Bolsonaro manda Justiça ligar para Economia para 'resolver' concurso para policiais federais


Presidente prometeu dobrar, de 500 para 1 mil, a entrada de novos profissionais na corporação

Por Eduardo Gayer

O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, na frente de apoiadores nesta segunda-feira, 2, e pediu ao auxiliar para falar com o Ministério da Economia e "resolver" a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O chefe do Executivo prometeu aos presentes dobrar, de 500 para 1 mil, a entrada de novos profissionais na corporação.

"Mil para cada um dá? Faz um aditivo e pede mil vagas para cada lado, pode ser? Acabei de falar com o Caio [do Ministério da Economia]. Fala você também para resolver", afirmou Bolsonaro ao telefone. Pouco antes, também na frente de apoiadores, o presidente ligou para "Caio, da Economia", mas não deixou claro se tratava do secretário de desburocratização da Pasta, Caio Paes de Andrade.

O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, e pediupara falar com o Ministério da Economia e "resolver" a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 14/12/2021
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As ligações para "Caio" e Torres aconteceram após pedidos de apoiadores presentes em frente ao Palácio da Alvorada que não se classificaram nas 500 vagas disponíveis nos concursos da PF e da PRF. Ao final do encontro com simpatizantes, Bolsonaro disse aos seguranças para organizar a ida de alguns deles ao gabinete presidencial no Palácio do Planalto, mais tarde.

O presidente afirmou que a contratação de mais servidores para a PF e para a PRF é "lucrativa" para o governo pela disponibilidade em fazer mais apreensões e operações de combate à corrupção. Ele ainda aproveitou para trazer o assunto para a seara eleitoral: "Por isso um cara de nove dedos disse que não gosto de gente, só gosto de polícia", disse, aos risos, em referência ao ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano.

Na semana passada, Lula afirmou que Bolsonaro não gostava de gente, só de policial, o que gerou polêmica no mundo político. O petista teve de se desculpar publicamente.

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Tensão se mantém, diz sindicato

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Dovercino Neto, descartou que a ordem do presidente Jair Bolsonaro de dobrar o número de vagas em concursos para a PF e PRF possa arrefecer as tensões entre governo federal e a corporação, que cobra reestruturação das carreiras. "Se for para apaziguar ânimos, é inócuo", afirmou o dirigente ao Estadão/Broadcast. "A resolução do problema se chama reestruturação. Fora isso, é chover no molhado", acrescentou.

Embora diga valorizar a contração de novos servidores, Neto reitera que a PRF está mesmo interessada na reestruturação, uma promessa de Bolsonaro à categoria até o momento não entregue.

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Qualquer aumento de gastos com pessoal precisa rodar, no máximo, na folha de pagamento de julho, antes dos 180 dias do fim do mandato presidencial, determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Procurado pela reportagem, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (FenaPEF), Marcos Firme, não retornou aos contatos.

Impasse

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O governo está em crise com os policiais após deixar de lado uma promessa de reestruturação e se comprometer apenas com reajuste de 5% para todo o funcionalismo público, o que não atende às demandas da classe, consideradas integrantes da base eleitoral de Bolsonaro. PF e PRF têm organizado manifestações em todo o País para pressionar o Executivo a entregar a revisão nas carreiras, mas ainda não obtiveram sucesso.

O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, na frente de apoiadores nesta segunda-feira, 2, e pediu ao auxiliar para falar com o Ministério da Economia e "resolver" a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O chefe do Executivo prometeu aos presentes dobrar, de 500 para 1 mil, a entrada de novos profissionais na corporação.

"Mil para cada um dá? Faz um aditivo e pede mil vagas para cada lado, pode ser? Acabei de falar com o Caio [do Ministério da Economia]. Fala você também para resolver", afirmou Bolsonaro ao telefone. Pouco antes, também na frente de apoiadores, o presidente ligou para "Caio, da Economia", mas não deixou claro se tratava do secretário de desburocratização da Pasta, Caio Paes de Andrade.

O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, e pediupara falar com o Ministério da Economia e "resolver" a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 14/12/2021

As ligações para "Caio" e Torres aconteceram após pedidos de apoiadores presentes em frente ao Palácio da Alvorada que não se classificaram nas 500 vagas disponíveis nos concursos da PF e da PRF. Ao final do encontro com simpatizantes, Bolsonaro disse aos seguranças para organizar a ida de alguns deles ao gabinete presidencial no Palácio do Planalto, mais tarde.

O presidente afirmou que a contratação de mais servidores para a PF e para a PRF é "lucrativa" para o governo pela disponibilidade em fazer mais apreensões e operações de combate à corrupção. Ele ainda aproveitou para trazer o assunto para a seara eleitoral: "Por isso um cara de nove dedos disse que não gosto de gente, só gosto de polícia", disse, aos risos, em referência ao ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano.

