BC reduz juros em 0,25 ponto porcentual, para 10,50%, em decisão dividida


Com medida, Comitê de Política Monetária do Banco Central interrompe ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 ponto porcentual na Selic; redução no ritmo dividiu o mercado

Por Eduardo Rodrigues e Fernanda Trisotto
Atualização:

BRASÍLIA - Confirmando o abandono da indicação dada na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.) nesta quarta-feira, 8, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp.

Os juros básicos da economia caíram de 10,75% para 10,50% ao ano, em decisão dividida dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue reclamando do patamar dos juros no País. Foram 5 votos a 4.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual os membros mais antigos do Copom: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os indicados pelo governo Lula votaram por uma redução de 0,50 pp.: Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.

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A redução no ritmo de corte — apesar da indicação da autoridade monetária de que manteria a redução de 0,50 pp. neste encontro — já estava dividindo o mercado. Era levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optaria por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, interrompendo o ciclo de 0,50 pp. iniciado em agosto do ano passado.

Na reunião anterior do Copom, BC havia sinalizado que para promover uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na Selic era preciso a confirmação de um 'cenário esperado' Foto: Wilton Junior/Estadão

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo para 0,25 pp. era a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes dessa reunião, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros — 20 instituições permaneciam nesta posição.

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Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, repetiu o Copom.

Ambiente externo

O Copom destacou em seu comunicado as incertezas em relação ao ambiente externo, principalmente relacionadas à condução da política monetária nos Estados Unidos.

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“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”, pontuou.

O Copom voltou a destacar que os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, apesar das pressões dos mercados de trabalho. “O comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, destacou.

O órgão apontou ainda que o cenário doméstico trouxe um conjunto de indicadores econômicos e de trabalho com mais dinamismo do que o esperado. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, pontuou o comunicado.

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Próximos passos

O Copom optou por não dar nenhuma indicação sobre os próximos passos. “O comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o comunicado. Foi o único recado do BC sobre os próximos passos.

Apesar da divisão dos votos, o Copom fez questão de enfatizar que, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

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“O comitê ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, completou o documento.

O Copom ainda repetiu que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Inflação

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As projeções oficiais do BC para a inflação subiram, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2024 de 3,5% para 3,8%. Para 2025, a atualização foi de 3,2% para 3,3%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,4% para 4,8%. Já em 2024, variou de 3,9% para 4,0%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, (de 3,79% para 3,72%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento - de 3,50% para 3,64%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,54%, apenas atrás da Rússia (7,79%). Em terceiro, aparece o México (5,88%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,12%. Até o Copom de março, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%.

BRASÍLIA - Confirmando o abandono da indicação dada na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.) nesta quarta-feira, 8, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp.

Os juros básicos da economia caíram de 10,75% para 10,50% ao ano, em decisão dividida dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue reclamando do patamar dos juros no País. Foram 5 votos a 4.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual os membros mais antigos do Copom: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os indicados pelo governo Lula votaram por uma redução de 0,50 pp.: Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.

A redução no ritmo de corte — apesar da indicação da autoridade monetária de que manteria a redução de 0,50 pp. neste encontro — já estava dividindo o mercado. Era levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optaria por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, interrompendo o ciclo de 0,50 pp. iniciado em agosto do ano passado.

Na reunião anterior do Copom, BC havia sinalizado que para promover uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na Selic era preciso a confirmação de um 'cenário esperado' Foto: Wilton Junior/Estadão

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo para 0,25 pp. era a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes dessa reunião, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros — 20 instituições permaneciam nesta posição.

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, repetiu o Copom.

Ambiente externo

O Copom destacou em seu comunicado as incertezas em relação ao ambiente externo, principalmente relacionadas à condução da política monetária nos Estados Unidos.

“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”, pontuou.

O Copom voltou a destacar que os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, apesar das pressões dos mercados de trabalho. “O comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, destacou.

O órgão apontou ainda que o cenário doméstico trouxe um conjunto de indicadores econômicos e de trabalho com mais dinamismo do que o esperado. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, pontuou o comunicado.

Próximos passos

O Copom optou por não dar nenhuma indicação sobre os próximos passos. “O comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o comunicado. Foi o único recado do BC sobre os próximos passos.

Apesar da divisão dos votos, o Copom fez questão de enfatizar que, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

“O comitê ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, completou o documento.

O Copom ainda repetiu que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação subiram, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2024 de 3,5% para 3,8%. Para 2025, a atualização foi de 3,2% para 3,3%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,4% para 4,8%. Já em 2024, variou de 3,9% para 4,0%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, (de 3,79% para 3,72%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento - de 3,50% para 3,64%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,54%, apenas atrás da Rússia (7,79%). Em terceiro, aparece o México (5,88%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,12%. Até o Copom de março, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%.

BRASÍLIA - Confirmando o abandono da indicação dada na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.) nesta quarta-feira, 8, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp.

Os juros básicos da economia caíram de 10,75% para 10,50% ao ano, em decisão dividida dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue reclamando do patamar dos juros no País. Foram 5 votos a 4.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual os membros mais antigos do Copom: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os indicados pelo governo Lula votaram por uma redução de 0,50 pp.: Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.

A redução no ritmo de corte — apesar da indicação da autoridade monetária de que manteria a redução de 0,50 pp. neste encontro — já estava dividindo o mercado. Era levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optaria por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, interrompendo o ciclo de 0,50 pp. iniciado em agosto do ano passado.

Na reunião anterior do Copom, BC havia sinalizado que para promover uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na Selic era preciso a confirmação de um 'cenário esperado' Foto: Wilton Junior/Estadão

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo para 0,25 pp. era a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes dessa reunião, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros — 20 instituições permaneciam nesta posição.

