GENEBRA – O Brasil registrou o maior salto em exportações entre todos os países do G-20 no primeiro trimestre de 2017. Dados divulgados nesta segunda-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que a variação das vendas do País para o exterior foi de 21,5% nos primeiros três meses do ano. Na média mundial, a expansão foi de 3%.
De acordo com a OCDE, o início de 2017 registrou uma retomada do comércio exterior e a expansão nos fluxos já acumula quatro trimestres de alta. O período entre janeiro de março deste ano, segundo a entidade, foi o mais positivo desde 2011.
No caso brasileiro, a taxa de 21,5% superior por ampla margem o aumento de 13,6% registrado na Rússia. Por sete trimestres consecutivos, as vendas brasileiras estavam sofrendo uma contração ou não passavam de um aumento pífio de 1,8%.
Em valores, ela atingiu US$ 56 bilhões, puxadas pela alta nos preços de commodities e a volta da importação da China em um ritmo acelerado. A recuperação, ainda que frágil, da economia europeia também ajudou.
No restante do mundo, a média de expansão foi de 3%, comparado a 1,5% no ultimo trimestre de 2016. Já as importações aumentaram em 4%, bem acima da média do final do ano passado, com uma expansão de apenas 1,2%.
“O comércio de bens entre o G20 quase atingiu os níveis pré-crise. Mas eles continuam cerca de 10% abaixo do pico atingido entre 2011 e 2014”, indica a OCDE.
De acordo com a OCDE, todas as economias do G20 registraram alta em exportações, com a exceção da França. No caso de Paris, a contração foi de 2,4%.
Sem contar com os Brics, o melhor desempenho entre as economias da OCDE foi a da Austrália, com alta de 7,2%. O crescimento também foi considerado como robusto na Coreia, com 5,7%, e 3,3 no Reino Unido. Nos EUA, a expansão foi de 2,7%, contra 2,5% no Japão e apenas 1,3% na Alemanha.
Mas a OCDE admite que a expansão comercial voltou a ser liderada por alguns emergentes. A China voltou a registrar uma alta de quase 4%, melhor resultado desde 2015. Na Índia, a taxa foi de 5,2%, contra 6,8% na África do Sul.
Importações. No que se refere às importações, a alta também foi importante no caso brasileiro. Ela atingiu 9,1%, contra uma média global de 4%.
A China voltou a liderar, com uma expansão de 9,6% no primeiro trimestre. Isso acabou reduzindo o superavit chinês para US$ 94 bilhões no período, o menor desde 2014. O governo de Donald Trump tem insistido na necessidade de um maior equilíbrio entre o que Pequim vende e compra.
Um salto considerado como “forte” também foi registrado pela OCDE na Argentina (5,1%), India (6,5%) e Coreia (8,2%).
Os dados da OCDE se contrastam com o raio-x publicado no mês passado pela OMC sobre o comércio exterior brasileiro. De acordo com a entidade, a recessão no Brasil levou o País a sofrer a maior queda de importações entre as grandes economias do mundo em 2016. A contração, segundo a OMC, já havia começado em 2014 e 2015, mas foi mantida em 2016.
No ano passado, a queda foi de quase 20% nas importações, bem acima da média de uma redução de 3% no mundo. O resultado, de US$ 143 milhões, levou o Brasil a despencar no ranking dos maiores importadores.
Em 2013 e 2014, o Brasil aparecia na 21a posição entre as economias que mais importavam. Ao final de 2016, o País estava na 28a posição, superado até mesmo pela pequena economia da Áustria.
No lado das vendas ao exterior, o Brasil também registrou uma queda em 2016, com uma contração de 3% em valores e colocando o País na 25a posição entre os exportadores. Hoje, os produtos nacionais representam apenas 1,2% do mercado mundial e mesmo a Polônia e Malásia já exportam mais que o Brasil ao mundo.
Entre suas previsões, a OMC estima que 2017 terá um melhor resultado para o comércio internacional. De uma taxa de 1,3% de expansão em termos de volume em 2016, o crescimento pode chegar a 2,4% neste ano, com uma margem de variação de 1,8% a 3,6%. Para 2018, o comércio pode se expandir entre 2,1% e 4%.