‘Maior negócio’ da aviação brasileira chega ao fim com perdas para a Embraer; entenda


Corte arbitral determinou, nesta segunda-feira, 16, que a Boeing pague à Embraer US$ 150 milhões por acordo não concretizado, valor inferior ao que a brasileira investiu e que será ainda reduzido por tributos

Por Cristiane Barbieri
Atualização:

A união entre a Embraer e a Boeing foi anunciada como o maior negócio da aviação brasileira: numa transação de US$ 4,2 bilhões (R$ 23,1 bi, ao câmbio de hoje), seria criada a Boeing Brasil Commercial, que cuidaria da aviação comercial da joint venture. Seria uma resposta arrasadora dos americanos, que controlariam 80% da nova empresa, para enfrentar a união entre a europeia Airbus e a canadense Bombardier. Atropelada por uma grave crise de segurança com o modelo Boeing 737-Max e pela pandemia, a Boeing rescindiu o contrato dois anos depois, em abril de 2020, na data-limite para a desistência do negócio. Motivo alegado: a Embraer teria descumprido obrigações contratuais.

A brasileira, que havia investido tempo e dinheiro para separar a operação comercial da militar, foi ao tribunal arbitral e, nesta segunda-feira, 16, foi anunciada a decisão. A Boeing pagará US$ 150 milhões (cerca de R$ 827 milhões) à Embraer, mas não há detalhamentos sobre a forma de pagamento nem a quantia final a ser recebida. Os analistas Victor Mizusaki e Andre Ferreira, do Bradesco BBI, calculam que ficará em torno de US$ 85 milhões (R$ 468,7 milhões), depois de descontados PIS/Cofins e Imposto de Renda.

“Estamos satisfeitos por ter concluído o processo de arbitragem com a Embraer. De forma mais ampla, temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil e esperamos continuar contribuindo para a indústria aeroespacial brasileira”, manifestou-se a Boeing, em comunicado oficial.

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Analistas e investidores esperavam mais. Segundo o BTG Pactual, a Embraer investiu pelo menos US$ 241 milhões (R$ 1,3 bilhão) para separar e, posteriormente, reintegrar sua divisão de aviação comercial. Segundo o Safra, o valor a ser recebido, de US$ 150 milhões, corresponde apenas à taxa de rescisão do contrato, sem custos adicionais. A expectativa era de que a Embraer recebesse entre US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) e US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão).

Insucesso no projeto Boeing afetou as ações da Embraer Foto: Sergio Castro/Estadão

Com isso, as ações da fabricante de aviões brasileira despencaram. A empresa esteve durante todo o dia entre as maiores baixas da B3, a Bolsa de São Paulo, e suas ações caíam 5,51% às 15h32min. A ação fechou o pregão com a maior queda do Ibovespa: 5,30%, a R$ 49,18.

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Segundo o Itaú BBA, por conta da falta de transparência da arbitragem, analistas mantinham as ações da Embraer, com a esperança de uma surpresa positiva na disputa com a Boeing.

Mas, mesmo com o valor inferior ao esperado, todas as casas são unânimes ao afirmar que a brasileira deu a volta por cima e há diversos fatores que a favorecem. “É melhor ter um acordo agridoce do que acordo nenhum”, escreveram Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, do BTG, em relatório. “Apesar dos desafios enfrentados pela Boeing nos últimos anos, chegar a uma resolução e concordar com um pagamento significativo é um desenvolvimento positivo.”

Para os analistas, as perspectivas para a Embraer são boas. Segundo o Itaú BBA, a empresa tem novos pedidos em aviação comercial e de defesa, deve melhorar a lucratividade e ter possível aumento da orientação da margem, receber um fluxo positivo de investidores internacionais que não cobriam a ação anteriormente e vive em um ambiente competitivo positivo, já que a Airbus e a Boeing enfrentam desafios com as entregas.

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“Portanto, mantemos nossa perspectiva positiva sobre as ações e esperamos que seu impulso continue”, escrevem em relatório Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, do time de transporte e logística do BBA. O BTG também tem boas expectativas, com o momento favorável a lucro, bem como o fato de a Embraer estar numa trilha para redução de endividamento e “a retomada do pagamento de dividendos no próximo ano”.

