afirma.

Na mesma linha, Igor Cavaca, da Warren, entende que movimentações com derivativos ajudam até a corrigir algumas distorções do mercado. “O principal problema da venda a descoberto não é o fato de ela existir, mas de ser mal utilizada”, avalia. “O problema é a externalidade negativa de, em determinados momentos, intensificar movimentos negativos na economia”, conclui.

Na busca pelos culpados da tormenta que se abateu sobre bancos regionais nos Estados Unidos, o setor parece ter encontrado em Wall Street um dos suspeitos para o movimento que acelerou a derrocada de pelos menos três instituições. Desde a eclosão das turbulências, as vendas a descoberto (short selling) se disseminaram entre os papéis dos credores médios, em um movimento que exacerbou a volatilidade no mercado e, para alguns especialistas, amplificou as tensões bancárias.

A prática consiste em uma “aposta” de que o preço do ativo cairá. Para tentar se capitalizar com a queda, o investidor vende uma ação alugada e, se a expectativa se concretizar, lucra com a diferença entre a cotação original e a marcação mais baixa registrada no momento da devolução.

Só na semana passada, em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão nesse tipo de estratégia contra bancos regionais, segundo levantamento da Ortex, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. First Horizon e Western Alliance, dois dos protagonistas das instabilidades recentes, geraram os maiores lucros, em uma lista que conta também com o PacWest Bancorporation, conforme as estimativas.

Em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan, operadores vendidos ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão por meio de estratégia contra bancos regionais Foto: Chang W. Lee/The New York Times

A proliferação dessas operações representa um sinal de que a confiança em relação ao futuro de determinada empresa é vulnerável. Assim, a tendência pode abrir um ciclo de deterioração que se retroalimenta e impõe perdas acentuadas, em alguns casos descoladas dos fundamentos da companhia em questão.

“Isso pode gerar dentro do mercado um efeito dominó”, explica o chefe de gestão de investimentos da Warren, Igor Cavaca. “O investidor do varejo vê um banco cair e começa a vender todos os outros, que às vezes não têm nada a ver com isso”, acrescenta.

Indícios de comportamento abusivo

Para a Associação de Banqueiros Americanos (ABA, na sigla em inglês), foi essa dinâmica que precipitou o ocaso de bancos médios nos últimos meses. Em carta endereçada à Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana), a instituição afirma que muitos de seus membros têm sido alvo de posições vendidas que não refletiriam as condições gerais da indústria, em um comportamento considerado “abusivo”.

O grupo pede que a SEC investigue possíveis casos de manipulação e avalie maneiras de coibi-los. “Essas medidas incluem, no mínimo, uma mensagem clara e ações de fiscalização apropriadas contra a manipulação de mercado e outras práticas abusivas de venda a descoberto”, argumenta, na nota.

A firma de advocacia Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, especialista em direito societário, vai além e defende a proibição temporária da prática. O argumento é que os bancos seriam alvos de um “ataque coordenado a descoberto”, que colocaria em risco até o desempenho da economia americana. Uma suspensão do exercício por 15 pregões forneceria tempo para que a situação fosse investigada, acrescentou o escritório, conforme a Reuters.

A SEC, no entanto, já garantiu que, atualmente, não estuda adotar restrições e que está focada em apurar eventuais abusos. A Casa Branca disse que monitora as oscilações e evita descartar opções, mas também ainda não vê necessidade em vetar a venda a descoberto. Na quarta-feira, 10, a Reuters mostrou que o Departamento de Justiça (DoJ) investiga a situação.

Neste contexto, operadores especulam que reguladores podem repetir a intervenção implementada durante a crise financeira de 2008, quando baniram o short selling de ações do setor financeiro, na esteira do colapso do Lehman Brothers. Na Europa, a medida foi instaurada em vários países no contexto da crise do euro, em 2011.

Nos últimos dias, as especulações imprimiram intensa volatilidade aos papéis dos bancos regionais, sobretudo PacWest e Western Alliance. Em redes sociais, vários operadores de varejo relatam intenção de promover um “short squeeze” nessas companhias, isto é, intensificar a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de traders que fizeram venda a descoberto. Foi esse movimento que, no início de 2021, provocou instabilidade na ação da GameStop.

O caso é mais um indício de que os bancos nos EUA podem estar sendo alvo de comportamentos, em algumas circunstâncias, irracionais. O Pacific West Bank, com sede em Oregon, teve que divulgar um comunicado em que esclarece não ser o PacWest, após ter observado fortes quedas nas bolsas, em meio à confusão de investidores em relação ao nome.

O episódio reflete um cenário de instabilidade geral que, para banqueiros, é alimentado pela disseminação de atividades especulativas. No entanto, antes de identificar uma operação ilegal, os reguladores precisam primeiro encontrar evidências robustas de que o investidor suspeito executou ordens anormais para os próprios padrões, conforme explica o professor de derivativos Alexandre Cabral, da Saint Paul Escola de Negócios.

Um volume de vendas a descoberto muito acima da média, por exemplo, pode ser enquadrado. “Não acho que deveriam proibir (essas operações), mas sim melhorar o sistema de vigilância”, afirma.

Na mesma linha, Igor Cavaca, da Warren, entende que movimentações com derivativos ajudam até a corrigir algumas distorções do mercado. “O principal problema da venda a descoberto não é o fato de ela existir, mas de ser mal utilizada”, avalia. “O problema é a externalidade negativa de, em determinados momentos, intensificar movimentos negativos na economia”, conclui.

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