Membros da diretoria da Petrobras receberam uma sinalização do governo Bolsonaro para que não haja reajuste no preço dos combustíveis até a realização do 2º turno das eleições, em 30 de outubro. A pressão sobre a petroleira foi ampliada devido à nova alta no preço internacional dos combustíveis, causada pela perspectiva de aumento de preços que deve ocorrer devido a novos cortes de produção internacional de petróleo anunciados nesta quarta-feira, 5, pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) - serão 2 milhões de barris por dia (bpd) a menos a partir de novembro. Esse é o maior corte desde abril de 2020, quando a pandemia de covid começou.
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A investida do governo sobre a gestão da petroleira foi revelada pelo portal G1 e confirmada pelo Estadão. Com os novos aumentos internacionais, seria natural que a Petrobras repassasse esses reajustes para o combustível nacional, já que a petroleira segue a política de paridade internacional de preços. O corte no preço dos combustíveis realizado nos últimos meses, porém, tornaram-se bandeira política nas mãos de Bolsonaro, que não está disposto a abrir mão deste ativo às vésperas do segundo turno.
Em parte, a redução dos preços se deve ao corte de impostos dos Estados, já que o governo federal já tinha zerados suas alíquotas. A razão principal, no entanto, que puxou os preços para baixo foi a queda no preço internacional do barril no petróleo, que oscilava até dias atrás em cerca de US$ 87 o barril. Nesta semana, porém, o preço já chegou a superar US$ 90 e, agora, especialistas no setor veem risco de que, nos próximos dias, o preço suba para a casa dos US$ 100, valor que, inevitavelmente, exigiria um reajuste da Petrobras no mercado nacional.
Decisão política
Caio Mário Paes de Andrade assumiu a presidência da Petrobras em junho, com a missão dada por Bolsonaro de segurar ao máximo possível qualquer reajuste no preço dos combustíveis. Desde então, e Petrobras anunciou uma série de reduções de preços de combustíveis em geral. Boa parte desse cenário se deve, porém, à queda do preço no mercado internacional.
Com o barril na casa dos US$ 100, disse um executivo do setor ao Estadão, é inevitável o reajuste. Segundo ele, trata-se de uma decisão política, embora isso tenha um limite, pela pressão do mercado.
ELEIÇÕES: SEGUNDO TURNO
Gestores anteriores a Caio Mário Paes de Andrade tiveram comportamentos distintos em relação ao momento de aumentar os preços, já que a Petrobras não tem uma norma interna que exige o aumento em determinado momento.
O general Joaquim Silva e Luna, por exemplo, que foi demitido em março por Bolsonaro, demorou cerca de dois meses para aplicar reajustes, enquanto outros gestores mais antigos, como Pedro Parente, repassava os reajustes com frequência constante.