O que ajuda a Embraer

Na visão dos analistas, o setor de aviação como um todo vive um ambiente positivo em seus principais segmentos: o comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, o que ajuda a Embraer a ganhar terreno globalmente; o segmento executivo tem uma carteira de pedidos recorde; no segmento de defesa, a prioridade está na promoção do avião de carga militar KC-390; espera-se que o segmento de serviços e suporte acelere o crescimento após a abertura de uma nova unidade de manutenção em Portugal.

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O Safra também vê um ambiente operacional cada vez mais favorável para a empresa, impulsionado por uma forte recuperação na aviação comercial e o aumento de seu segmento de defesa. A expectativa do Bradesco BBI é de que Embraer zerará as perdas acumuladas no patrimônio líquido no segundo semestre de 2024, o que permitiria à empresa retomar a distribuição de dividendos em 2025.

Há ainda outro efeito. Como várias casas não haviam colocado esse valor extraordinário em suas contas, as projeções para a Embraer melhoraram. Para os analistas Luiza Mussi e Luiz Peçanha, do Safra, a finalização da arbitragem contribui com US$ 1 ao preço-alvo da Embraer. Com isso, o banco fixou um preço-alvo de US$ 38 para o papel, o que representa potencial valorização de 3% sobre o fechamento da sexta-feira, 13. Para o UBS BB, o impacto é de US$ 0,80 por ADR (recibo de ação negociado nos EUA).

A união entre a Embraer e a Boeing foi anunciada como o maior negócio da aviação brasileira: numa transação de US$ 4,2 bilhões (R$ 23,1 bi, ao câmbio de hoje), seria criada a Boeing Brasil Commercial, que cuidaria da aviação comercial da joint venture. Seria uma resposta arrasadora dos americanos, que controlariam 80% da nova empresa, para enfrentar a união entre a europeia Airbus e a canadense Bombardier. Atropelada por uma grave crise de segurança com o modelo Boeing 737-Max e pela pandemia, a Boeing rescindiu o contrato dois anos depois, em abril de 2020, na data-limite para a desistência do negócio. Motivo alegado: a Embraer teria descumprido obrigações contratuais.

A brasileira, que havia investido tempo e dinheiro para separar a operação comercial da militar, foi ao tribunal arbitral e, nesta segunda-feira, 16, foi anunciada a decisão. A Boeing pagará US$ 150 milhões (cerca de R$ 827 milhões) à Embraer, mas não há detalhamentos sobre a forma de pagamento nem a quantia final a ser recebida. Os analistas Victor Mizusaki e Andre Ferreira, do Bradesco BBI, calculam que ficará em torno de US$ 85 milhões (R$ 468,7 milhões), depois de descontados PIS/Cofins e Imposto de Renda.

“Estamos satisfeitos por ter concluído o processo de arbitragem com a Embraer. De forma mais ampla, temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil e esperamos continuar contribuindo para a indústria aeroespacial brasileira”, manifestou-se a Boeing, em comunicado oficial.

Analistas e investidores esperavam mais. Segundo o BTG Pactual, a Embraer investiu pelo menos US$ 241 milhões (R$ 1,3 bilhão) para separar e, posteriormente, reintegrar sua divisão de aviação comercial. Segundo o Safra, o valor a ser recebido, de US$ 150 milhões, corresponde apenas à taxa de rescisão do contrato, sem custos adicionais. A expectativa era de que a Embraer recebesse entre US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) e US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão).

Insucesso no projeto Boeing afetou as ações da Embraer Foto: Sergio Castro/Estadão

Com isso, as ações da fabricante de aviões brasileira despencaram. A empresa esteve durante todo o dia entre as maiores baixas da B3, a Bolsa de São Paulo, e suas ações caíam 5,51% às 15h32min. A ação fechou o pregão com a maior queda do Ibovespa: 5,30%, a R$ 49,18.

Segundo o Itaú BBA, por conta da falta de transparência da arbitragem, analistas mantinham as ações da Embraer, com a esperança de uma surpresa positiva na disputa com a Boeing.

Mas, mesmo com o valor inferior ao esperado, todas as casas são unânimes ao afirmar que a brasileira deu a volta por cima e há diversos fatores que a favorecem. “É melhor ter um acordo agridoce do que acordo nenhum”, escreveram Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, do BTG, em relatório. “Apesar dos desafios enfrentados pela Boeing nos últimos anos, chegar a uma resolução e concordar com um pagamento significativo é um desenvolvimento positivo.”

