BC reduz juros em 0,5 ponto pela 6ª vez, para 10,75% ao ano, e sinaliza mudança no ritmo de cortes


Em comunicado, Copom se comprometeu com apenas mais um corte de 0,5 ponto porcentual, em maio; comitê continuou sem dar pistas sobre a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo

Por Thaís Barcellos e Célia Froufe
Atualização:

BRASÍLIA - Pela sexta vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, 20. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou recentemente à ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Copom também resolveu alterar a sinalização para os próximos passos de afrouxamento monetário, após uma queda acumulada de 3 pontos porcentuais da Selic desde agosto. No comunicado desta quarta, o BC se comprometeu com apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual. A próxima reunião está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.

O BC mudou a sinalização que até aqui vinha sendo para as “próximas reuniões”, no plural, considerando que, apesar de o cenário-base não ter se alterado substancialmente, houve a elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária.

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“Os membros do comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveram os integrantes da cúpula, acrescentando que a avaliação do colegiado é a de que essa é a “condução apropriada” para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Apesar de muito aguardada pelo mercado, o Copom continuou sem dar pistas sobre a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo. Esses cortes, segundo o comunicado, dependerão da “evolução da dinâmica inflacionária”.

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Em especial, o texto cita os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, as expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. Vários integrantes do comitê já disseram temer a geração de ruídos no caso de a expectativa de uma taxa terminal ser divulgada pelo BC.

Mesmo com decisão do BC desta quarta, País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente) Foto: Wilton Junior/Estadão

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

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Segundo o comunicado do Copom, “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

O corte desta quarta já era amplamente esperada no mercado financeiro, seguindo a indicação dada pelo BC no último encontro, em janeiro, de que o corte de 0,50 ponto porcentual seria apropriado nas “próximas reuniões”.

Desde então, os membros do Copom enfatizaram que a decisão desta quarta seria especial, pois contaria com três novas medições de inflação (IPCA de fevereiro e março e IPCA-15 de fevereiro) para embasar a escolha do ritmo de corte do juro e o que poderiam fazer a seguir.

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Diante do cenário incerto, as avaliações do comitê estão cada vez mais dependentes de informações frescas — ou data dependent, como dizem no jargão em inglês.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 55 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom baixaria a Selic em 0,50 ponto, para 10,75% ao ano. Da mesma forma, o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) apontava 99,3% de chance de nova redução nesse ritmo, a partir dos contratos em aberto no mercado de opções de Copom.

Inflação

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As projeções oficiais do BC para a inflação ficaram estáveis, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5%. Para 2025, o BC também manteve a projeção de 3,2%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,2% para 4,4%. Já em 2024, variou de 3,8% para 3,9%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

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No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do comitê, (de 3,81% para 3,79%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento — de 3,50% para 3,52%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,90% e continua apenas atrás do México (7,46%). Em terceiro, aparece a Rússia (5,87%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,79%. O juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é estimado pelo BC atualmente em 4,5%.

BRASÍLIA - Pela sexta vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, 20. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou recentemente à ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Copom também resolveu alterar a sinalização para os próximos passos de afrouxamento monetário, após uma queda acumulada de 3 pontos porcentuais da Selic desde agosto. No comunicado desta quarta, o BC se comprometeu com apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual. A próxima reunião está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.

O BC mudou a sinalização que até aqui vinha sendo para as “próximas reuniões”, no plural, considerando que, apesar de o cenário-base não ter se alterado substancialmente, houve a elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária.

“Os membros do comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveram os integrantes da cúpula, acrescentando que a avaliação do colegiado é a de que essa é a “condução apropriada” para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Apesar de muito aguardada pelo mercado, o Copom continuou sem dar pistas sobre a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo. Esses cortes, segundo o comunicado, dependerão da “evolução da dinâmica inflacionária”.

Em especial, o texto cita os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, as expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. Vários integrantes do comitê já disseram temer a geração de ruídos no caso de a expectativa de uma taxa terminal ser divulgada pelo BC.

Mesmo com decisão do BC desta quarta, País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente) Foto: Wilton Junior/Estadão

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Segundo o comunicado do Copom, “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

O corte desta quarta já era amplamente esperada no mercado financeiro, seguindo a indicação dada pelo BC no último encontro, em janeiro, de que o corte de 0,50 ponto porcentual seria apropriado nas “próximas reuniões”.

