BNDES aprova financiamento com recursos do Fundo Clima para projeto de carvão vegetal


Empréstimo de R$ 54,5 milhões será destinado à fabricante de tubos de aço para a construção de três reatores que prometem reduzir a emissão de gases poluentes e recolhimento de óleos

Por Gabriel Vasconcelos

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento a um projeto de carvão vegetal com recursos do Fundo Clima pela primeira vez desde sua criação, em 2009. A fabricante de tubos de aço Vallourec teve aprovado um empréstimo de R$ 54,5 milhões para construir três reatores verticais de carbonização contínua, tecnologia própria nomeada “carboval”.

Os reatores serão instalados em propriedade do grupo voltada ao plantio de eucalipto em Minas Gerais. Semelhante a uma torre com circuito de gases e líquidos totalmente fechado, um reator carboval substitui sete fornos de alvenaria tradicionais, com ganho de produtividade, redução na emissão de gases poluentes e recolhimento de óleos resultantes do processo de queima — alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso.

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Ao Estadão/Broadcast, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, afirma que o projeto é um bom exemplo do que o BNDES vai perseguir com o Fundo Clima nos próximos anos. Sozinha, a melhoria da eficiência e sustentabilidade da produção de carvão vegetal no Brasil constitui um dos nove subprogramas do fundo, que nunca havia sido acionado. Outros focos mais conhecidos do Fundo Clima são projetos de energias renováveis e mobilidade urbana limpa.

“Um dos focos do BNDES é o financiamento à descarbonização por meio de inovação industrial. Essa agenda da indústria verde, que combina essas duas coisas, é uma prioridade do presidente Lula e o banco vai observar isso”, diz Gordon.

BNDES aprovou projeto de carvão vegetal da fabricante de tubos de aço Vallourec Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
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Segundo o diretor do BNDES, a ideia é alavancar as operações do Fundo Clima e aumentar os recursos disponíveis dessa linha de financiamento para até R$ 50 bilhões em quatro anos por meio de emissões de green bonds (títulos verdes) pela Fazenda Nacional. “Nesse desenho, espera-se que a situação do câmbio seja assumida pelo Tesouro”, afirma.

O Fundo Clima empresta hoje até R$ 80 milhões por beneficiário a uma taxa anual inferior próxima de 4%, bem inferior à prática tradicional do banco. A taxa básica do BNDES está próxima da inflação oficial (IPCA) mais 5,5% ao ano.

Até por isso, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, tem dito publicamente que o ideal é fazer, nos financiamentos aprovados, um mix entre as condições do Fundo Clima e a taxa de longo prazo do BNDES (TLP) em arranjos tempo de pagamento acima de 20 anos.

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Foi justamente de solução desse tipo que a subsidiária brasileira do grupo francês Vallourec se beneficiou para viabilizar os novos reatores. Segundo Gordon, dos R$ 54,5 milhões tomados, metade (R$ 27,25 milhões) foi aprovado via Fundo Clima. “Para essa metade, o referencial financeiro é de 3% ao ano e o spread parte de 2,1% ao ano. As condições dos outros R$ 27,25 milhões são confidenciais, mas segue a linha de financiamentos comuns do BNDES”, detalha.

Fundo estratégico

Central na estratégia atual do BNDES, o Fundo Clima aprovou R$ 480,8 milhões só nos oito meses de 2023. Trata-se de um recorde na série histórica da linha e mais que o dobro do pico registrado em todo o ano de 2019, de R$ 217,7 milhões. No acumulado, desde 2013, o mecanismo já desembolsou R$ 1,3 bilhão, fração do que o banco de fomento vislumbra para os próximos anos.

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Segundo declarações dos executivos do BNDES e do próprio presidente do banco, Aloizio Mercadante, a tendência é que as liberações aumentem mais imediatamente para a substituição de frotas de ônibus movidos a combustíveis fósseis para veículos elétricos.

O aumento dos financiamentos do Fundo Clima, porém, ainda depende de maior disponibilidade de recursos, hoje em cerca de R$ 2,5 bilhões, ou 20 vezes menos que os R$ 50 bilhões ambicionados até 2027 via emissão de green bonds.