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, repetiu o Copom.

Ambiente externo

O Copom destacou em seu comunicado as incertezas em relação ao ambiente externo, principalmente relacionadas à condução da política monetária nos Estados Unidos.

“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”, pontuou.

O Copom voltou a destacar que os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, apesar das pressões dos mercados de trabalho. “O comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, destacou.

O órgão apontou ainda que o cenário doméstico trouxe um conjunto de indicadores econômicos e de trabalho com mais dinamismo do que o esperado. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, pontuou o comunicado.

Próximos passos

O Copom optou por não dar nenhuma indicação sobre os próximos passos. “O comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o comunicado. Foi o único recado do BC sobre os próximos passos.

Apesar da divisão dos votos, o Copom fez questão de enfatizar que, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

“O comitê ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, completou o documento.

O Copom ainda repetiu que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação subiram, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2024 de 3,5% para 3,8%. Para 2025, a atualização foi de 3,2% para 3,3%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,4% para 4,8%. Já em 2024, variou de 3,9% para 4,0%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, (de 3,79% para 3,72%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento - de 3,50% para 3,64%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,54%, apenas atrás da Rússia (7,79%). Em terceiro, aparece o México (5,88%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,12%. Até o Copom de março, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%.

BRASÍLIA - Confirmando o abandono da indicação dada na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.) nesta quarta-feira, 8, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp.

Os juros básicos da economia caíram de 10,75% para 10,50% ao ano, em decisão dividida dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue reclamando do patamar dos juros no País. Foram 5 votos a 4.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual os membros mais antigos do Copom: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os indicados pelo governo Lula votaram por uma redução de 0,50 pp.: Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.

A redução no ritmo de corte — apesar da indicação da autoridade monetária de que manteria a redução de 0,50 pp. neste encontro — já estava dividindo o mercado. Era levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optaria por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, interrompendo o ciclo de 0,50 pp. iniciado em agosto do ano passado.

Na reunião anterior do Copom, BC havia sinalizado que para promover uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na Selic era preciso a confirmação de um 'cenário esperado' Foto: Wilton Junior/Estadão

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo para 0,25 pp. era a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes dessa reunião, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros — 20 instituições permaneciam nesta posição.

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, repetiu o Copom.

Ambiente externo

O Copom destacou em seu comunicado as incertezas em relação ao ambiente externo, principalmente relacionadas à condução da política monetária nos Estados Unidos.

“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”, pontuou.

O Copom voltou a destacar que os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, apesar das pressões dos mercados de trabalho. “O comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, destacou.

O órgão apontou ainda que o cenário doméstico trouxe um conjunto de indicadores econômicos e de trabalho com mais dinamismo do que o esperado. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, pontuou o comunicado.

Próximos passos

O Copom optou por não dar nenhuma indicação sobre os próximos passos. “O comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o comunicado. Foi o único recado do BC sobre os próximos passos.

Apesar da divisão dos votos, o Copom fez questão de enfatizar que, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

“O comitê ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, completou o documento.

O Copom ainda repetiu que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação subiram, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2024 de 3,5% para 3,8%. Para 2025, a atualização foi de 3,2% para 3,3%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,4% para 4,8%. Já em 2024, variou de 3,9% para 4,0%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, (de 3,79% para 3,72%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento - de 3,50% para 3,64%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,54%, apenas atrás da Rússia (7,79%). Em terceiro, aparece o México (5,88%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,12%. Até o Copom de março, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%.

BRASÍLIA - Confirmando o abandono da indicação dada na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.) nesta quarta-feira, 8, interrompendo um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp.

Os juros básicos da economia caíram de 10,75% para 10,50% ao ano, em decisão dividida dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue reclamando do patamar dos juros no País. Foram 5 votos a 4.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual os membros mais antigos do Copom: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os indicados pelo governo Lula votaram por uma redução de 0,50 pp.: Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.

A redução no ritmo de corte — apesar da indicação da autoridade monetária de que manteria a redução de 0,50 pp. neste encontro — já estava dividindo o mercado. Era levemente majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optaria por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, interrompendo o ciclo de 0,50 pp. iniciado em agosto do ano passado.

Na reunião anterior do Copom, BC havia sinalizado que para promover uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na Selic era preciso a confirmação de um 'cenário esperado' Foto: Wilton Junior/Estadão

Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo para 0,25 pp. era a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes dessa reunião, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros — 20 instituições permaneciam nesta posição.

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, repetiu o Copom.

Ambiente externo

O Copom destacou em seu comunicado as incertezas em relação ao ambiente externo, principalmente relacionadas à condução da política monetária nos Estados Unidos.

“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”, pontuou.

O Copom voltou a destacar que os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, apesar das pressões dos mercados de trabalho. “O comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, destacou.

O órgão apontou ainda que o cenário doméstico trouxe um conjunto de indicadores econômicos e de trabalho com mais dinamismo do que o esperado. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, pontuou o comunicado.

Próximos passos

O Copom optou por não dar nenhuma indicação sobre os próximos passos. “O comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o comunicado. Foi o único recado do BC sobre os próximos passos.

Apesar da divisão dos votos, o Copom fez questão de enfatizar que, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

“O comitê ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, completou o documento.

O Copom ainda repetiu que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação subiram, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2024 de 3,5% para 3,8%. Para 2025, a atualização foi de 3,2% para 3,3%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,4% para 4,8%. Já em 2024, variou de 3,9% para 4,0%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, (de 3,79% para 3,72%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento - de 3,50% para 3,64%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,54%, apenas atrás da Rússia (7,79%). Em terceiro, aparece o México (5,88%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,12%. Até o Copom de março, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%.

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