Brasil está atrasado em relação à IA e não pode empurrá-la para frente, dizem especialistas


Apesar das grandes lacunas que ainda existem, inteligência artificial já está presente no dia a dia de setores industriais e de serviços; ferramenta será essencial para o ganho de produtividade dos países

Por Eduardo Geraque
Atualização:

Não é uma panaceia, e também nenhum evento disruptivo que vai gerar um grande caos no curto prazo. Mas quando se fala em inteligência artificial, é fato que o Brasil está atrasado em várias etapas, mas não dá para virar as costas para o tema e empurrá-lo para frente. A questão, como discutido no evento Dia da Indústria 2024, na sede da Fiesp, é entender os processos e fazer escolhas assertivas, o quanto antes.

Para Gustavo Roxo, fundador da 39A Ventures, nos próximos cinco ou dez anos, na prática, o grande trabalho da IA vai ser de fato ajudar a resolver problemas, por causa da “quantidade absurda de dados que ela consegue processar”. Nesse intervalo temporal, o grande X da questão, para todos, será ganhar eficiência, segundo o executivo.

“Inteligência artificial não é um tema ‘hype’, como outros que apareceram por aí. Dessa vez é diferente, precisamos estar atentos para essa tecnologia que vai mesmo mudar o mundo.”

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As ferramentas acessíveis, independentemente da questão do idioma, ajudam e muito a entender o que é a inteligência artificial. Desenvolver capacidades, em qualquer nível empresarial, é algo importante, e até bastante acessível hoje, afirma Daniel Alencar, CEO da Pupila Brand Studio. Respostas melhores por parte das ferramentas, segundo ele, vão depender também da qualidade das perguntas. “É preciso aprender (a fazer as perguntas), mas ao contrário do passado, não precisa saber de programação, por exemplo. Apesar de que, em alguns casos, o pessoal da tecnologia ainda será essencial”, lembra Alencar.

Especialistas debateram o tema da inteligência artificial em evento que marca o Dia da Indústria, promovido pela Fiesp Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os exemplos citados ao longo das apresentações não deixam dúvidas de que IA já desceu para o dia a dia de setores industriais e de serviços, apesar das grandes lacunas que ainda existem. Sejam ferramentas que leem de forma automática processos jurídicos e já mastigam o que eles contêm, até outras soluções que a partir de imagens ajudam as pessoas que estão fazendo regime saber quantas calorias determinado prato tem (apenas mostrando a imagem dele). Raciocínios semelhantes podem ser feitos para saber se determinada linha de produção está fazendo soldas com qualidade ou não.

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“Dados e saber fazer as perguntas certas estão na base da IA. Eles são essenciais para evitarmos as alucinações (respostas absurdas dadas pelas ferramentas de IA)”, explica Ricardo Terra, diretor regional do Senai-SP. “Precisamos escolher as nossas rotas enquanto setor. A IA é importante porque é o que os países estão escolhendo para ganhar produtividade“, diz.

Gustavo Roxo, fundador da 39A Ventures Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No chão de fábrica propriamente dito, segundo o especialista, já existem várias ferramentas acopladas a técnicas de IA que podem ser usadas. Como uma garra que usa menos energia, por ser mais leve, em determinados setores industriais. Ou braços robóticos que recebem ordens verbais do operador e saem fazendo a missão, como relatou Marcello Souza, gerente de Inteligência de Mercado do Senai-SP.

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Garrafa inútil

Com experiências por vários países, devido à série “Expresso do Futuro”, sobre tecnologia e inovação, o pesquisador brasileiro Ronaldo Lemos situou a posição da indústria brasileira no campo da inteligência artificial. E o quadro não é positivo.

“Os produtos, hoje, até uma garrafa que se liga à internet para dizer a você se o líquido esfriou ou esquentou, junta, de fato, uma série de processos”, explica o especialista já avisando que esse produto, ao custo real de quase US$ 40, em vez de um ou dois, é bem inútil, pelo menos para ele, mas custa mais devido ao custo agregado que apresenta.

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“A indústria precisa ficar de olho nisso. Qualquer produto hoje envolve dados, software, manufatura, serviços e, agora, inteligência artificial“, explica Lemos. O pesquisador também citou outro produto inovador, que mostra porque a convergência de vários processos é importante. É o caso de uma escova de cabelo que tem uma câmera embutida. O produto gera uma planilha que detalha o ganho ou a perda de fios capilares do usuário ao longo do tempo.