Até aqui, os recursos do Fundo Clima advém de parcela de até 60% da Participação Especial do Petróleo, recebida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os recursos se dividem em duas modalidades: uma não reembolsável, gerida pelo próprio MMA, e outra reembolsável operada pelo BNDES.

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Carboval

Obtido a partir da queima de madeira reflorestada, o carvão vegetal serve há décadas aos fornos siderúrgicos, substituindo insumos fósseis, como o coque. Ainda assim, tem impacto ambiental como emissões de metano e gás carbônico, ampliadas sempre que os fornos são abertos, além de resíduos líquidos produzidos na queima.

Essas falhas de processo são dirimidas pelo sistema fechado carboval, afirmam a Vallourec e os técnicos do BNDES envolvidos na aprovação do empréstimo. Para além disso, a tecnologia amplia o rendimento da operação: os atuais fornos de alvenaria convertem entre 25% e 35% da massa seca da madeira em carvão vegetal, o que sobe para média entre 38% a 42% com a nova tecnologia. A empresa tem um reator do tipo em operação e planeja ampliar seu parque. A tecnologia também é vendida para outras indústrias mundo afora desde agosto de 2021.

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Antes de alimentarem o sistema vertical, os troncos de eucalipto são cortados em pequenas seções que passam por um secador rotativo para retirada de umidade, o que reduz à metade o tempo de secagem da madeira. Uma vez no topo do reator, a matéria-prima é transformada em carvão vegetal por meio da queima (pirólise), mas os gases gerados são reaproveitados no próprio processo.

A fração condensável dos gases é totalmente recuperada na forma de alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso, subprodutos com aplicação na indústria química, de alimentos e de bicombustíveis. Já a fração não condensável é mantida na forma gasosa, sendo utilizada como fonte de energia no próprio processo, com a possibilidade para geração externa se os reatores forem acoplados a uma usina de geração termelétrica.

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento a um projeto de carvão vegetal com recursos do Fundo Clima pela primeira vez desde sua criação, em 2009. A fabricante de tubos de aço Vallourec teve aprovado um empréstimo de R$ 54,5 milhões para construir três reatores verticais de carbonização contínua, tecnologia própria nomeada “carboval”.

Os reatores serão instalados em propriedade do grupo voltada ao plantio de eucalipto em Minas Gerais. Semelhante a uma torre com circuito de gases e líquidos totalmente fechado, um reator carboval substitui sete fornos de alvenaria tradicionais, com ganho de produtividade, redução na emissão de gases poluentes e recolhimento de óleos resultantes do processo de queima — alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso.

Ao Estadão/Broadcast, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, afirma que o projeto é um bom exemplo do que o BNDES vai perseguir com o Fundo Clima nos próximos anos. Sozinha, a melhoria da eficiência e sustentabilidade da produção de carvão vegetal no Brasil constitui um dos nove subprogramas do fundo, que nunca havia sido acionado. Outros focos mais conhecidos do Fundo Clima são projetos de energias renováveis e mobilidade urbana limpa.

“Um dos focos do BNDES é o financiamento à descarbonização por meio de inovação industrial. Essa agenda da indústria verde, que combina essas duas coisas, é uma prioridade do presidente Lula e o banco vai observar isso”, diz Gordon.

BNDES aprovou projeto de carvão vegetal da fabricante de tubos de aço Vallourec Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Segundo o diretor do BNDES, a ideia é alavancar as operações do Fundo Clima e aumentar os recursos disponíveis dessa linha de financiamento para até R$ 50 bilhões em quatro anos por meio de emissões de green bonds (títulos verdes) pela Fazenda Nacional. “Nesse desenho, espera-se que a situação do câmbio seja assumida pelo Tesouro”, afirma.

O Fundo Clima empresta hoje até R$ 80 milhões por beneficiário a uma taxa anual inferior próxima de 4%, bem inferior à prática tradicional do banco. A taxa básica do BNDES está próxima da inflação oficial (IPCA) mais 5,5% ao ano.