Para os analistas, as perspectivas para a Embraer são boas. Segundo o Itaú BBA, a empresa tem novos pedidos em aviação comercial e de defesa, deve melhorar a lucratividade e ter possível aumento da orientação da margem, receber um fluxo positivo de investidores internacionais que não cobriam a ação anteriormente e vive em um ambiente competitivo positivo, já que a Airbus e a Boeing enfrentam desafios com as entregas.

“Portanto, mantemos nossa perspectiva positiva sobre as ações e esperamos que seu impulso continue”, escrevem em relatório Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, do time de transporte e logística do BBA. O BTG também tem boas expectativas, com o momento favorável a lucro, bem como o fato de a Embraer estar numa trilha para redução de endividamento e “a retomada do pagamento de dividendos no próximo ano”.

O que ajuda a Embraer

Na visão dos analistas, o setor de aviação como um todo vive um ambiente positivo em seus principais segmentos: o comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, o que ajuda a Embraer a ganhar terreno globalmente; o segmento executivo tem uma carteira de pedidos recorde; no segmento de defesa, a prioridade está na promoção do avião de carga militar KC-390; espera-se que o segmento de serviços e suporte acelere o crescimento após a abertura de uma nova unidade de manutenção em Portugal.

O Safra também vê um ambiente operacional cada vez mais favorável para a empresa, impulsionado por uma forte recuperação na aviação comercial e o aumento de seu segmento de defesa. A expectativa do Bradesco BBI é de que Embraer zerará as perdas acumuladas no patrimônio líquido no segundo semestre de 2024, o que permitiria à empresa retomar a distribuição de dividendos em 2025.

Há ainda outro efeito. Como várias casas não haviam colocado esse valor extraordinário em suas contas, as projeções para a Embraer melhoraram. Para os analistas Luiza Mussi e Luiz Peçanha, do Safra, a finalização da arbitragem contribui com US$ 1 ao preço-alvo da Embraer. Com isso, o banco fixou um preço-alvo de US$ 38 para o papel, o que representa potencial valorização de 3% sobre o fechamento da sexta-feira, 13. Para o UBS BB, o impacto é de US$ 0,80 por ADR (recibo de ação negociado nos EUA).

A união entre a Embraer e a Boeing foi anunciada como o maior negócio da aviação brasileira: numa transação de US$ 4,2 bilhões (R$ 23,1 bi, ao câmbio de hoje), seria criada a Boeing Brasil Commercial, que cuidaria da aviação comercial da joint venture. Seria uma resposta arrasadora dos americanos, que controlariam 80% da nova empresa, para enfrentar a união entre a europeia Airbus e a canadense Bombardier. Atropelada por uma grave crise de segurança com o modelo Boeing 737-Max e pela pandemia, a Boeing rescindiu o contrato dois anos depois, em abril de 2020, na data-limite para a desistência do negócio. Motivo alegado: a Embraer teria descumprido obrigações contratuais.

A brasileira, que havia investido tempo e dinheiro para separar a operação comercial da militar, foi ao tribunal arbitral e, nesta segunda-feira, 16, foi anunciada a decisão. A Boeing pagará US$ 150 milhões (cerca de R$ 827 milhões) à Embraer, mas não há detalhamentos sobre a forma de pagamento nem a quantia final a ser recebida. Os analistas Victor Mizusaki e Andre Ferreira, do Bradesco BBI, calculam que ficará em torno de US$ 85 milhões (R$ 468,7 milhões), depois de descontados PIS/Cofins e Imposto de Renda.

“Estamos satisfeitos por ter concluído o processo de arbitragem com a Embraer. De forma mais ampla, temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil e esperamos continuar contribuindo para a indústria aeroespacial brasileira”, manifestou-se a Boeing, em comunicado oficial.

Analistas e investidores esperavam mais. Segundo o BTG Pactual, a Embraer investiu pelo menos US$ 241 milhões (R$ 1,3 bilhão) para separar e, posteriormente, reintegrar sua divisão de aviação comercial. Segundo o Safra, o valor a ser recebido, de US$ 150 milhões, corresponde apenas à taxa de rescisão do contrato, sem custos adicionais. A expectativa era de que a Embraer recebesse entre US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) e US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão).

