BRASÍLIA - Em meio ao debate no mercado sobre uma ameaça de uma crise de crédito, especialmente após os reflexos do rombo bilionário da Americanas, o Banco Central inseriu no questionário pré-Copom de março uma pergunta sobre “pontos de atenção” para evolução do mercado de crédito em 2023 e possíveis efeitos em projeções de atividade. A pergunta é feita em complemento ao tradicional pedido de expectativas para o mercado de crédito no ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) de março ocorre nos dias 21 e 22.
Como mostrou o Estadão/Broadcast na quinta-feira, 9, algumas instituições financeiras já começaram a antecipar o cenário de cortes da taxa Selic, citando o risco de uma crise de crédito em uma economia já em desaceleração devido ao aperto monetário bastante significativo. Para alguns economistas, poderia ser um aceno técnico - e não político - do BC ao governo, que vem criticando duramente o nível de juros no Brasil, de que a redução não está tão distante.
No questionário pré-Copom, o BC também pede o impacto da reoneração parcial de combustíveis anunciada pelo governo federal no mês passado, assim como possíveis outras medidas que reverteriam a redução de impostos realizada no ano passado, como a que limitou a alíquota de ICMS praticada pelos Estados sobre itens essenciais, como combustíveis e energia. O BC pergunta o efeito potencial sobre o IPCA - índice oficial de inflação - de 2023 e o que já está contemplado nas estimativas dos analistas participantes.
No âmbito inflacionário, a autoridade monetária também pergunta, como tem sido de praxe, as projeções para o IPCA de 2023 e 2024, razões pelas quais os analistas ajustaram as estimativas desde o último Copom, em fevereiro, e riscos para mudança do cenário atual.
Também há pedidos de projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e para o hiato do produto ao longo de 2024. No cenário externo, o BC quer saber as previsões para o PIB e a inflação de China, Estados Unidos e zona do euro, assim como os riscos para esses indicadores, a evolução do ambiente desde o último Copom e as estimativas para a taxa de juros americana.
O questionário pede ainda projeções para o balanço de pagamentos e para as variáveis fiscais do País, além de uma avaliação sobre o andamento do cenário fiscal desde o Copom de fevereiro, se piorou, melhorou ou continuou relativamente estável.