Até por isso, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, tem dito publicamente que o ideal é fazer, nos financiamentos aprovados, um mix entre as condições do Fundo Clima e a taxa de longo prazo do BNDES (TLP) em arranjos tempo de pagamento acima de 20 anos.

Foi justamente de solução desse tipo que a subsidiária brasileira do grupo francês Vallourec se beneficiou para viabilizar os novos reatores. Segundo Gordon, dos R$ 54,5 milhões tomados, metade (R$ 27,25 milhões) foi aprovado via Fundo Clima. “Para essa metade, o referencial financeiro é de 3% ao ano e o spread parte de 2,1% ao ano. As condições dos outros R$ 27,25 milhões são confidenciais, mas segue a linha de financiamentos comuns do BNDES”, detalha.

Fundo estratégico

Central na estratégia atual do BNDES, o Fundo Clima aprovou R$ 480,8 milhões só nos oito meses de 2023. Trata-se de um recorde na série histórica da linha e mais que o dobro do pico registrado em todo o ano de 2019, de R$ 217,7 milhões. No acumulado, desde 2013, o mecanismo já desembolsou R$ 1,3 bilhão, fração do que o banco de fomento vislumbra para os próximos anos.

Segundo declarações dos executivos do BNDES e do próprio presidente do banco, Aloizio Mercadante, a tendência é que as liberações aumentem mais imediatamente para a substituição de frotas de ônibus movidos a combustíveis fósseis para veículos elétricos.

O aumento dos financiamentos do Fundo Clima, porém, ainda depende de maior disponibilidade de recursos, hoje em cerca de R$ 2,5 bilhões, ou 20 vezes menos que os R$ 50 bilhões ambicionados até 2027 via emissão de green bonds.

Até aqui, os recursos do Fundo Clima advém de parcela de até 60% da Participação Especial do Petróleo, recebida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os recursos se dividem em duas modalidades: uma não reembolsável, gerida pelo próprio MMA, e outra reembolsável operada pelo BNDES.

Carboval

Obtido a partir da queima de madeira reflorestada, o carvão vegetal serve há décadas aos fornos siderúrgicos, substituindo insumos fósseis, como o coque. Ainda assim, tem impacto ambiental como emissões de metano e gás carbônico, ampliadas sempre que os fornos são abertos, além de resíduos líquidos produzidos na queima.

Essas falhas de processo são dirimidas pelo sistema fechado carboval, afirmam a Vallourec e os técnicos do BNDES envolvidos na aprovação do empréstimo. Para além disso, a tecnologia amplia o rendimento da operação: os atuais fornos de alvenaria convertem entre 25% e 35% da massa seca da madeira em carvão vegetal, o que sobe para média entre 38% a 42% com a nova tecnologia. A empresa tem um reator do tipo em operação e planeja ampliar seu parque. A tecnologia também é vendida para outras indústrias mundo afora desde agosto de 2021.

Antes de alimentarem o sistema vertical, os troncos de eucalipto são cortados em pequenas seções que passam por um secador rotativo para retirada de umidade, o que reduz à metade o tempo de secagem da madeira. Uma vez no topo do reator, a matéria-prima é transformada em carvão vegetal por meio da queima (pirólise), mas os gases gerados são reaproveitados no próprio processo.

A fração condensável dos gases é totalmente recuperada na forma de alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso, subprodutos com aplicação na indústria química, de alimentos e de bicombustíveis. Já a fração não condensável é mantida na forma gasosa, sendo utilizada como fonte de energia no próprio processo, com a possibilidade para geração externa se os reatores forem acoplados a uma usina de geração termelétrica.

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento a um projeto de carvão vegetal com recursos do Fundo Clima pela primeira vez desde sua criação, em 2009. A fabricante de tubos de aço Vallourec teve aprovado um empréstimo de R$ 54,5 milhões para construir três reatores verticais de carbonização contínua, tecnologia própria nomeada “carboval”.

Os reatores serão instalados em propriedade do grupo voltada ao plantio de eucalipto em Minas Gerais. Semelhante a uma torre com circuito de gases e líquidos totalmente fechado, um reator carboval substitui sete fornos de alvenaria tradicionais, com ganho de produtividade, redução na emissão de gases poluentes e recolhimento de óleos resultantes do processo de queima — alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso.

