RIO – A menos de um mês para o fim do governo Jair Bolsonaro (PL), a atual gestão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu uma nova seleção interna para funcionários interessados em trabalhar na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão regulador do mercado de capitais. BNDES e CVM têm um acordo de cooperação para a cessão de servidores, firmado em setembro de 2019, logo no início da gestão do presidente do banco de fomento, Gustavo Montezano.
A nova seleção oferece sete vagas na CVM, quatro na sede, no Rio, e três no escritório do órgão federal em São Paulo, informa um comunicado interno do BNDES, ao qual o Estadão teve acesso. O edital interno de seleção foi lançado na segunda-feira, 12. As inscrições vão até sexta-feira, 16. O cronograma prevê a comunicação dos selecionados em 29 de dezembro.
Na semana passada, ao participar de um evento na sede do BNDES, o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, falou sobre as vagas abertas e incentivou, em tom de brincadeira, que os servidores do banco fossem trabalhar no órgão regulador. A falta de servidores na CVM é notória, item contumaz na lista de reivindicações dos presidentes do órgão regulador há várias gestões – em 2019, o presidente anterior, Marcelo Barbosa, escreveu num relatório que a falta de servidores vinha “impactando de forma significativa a eficácia das atividades de supervisão” da autarquia.
Em agosto, Nascimento disse ao Estadão que a estratégia de movimentação de servidores de outros órgãos “é muito boa, será mantida e, no que depender de mim, será ampliada”. Segundo Nascimento, mesmo com os funcionários cedidos, a CVM ainda precisaria de 30% mais servidores “para funcionar de maneira normal”.
Quando o acordo de cooperação foi firmado, em 2019, a estimativa inicial era de que 50 funcionários do BNDES poderiam ser cedidos à CVM. Questionado, o BNDES informou que, ao longo do acordo, chegou a ter 33 servidores cedidos ao órgão regulador. Atualmente, são 26 pessoas nessa condição. As sete vagas abertas, informou o banco de fomento, são para preencher aquelas de empregados que “retornaram antes do prazo previsto para a movimentação”.