Se a indústria brasileira está ainda buscando uma certa convergência — e esse é o quadro que mostra o atraso nacional, segundo Lemos —, a China, país que ele percorreu para a gravação de uma das temporadas da série disponível na internet, é talvez hoje um dos países mais desenvolvidos quando o tema é tecnologia.

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O país asiático, que era rural há 50 anos, virou a chave com força na virada do século. Hoje, o plano 2030 tecnológico chinês tem quatro pilares principais, como explicou Lemos. “Inteligência artificial, computação em nuvem, internet das coisas e big data. Além, claro, do investimento em capital humano”, segundo o pesquisador.

O advogado, entretanto, em sua palestra sobre o Dia da Indústria, na sede da Fiesp, na avenida Paulista, afirmou que, em pelo menos quatro áreas, o Brasil, se quiser, pode ser líder em termos mundiais. “Na própria indústria, no agro, na educação e no governo.”

A partir da ideia de que a IA é uma ferramenta, Lemos afirma ter uma visão positiva sobre esse novo assunto que veio para ficar. “Espero que o Brasil possa escolher uma trilha positiva. E, por exemplo, usar a IA para melhorar a educação“, diz o especialista.

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Enquanto o Brasil ainda busca ganhar terreno, lá fora, a engenharia generativa é o que de mais moderno está sendo debatido. Entender como as moléculas de proteínas podem se comportar em diferentes situações, por exemplo, promete revolucionar os setores da fabricação de medicamentos.

Mas existe o outro lado da moeda, como as questões éticas. A manipulação de imagens e de textos podem incrementar em grande escala o espalhamento de deep fakes pelo mundo afora.

Sem falar em outro debate que está sobre a mesa, em relação aos empregos que serão extintos pela IA. Ainda mais em países onde a educação e a formação em geral são defasadas, como no Brasil. Dilema que, neste caso específico, o Senai vem tentando enfrentar.

Não é uma panaceia, e também nenhum evento disruptivo que vai gerar um grande caos no curto prazo. Mas quando se fala em inteligência artificial, é fato que o Brasil está atrasado em várias etapas, mas não dá para virar as costas para o tema e empurrá-lo para frente. A questão, como discutido no evento Dia da Indústria 2024, na sede da Fiesp, é entender os processos e fazer escolhas assertivas, o quanto antes.

Para Gustavo Roxo, fundador da 39A Ventures, nos próximos cinco ou dez anos, na prática, o grande trabalho da IA vai ser de fato ajudar a resolver problemas, por causa da “quantidade absurda de dados que ela consegue processar”. Nesse intervalo temporal, o grande X da questão, para todos, será ganhar eficiência, segundo o executivo.

“Inteligência artificial não é um tema ‘hype’, como outros que apareceram por aí. Dessa vez é diferente, precisamos estar atentos para essa tecnologia que vai mesmo mudar o mundo.”

As ferramentas acessíveis, independentemente da questão do idioma, ajudam e muito a entender o que é a inteligência artificial. Desenvolver capacidades, em qualquer nível empresarial, é algo importante, e até bastante acessível hoje, afirma Daniel Alencar, CEO da Pupila Brand Studio. Respostas melhores por parte das ferramentas, segundo ele, vão depender também da qualidade das perguntas. “É preciso aprender (a fazer as perguntas), mas ao contrário do passado, não precisa saber de programação, por exemplo. Apesar de que, em alguns casos, o pessoal da tecnologia ainda será essencial”, lembra Alencar.

Especialistas debateram o tema da inteligência artificial em evento que marca o Dia da Indústria, promovido pela Fiesp Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os exemplos citados ao longo das apresentações não deixam dúvidas de que IA já desceu para o dia a dia de setores industriais e de serviços, apesar das grandes lacunas que ainda existem. Sejam ferramentas que leem de forma automática processos jurídicos e já mastigam o que eles contêm, até outras soluções que a partir de imagens ajudam as pessoas que estão fazendo regime saber quantas calorias determinado prato tem (apenas mostrando a imagem dele). Raciocínios semelhantes podem ser feitos para saber se determinada linha de produção está fazendo soldas com qualidade ou não.

“Dados e saber fazer as perguntas certas estão na base da IA. Eles são essenciais para evitarmos as alucinações (respostas absurdas dadas pelas ferramentas de IA)”, explica Ricardo Terra, diretor regional do Senai-SP. “Precisamos escolher as nossas rotas enquanto setor. A IA é importante porque é o que os países estão escolhendo para ganhar produtividade“, diz.

