O império econômico de Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro italiano, foi abalado pela sua morte na segunda-feira, 12, aos 86 anos. A sucessão do magnata, a terceira fortuna da Itália com um patrimônio estimado em 6,4 bilhões de euros (cerca de R$ 33 bilhões), segundo a Forbes, será complexa, mas o octogenário patriarca deixou tudo bem resolvido, segundo os analistas.
Os investidores se lançaram na terça-feira, 13, sobre as ações de seu grupo de televisão MediaForEurope (ex-Mediaset), cujo preço disparou na Bolsa de Milão desde o anúncio na segunda-feira do falecimento do bilionário. O mercado prevê uma possível venda do grupo com lucros.
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A Fininvest, o “holding” da família Berlusconi, que controla uma infinidade de empresas, tentou interromper os rumores, assegurando que suas “atividades permanecem em linha de continuidade absoluta”.
“Seu império sobreviverá sem Silvio Berlusconi, pois ele conseguiu garantir uma transição entre as gerações que foi planejada antecipadamente”, explicoua à AFP Andrea Colli, professor de história empresarial na Universidade Bocconi de Milão.
O ex-dirigente, que entrou na vida política italiana no início dos anos 1990, há muito tempo não intervém “diretamente” na gestão de seu grupo, segundo Colli.
Em sua opinião, Berlusconi “aproveitou seu status de empreendedor para chegar ao poder” e depois “utilizou sua influência política para fins pessoais e, acima de tudo, para apoiar seu império”.
Sucessão
No topo da lista está sua filha Marina, de 56 anos, presidente da Fininvest desde 2005 e da editora Mondadori desde 2003, chamada de “czarina” ou “cérebro financeiro” do clã Berlusconi.
“Marina Berlusconi assumiu o lugar de seu pai, adquirindo progressivamente espaços de liberdade e independência que lhe permitiram se tornar um ponto de referência para o grupo”, estima Colli.
“Ela parece frágil, mas tem uma personalidade de ferro”, costumava dizer Silvio Berlusconi sobre sua filha mais velha, uma das mulheres mais poderosas do mundo segundo a revista Forbes.
Uma transição que foi um sucesso, segundo Giuseppe DiTaranto, professor emérito de história da economia na Universidade Luiss de Roma. “Não há risco de queda do império Berlusconi, que sairá, pelo contrário, fortalecido, pois seus filhos têm se mostrado excelentes administradores”, afirma.
DiTaranto se refere a Marina e seu irmão Pier Silvio Berlusconi, de 54 anos, que assumiu as rédeas da Mediaset em 2015.
Nascidos do primeiro casamento de Silvio Berlusconi com Carla Dall’Oglio, Marina e Pier Silvio possuem cada um 7,65% da Fininvest. Os outros três filhos, Luigi, Eleonora e Barbara, fruto do segundo casamento com Veronica Lario, possuem juntos 21,42%.
O magnata controlava 61,21% da Fininvest, parte que deverá ser dividida entre seus herdeiros quando o testamento for aberto.
A galáxia Berlusconi também inclui a Mondadori, controlada em 53,3%, e o banco Mediolanum, do qual a Fininvest possui 30,1%. Além disso, há a produtora de cinema Medusa, várias mansões de luxo e iates, e o clube de futebol de Monza.
“Marina provavelmente se tornará a número um do grupo e terá a maioria das ações com Pier Silvio. Não acredito que haverá disputas na família, que está muito unida”, estima DiTaranto. /AFP