Mercado reage ao início do governo Lula: ações da Petrobras e BB têm forte queda


Na cerimônia de posse, Lula prometeu rever políticas mais liberais, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, e chamou de “estupidez” o teto de gastos

Por Luiz Guilherme Gerbelli e Maria Regina Silva
Atualização:

A sinalização de que o novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será mais intervencionista na economia e a falta de clareza sobre qual será a agenda do Ministério da Fazenda preocuparam os investidores. Nesta segunda-feira, 2, o Ibovespa - o principal índice da B3, a bolsa de valores - fechou em forte queda, influenciado pelo desempenho dos papéis de empresas estatais. O dólar subiu.

O Ibovespa recuou 3,06%, aos 106.376 pontos - na mínima da sessão caiu aos 105.981 pontos. Os papéis do Banco do Brasil perderam 4,23%, e as ações da Petrobras recuaram mais de 6%. O dólar avançou 1,51%, a R$ 5,3597.

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A leitura dos analistas é a de que Lula não abordou no seu discurso de posse os principais pontos de atenção dos investidores com a economia brasileira, em especial sobre qual será a nova regra fiscal do país - em substituição do teto de gastos - e como o governo planeja encaminhar uma reforma tributária. Ao contrário. Com as medidas já adotadas e a fala de domingo, parece reforçar o tom adotado na campanha presidencial do ano passado, indicando uma aposta num governo intervencionista na economia. O presidente prometeu rever políticas mais liberais, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, e chamou o teto de gastos de “estupidez”.

Ainda no domingo, no primeiro ato como presidente, Lula fez um “revogaço” dos atos do ex-presidente Jair Bolsonaro e retirou do processo de privatização empresas como Petrobras, Correios e EBC.

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Discursos de Lula não foram bem recebidos pelo mercado Foto: WILTON JUNIOR/ESTADAO

“Ao longo do ano, os mercados tentaram identificar o que pode vir a ser esse governo Lula 3 na economia. Na campanha (presidencial), o discurso era o mesmo, e o mercado já vinha precificando um pouco isso, mas sempre com aquela expectativa de que, depois da eleição, o discurso mudaria. Mas ele não mudou”, afirmou Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. “É uma linha (de discurso) muito intervencionista, estatizante e que acredita nesse poder do Estado indutor”, acrescentou.

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Nesta segunda-feira, 2, a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não trouxe grandes respostas para os principais desafios econômicos do País. Na sua posse, ele afirmou que irá apresentar ainda na primeira semana de governo as medidas econômicas necessárias para retomar a confiança de investidores. Também disse que deve definir no primeiro semestre uma nova regra fiscal para o País.

“Não estamos aqui para aventuras. Estamos aqui para assegurar que o País volte a crescer para suprir as necessidades da população em saúde, educação, no âmbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal”, afirmou Haddad.

Há uma grande dúvida se a ala econômica vai conseguir prevalecer no embate com o grupo político próximo a Lula nesse novo governo. Os investidores, por exemplo, reagiram mal à decisão do presidente de editar uma medida provisória para renovar por dois meses a isenção dos impostos federais sobre a gasolina e por tempo indeterminado para o diesel e gás de cozinha A decisão marcou uma derrota para Haddad. Ele havia pedido para o ex-ministro da Economia Paulo Guedes não prorrogar a desoneração de impostos sobre combustíveis.

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“O embate do núcleo duro do PT com o ministro Fernando Haddad [Fazenda], que queria acabar com as desonerações de combustíveis. Isso indica que político irá sobrepor ao Haddad, a questões técnicas”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Sem rumo fiscal

Na análise de Elena Landau - que foi economista da campanha da então candidata à presidência e agora ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet - não houve surpresa no tom do discurso de Lula na posse. “Ele falou o que já tinha falado na campanha, que é a filosofia de governo.” Para Landau, a questão da responsabilidade fiscal ainda é dúbia, pois é difícil conciliá-la às medidas anunciadas por Lula. “Dar aumento real ao salário mínimo e garantir a responsabilidade fiscal é complicado.”