Ao Estadão/Broadcast, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, afirma que o projeto é um bom exemplo do que o BNDES vai perseguir com o Fundo Clima nos próximos anos. Sozinha, a melhoria da eficiência e sustentabilidade da produção de carvão vegetal no Brasil constitui um dos nove subprogramas do fundo, que nunca havia sido acionado. Outros focos mais conhecidos do Fundo Clima são projetos de energias renováveis e mobilidade urbana limpa.

“Um dos focos do BNDES é o financiamento à descarbonização por meio de inovação industrial. Essa agenda da indústria verde, que combina essas duas coisas, é uma prioridade do presidente Lula e o banco vai observar isso”, diz Gordon.

BNDES aprovou projeto de carvão vegetal da fabricante de tubos de aço Vallourec Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Segundo o diretor do BNDES, a ideia é alavancar as operações do Fundo Clima e aumentar os recursos disponíveis dessa linha de financiamento para até R$ 50 bilhões em quatro anos por meio de emissões de green bonds (títulos verdes) pela Fazenda Nacional. “Nesse desenho, espera-se que a situação do câmbio seja assumida pelo Tesouro”, afirma.

O Fundo Clima empresta hoje até R$ 80 milhões por beneficiário a uma taxa anual inferior próxima de 4%, bem inferior à prática tradicional do banco. A taxa básica do BNDES está próxima da inflação oficial (IPCA) mais 5,5% ao ano.

Até por isso, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, tem dito publicamente que o ideal é fazer, nos financiamentos aprovados, um mix entre as condições do Fundo Clima e a taxa de longo prazo do BNDES (TLP) em arranjos tempo de pagamento acima de 20 anos.

Foi justamente de solução desse tipo que a subsidiária brasileira do grupo francês Vallourec se beneficiou para viabilizar os novos reatores. Segundo Gordon, dos R$ 54,5 milhões tomados, metade (R$ 27,25 milhões) foi aprovado via Fundo Clima. “Para essa metade, o referencial financeiro é de 3% ao ano e o spread parte de 2,1% ao ano. As condições dos outros R$ 27,25 milhões são confidenciais, mas segue a linha de financiamentos comuns do BNDES”, detalha.

Fundo estratégico

Central na estratégia atual do BNDES, o Fundo Clima aprovou R$ 480,8 milhões só nos oito meses de 2023. Trata-se de um recorde na série histórica da linha e mais que o dobro do pico registrado em todo o ano de 2019, de R$ 217,7 milhões. No acumulado, desde 2013, o mecanismo já desembolsou R$ 1,3 bilhão, fração do que o banco de fomento vislumbra para os próximos anos.

Segundo declarações dos executivos do BNDES e do próprio presidente do banco, Aloizio Mercadante, a tendência é que as liberações aumentem mais imediatamente para a substituição de frotas de ônibus movidos a combustíveis fósseis para veículos elétricos.

O aumento dos financiamentos do Fundo Clima, porém, ainda depende de maior disponibilidade de recursos, hoje em cerca de R$ 2,5 bilhões, ou 20 vezes menos que os R$ 50 bilhões ambicionados até 2027 via emissão de green bonds.

Até aqui, os recursos do Fundo Clima advém de parcela de até 60% da Participação Especial do Petróleo, recebida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os recursos se dividem em duas modalidades: uma não reembolsável, gerida pelo próprio MMA, e outra reembolsável operada pelo BNDES.

Carboval

Obtido a partir da queima de madeira reflorestada, o carvão vegetal serve há décadas aos fornos siderúrgicos, substituindo insumos fósseis, como o coque. Ainda assim, tem impacto ambiental como emissões de metano e gás carbônico, ampliadas sempre que os fornos são abertos, além de resíduos líquidos produzidos na queima.

Essas falhas de processo são dirimidas pelo sistema fechado carboval, afirmam a Vallourec e os técnicos do BNDES envolvidos na aprovação do empréstimo. Para além disso, a tecnologia amplia o rendimento da operação: os atuais fornos de alvenaria convertem entre 25% e 35% da massa seca da madeira em carvão vegetal, o que sobe para média entre 38% a 42% com a nova tecnologia. A empresa tem um reator do tipo em operação e planeja ampliar seu parque. A tecnologia também é vendida para outras indústrias mundo afora desde agosto de 2021.