Na semana passada, Lula afirmou que Bolsonaro não gostava de gente, só de policial, o que gerou polêmica no mundo político. O petista teve de se desculpar publicamente.

Tensão se mantém, diz sindicato

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Dovercino Neto, descartou que a ordem do presidente Jair Bolsonaro de dobrar o número de vagas em concursos para a PF e PRF possa arrefecer as tensões entre governo federal e a corporação, que cobra reestruturação das carreiras. "Se for para apaziguar ânimos, é inócuo", afirmou o dirigente ao Estadão/Broadcast. "A resolução do problema se chama reestruturação. Fora isso, é chover no molhado", acrescentou.

Embora diga valorizar a contração de novos servidores, Neto reitera que a PRF está mesmo interessada na reestruturação, uma promessa de Bolsonaro à categoria até o momento não entregue.

Qualquer aumento de gastos com pessoal precisa rodar, no máximo, na folha de pagamento de julho, antes dos 180 dias do fim do mandato presidencial, determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Procurado pela reportagem, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (FenaPEF), Marcos Firme, não retornou aos contatos.

Impasse

O governo está em crise com os policiais após deixar de lado uma promessa de reestruturação e se comprometer apenas com reajuste de 5% para todo o funcionalismo público, o que não atende às demandas da classe, consideradas integrantes da base eleitoral de Bolsonaro. PF e PRF têm organizado manifestações em todo o País para pressionar o Executivo a entregar a revisão nas carreiras, mas ainda não obtiveram sucesso.

O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, na frente de apoiadores nesta segunda-feira, 2, e pediu ao auxiliar para falar com o Ministério da Economia e "resolver" a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O chefe do Executivo prometeu aos presentes dobrar, de 500 para 1 mil, a entrada de novos profissionais na corporação.

"Mil para cada um dá? Faz um aditivo e pede mil vagas para cada lado, pode ser? Acabei de falar com o Caio [do Ministério da Economia]. Fala você também para resolver", afirmou Bolsonaro ao telefone. Pouco antes, também na frente de apoiadores, o presidente ligou para "Caio, da Economia", mas não deixou claro se tratava do secretário de desburocratização da Pasta, Caio Paes de Andrade.

O presidente Jair Bolsonaro ligou para o ministro da Justiça, Anderson Torres, e pediupara falar com o Ministério da Economia e "resolver" a demanda por mais vagas em concursos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 14/12/2021

As ligações para "Caio" e Torres aconteceram após pedidos de apoiadores presentes em frente ao Palácio da Alvorada que não se classificaram nas 500 vagas disponíveis nos concursos da PF e da PRF. Ao final do encontro com simpatizantes, Bolsonaro disse aos seguranças para organizar a ida de alguns deles ao gabinete presidencial no Palácio do Planalto, mais tarde.

O presidente afirmou que a contratação de mais servidores para a PF e para a PRF é "lucrativa" para o governo pela disponibilidade em fazer mais apreensões e operações de combate à corrupção. Ele ainda aproveitou para trazer o assunto para a seara eleitoral: "Por isso um cara de nove dedos disse que não gosto de gente, só gosto de polícia", disse, aos risos, em referência ao ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano.

Na semana passada, Lula afirmou que Bolsonaro não gostava de gente, só de policial, o que gerou polêmica no mundo político. O petista teve de se desculpar publicamente.

Tensão se mantém, diz sindicato

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Dovercino Neto, descartou que a ordem do presidente Jair Bolsonaro de dobrar o número de vagas em concursos para a PF e PRF possa arrefecer as tensões entre governo federal e a corporação, que cobra reestruturação das carreiras. "Se for para apaziguar ânimos, é inócuo", afirmou o dirigente ao Estadão/Broadcast. "A resolução do problema se chama reestruturação. Fora isso, é chover no molhado", acrescentou.

Embora diga valorizar a contração de novos servidores, Neto reitera que a PRF está mesmo interessada na reestruturação, uma promessa de Bolsonaro à categoria até o momento não entregue.

Qualquer aumento de gastos com pessoal precisa rodar, no máximo, na folha de pagamento de julho, antes dos 180 dias do fim do mandato presidencial, determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Procurado pela reportagem, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (FenaPEF), Marcos Firme, não retornou aos contatos.

Impasse

O governo está em crise com os policiais após deixar de lado uma promessa de reestruturação e se comprometer apenas com reajuste de 5% para todo o funcionalismo público, o que não atende às demandas da classe, consideradas integrantes da base eleitoral de Bolsonaro. PF e PRF têm organizado manifestações em todo o País para pressionar o Executivo a entregar a revisão nas carreiras, mas ainda não obtiveram sucesso.

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