Insucesso no projeto Boeing afetou as ações da Embraer Foto: Sergio Castro/Estadão

Com isso, as ações da fabricante de aviões brasileira despencaram. A empresa esteve durante todo o dia entre as maiores baixas da B3, a Bolsa de São Paulo, e suas ações caíam 5,51% às 15h32min. A ação fechou o pregão com a maior queda do Ibovespa: 5,30%, a R$ 49,18.

Segundo o Itaú BBA, por conta da falta de transparência da arbitragem, analistas mantinham as ações da Embraer, com a esperança de uma surpresa positiva na disputa com a Boeing.

Mas, mesmo com o valor inferior ao esperado, todas as casas são unânimes ao afirmar que a brasileira deu a volta por cima e há diversos fatores que a favorecem. “É melhor ter um acordo agridoce do que acordo nenhum”, escreveram Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, do BTG, em relatório. “Apesar dos desafios enfrentados pela Boeing nos últimos anos, chegar a uma resolução e concordar com um pagamento significativo é um desenvolvimento positivo.”

Para os analistas, as perspectivas para a Embraer são boas. Segundo o Itaú BBA, a empresa tem novos pedidos em aviação comercial e de defesa, deve melhorar a lucratividade e ter possível aumento da orientação da margem, receber um fluxo positivo de investidores internacionais que não cobriam a ação anteriormente e vive em um ambiente competitivo positivo, já que a Airbus e a Boeing enfrentam desafios com as entregas.

“Portanto, mantemos nossa perspectiva positiva sobre as ações e esperamos que seu impulso continue”, escrevem em relatório Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, do time de transporte e logística do BBA. O BTG também tem boas expectativas, com o momento favorável a lucro, bem como o fato de a Embraer estar numa trilha para redução de endividamento e “a retomada do pagamento de dividendos no próximo ano”.

O que ajuda a Embraer

Na visão dos analistas, o setor de aviação como um todo vive um ambiente positivo em seus principais segmentos: o comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, o que ajuda a Embraer a ganhar terreno globalmente; o segmento executivo tem uma carteira de pedidos recorde; no segmento de defesa, a prioridade está na promoção do avião de carga militar KC-390; espera-se que o segmento de serviços e suporte acelere o crescimento após a abertura de uma nova unidade de manutenção em Portugal.

O Safra também vê um ambiente operacional cada vez mais favorável para a empresa, impulsionado por uma forte recuperação na aviação comercial e o aumento de seu segmento de defesa. A expectativa do Bradesco BBI é de que Embraer zerará as perdas acumuladas no patrimônio líquido no segundo semestre de 2024, o que permitiria à empresa retomar a distribuição de dividendos em 2025.

Há ainda outro efeito. Como várias casas não haviam colocado esse valor extraordinário em suas contas, as projeções para a Embraer melhoraram. Para os analistas Luiza Mussi e Luiz Peçanha, do Safra, a finalização da arbitragem contribui com US$ 1 ao preço-alvo da Embraer. Com isso, o banco fixou um preço-alvo de US$ 38 para o papel, o que representa potencial valorização de 3% sobre o fechamento da sexta-feira, 13. Para o UBS BB, o impacto é de US$ 0,80 por ADR (recibo de ação negociado nos EUA).

A união entre a Embraer e a Boeing foi anunciada como o maior negócio da aviação brasileira: numa transação de US$ 4,2 bilhões (R$ 23,1 bi, ao câmbio de hoje), seria criada a Boeing Brasil Commercial, que cuidaria da aviação comercial da joint venture. Seria uma resposta arrasadora dos americanos, que controlariam 80% da nova empresa, para enfrentar a união entre a europeia Airbus e a canadense Bombardier. Atropelada por uma grave crise de segurança com o modelo Boeing 737-Max e pela pandemia, a Boeing rescindiu o contrato dois anos depois, em abril de 2020, na data-limite para a desistência do negócio. Motivo alegado: a Embraer teria descumprido obrigações contratuais.

