Como está a minha situação financeira? Eu preciso mesmo comprar algo na Black Friday? O produto ou serviço está realmente com o preço promocional?
Para saber se a Black Friday vale a pena, o consumidor deve se fazer pelo menos essas três perguntas, alerta o educador financeiro Reinaldo Domingos, fundador-presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin).
Domingos exemplifica: primeiro, a questão do orçamento familiar. Se um consumidor tem uma reserva de emergência de R$ 1 mil e compra um produto cujo valor caiu para a metade do preço, a R$ 500, ele terá comprometido 50% do seu colchão. “Você vai ficar praticamente zerado da sua reserva, porque foi buscar um produto que estava na promoção. Se você tiver qualquer evento ou anomalia amanhã, você vai cair no cheque-especial, e aquele desconto evapora-se em dois ou três meses seguintes”, disse.
A segunda questão, sobre necessidade, pode ser decisiva. Considere o caso de uma pessoa que tome remédios de uso contínuo. Se uma rede de farmácia ou laboratório criar uma promoção em que a caixa de medicamentos de R$ 70 vai custar R$ 30 em novembro. “Por que não buscar um compromisso, ainda que seja parcelado, já que é sabido que precisarei comprar esse remédio nos próximos meses? Eu já tinha o compromisso de gastar R$ 70 todo mês. Por que agora, com a promoção, eu não compro uma, duas, três ou mais caixas e parcelo o valor, levando a uma economia no longo prazo?”
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Por último, mas não o menos importante, vale lembrar que a Black Friday já é uma data consolidada no País. Portanto, não há a pressa de participar assiduamente das promoções neste ano se não tiver se planejado, uma vez que outras oportunidades aparecerão no próximo ano. “Se você não fez o planejamento para comprar agora na Black Friday, pode pensar já na próxima. Até lá, você pode fazer uma provisão e guardar um valor para comprar o produto com desconto na Black Friday do ano que vem”, afirmou.
“Além do mais”, lembra Domingos, “nem sempre a Black Friday vai trazer melhores descontos do que aqueles que podem ser feitos em janeiro ou fevereiro”, período em que as lojas fazem a queima de estoque.
Veja algumas dicas
- Não compre se para isso precisar se endividar. Parcelamento também é uma forma de dívida. Se for inevitável, tenha certeza de que caberá no orçamento dos próximos meses e procure fazer um número pequeno de parcelas.
- Observe se a compra não trará custos extras. Por exemplo, para aproveitar um videogame, é preciso comprar jogos e acessórios.
- Se for às compras presenciais, use roupas confortáveis, se alimente bem e tenha paciência. Isso evitará que deseje comprar rapidamente apenas para acabar com o “martírio”, perdendo assim oportunidades de encontrar o menor preço.