O Brasil precisará investir mais de US$ 1,3 trilhão entre 2024 e 2050 para alcançar a neutralidade nas emissões de carbono, incluindo cerca de US$ 500 bilhões diretamente em energias renováveis e outros US$ 500 bilhões em redes elétricas. É o que aponta um relatório da BloombergNEF (BNEF) sobre a transição energética brasileira.
O montante inclui também investimentos relacionados à cadeia do hidrogênio, armazenamento de energia e projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês). Segundo o levantamento, tais investimentos seriam necessários para garantir a capacidade necessária para a eletrificação de setores de uso final, como transportes, construção e industrial.
Segundo a BNEF, a eletrificação desempenha um papel importante na trajetória de descarbonização do Brasil, representando 53% das emissões evitadas entre hoje e 2050, em comparação com um cenário sem transição no qual não há nenhuma ação adicional de descarbonização.
Segundo o relatório, as emissões relacionadas à energia no Brasil precisam cair 14% até 2030 ante os níveis de 2023 e despencar 70% até 2040, para que estejam alinhadas ao Cenário Net Zero, de zero emissões líquidas de carbono até 2050, mantendo o aquecimento global bem abaixo de 2 ºC.
Para a head global de transições energéticas da BNEF, a brasileira Luiza Demoro, o Brasil está posicionado de forma única para ajudar a impulsionar os esforços globais de descarbonização, seja por sua posição na presidência do G20 neste ano e por sediar a COP-30 em 2025, seja por seus recursos naturais abundantes.
“No entanto, para aproveitar essa oportunidade e desbloquear os fluxos de capital em escala, o Brasil precisa desenvolver, aprovar e implementar com urgência políticas e regulamentações robustas, ao mesmo tempo em que aborda as barreiras do mercado”, diz.
A BNEF cita que o Brasil aprovou em agosto uma lei de hidrogênio verde, o que pode colaborar para que o País produza o hidrogênio verde mais barato do mundo. Mas indica que o País também poderia avançar na criação de compensações de carbono naturais para até 30,5 gigatoneladas de CO₂ equivalente. “A dominância da oferta do Brasil significa que qualquer mudança nos fundamentos do País poderia ter ramificações na demanda global e nos preços dos créditos de carbono”, diz.