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Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, os discursos de domingo foram na linha do que o presidente já vinha indicando. “A dificuldade é ter um ministro da Fazenda que dá sinais parecidos. Haddad não parece ser o freio fiscal que era Palocci em 2003.” “Foi um conjunto de indicações de mudanças na regra do teto e na reforma trabalhista que vão colocar preocupação sobre exatamente o que vai ser feito. O foco deveria ser um novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, mas Lula fugiu desses temas”, afirmou. / Colaborou Luciana Dyniewicz

A sinalização de que o novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será mais intervencionista na economia e a falta de clareza sobre qual será a agenda do Ministério da Fazenda preocuparam os investidores. Nesta segunda-feira, 2, o Ibovespa - o principal índice da B3, a bolsa de valores - fechou em forte queda, influenciado pelo desempenho dos papéis de empresas estatais. O dólar subiu.

O Ibovespa recuou 3,06%, aos 106.376 pontos - na mínima da sessão caiu aos 105.981 pontos. Os papéis do Banco do Brasil perderam 4,23%, e as ações da Petrobras recuaram mais de 6%. O dólar avançou 1,51%, a R$ 5,3597.

A leitura dos analistas é a de que Lula não abordou no seu discurso de posse os principais pontos de atenção dos investidores com a economia brasileira, em especial sobre qual será a nova regra fiscal do país - em substituição do teto de gastos - e como o governo planeja encaminhar uma reforma tributária. Ao contrário. Com as medidas já adotadas e a fala de domingo, parece reforçar o tom adotado na campanha presidencial do ano passado, indicando uma aposta num governo intervencionista na economia. O presidente prometeu rever políticas mais liberais, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, e chamou o teto de gastos de “estupidez”.

Ainda no domingo, no primeiro ato como presidente, Lula fez um “revogaço” dos atos do ex-presidente Jair Bolsonaro e retirou do processo de privatização empresas como Petrobras, Correios e EBC.

Discursos de Lula não foram bem recebidos pelo mercado Foto: WILTON JUNIOR/ESTADAO

“Ao longo do ano, os mercados tentaram identificar o que pode vir a ser esse governo Lula 3 na economia. Na campanha (presidencial), o discurso era o mesmo, e o mercado já vinha precificando um pouco isso, mas sempre com aquela expectativa de que, depois da eleição, o discurso mudaria. Mas ele não mudou”, afirmou Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. “É uma linha (de discurso) muito intervencionista, estatizante e que acredita nesse poder do Estado indutor”, acrescentou.

Nesta segunda-feira, 2, a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não trouxe grandes respostas para os principais desafios econômicos do País. Na sua posse, ele afirmou que irá apresentar ainda na primeira semana de governo as medidas econômicas necessárias para retomar a confiança de investidores. Também disse que deve definir no primeiro semestre uma nova regra fiscal para o País.

“Não estamos aqui para aventuras. Estamos aqui para assegurar que o País volte a crescer para suprir as necessidades da população em saúde, educação, no âmbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal”, afirmou Haddad.

Há uma grande dúvida se a ala econômica vai conseguir prevalecer no embate com o grupo político próximo a Lula nesse novo governo. Os investidores, por exemplo, reagiram mal à decisão do presidente de editar uma medida provisória para renovar por dois meses a isenção dos impostos federais sobre a gasolina e por tempo indeterminado para o diesel e gás de cozinha A decisão marcou uma derrota para Haddad. Ele havia pedido para o ex-ministro da Economia Paulo Guedes não prorrogar a desoneração de impostos sobre combustíveis.

“O embate do núcleo duro do PT com o ministro Fernando Haddad [Fazenda], que queria acabar com as desonerações de combustíveis. Isso indica que político irá sobrepor ao Haddad, a questões técnicas”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Sem rumo fiscal

Na análise de Elena Landau - que foi economista da campanha da então candidata à presidência e agora ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet - não houve surpresa no tom do discurso de Lula na posse. “Ele falou o que já tinha falado na campanha, que é a filosofia de governo.” Para Landau, a questão da responsabilidade fiscal ainda é dúbia, pois é difícil conciliá-la às medidas anunciadas por Lula. “Dar aumento real ao salário mínimo e garantir a responsabilidade fiscal é complicado.”