Antes de alimentarem o sistema vertical, os troncos de eucalipto são cortados em pequenas seções que passam por um secador rotativo para retirada de umidade, o que reduz à metade o tempo de secagem da madeira. Uma vez no topo do reator, a matéria-prima é transformada em carvão vegetal por meio da queima (pirólise), mas os gases gerados são reaproveitados no próprio processo.

A fração condensável dos gases é totalmente recuperada na forma de alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso, subprodutos com aplicação na indústria química, de alimentos e de bicombustíveis. Já a fração não condensável é mantida na forma gasosa, sendo utilizada como fonte de energia no próprio processo, com a possibilidade para geração externa se os reatores forem acoplados a uma usina de geração termelétrica.

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento a um projeto de carvão vegetal com recursos do Fundo Clima pela primeira vez desde sua criação, em 2009. A fabricante de tubos de aço Vallourec teve aprovado um empréstimo de R$ 54,5 milhões para construir três reatores verticais de carbonização contínua, tecnologia própria nomeada “carboval”.

Os reatores serão instalados em propriedade do grupo voltada ao plantio de eucalipto em Minas Gerais. Semelhante a uma torre com circuito de gases e líquidos totalmente fechado, um reator carboval substitui sete fornos de alvenaria tradicionais, com ganho de produtividade, redução na emissão de gases poluentes e recolhimento de óleos resultantes do processo de queima — alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso.

Ao Estadão/Broadcast, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, afirma que o projeto é um bom exemplo do que o BNDES vai perseguir com o Fundo Clima nos próximos anos. Sozinha, a melhoria da eficiência e sustentabilidade da produção de carvão vegetal no Brasil constitui um dos nove subprogramas do fundo, que nunca havia sido acionado. Outros focos mais conhecidos do Fundo Clima são projetos de energias renováveis e mobilidade urbana limpa.

“Um dos focos do BNDES é o financiamento à descarbonização por meio de inovação industrial. Essa agenda da indústria verde, que combina essas duas coisas, é uma prioridade do presidente Lula e o banco vai observar isso”, diz Gordon.

BNDES aprovou projeto de carvão vegetal da fabricante de tubos de aço Vallourec Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Segundo o diretor do BNDES, a ideia é alavancar as operações do Fundo Clima e aumentar os recursos disponíveis dessa linha de financiamento para até R$ 50 bilhões em quatro anos por meio de emissões de green bonds (títulos verdes) pela Fazenda Nacional. “Nesse desenho, espera-se que a situação do câmbio seja assumida pelo Tesouro”, afirma.

O Fundo Clima empresta hoje até R$ 80 milhões por beneficiário a uma taxa anual inferior próxima de 4%, bem inferior à prática tradicional do banco. A taxa básica do BNDES está próxima da inflação oficial (IPCA) mais 5,5% ao ano.

Até por isso, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, tem dito publicamente que o ideal é fazer, nos financiamentos aprovados, um mix entre as condições do Fundo Clima e a taxa de longo prazo do BNDES (TLP) em arranjos tempo de pagamento acima de 20 anos.

Foi justamente de solução desse tipo que a subsidiária brasileira do grupo francês Vallourec se beneficiou para viabilizar os novos reatores. Segundo Gordon, dos R$ 54,5 milhões tomados, metade (R$ 27,25 milhões) foi aprovado via Fundo Clima. “Para essa metade, o referencial financeiro é de 3% ao ano e o spread parte de 2,1% ao ano. As condições dos outros R$ 27,25 milhões são confidenciais, mas segue a linha de financiamentos comuns do BNDES”, detalha.

Fundo estratégico

Central na estratégia atual do BNDES, o Fundo Clima aprovou R$ 480,8 milhões só nos oito meses de 2023. Trata-se de um recorde na série histórica da linha e mais que o dobro do pico registrado em todo o ano de 2019, de R$ 217,7 milhões. No acumulado, desde 2013, o mecanismo já desembolsou R$ 1,3 bilhão, fração do que o banco de fomento vislumbra para os próximos anos.