Gustavo Roxo, fundador da 39A Ventures Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No chão de fábrica propriamente dito, segundo o especialista, já existem várias ferramentas acopladas a técnicas de IA que podem ser usadas. Como uma garra que usa menos energia, por ser mais leve, em determinados setores industriais. Ou braços robóticos que recebem ordens verbais do operador e saem fazendo a missão, como relatou Marcello Souza, gerente de Inteligência de Mercado do Senai-SP.

Garrafa inútil

Com experiências por vários países, devido à série “Expresso do Futuro”, sobre tecnologia e inovação, o pesquisador brasileiro Ronaldo Lemos situou a posição da indústria brasileira no campo da inteligência artificial. E o quadro não é positivo.

“Os produtos, hoje, até uma garrafa que se liga à internet para dizer a você se o líquido esfriou ou esquentou, junta, de fato, uma série de processos”, explica o especialista já avisando que esse produto, ao custo real de quase US$ 40, em vez de um ou dois, é bem inútil, pelo menos para ele, mas custa mais devido ao custo agregado que apresenta.

“A indústria precisa ficar de olho nisso. Qualquer produto hoje envolve dados, software, manufatura, serviços e, agora, inteligência artificial“, explica Lemos. O pesquisador também citou outro produto inovador, que mostra porque a convergência de vários processos é importante. É o caso de uma escova de cabelo que tem uma câmera embutida. O produto gera uma planilha que detalha o ganho ou a perda de fios capilares do usuário ao longo do tempo.

Se a indústria brasileira está ainda buscando uma certa convergência — e esse é o quadro que mostra o atraso nacional, segundo Lemos —, a China, país que ele percorreu para a gravação de uma das temporadas da série disponível na internet, é talvez hoje um dos países mais desenvolvidos quando o tema é tecnologia.

O país asiático, que era rural há 50 anos, virou a chave com força na virada do século. Hoje, o plano 2030 tecnológico chinês tem quatro pilares principais, como explicou Lemos. “Inteligência artificial, computação em nuvem, internet das coisas e big data. Além, claro, do investimento em capital humano”, segundo o pesquisador.

O advogado, entretanto, em sua palestra sobre o Dia da Indústria, na sede da Fiesp, na avenida Paulista, afirmou que, em pelo menos quatro áreas, o Brasil, se quiser, pode ser líder em termos mundiais. “Na própria indústria, no agro, na educação e no governo.”

A partir da ideia de que a IA é uma ferramenta, Lemos afirma ter uma visão positiva sobre esse novo assunto que veio para ficar. “Espero que o Brasil possa escolher uma trilha positiva. E, por exemplo, usar a IA para melhorar a educação“, diz o especialista.

Enquanto o Brasil ainda busca ganhar terreno, lá fora, a engenharia generativa é o que de mais moderno está sendo debatido. Entender como as moléculas de proteínas podem se comportar em diferentes situações, por exemplo, promete revolucionar os setores da fabricação de medicamentos.

Mas existe o outro lado da moeda, como as questões éticas. A manipulação de imagens e de textos podem incrementar em grande escala o espalhamento de deep fakes pelo mundo afora.

Sem falar em outro debate que está sobre a mesa, em relação aos empregos que serão extintos pela IA. Ainda mais em países onde a educação e a formação em geral são defasadas, como no Brasil. Dilema que, neste caso específico, o Senai vem tentando enfrentar.

Não é uma panaceia, e também nenhum evento disruptivo que vai gerar um grande caos no curto prazo. Mas quando se fala em inteligência artificial, é fato que o Brasil está atrasado em várias etapas, mas não dá para virar as costas para o tema e empurrá-lo para frente. A questão, como discutido no evento Dia da Indústria 2024, na sede da Fiesp, é entender os processos e fazer escolhas assertivas, o quanto antes.

Para Gustavo Roxo, fundador da 39A Ventures, nos próximos cinco ou dez anos, na prática, o grande trabalho da IA vai ser de fato ajudar a resolver problemas, por causa da “quantidade absurda de dados que ela consegue processar”. Nesse intervalo temporal, o grande X da questão, para todos, será ganhar eficiência, segundo o executivo.

“Inteligência artificial não é um tema ‘hype’, como outros que apareceram por aí. Dessa vez é diferente, precisamos estar atentos para essa tecnologia que vai mesmo mudar o mundo.”

As ferramentas acessíveis, independentemente da questão do idioma, ajudam e muito a entender o que é a inteligência artificial. Desenvolver capacidades, em qualquer nível empresarial, é algo importante, e até bastante acessível hoje, afirma Daniel Alencar, CEO da Pupila Brand Studio. Respostas melhores por parte das ferramentas, segundo ele, vão depender também da qualidade das perguntas. “É preciso aprender (a fazer as perguntas), mas ao contrário do passado, não precisa saber de programação, por exemplo. Apesar de que, em alguns casos, o pessoal da tecnologia ainda será essencial”, lembra Alencar.