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, os discursos de domingo foram na linha do que o presidente já vinha indicando. “A dificuldade é ter um ministro da Fazenda que dá sinais parecidos. Haddad não parece ser o freio fiscal que era Palocci em 2003.” “Foi um conjunto de indicações de mudanças na regra do teto e na reforma trabalhista que vão colocar preocupação sobre exatamente o que vai ser feito. O foco deveria ser um novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, mas Lula fugiu desses temas”, afirmou. / Colaborou Luciana Dyniewicz

A sinalização de que o novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será mais intervencionista na economia e a falta de clareza sobre qual será a agenda do Ministério da Fazenda preocuparam os investidores. Nesta segunda-feira, 2, o Ibovespa - o principal índice da B3, a bolsa de valores - fechou em forte queda, influenciado pelo desempenho dos papéis de empresas estatais. O dólar subiu.

O Ibovespa recuou 3,06%, aos 106.376 pontos - na mínima da sessão caiu aos 105.981 pontos. Os papéis do Banco do Brasil perderam 4,23%, e as ações da Petrobras recuaram mais de 6%. O dólar avançou 1,51%, a R$ 5,3597.

A leitura dos analistas é a de que Lula não abordou no seu discurso de posse os principais pontos de atenção dos investidores com a economia brasileira, em especial sobre qual será a nova regra fiscal do país - em substituição do teto de gastos - e como o governo planeja encaminhar uma reforma tributária. Ao contrário. Com as medidas já adotadas e a fala de domingo, parece reforçar o tom adotado na campanha presidencial do ano passado, indicando uma aposta num governo intervencionista na economia. O presidente prometeu rever políticas mais liberais, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, e chamou o teto de gastos de “estupidez”.

Ainda no domingo, no primeiro ato como presidente, Lula fez um “revogaço” dos atos do ex-presidente Jair Bolsonaro e retirou do processo de privatização empresas como Petrobras, Correios e EBC.

Discursos de Lula não foram bem recebidos pelo mercado Foto: WILTON JUNIOR/ESTADAO

“Ao longo do ano, os mercados tentaram identificar o que pode vir a ser esse governo Lula 3 na economia. Na campanha (presidencial), o discurso era o mesmo, e o mercado já vinha precificando um pouco isso, mas sempre com aquela expectativa de que, depois da eleição, o discurso mudaria. Mas ele não mudou”, afirmou Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. “É uma linha (de discurso) muito intervencionista, estatizante e que acredita nesse poder do Estado indutor”, acrescentou.

Nesta segunda-feira, 2, a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não trouxe grandes respostas para os principais desafios econômicos do País. Na sua posse, ele afirmou que irá apresentar ainda na primeira semana de governo as medidas econômicas necessárias para retomar a confiança de investidores. Também disse que deve definir no primeiro semestre uma nova regra fiscal para o País.

“Não estamos aqui para aventuras. Estamos aqui para assegurar que o País volte a crescer para suprir as necessidades da população em saúde, educação, no âmbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal”, afirmou Haddad.

Há uma grande dúvida se a ala econômica vai conseguir prevalecer no embate com o grupo político próximo a Lula nesse novo governo. Os investidores, por exemplo, reagiram mal à decisão do presidente de editar uma medida provisória para renovar por dois meses a isenção dos impostos federais sobre a gasolina e por tempo indeterminado para o diesel e gás de cozinha A decisão marcou uma derrota para Haddad. Ele havia pedido para o ex-ministro da Economia Paulo Guedes não prorrogar a desoneração de impostos sobre combustíveis.

“O embate do núcleo duro do PT com o ministro Fernando Haddad [Fazenda], que queria acabar com as desonerações de combustíveis. Isso indica que político irá sobrepor ao Haddad, a questões técnicas”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Sem rumo fiscal

Na análise de Elena Landau - que foi economista da campanha da então candidata à presidência e agora ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet - não houve surpresa no tom do discurso de Lula na posse. “Ele falou o que já tinha falado na campanha, que é a filosofia de governo.” Para Landau, a questão da responsabilidade fiscal ainda é dúbia, pois é difícil conciliá-la às medidas anunciadas por Lula. “Dar aumento real ao salário mínimo e garantir a responsabilidade fiscal é complicado.”

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, os discursos de domingo foram na linha do que o presidente já vinha indicando. “A dificuldade é ter um ministro da Fazenda que dá sinais parecidos. Haddad não parece ser o freio fiscal que era Palocci em 2003.” “Foi um conjunto de indicações de mudanças na regra do teto e na reforma trabalhista que vão colocar preocupação sobre exatamente o que vai ser feito. O foco deveria ser um novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, mas Lula fugiu desses temas”, afirmou. / Colaborou Luciana Dyniewicz

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