Segundo declarações dos executivos do BNDES e do próprio presidente do banco, Aloizio Mercadante, a tendência é que as liberações aumentem mais imediatamente para a substituição de frotas de ônibus movidos a combustíveis fósseis para veículos elétricos.

O aumento dos financiamentos do Fundo Clima, porém, ainda depende de maior disponibilidade de recursos, hoje em cerca de R$ 2,5 bilhões, ou 20 vezes menos que os R$ 50 bilhões ambicionados até 2027 via emissão de green bonds.

Até aqui, os recursos do Fundo Clima advém de parcela de até 60% da Participação Especial do Petróleo, recebida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os recursos se dividem em duas modalidades: uma não reembolsável, gerida pelo próprio MMA, e outra reembolsável operada pelo BNDES.

Carboval

Obtido a partir da queima de madeira reflorestada, o carvão vegetal serve há décadas aos fornos siderúrgicos, substituindo insumos fósseis, como o coque. Ainda assim, tem impacto ambiental como emissões de metano e gás carbônico, ampliadas sempre que os fornos são abertos, além de resíduos líquidos produzidos na queima.

Essas falhas de processo são dirimidas pelo sistema fechado carboval, afirmam a Vallourec e os técnicos do BNDES envolvidos na aprovação do empréstimo. Para além disso, a tecnologia amplia o rendimento da operação: os atuais fornos de alvenaria convertem entre 25% e 35% da massa seca da madeira em carvão vegetal, o que sobe para média entre 38% a 42% com a nova tecnologia. A empresa tem um reator do tipo em operação e planeja ampliar seu parque. A tecnologia também é vendida para outras indústrias mundo afora desde agosto de 2021.

Antes de alimentarem o sistema vertical, os troncos de eucalipto são cortados em pequenas seções que passam por um secador rotativo para retirada de umidade, o que reduz à metade o tempo de secagem da madeira. Uma vez no topo do reator, a matéria-prima é transformada em carvão vegetal por meio da queima (pirólise), mas os gases gerados são reaproveitados no próprio processo.

A fração condensável dos gases é totalmente recuperada na forma de alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso, subprodutos com aplicação na indústria química, de alimentos e de bicombustíveis. Já a fração não condensável é mantida na forma gasosa, sendo utilizada como fonte de energia no próprio processo, com a possibilidade para geração externa se os reatores forem acoplados a uma usina de geração termelétrica.

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento a um projeto de carvão vegetal com recursos do Fundo Clima pela primeira vez desde sua criação, em 2009. A fabricante de tubos de aço Vallourec teve aprovado um empréstimo de R$ 54,5 milhões para construir três reatores verticais de carbonização contínua, tecnologia própria nomeada “carboval”.

Os reatores serão instalados em propriedade do grupo voltada ao plantio de eucalipto em Minas Gerais. Semelhante a uma torre com circuito de gases e líquidos totalmente fechado, um reator carboval substitui sete fornos de alvenaria tradicionais, com ganho de produtividade, redução na emissão de gases poluentes e recolhimento de óleos resultantes do processo de queima — alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso.

Ao Estadão/Broadcast, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, afirma que o projeto é um bom exemplo do que o BNDES vai perseguir com o Fundo Clima nos próximos anos. Sozinha, a melhoria da eficiência e sustentabilidade da produção de carvão vegetal no Brasil constitui um dos nove subprogramas do fundo, que nunca havia sido acionado. Outros focos mais conhecidos do Fundo Clima são projetos de energias renováveis e mobilidade urbana limpa.

“Um dos focos do BNDES é o financiamento à descarbonização por meio de inovação industrial. Essa agenda da indústria verde, que combina essas duas coisas, é uma prioridade do presidente Lula e o banco vai observar isso”, diz Gordon.