Desde então, os membros do Copom enfatizaram que a decisão desta quarta seria especial, pois contaria com três novas medições de inflação (IPCA de fevereiro e março e IPCA-15 de fevereiro) para embasar a escolha do ritmo de corte do juro e o que poderiam fazer a seguir.

Diante do cenário incerto, as avaliações do comitê estão cada vez mais dependentes de informações frescas — ou data dependent, como dizem no jargão em inglês.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 55 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom baixaria a Selic em 0,50 ponto, para 10,75% ao ano. Da mesma forma, o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) apontava 99,3% de chance de nova redução nesse ritmo, a partir dos contratos em aberto no mercado de opções de Copom.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação ficaram estáveis, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5%. Para 2025, o BC também manteve a projeção de 3,2%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,2% para 4,4%. Já em 2024, variou de 3,8% para 3,9%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do comitê, (de 3,81% para 3,79%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento — de 3,50% para 3,52%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,90% e continua apenas atrás do México (7,46%). Em terceiro, aparece a Rússia (5,87%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,79%. O juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é estimado pelo BC atualmente em 4,5%.

BRASÍLIA - Pela sexta vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, 20. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou recentemente à ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Copom também resolveu alterar a sinalização para os próximos passos de afrouxamento monetário, após uma queda acumulada de 3 pontos porcentuais da Selic desde agosto. No comunicado desta quarta, o BC se comprometeu com apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual. A próxima reunião está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.

O BC mudou a sinalização que até aqui vinha sendo para as “próximas reuniões”, no plural, considerando que, apesar de o cenário-base não ter se alterado substancialmente, houve a elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária.

“Os membros do comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveram os integrantes da cúpula, acrescentando que a avaliação do colegiado é a de que essa é a “condução apropriada” para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Apesar de muito aguardada pelo mercado, o Copom continuou sem dar pistas sobre a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo. Esses cortes, segundo o comunicado, dependerão da “evolução da dinâmica inflacionária”.

Em especial, o texto cita os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, as expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. Vários integrantes do comitê já disseram temer a geração de ruídos no caso de a expectativa de uma taxa terminal ser divulgada pelo BC.

Mesmo com decisão do BC desta quarta, País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente) Foto: Wilton Junior/Estadão

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Segundo o comunicado do Copom, “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

O corte desta quarta já era amplamente esperada no mercado financeiro, seguindo a indicação dada pelo BC no último encontro, em janeiro, de que o corte de 0,50 ponto porcentual seria apropriado nas “próximas reuniões”.

Desde então, os membros do Copom enfatizaram que a decisão desta quarta seria especial, pois contaria com três novas medições de inflação (IPCA de fevereiro e março e IPCA-15 de fevereiro) para embasar a escolha do ritmo de corte do juro e o que poderiam fazer a seguir.

Diante do cenário incerto, as avaliações do comitê estão cada vez mais dependentes de informações frescas — ou data dependent, como dizem no jargão em inglês.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 55 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom baixaria a Selic em 0,50 ponto, para 10,75% ao ano. Da mesma forma, o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) apontava 99,3% de chance de nova redução nesse ritmo, a partir dos contratos em aberto no mercado de opções de Copom.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação ficaram estáveis, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5%. Para 2025, o BC também manteve a projeção de 3,2%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,2% para 4,4%. Já em 2024, variou de 3,8% para 3,9%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do comitê, (de 3,81% para 3,79%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento — de 3,50% para 3,52%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,90% e continua apenas atrás do México (7,46%). Em terceiro, aparece a Rússia (5,87%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,79%. O juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é estimado pelo BC atualmente em 4,5%.

BRASÍLIA - Pela sexta vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, 20. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou recentemente à ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Copom também resolveu alterar a sinalização para os próximos passos de afrouxamento monetário, após uma queda acumulada de 3 pontos porcentuais da Selic desde agosto. No comunicado desta quarta, o BC se comprometeu com apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual. A próxima reunião está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.

O BC mudou a sinalização que até aqui vinha sendo para as “próximas reuniões”, no plural, considerando que, apesar de o cenário-base não ter se alterado substancialmente, houve a elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária.

“Os membros do comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveram os integrantes da cúpula, acrescentando que a avaliação do colegiado é a de que essa é a “condução apropriada” para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Apesar de muito aguardada pelo mercado, o Copom continuou sem dar pistas sobre a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo. Esses cortes, segundo o comunicado, dependerão da “evolução da dinâmica inflacionária”.