Especialistas debateram o tema da inteligência artificial em evento que marca o Dia da Indústria, promovido pela Fiesp Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os exemplos citados ao longo das apresentações não deixam dúvidas de que IA já desceu para o dia a dia de setores industriais e de serviços, apesar das grandes lacunas que ainda existem. Sejam ferramentas que leem de forma automática processos jurídicos e já mastigam o que eles contêm, até outras soluções que a partir de imagens ajudam as pessoas que estão fazendo regime saber quantas calorias determinado prato tem (apenas mostrando a imagem dele). Raciocínios semelhantes podem ser feitos para saber se determinada linha de produção está fazendo soldas com qualidade ou não.

“Dados e saber fazer as perguntas certas estão na base da IA. Eles são essenciais para evitarmos as alucinações (respostas absurdas dadas pelas ferramentas de IA)”, explica Ricardo Terra, diretor regional do Senai-SP. “Precisamos escolher as nossas rotas enquanto setor. A IA é importante porque é o que os países estão escolhendo para ganhar produtividade“, diz.

Gustavo Roxo, fundador da 39A Ventures Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No chão de fábrica propriamente dito, segundo o especialista, já existem várias ferramentas acopladas a técnicas de IA que podem ser usadas. Como uma garra que usa menos energia, por ser mais leve, em determinados setores industriais. Ou braços robóticos que recebem ordens verbais do operador e saem fazendo a missão, como relatou Marcello Souza, gerente de Inteligência de Mercado do Senai-SP.

Garrafa inútil

Com experiências por vários países, devido à série “Expresso do Futuro”, sobre tecnologia e inovação, o pesquisador brasileiro Ronaldo Lemos situou a posição da indústria brasileira no campo da inteligência artificial. E o quadro não é positivo.

“Os produtos, hoje, até uma garrafa que se liga à internet para dizer a você se o líquido esfriou ou esquentou, junta, de fato, uma série de processos”, explica o especialista já avisando que esse produto, ao custo real de quase US$ 40, em vez de um ou dois, é bem inútil, pelo menos para ele, mas custa mais devido ao custo agregado que apresenta.

“A indústria precisa ficar de olho nisso. Qualquer produto hoje envolve dados, software, manufatura, serviços e, agora, inteligência artificial“, explica Lemos. O pesquisador também citou outro produto inovador, que mostra porque a convergência de vários processos é importante. É o caso de uma escova de cabelo que tem uma câmera embutida. O produto gera uma planilha que detalha o ganho ou a perda de fios capilares do usuário ao longo do tempo.

Se a indústria brasileira está ainda buscando uma certa convergência — e esse é o quadro que mostra o atraso nacional, segundo Lemos —, a China, país que ele percorreu para a gravação de uma das temporadas da série disponível na internet, é talvez hoje um dos países mais desenvolvidos quando o tema é tecnologia.

O país asiático, que era rural há 50 anos, virou a chave com força na virada do século. Hoje, o plano 2030 tecnológico chinês tem quatro pilares principais, como explicou Lemos. “Inteligência artificial, computação em nuvem, internet das coisas e big data. Além, claro, do investimento em capital humano”, segundo o pesquisador.

O advogado, entretanto, em sua palestra sobre o Dia da Indústria, na sede da Fiesp, na avenida Paulista, afirmou que, em pelo menos quatro áreas, o Brasil, se quiser, pode ser líder em termos mundiais. “Na própria indústria, no agro, na educação e no governo.”

A partir da ideia de que a IA é uma ferramenta, Lemos afirma ter uma visão positiva sobre esse novo assunto que veio para ficar. “Espero que o Brasil possa escolher uma trilha positiva. E, por exemplo, usar a IA para melhorar a educação“, diz o especialista.

Enquanto o Brasil ainda busca ganhar terreno, lá fora, a engenharia generativa é o que de mais moderno está sendo debatido. Entender como as moléculas de proteínas podem se comportar em diferentes situações, por exemplo, promete revolucionar os setores da fabricação de medicamentos.

Mas existe o outro lado da moeda, como as questões éticas. A manipulação de imagens e de textos podem incrementar em grande escala o espalhamento de deep fakes pelo mundo afora.

Sem falar em outro debate que está sobre a mesa, em relação aos empregos que serão extintos pela IA. Ainda mais em países onde a educação e a formação em geral são defasadas, como no Brasil. Dilema que, neste caso específico, o Senai vem tentando enfrentar.

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