BNDES aprovou projeto de carvão vegetal da fabricante de tubos de aço Vallourec Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Segundo o diretor do BNDES, a ideia é alavancar as operações do Fundo Clima e aumentar os recursos disponíveis dessa linha de financiamento para até R$ 50 bilhões em quatro anos por meio de emissões de green bonds (títulos verdes) pela Fazenda Nacional. “Nesse desenho, espera-se que a situação do câmbio seja assumida pelo Tesouro”, afirma.

O Fundo Clima empresta hoje até R$ 80 milhões por beneficiário a uma taxa anual inferior próxima de 4%, bem inferior à prática tradicional do banco. A taxa básica do BNDES está próxima da inflação oficial (IPCA) mais 5,5% ao ano.

Até por isso, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, tem dito publicamente que o ideal é fazer, nos financiamentos aprovados, um mix entre as condições do Fundo Clima e a taxa de longo prazo do BNDES (TLP) em arranjos tempo de pagamento acima de 20 anos.

Foi justamente de solução desse tipo que a subsidiária brasileira do grupo francês Vallourec se beneficiou para viabilizar os novos reatores. Segundo Gordon, dos R$ 54,5 milhões tomados, metade (R$ 27,25 milhões) foi aprovado via Fundo Clima. “Para essa metade, o referencial financeiro é de 3% ao ano e o spread parte de 2,1% ao ano. As condições dos outros R$ 27,25 milhões são confidenciais, mas segue a linha de financiamentos comuns do BNDES”, detalha.

Fundo estratégico

Central na estratégia atual do BNDES, o Fundo Clima aprovou R$ 480,8 milhões só nos oito meses de 2023. Trata-se de um recorde na série histórica da linha e mais que o dobro do pico registrado em todo o ano de 2019, de R$ 217,7 milhões. No acumulado, desde 2013, o mecanismo já desembolsou R$ 1,3 bilhão, fração do que o banco de fomento vislumbra para os próximos anos.

Segundo declarações dos executivos do BNDES e do próprio presidente do banco, Aloizio Mercadante, a tendência é que as liberações aumentem mais imediatamente para a substituição de frotas de ônibus movidos a combustíveis fósseis para veículos elétricos.

O aumento dos financiamentos do Fundo Clima, porém, ainda depende de maior disponibilidade de recursos, hoje em cerca de R$ 2,5 bilhões, ou 20 vezes menos que os R$ 50 bilhões ambicionados até 2027 via emissão de green bonds.

Até aqui, os recursos do Fundo Clima advém de parcela de até 60% da Participação Especial do Petróleo, recebida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os recursos se dividem em duas modalidades: uma não reembolsável, gerida pelo próprio MMA, e outra reembolsável operada pelo BNDES.

Carboval

Obtido a partir da queima de madeira reflorestada, o carvão vegetal serve há décadas aos fornos siderúrgicos, substituindo insumos fósseis, como o coque. Ainda assim, tem impacto ambiental como emissões de metano e gás carbônico, ampliadas sempre que os fornos são abertos, além de resíduos líquidos produzidos na queima.

Essas falhas de processo são dirimidas pelo sistema fechado carboval, afirmam a Vallourec e os técnicos do BNDES envolvidos na aprovação do empréstimo. Para além disso, a tecnologia amplia o rendimento da operação: os atuais fornos de alvenaria convertem entre 25% e 35% da massa seca da madeira em carvão vegetal, o que sobe para média entre 38% a 42% com a nova tecnologia. A empresa tem um reator do tipo em operação e planeja ampliar seu parque. A tecnologia também é vendida para outras indústrias mundo afora desde agosto de 2021.

Antes de alimentarem o sistema vertical, os troncos de eucalipto são cortados em pequenas seções que passam por um secador rotativo para retirada de umidade, o que reduz à metade o tempo de secagem da madeira. Uma vez no topo do reator, a matéria-prima é transformada em carvão vegetal por meio da queima (pirólise), mas os gases gerados são reaproveitados no próprio processo.

A fração condensável dos gases é totalmente recuperada na forma de alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso, subprodutos com aplicação na indústria química, de alimentos e de bicombustíveis. Já a fração não condensável é mantida na forma gasosa, sendo utilizada como fonte de energia no próprio processo, com a possibilidade para geração externa se os reatores forem acoplados a uma usina de geração termelétrica.

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