‘Há preocupação com fiscal do ano que vem pela continuidade de medidas recentes’, diz Campos Neto


Presidente do Banco Central repetiu que desempenho fiscal do País tem sido uma surpresa positiva

Por Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 15, que o desempenho das contas públicas tem sido uma surpresa muito positiva, mas alertou sobre o risco de continuidade do aumento de benefícios sociais para além do fim de 2022. Segundo ele, vai ser uma “questão crucial” discutir a continuidade dos programas sociais e a maneira como o governo vai financiá-los.

“Não existe nada mais permanente que um programa temporário do governo. Isso é uma coisa que sempre nos aflige. Hoje o mercado tem uma ansiedade pra entende como será o fiscal do ano que vem, como os programas serão financiados se forem continuados”, afirmou, em evento promovido pelo Instituto Millenium. “Vai ser uma questão crucial. Qualquer tipo de política vai ter que olhar o lado sustentabilidade da dívida e o social ao mesmo tempo, e equacionar”, disse Campos Neto, que continua à frente do BC até dezembro de 2024.

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Adriano Machado/Reuters

“Há uma preocupação com fiscal do ano que vem pela continuidade de medidas recentes e escrevemos isso na comunicação do Copom. Há preocupação de como vai ser resolvida continuidade de medidas, se continuar, e como vai ser financiado”, completou.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que subiu a Selic para 13,75% ao ano, o BC manifestou preocupação com o aumento de gastos promovido por meio da “PEC Kamizaze”, que driblou a lei e turbinou benefícios sociais.

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“Então isso é sempre alguma coisa que nos aflige. O que hoje o mercado tem uma ansiedade em entender é como vai ser o fiscal do ano que vem. Se forem continuados, como vão ser financiados? Existe uma ansiedade se tem de ter uma compensação fiscal, e se vai vir junto com uma reforma tributária. E como vai ser uma politica tributária”, declarou.

Os dois candidatos à Presidência da República mais bem posicionados na corrida eleitoral deste ano, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, prometem manter em R$ 600 o patamar mínimo para o Auxílio Brasil em 2023. Lula tem falado em terminar com o mecanismo do teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas à inflação, enquanto a equipe econômica de Bolsonaro realiza estudos para uma meta atrelada à dívida pública.

Como mostrou o Estadão, próximo presidente da República vai receber o “tanque” do caixa do governo mais vazio em pelo menos R$ 178,2 bilhões com o efeito em 2023 das medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro e pelo Congresso, a maior parte de olho nas eleições. A perda de recursos sobe para R$ 281,4 bilhões com a redução do caixa dos governadores e dos prefeitos com a desoneração permanente do ICMS dos combustíveis, energia, transporte e comunicações e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com a inclusão de um possível reajuste no salário dos servidores federais, o valor pode chegar a R$ 306,4 bilhões.

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Desaceleração

Campos Neto avaliou que a desaceleração global pode influenciar mais a inflação que a contaminação de preços via a desvalorização do real. ”Quando tenho movimento de ajuste de juros globais, posso ter fuga de capital. No caso de países de emergentes, isso influencia muito a taxa de câmbio, que pode despertar um processo inflacionário. Do outro lado, também tenho uma desaceleração global muito grande, com preços de commodities caindo e influenciando o câmbio. Estamos em momento em que componente de desaceleração tende a ser mais forte”, afirmou.

Ele repetiu que o Brasil fez seu ajuste monetário mais rápido, ou seja, subir os juros básicos para tentar frear a inflação. “O real tem sido a melhor moeda do G20 desde o começo do ano, entendemos que ancoramos neste aspecto”, completou. “O fiel da balança é saber como irá se desenvolver o processo de ajuste de juros pelos Estados Unidos. O mercado entende que há uma desaceleração encomendada nos EUA que vai gerar um processo deflacionário”, acrescentou.