A brasileira, que havia investido tempo e dinheiro para separar a operação comercial da militar, foi ao tribunal arbitral e, nesta segunda-feira, 16, foi anunciada a decisão. A Boeing pagará US$ 150 milhões (cerca de R$ 827 milhões) à Embraer, mas não há detalhamentos sobre a forma de pagamento nem a quantia final a ser recebida. Os analistas Victor Mizusaki e Andre Ferreira, do Bradesco BBI, calculam que ficará em torno de US$ 85 milhões (R$ 468,7 milhões), depois de descontados PIS/Cofins e Imposto de Renda.

“Estamos satisfeitos por ter concluído o processo de arbitragem com a Embraer. De forma mais ampla, temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil e esperamos continuar contribuindo para a indústria aeroespacial brasileira”, manifestou-se a Boeing, em comunicado oficial.

Analistas e investidores esperavam mais. Segundo o BTG Pactual, a Embraer investiu pelo menos US$ 241 milhões (R$ 1,3 bilhão) para separar e, posteriormente, reintegrar sua divisão de aviação comercial. Segundo o Safra, o valor a ser recebido, de US$ 150 milhões, corresponde apenas à taxa de rescisão do contrato, sem custos adicionais. A expectativa era de que a Embraer recebesse entre US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) e US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão).

Insucesso no projeto Boeing afetou as ações da Embraer Foto: Sergio Castro/Estadão

Com isso, as ações da fabricante de aviões brasileira despencaram. A empresa esteve durante todo o dia entre as maiores baixas da B3, a Bolsa de São Paulo, e suas ações caíam 5,51% às 15h32min. A ação fechou o pregão com a maior queda do Ibovespa: 5,30%, a R$ 49,18.

Segundo o Itaú BBA, por conta da falta de transparência da arbitragem, analistas mantinham as ações da Embraer, com a esperança de uma surpresa positiva na disputa com a Boeing.

Mas, mesmo com o valor inferior ao esperado, todas as casas são unânimes ao afirmar que a brasileira deu a volta por cima e há diversos fatores que a favorecem. “É melhor ter um acordo agridoce do que acordo nenhum”, escreveram Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, do BTG, em relatório. “Apesar dos desafios enfrentados pela Boeing nos últimos anos, chegar a uma resolução e concordar com um pagamento significativo é um desenvolvimento positivo.”

Para os analistas, as perspectivas para a Embraer são boas. Segundo o Itaú BBA, a empresa tem novos pedidos em aviação comercial e de defesa, deve melhorar a lucratividade e ter possível aumento da orientação da margem, receber um fluxo positivo de investidores internacionais que não cobriam a ação anteriormente e vive em um ambiente competitivo positivo, já que a Airbus e a Boeing enfrentam desafios com as entregas.

“Portanto, mantemos nossa perspectiva positiva sobre as ações e esperamos que seu impulso continue”, escrevem em relatório Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, do time de transporte e logística do BBA. O BTG também tem boas expectativas, com o momento favorável a lucro, bem como o fato de a Embraer estar numa trilha para redução de endividamento e “a retomada do pagamento de dividendos no próximo ano”.

O que ajuda a Embraer

Na visão dos analistas, o setor de aviação como um todo vive um ambiente positivo em seus principais segmentos: o comercial está se beneficiando da falta de capacidade de fabricação, o que ajuda a Embraer a ganhar terreno globalmente; o segmento executivo tem uma carteira de pedidos recorde; no segmento de defesa, a prioridade está na promoção do avião de carga militar KC-390; espera-se que o segmento de serviços e suporte acelere o crescimento após a abertura de uma nova unidade de manutenção em Portugal.

O Safra também vê um ambiente operacional cada vez mais favorável para a empresa, impulsionado por uma forte recuperação na aviação comercial e o aumento de seu segmento de defesa. A expectativa do Bradesco BBI é de que Embraer zerará as perdas acumuladas no patrimônio líquido no segundo semestre de 2024, o que permitiria à empresa retomar a distribuição de dividendos em 2025.

Há ainda outro efeito. Como várias casas não haviam colocado esse valor extraordinário em suas contas, as projeções para a Embraer melhoraram. Para os analistas Luiza Mussi e Luiz Peçanha, do Safra, a finalização da arbitragem contribui com US$ 1 ao preço-alvo da Embraer. Com isso, o banco fixou um preço-alvo de US$ 38 para o papel, o que representa potencial valorização de 3% sobre o fechamento da sexta-feira, 13. Para o UBS BB, o impacto é de US$ 0,80 por ADR (recibo de ação negociado nos EUA).

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