Cem jovens de 49 países foram escolhidos para participar de uma Cúpula Mundial, realizada a partir desta segunda-feira, 9, em Bruxelas, na Bélgica. Entre eles, cinco brasileiros participam do evento, que busca estimular jovens líderes a pensarem em ações para garantir a segurança alimentar. Em 2017, o número de pessoas que passam fome subiu pela primeira vez em dez anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
A estudante de biotecnologia Letícia Marques, da Universidade de Brasília (UNB), vai apresentar medidas para reduzir o desperdício de alimentos, levando em conta que 30% da comida produzida no mundo vai para o lixo, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação no Brasil (FAO/ONU).
Letícia propõe reconsiderar o que são resíduos orgânicos. "É possível alimentar a população crescente com melhor aproveitamento do que já temos em mão", diz.
Já o estudante de engenharia agronômica da USP, Caio Cugler, vai levar seus estudos sobre agricultura vertical. Segundo ele, essa é uma alternativa para produzir alimentos nos grandes centros urbanos.
"É uma solução interessante a médio e longo prazo", afirma. "Em cidades como São Paulo e Rio, distantes das regiões produtoras, pode ser uma opção no futuro."
A estudante de Relações Internacionais da PUC-MG, Tamires Lacerda, o estudante de agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Augusto Akira e o jornalista formado pela Unesp e atualmente repórter do 'Estado', Paulo Palma Beraldo, também vão apresentar soluções na cúpula.
Compromisso global. Até 2050, a estimativa é de que o planeta ganhe mais três bilhões de habitantes. Hoje, 815 milhões de pessoas passam fome e, se nada for feito, a situação tende a se agravar, alerta Alan Bojanic, representante da FAO.
"Para suprir essa demanda, a produção de alimentos precisa aumentar em 70% nos próximos 30 anos", explica.
Além disso, Bojanic ressalta que as nações assumiram o compromisso de acabar com a fome até 2030, e o Brasil terá grande papel na missão.
"O País vai se tornar o maior exportador mundial de alimentos em breve", afirma. "Mas não é só um tema econômico, é preciso levar conhecimento, boas práticas de produção e tecnologias daqui para outras regiões".
Para ele, é fundamental que os jovens se engajem nessa luta, em especial com a troca de boas experiências. Por isso, Bojanic elogia iniciativas como a o 3º Youth Agriculture Summit. O Brasil, ao lado dos Estados Unidos, é o país com o maior número de representantes: cinco.
Eles foram selecionados entre 1.200 jovens de quase 100 países após enviarem uma redação em inglês respondendo à pergunta: "Como alimentar um planeta faminto?"