Em especial, o texto cita os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, as expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. Vários integrantes do comitê já disseram temer a geração de ruídos no caso de a expectativa de uma taxa terminal ser divulgada pelo BC.

Mesmo com decisão do BC desta quarta, País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente) Foto: Wilton Junior/Estadão

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Segundo o comunicado do Copom, “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

O corte desta quarta já era amplamente esperada no mercado financeiro, seguindo a indicação dada pelo BC no último encontro, em janeiro, de que o corte de 0,50 ponto porcentual seria apropriado nas “próximas reuniões”.

Desde então, os membros do Copom enfatizaram que a decisão desta quarta seria especial, pois contaria com três novas medições de inflação (IPCA de fevereiro e março e IPCA-15 de fevereiro) para embasar a escolha do ritmo de corte do juro e o que poderiam fazer a seguir.

Diante do cenário incerto, as avaliações do comitê estão cada vez mais dependentes de informações frescas — ou data dependent, como dizem no jargão em inglês.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 55 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom baixaria a Selic em 0,50 ponto, para 10,75% ao ano. Da mesma forma, o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) apontava 99,3% de chance de nova redução nesse ritmo, a partir dos contratos em aberto no mercado de opções de Copom.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação ficaram estáveis, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5%. Para 2025, o BC também manteve a projeção de 3,2%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,2% para 4,4%. Já em 2024, variou de 3,8% para 3,9%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do comitê, (de 3,81% para 3,79%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento — de 3,50% para 3,52%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,90% e continua apenas atrás do México (7,46%). Em terceiro, aparece a Rússia (5,87%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,79%. O juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é estimado pelo BC atualmente em 4,5%.

BRASÍLIA - Pela sexta vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, 20. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou recentemente à ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Copom também resolveu alterar a sinalização para os próximos passos de afrouxamento monetário, após uma queda acumulada de 3 pontos porcentuais da Selic desde agosto. No comunicado desta quarta, o BC se comprometeu com apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual. A próxima reunião está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.

O BC mudou a sinalização que até aqui vinha sendo para as “próximas reuniões”, no plural, considerando que, apesar de o cenário-base não ter se alterado substancialmente, houve a elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária.

“Os membros do comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveram os integrantes da cúpula, acrescentando que a avaliação do colegiado é a de que essa é a “condução apropriada” para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Apesar de muito aguardada pelo mercado, o Copom continuou sem dar pistas sobre a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo. Esses cortes, segundo o comunicado, dependerão da “evolução da dinâmica inflacionária”.

Em especial, o texto cita os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, as expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. Vários integrantes do comitê já disseram temer a geração de ruídos no caso de a expectativa de uma taxa terminal ser divulgada pelo BC.

Mesmo com decisão do BC desta quarta, País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente) Foto: Wilton Junior/Estadão

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Segundo o comunicado do Copom, “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

O corte desta quarta já era amplamente esperada no mercado financeiro, seguindo a indicação dada pelo BC no último encontro, em janeiro, de que o corte de 0,50 ponto porcentual seria apropriado nas “próximas reuniões”.

Desde então, os membros do Copom enfatizaram que a decisão desta quarta seria especial, pois contaria com três novas medições de inflação (IPCA de fevereiro e março e IPCA-15 de fevereiro) para embasar a escolha do ritmo de corte do juro e o que poderiam fazer a seguir.

Diante do cenário incerto, as avaliações do comitê estão cada vez mais dependentes de informações frescas — ou data dependent, como dizem no jargão em inglês.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 55 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom baixaria a Selic em 0,50 ponto, para 10,75% ao ano. Da mesma forma, o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) apontava 99,3% de chance de nova redução nesse ritmo, a partir dos contratos em aberto no mercado de opções de Copom.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação ficaram estáveis, conforme o comunicado do Copom. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5%. Para 2025, o BC também manteve a projeção de 3,2%.

Também considerando o cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,2% para 4,4%. Já em 2024, variou de 3,8% para 3,9%.

Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025.

No mercado, a expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do comitê, (de 3,81% para 3,79%) enquanto, para 2025, foco principal da política monetária, houve aumento — de 3,50% para 3,52%. Tanto as projeções do Copom quanto as do mercado seguem acima da meta contínua, de 3,00%. Para horizontes mais longos, o Focus também mostra desancoragem.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,90% e continua apenas atrás do México (7,46%). Em terceiro, aparece a Rússia (5,87%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,79%. O juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é estimado pelo BC atualmente em 4,5%.

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