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Por outro lado, avaliou, se houver uma janela extensa de alta de inflação com desaceleração da economia dos EUA, pode haver sim uma “desarrumação” nos preços dos ativos. “Aí sim teremos um cenário que contamina mais os emergentes pelo canal do câmbio”, concluiu.

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 15, que o desempenho das contas públicas tem sido uma surpresa muito positiva, mas alertou sobre o risco de continuidade do aumento de benefícios sociais para além do fim de 2022. Segundo ele, vai ser uma “questão crucial” discutir a continuidade dos programas sociais e a maneira como o governo vai financiá-los.

“Não existe nada mais permanente que um programa temporário do governo. Isso é uma coisa que sempre nos aflige. Hoje o mercado tem uma ansiedade pra entende como será o fiscal do ano que vem, como os programas serão financiados se forem continuados”, afirmou, em evento promovido pelo Instituto Millenium. “Vai ser uma questão crucial. Qualquer tipo de política vai ter que olhar o lado sustentabilidade da dívida e o social ao mesmo tempo, e equacionar”, disse Campos Neto, que continua à frente do BC até dezembro de 2024.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Adriano Machado/Reuters

“Há uma preocupação com fiscal do ano que vem pela continuidade de medidas recentes e escrevemos isso na comunicação do Copom. Há preocupação de como vai ser resolvida continuidade de medidas, se continuar, e como vai ser financiado”, completou.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que subiu a Selic para 13,75% ao ano, o BC manifestou preocupação com o aumento de gastos promovido por meio da “PEC Kamizaze”, que driblou a lei e turbinou benefícios sociais.

“Então isso é sempre alguma coisa que nos aflige. O que hoje o mercado tem uma ansiedade em entender é como vai ser o fiscal do ano que vem. Se forem continuados, como vão ser financiados? Existe uma ansiedade se tem de ter uma compensação fiscal, e se vai vir junto com uma reforma tributária. E como vai ser uma politica tributária”, declarou.

Os dois candidatos à Presidência da República mais bem posicionados na corrida eleitoral deste ano, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, prometem manter em R$ 600 o patamar mínimo para o Auxílio Brasil em 2023. Lula tem falado em terminar com o mecanismo do teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas à inflação, enquanto a equipe econômica de Bolsonaro realiza estudos para uma meta atrelada à dívida pública.

Como mostrou o Estadão, próximo presidente da República vai receber o “tanque” do caixa do governo mais vazio em pelo menos R$ 178,2 bilhões com o efeito em 2023 das medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro e pelo Congresso, a maior parte de olho nas eleições. A perda de recursos sobe para R$ 281,4 bilhões com a redução do caixa dos governadores e dos prefeitos com a desoneração permanente do ICMS dos combustíveis, energia, transporte e comunicações e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com a inclusão de um possível reajuste no salário dos servidores federais, o valor pode chegar a R$ 306,4 bilhões.

Desaceleração

Campos Neto avaliou que a desaceleração global pode influenciar mais a inflação que a contaminação de preços via a desvalorização do real. ”Quando tenho movimento de ajuste de juros globais, posso ter fuga de capital. No caso de países de emergentes, isso influencia muito a taxa de câmbio, que pode despertar um processo inflacionário. Do outro lado, também tenho uma desaceleração global muito grande, com preços de commodities caindo e influenciando o câmbio. Estamos em momento em que componente de desaceleração tende a ser mais forte”, afirmou.

Ele repetiu que o Brasil fez seu ajuste monetário mais rápido, ou seja, subir os juros básicos para tentar frear a inflação. “O real tem sido a melhor moeda do G20 desde o começo do ano, entendemos que ancoramos neste aspecto”, completou. “O fiel da balança é saber como irá se desenvolver o processo de ajuste de juros pelos Estados Unidos. O mercado entende que há uma desaceleração encomendada nos EUA que vai gerar um processo deflacionário”, acrescentou.

Por outro lado, avaliou, se houver uma janela extensa de alta de inflação com desaceleração da economia dos EUA, pode haver sim uma “desarrumação” nos preços dos ativos. “Aí sim teremos um cenário que contamina mais os emergentes pelo canal do câmbio”, concluiu.

