Em 2013 comecei a escrever minha coluna no Estadão, jornal no qual meu pai havia trabalhado por quase 60 anos – desde sua chegada ao Brasil, em 1953, até sua morte. Por isso, minha relação com o jornal é não apenas profissional, mas também um tanto afetiva.
A partir de janeiro passarei a integrar a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e não poderei mais manter a minha coluna. Quero agradecer ao Estadão pela confiança e pela disponibilidade do espaço para a manifestação das minhas opiniões ao longo desses nove anos (minha única reclamação é com relação ao tamanho dos artigos, que foi encolhendo ao longo do tempo: 2.500 caracteres é muito pouco).
Nesse período escrevi sobre vários assuntos, sobretudo sobre política tributária e fiscal. Em boa medida meus artigos indicam uma agenda de trabalho que procurarei levar adiante nos próximos anos. Sei que não é minha opinião que prevalecerá, mas sim a posição do governo e, em última instância, do Congresso Nacional, mas estou otimista. Creio que amadurecemos muito na compreensão do que precisa ser feito para termos um país mais justo, inclusivo e eficiente.
Sei que o desafio é grande, mas confio na boa política, pois só ela é capaz de fazer com que o interesse de toda sociedade prevaleça sobre os interesses localizados, que muitas vezes distorcem as políticas públicas. Acredito que, a partir de propostas elaboradas com base em diagnósticos consistentes, teremos condições de ampliar o potencial de crescimento do Brasil e, principalmente, fazer com que os benefícios do crescimento favoreçam, sobretudo, os mais pobres.
Eu teria muito mais a dizer, mas como não consigo fazê-lo em tão poucos caracteres, apelo à poesia de Cecília Meireles, que em poucas linhas reflete mais do que eu poderia dizer em muitos artigos. Aproveito para desejar a todos boas-festas e a esperança de um ótimo ano de 2023.
A serviço da Vida fui,
a serviço da Vida vim;
só meu sofrimento me instrui,
quando me recordo de mim.
(Mas toda mágoa se dilui:
permanece a Vida sem fim.)