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 15, que o desempenho das contas públicas tem sido uma surpresa muito positiva, mas alertou sobre o risco de continuidade do aumento de benefícios sociais para além do fim de 2022. Segundo ele, vai ser uma “questão crucial” discutir a continuidade dos programas sociais e a maneira como o governo vai financiá-los.

“Não existe nada mais permanente que um programa temporário do governo. Isso é uma coisa que sempre nos aflige. Hoje o mercado tem uma ansiedade pra entende como será o fiscal do ano que vem, como os programas serão financiados se forem continuados”, afirmou, em evento promovido pelo Instituto Millenium. “Vai ser uma questão crucial. Qualquer tipo de política vai ter que olhar o lado sustentabilidade da dívida e o social ao mesmo tempo, e equacionar”, disse Campos Neto, que continua à frente do BC até dezembro de 2024.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Adriano Machado/Reuters

“Há uma preocupação com fiscal do ano que vem pela continuidade de medidas recentes e escrevemos isso na comunicação do Copom. Há preocupação de como vai ser resolvida continuidade de medidas, se continuar, e como vai ser financiado”, completou.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que subiu a Selic para 13,75% ao ano, o BC manifestou preocupação com o aumento de gastos promovido por meio da “PEC Kamizaze”, que driblou a lei e turbinou benefícios sociais.

“Então isso é sempre alguma coisa que nos aflige. O que hoje o mercado tem uma ansiedade em entender é como vai ser o fiscal do ano que vem. Se forem continuados, como vão ser financiados? Existe uma ansiedade se tem de ter uma compensação fiscal, e se vai vir junto com uma reforma tributária. E como vai ser uma politica tributária”, declarou.

Os dois candidatos à Presidência da República mais bem posicionados na corrida eleitoral deste ano, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, prometem manter em R$ 600 o patamar mínimo para o Auxílio Brasil em 2023. Lula tem falado em terminar com o mecanismo do teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas à inflação, enquanto a equipe econômica de Bolsonaro realiza estudos para uma meta atrelada à dívida pública.

Como mostrou o Estadão, próximo presidente da República vai receber o “tanque” do caixa do governo mais vazio em pelo menos R$ 178,2 bilhões com o efeito em 2023 das medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro e pelo Congresso, a maior parte de olho nas eleições. A perda de recursos sobe para R$ 281,4 bilhões com a redução do caixa dos governadores e dos prefeitos com a desoneração permanente do ICMS dos combustíveis, energia, transporte e comunicações e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com a inclusão de um possível reajuste no salário dos servidores federais, o valor pode chegar a R$ 306,4 bilhões.

Desaceleração

Campos Neto avaliou que a desaceleração global pode influenciar mais a inflação que a contaminação de preços via a desvalorização do real. ”Quando tenho movimento de ajuste de juros globais, posso ter fuga de capital. No caso de países de emergentes, isso influencia muito a taxa de câmbio, que pode despertar um processo inflacionário. Do outro lado, também tenho uma desaceleração global muito grande, com preços de commodities caindo e influenciando o câmbio. Estamos em momento em que componente de desaceleração tende a ser mais forte”, afirmou.

Ele repetiu que o Brasil fez seu ajuste monetário mais rápido, ou seja, subir os juros básicos para tentar frear a inflação. “O real tem sido a melhor moeda do G20 desde o começo do ano, entendemos que ancoramos neste aspecto”, completou. “O fiel da balança é saber como irá se desenvolver o processo de ajuste de juros pelos Estados Unidos. O mercado entende que há uma desaceleração encomendada nos EUA que vai gerar um processo deflacionário”, acrescentou.

Por outro lado, avaliou, se houver uma janela extensa de alta de inflação com desaceleração da economia dos EUA, pode haver sim uma “desarrumação” nos preços dos ativos. “Aí sim teremos um cenário que contamina mais os emergentes pelo canal do câmbio”, concluiu.

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